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segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Diabo. Quem é ele? PARTE 2

Poder dos demônios sobre o homem: 
Em relação ao homem, os demônios só podem operar de modo direto e imediato sobre aquilo que nele é matéria, ou está e necessária dependência dela; podem agir nas funções da vida vegetativa, enquanto ligadas à matéria, e sobre a vida sensitiva, porque esta depende de órgãos corporais. No que se refere às funções próprias da vida intelectiva, os demônios só podem chegar a elas indireta e mediatamente, quer dizer, atuando sobre a parte corpórea e sobre a vida sensitiva, das quais a alma deve servir-se para desenvolver suas atividades espirituais. Em outros termos, os demônios podem agir diretamente sobre a parte corpórea do homem, mas apenas indiretamente sobre sua inteligência e sua vontade. Conforme ensina São Tomás,(Suma Teológico. 1-2, q. 80, a. 1-3.) o entendimento, por inclinação própria só se move quando algo o ilumina em ordem ao conhecimento da verdade. Ora, os demônios não querem conduzir o entendimento à verdade, mas, pelo contrário, entenebrecê-lo como meio de levar o homem ao pecado. Por isso, eles não conseguem mover diretamente a inteligência do homem, e procuram então influir sobre ela indiretamente, através de sua ação sobre a imaginação e a sensibilidade. Os demônios não podem tampouco mover diretamente a vontade humana, pois isto só o próprio homem ou Deus podem fazer; mesmo que o Maligno, por permissão divina, se assenhoreie do corpo do homem e entenebreça sua mente — como se dá na possessão — , ele não pode obrigá-lo a pecar, pois a vontade não participaria dos atos maus assim realizados, os quais seriam em conseqüência pecados apenas materiais. Para mover a vontade do homem, os demônios precisam, de algum modo, convencê-lo, persuadi-lo a praticar uma ação má, ainda que sob a aparência de um bem. 
A ação persuasiva do demônio: "O demônio não força; ele propõe, sugere, persuade, alicia”: 
O demônio não tem o poder de obrigar os homens a fazer ou deixarem de fazer algo; por isso procura persuadi-los para que se deixem conduzir pelo seu mal. "Ele não os força: ele propõe, sugere, persuade, alicia” escreve o Pe. J. de Tonquédec S.J., exorcista e demonólogo francês. E acrescenta: “No Éden, ele deu a Eva razões para ela transgredir a ordem divina (Gen 3, 4-5, 13); no deserto, solicitou Nosso Senhor pela atração de uma dominação universal (Mt 4, 26-27)”. (J. de TONQUÉDEC S.J., Quelques aspects de l´ation de Satan en ce monde, p. 495.) 
São Tomás também se refere a essa obra de persuasão do demônio, explicando que a vontade humana só se move internamente por ação do próprio homem ou de Deus; externamente ela pode ser solicitada pelo objeto que, entretanto, não força o homem a escolher o que não quer. (Suma Teológica, 1-2, q. 80, a. 1.) 
O Pe. Cândido Lumbreras O.P., assim comenta essa passagem do Doutor Angélico: “Que influência pode exercer o demônio nos pecados dos homens? ... O demônio pode oferecer aos sentidos seu objeto, falar à razão, seja interiormente, seja exteriormente; alterar os humores e produzir imagens perigosas, excitar enfim as paixões que podem mover a vontade e assenhorear-se do entendimento.” (C. LUMBRERAS O.P., Tratado de los vicios y los pecados — Introducción. p. 766.) 
Em comentário a outra passagem de São Tomás, explica Pe. Jesus Valbuena O.P.: “Que os anjos possam iluminar e de fato iluminem o entendimento humano, é uma verdade que se atesta por uma multidão lugares nas Sagradas Escrituras ... Também os anjos maus são capazes de produzir, com sua virtude natural, falsas iluminações no entendimento dos homens, conforme nos admoesta São Paulo para que estejamos alertas pois 'o próprio Satanás se disfarça em luz’ (2 Cor 11, 14). 
“Afirma São Tomás que nos sentidos do homem, sejam internos, sejam externos, os anjos podem influir e agir a partir de fora e a partir de dentro dos mesmos, quer dizer, extrínseca e intrisecamente; mas, em relação ao entendimento e à vontade humanas, só os podem mover e influir indireta e exteriormente, quer dizer propondo a estas potências espirituais de uma maneira acomodada a elas seus objetos, que são a verdade e o bem e influindo nelas indiretamente mediante os sentidos, as paixões, as alterações corporais sensíveis, etc., embora não possam nunca chegar a dobrar ou completamente a vontade do homem, se este se acha em estado normal” (J. VALBUENA O.P., Tratado del Gobierno del Mundo— Introduccion, p. 898.) 
Nos casos de Eva e de Nosso Senhor, o demônio “apresentou suas razões” tomando uma forma corpórea, produzindo sons e articulando as palavras oralmente; no geral dos casos, entretanto, o demônio, para persuadir o homem a pecar, conjuga sua ação sensibilidade, a memória e a imaginação. 
O demônio tem uma doutrina mentirosa, que opõe à doutrina de Cristo: 
Em sua introdução ao Tratado sobre os anjos, de São Tomás de Aquino, comenta o Pe. Aureliano Martínez O.P.: “O demônio tem suas doutrinas perversas, às quais o Apóstolo chama espírito do erro e ensinamentos do demônio (1 Tim 4, 1), com as quais como deus deste mundo, cega a inteligência dos homens para que não brilhe nelas a luz do Evangelho (2 Cor 4, 4); doutrinas que propala mediante falsos apóstolos e operários enganadores que se disfarçam em apóstolos de Cristo; e não é de espantar, pois o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz (2 Cor 11, 13-14), tentando os fiéis de incontinência (1 Cor 7, 5) e de ira (Ef 4, 27)”. (A MARTÍNEZ O.P., Tratado de Los Angeles — Introducción, p. 511.) 
Foi por essa razão que o Divino Salvador definiu o demônio como aquele "que não permaneceu na verdade; porque a verdade não está nele; quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44). Por meio dessa ação de persuasão o demônio procura na tentação, não apenas induzir-nos a cometer este ou aquele pecado, mas afastar-nos completamente de Deus.
Limites à ação do demônio: 
Por mais poderoso que seja, com uma capacidade de ação superior à de qualquer outro ser criado, o demônio, entretanto, não é onipotente. Sendo mera criatura, ele tem suas limitações, decorrentes de três fatores: sua própria natureza, a condição particular de cada demônio e a vontade permissiva de Deus.
Como toda criatura, o demônio está limitado em sua atuação pela sua própria natureza: por mais elevado que seja seu poder, este não pode ultrapassar os limites de sua natureza criada. Ele é um ser finito, contingente. Não se deve pois de forma alguma julgar que ele é capaz de saber tudo (onisciência), de poder tudo (onipotência) e estar em todo lugar (onipresença): esses atributos são exclusivos de Deus. Sua inteligência, embora se tenha mantido intacta, está privada de todo auxílio sobrenatural. Os demônios perderam, com o pecado, toda forma de conhecimento sobrenatural; enquanto os anjos bons vêem em Deus o estado de uma alma (se ela está na graça divina ou em pecado), os demônios só podem fazer conjecturas a respeito. O mesmo se deve dizer quanto a certos acontecimentos futuros que Deus revela aos anjos.
Por sua natureza, nem os anjos bons nem os demônios podem conhecer o futuro livre ou o futuro contingente isto é, aquele que depende da vontade divina e do livre arbítrio humano mas apenas Deus, que o pode revelar aos seus anjos. Outro limite natural à ação do demônio é, como vimos, sua impossibilidade de agir diretamente sobre a inteligência e a vontade humanas; ele tem de usar meios indiretos: a sensibilidade, a imaginação, as paixões, e sobretudo a persuasão. 
Outro limite à atuação demoníaca vem da diversa condição de cada demônio. Assim como existem desigualdades entre o homens, também entre os anjos e os demônios não há dois iguais. Por isso, nem todos os demônios têm o mesmo poder. Outro fator de limitação é a posição relativa de cada demônio na escala dos anjos decaídos, e as eventuais ordens e proibições que existam entre eles.

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