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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Aumenta número de seminaristas no mundo, diminui o de religiosas

Anuário Pontifício é apresentado ao Papa

ROMA, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – Aumenta o número de batizados no mundo (cerca da metade dos católicos vive no continente americano), assim como o de sacerdotes e seminaristas, enquanto se registra uma ligeira diminuição no número de religiosas.

Esta é a informação geral oferecida pelo Anuário Pontifício 2011, apresentado no último sábado a Bento XVI pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, e pelo arcebispo Fernando Filoni, substituto da Secretaria de Estado para Assuntos Gerais.

As estatísticas de 2009 oferecem uma visão sintética das principais dinâmicas da Igreja Católica nas 2.956 circunscrições eclesiásticas do mundo: os fiéis batizados no mundo passaram de 1.166 bilhão, em 2008, para 1.181 bilhão, em 2009, com um aumento absoluto de 15 milhões de fiéis e um percentual de 1,3%.

A distribuição de católicos entre os continentes é muito diferente da distribuição da população.

A América, de 2008 a 2009, manteve na população uma incidência constante no total global semelhante a 13,6%, enquanto os católicos (na América) alcançaram, em dois anos, 49,9% do número de católicos no mundo.

Na Ásia, o aumento foi de aproximadamente 10,6%, mas este é significativamente menor que o do continente no que se refere à população mundial (60,7%).

A Europa tem um peso de população inferior de três pontos percentuais da dos EUA, mas sua incidência no mundo católico é de 24%, ou seja, quase a metade da dos países americanos.

Tanto para os países africanos como para os da Oceania, o peso da população com relação ao total é um pouco diferente da dos católicos (15,2 e 0,8%, respectivamente, para a África e a Oceania).

O número de bispos no mundo passou, de 2008 a 2009, de 5.002 a 5.065, com um aumento de 1,3%.

O continente mais dinâmico é o africano (1,8%), seguido pela Oceania (1,5%), enquanto abaixo da média como um todo está a Ásia (0,8%) e a América (1,2%). Na Europa, o aumento foi de cerca de 1,3%.

A população sacerdotal mantém uma taxa de crescimento moderado, inaugurado em 2000, após um longo período de resultados decepcionantes.

O número de sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, aumentou durante os últimos dez anos 1,34% em todo o mundo, passando de 405.178, em 2000, para 410.593, em 2009.

Em especial, em 2009, o número de sacerdotes aumentou 0,34% em relação a 2008.

Este aumento segue uma queda de 0,08% do clero religioso e o aumento de 0,56% do diocesano. A queda percentual afetou apenas a Europa (0,82% para os diocesanos e 0,99% para os religiosos), visto que, em outros continentes, o número de sacerdotes, em geral, aumentou.

Com exceção da Ásia e da África, o clero religioso diminuiu em todos os lugares.

Os diáconos permanentes aumentaram mais de 2,5%, passando de 37.203, em 2008, para 38.155, em 2009.

A presença dos diáconos melhora na Oceania e na Ásia, com ritmos elevados: na Oceania, os diáconos não atingem ainda 1% do total, com 346 unidades, em 2009, e na Ásia registram um aumento de 16%.

Os diáconos também aumentaram em áreas onde sua presença é mais importante quantitativamente. Nos Estados Unidos e na Europa, onde, em 2009, residia cerca de 98% da população total, os diáconos cresceram, respectivamente, de 2,3 a 2,6%.

No entanto, houve uma diminuição entre as religiosas professas. Em 2008, elas eram 739.068 em todo o mundo, reduzindo-se, em 2009, para 729.371.
A crise, portanto, permanece, apesar da África e da Ásia, onde há um aumento.

O número de candidatos ao sacerdócio no mundo subiu 0,82%, passando de 117.024 unidades, em 2008, para 117.978, em 2009. Grande parte do aumento é atribuído à Ásia e à África, com taxas de crescimento de 2,39% e 2,20%, respectivamente. A Europa e a América registraram uma contradição, respectivamente, de 1,64 e 0,17%, no mesmo período.





Pedra do Mar Morto confirma divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo

Cientistas israelenses analisaram cuidadosamente uma laje de pedra (foto) com perto de 100 centímetros de altura que contém 87 linhas em hebraico. Ela data de vários lustros antes do nascimento de Jesus Cristo.

A descoberta abalou os círculos de arqueologia bíblica hebraicos porque prova que os judeus alimentavam a expectativa de um Messias que haveria de vir e que ressuscitaria três dias depois de morto.

A placa foi achada perto do Mar Morto e é um raro exemplo de inscrição em tinta sobre pedra em duas colunas como a Torá (é o equivalente nas escrituras hebraicas ao Pentateuco, i. é, os cinco primeiros livros da Bíblia).

Para Daniel Boyarin, professor do Talmude na Universidade de Berkeley, a peça é mais uma evidência de que Jesus Cristo corresponde ao Messias tradicionalmente esperado pelos judeus. Ada Yardeni e Binyamin Elitzur, especialistas israelenses em escrita hebraica, após detalhada análise, concluíram que datava do fim do primeiro século antes de Cristo. O professor de arqueologia da Universidade de Tel Aviv, Yuval Goren fez uma análise química e acha que não se pode duvidar de sua autenticidade.
Israel Knohl, professor de estudos bíblicos da Universidade Hebraica, defende que a pedra prova que a “a ressurreição depois de três dias é uma idéia anterior de Jesus, o que contradiz praticamente toda a atual visão acadêmica”.

Desde o ponto de vista católico estes dados científicos confirmam a Fé e as Escrituras.

Compreende-se que entre os judeus o achado cause polêmica, pois acaba apontando para a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que deixa em situação incomoda à Sinagoga que O crucificou e os que compartilham o deicídio.

FONTE ELETRÔNICA:
http://www.catolicosdobrasil.com.br/
 





Refutando a teologia da prosperidade de pastor protestante.

Farei uma breve reflexão bíblica em favor da doutrina ensinada por Jesus Cristo, que nos convida a salvação por meio de sua morte e ressurreição. Não se encontra nos ensinamentos que Jesus nos deixou a busca cega por bens materiais, afinal após a morte ninguém os leva para o caixão. Com base em textos bíblicos, o devido artigo visa apontar os desvios doutrinários ensinados conforme o vídeo abaixo.





Percebemos claramente no vídeo um pensamento voltado à teologia da prosperidade, pode-se entender a teologia da prosperidade como um preceito que afirma que todo cristão deve exigir de Deus o direito de obter a felicidade integral em todos os aspectos de sua vida.

Segundo o doutorando em história pela UNESP Wander de Lara Proença, “teologia da prosperidade está trazendo o celeste porvir para o terrestre presente. Para comermos a melhor comida, para vestirmos as melhores roupas, para dirigirmos os melhores carros, para termos o melhor de todas as coisas, para adquirirmos muitas riquezas, para não adoecermos nunca, para não sofrermos qualquer acidente, para morrermos entre 70 e 80 anos, para experimentarmos uma morte suave.”

Sendo assim, percebemos uma busca por Deus voltada não para o que ele é(amor) e sim por aquilo que ele pode nos oferecer. Deus ao invés de ser tornar Senhor passa aparentemente a um mero objeto descartável.

Vejamos os textos bíblicos que contrariam tal ensinamento:

“É para a vossa educação que sofreis: Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa? Se sois privados da educação da qual todos participam, então sois bastardos e não filhos”. (Hb 12, 7s)

“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; vós tereis que sofrer neste mundo, mas tende coragem eu venci o mundo!” (Jo 16, 33)

“Jesus disse:“Mas ajuntai ara vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam e nem roubam” Mt. 6,20

“Depois de sofrerdes um pouco, o Deus de toda a graça, Aquele que vos chamou em Cristo para a sua glória eterna, vos restabelecerá, firmará e fortalecerá, e tornar-vos-á inabaláveis.” 1 Pd. 5,10

Aspecto interessante de se notar é a questão das trocas de favores entre Deus e o crente. Deus parece mais um banqueiro, tendo como caixa forte a Igreja ao qual o crente sendo fiel e pagando as contas todo mês (dízimo) com “generosidade” lhe será concedido riquezas e bens materiais, a exemplo a tão sonhada casa própria. Essa concepção está mal fundamentada.

Vejamos os textos bíblicos que contrariam tal ensinamento:

“Houve falsos profetas no povo de Israel, e entre vós também aparecerão falsos mestres que introduzirão heresias perniciosas; negarão o Senhor que os resgatou e atrairão sobre si repentina destruição. Muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas e, por causa deles, o caminho da verdade cairá em descrédito. Levados pelo amor ao dinheiro, procurarão, com palavras enganosas, explorar-vos. Mas o julgamento contra eles já há muito que começou, e a sua destruição não vai tardar.” 2 Pd. 2, 1-3;

“A piedade é de fato grande fonte de lucro, mas para quem sabe se contentar. Pois nada trouxemos para o mundo, nem coisa alguma dele poderemos levar. Se, pois, temos alimento e vestuário, contentemo-nos com isso. Ora, os que querem se enriquecer caem em tentação e cilada, e em muitos desejos insensatos e perniciosos que mergulham os homens na ruína e na perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”. 1 Tm 6,5-10

Sobre as riquezas e bens materiais prometidas a quem é fiel oferecendo o dinheiro do suor de seu trabalho. Tal ensinamento não convém com o que ensinaram os Apóstolos. A benção concedida por Deus não está voltada para o dinheiro oferecido, sim para o cumprimento daquele que faz a vontade do Pai que está no céu, mesmo estando diante das dificuldades no decorrer desta vida.

Vejamos os textos bíblicos que contrariam tal ensinamento:
“Sobretudo, conservai entre vós um grande amor, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” 1 Pd. 4, 8

“Depois de sofrerdes um pouco, o Deus de toda a graça, Aquele que vos chamou em Cristo para a sua glória eterna, vos restabelecerá, firmará e fortalecerá, e tornar-vos-á inabaláveis.” 1 Pd. 5,10

Vejamos o que diz a Igreja Católica. Todos os católicos devem dar a sua contribuição material à Igreja para que ela possa prover suas necessidades materiais; isto é ensinado pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC) no nº2043:

§2043 – ”Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja. O quinto mandamento [da Igreja] (“Ajudar a Igreja em suas necessidades”) recorda aos fiéis que devem ir ao encontro da necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (CDC, cân. 222)”.

Não percebemos uma obrigação na Igreja Católica em que o dízimo seja 10% do salário, embora muitos adotem isto na prática, o que é bonito. O dízimo não pode ser uma troca com Deus; deve ser uma doação generosa de quem O ama de forma gratuita e sem interesses. O dízimo também pode ser ofertado, não em parte monetária, mas em serviços. Um exemplo seria o eletricista tirar um dia de seu trabalho para doar a igreja para possíveis reparos ou um médico que uma vez por mês se dedica em atender gratuitamente pessoas de sua comunidade na paróquia. Vemos que para a Igreja Católica, dizimo não é sinônimo apenas de dinheiro.

Conclusão

Jesus de Nazaré em nenhum momento de sua pregação propôs riqueza e prosperidade aos seus seguidores. Observando atentamente as passagens citadas, chegamos a convicção que Jesus não instruiu os Apóstolos em nenhum momento a ensinarem que seus seguidores não passariam por dificuldades e sofrimento.

Os fiéis precisam despertar o censo crítico para saber diferenciar e entender a palavra de Deus que foi comunicada com autenticidade ao longo dos séculos por meio da tradição oral. Se, mesmo assim, quiserem ingressar na Teologia da Prosperidade que o façam de forma consciente. Assim, não serão levadas como um grupo de ovelhas perdidas no meio do campo.

Referência Biblíografica

PROENÇA, Wander de Lara. O Evangelho da Cruz e a Teologia da Prosperidade (Artigo). In: http://www.pesformosos.org/?pg=ver_artigo&id=176. Acesso em 23 ago. 2008.

FONTE ELETRÔNICA:

http://www.paraclitus.com.br/2011/apologetica/protestantismo/denuncia-pastor-famoso-enganando-o-povo-revoltante/

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Fundamentalismo - EB

Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 387 - Ano 1994 - p. 353
Em síntese: O Fundamentalismo é uma atitude presente, de modo especial, entre os protestantes norte-americanos e trazida para o Brasil. Diante dos progressos das ciências, que parecem revolver as proposições da fé, muitos protestantes se prendem a verdades fundamentais deduzidas da letra da Bíblia, rejeitando qualquer método crítico de estudo do texto sagrado. Isto torna tal corrente fortemente agressiva não somente à cultura moderna, mas também às demais correntes do Cristianismo, inclusive ao Catolicismo.

Os fundamentalistas baseiam suas atitudes na suposição de que os Estados Unidos são uma nação escolhida por Deus (em lugar da Inglaterra, que falhou) e essa nação deve estender sua fé religiosa protestante a toda a América Latina.

Não há dúvida, o Fundamentalismo se baseia sobre premissas errôneas, não levando em conta que o texto sagrado foi escrito mediante a tramitação de escritores orientais, distantes de nós e dotados de um expressionismo que não é o do homem contemporâneo.

Ouve-se dizer que vários dos Novos Movimentos Religiosos são fundamentalistas. Todavia nem a todos os cristãos é claro o que significa "Fundamentalismo". Eis por que dedicaremos as páginas seguintes à análise deste conceito tal como é vivido por correntes protestantes (sabemos que há também o Fundamentalismo católico, o judaico e o islâmico).

ORIGEM DO TERMO E DO MOVIMENTO

O vocábulo "Fundamentalismo" tem origem no protestantismo norte-americano da Segunda metade do século XIX e do começo do século XX. Com efeito; entre 1878 e 1918 formaram-se, dentro do protestantismo dos Estados Unidos, duas correntes: uma dita "fundamentalista" e a outra "modernista" ou "liberal". A diversidade entre uma e outra estava no modo de interpretar a Bíblia. Os fundamentalistas ensinavam que a Bíblia é obra de Deus, e não dos homens; Deus terá inspirado palavra por palavra a homens santos; por isto o texto sagrado há de ser tomado ao pé da letra, quer se trate de história, de poesia, quer de profecia, quer de apocalipse ... Qualquer tentativa de recolocar os livros sagrados em seu ambiente histórico e penetrá-los mediante o instrumental da lingüistica, da literatura antiga, da geografia, da arqueologia... é tida como concessão à pouca fé e à profanação do texto inspirado. Aos fundamentalistas se opunham os modernistas, professores da Universidade de Chicago, tidos como infiéis; recorriam aos subsídios das ciências profanas para entender a Bíblia e, além disto, se filiavam à corrente protestante liberal tendente ao racionalismo.

Para combater o modernismo, em 1910 os fundamentalistas Lyman e Milton Stewart, da Califórnia, financiaram a publicação de uma coleção de doze volumes redigidos pelos "melhores e mais ortodoxos estudiosos da Bíblia", sob a direção do evangelista A. C. Dixon e intitulada The Fundamentals: A Testimony to the Truth (Os Fundamentalistas: Um Testemunho à Verdade); desta obra derivou-se o nome de "cristãos fundamentalistas". Estes julgavam poder deduzir da Bíblia, com toda a certeza e sem necessidade de recorrer a ciências humanas, as seguintes verdades: a SS. Trindade, a Divindade de Jesus Cristo, a concepção virginal de Jesus Cristo, a Redenção pelo Sangue de Cristo, a ressurreição corporal do Crucificado, a sua Segunda vinda no fim dos tempos para julgar os homens e instaurar o Reino de Deus definitivo, a infalibilidade da Bíblia tomada ao pé da letra, a autenticidade dos milagres do Evangelho. Tais artigos de fé não o poderiam sofrer a mínima hesitação. - Conseqüentemente era rejeitada a Escola da História das Formas, que estuda o desenvolvimento dos conceitos e palavras da Bíblia com o cabedal das ciências modernas; esse método de trabalho era tido como deletério e contrário à veracidade da S. Escritura, pois ensina que Moisés não é o único autor do Pentateuco, que o livro de Daniel não data do século VI a.C., mas do século II a.C. ou da época dos Macabeus e de Antíoco IV Epifânio (175-164 a.C.), que o livro de Isaías encerra três compêndios de profecias datadas de séculos diversos ... Além do mais, os fundamentalistas, entendendo literalmente Gênesis 1,1-3,24, ensinavam (e ensinam) a criação do homem a partir do barro, a formação da mulher a partir de uma costela de Adão, não aceitando qualquer hipótese evolucionista; em 1925 promoveram em Dayton Tennesee "o processo dos macacos" contra o biólogo J. T. Scopes, que defendia a origem do homem por evolução da matéria viva preexistente. Para completar o quadro, seja mencionada a expectativa fundamentalista de iminente fim do mundo, de reinado de Cristo sobre a terra por mil anos (milenarismo). Na política foram muito ativos na década de 1950, aderindo a J. Maccarthy contra o trio satânico, constituído pelo liberalismo, o secularismo e o comunismo.

CONCEITUAÇÃO DE FUNDAMENTALISMO

O fundamentalismo tem semelhanças com o integrismo, o conservadorismo, o tradicionalismo, mas distingue-se destas correntes afins por sua origem histórica e sua atuação.

1. Podem-se atribuir dois significados ao Fundamentalismo (um mais amplo, outro mais restrito), como nota F. Galindo na obra El protestantismo fundamentalista. Una experiencia ambigua para la America Latina, pp. 136-138:

"Em sentido amplo, o Fundamentalismo é uma tendência atual das tradições judaica, cristã e muçulmana, que costuma manifestar-se em reações mais ou menos violentas contra as mudanças culturais. Os estudos de psicologia descrevem os seus adeptos mais zelosos como pessoas autoritárias, indivíduos que se sentem ameaçados num mundo dominado por potências malvadas que estão em permanente atitude de conspiração. Pensam segundo esquemas simplicistas e imutáveis; diante dos problemas de hoje são propensos a dar respostas autoritárias e moralizantes. Quando as mudanças culturais chegam a um ponto crítico, essas pessoas se agrupam em movimentos radicais dentro das suas próprias tradições religiosas.

Em sentido estrito, o fundamentalismo é uma modalidade do protestantismo norte-americano, uma "subespécie de evangelismo" (Marsden). Mais precisamente, do ponto de vista histórico, é um movimento protestante recente, que tem suas raízes no século XIX e se organizou no início do século XX; na década de 1920 envolveu-se em controvérsias com diversas denominações protestantes norte-americanos. Surgiu como reação a correntes sociais e teológicas, que os fundamentalistas designaram como liberalismo e modernismo, correntes tidas como ameaças ao Cristianismo tradicional ou como apostasia religiosa... Mais precisamente, o Fundamentalismo pode ser definido como um evangelismo reacionário frente a um evangelismo liberal ou social".
O Fundamentalismo estrito alimenta uma concepção pessimista do mundo e da história, tidos como irremediavelmente entregues ao pecado e fadados a uma catástrofe apocalíptica. Por isto conclui que o cristão não se deve ocupar com obras sociais, a fim de tentar melhorar um mundo que não pode ser melhorado, mas deve apregoar a conversão pessoal, para que cada cidadão possa escapar dos males iminentes que pesam sobre o mundo e assim participar do Reino milenar que Cristo há de instaurar após julgar este mundo.
2. Tal pessimismo se deriva de duas fontes principais: 1) a doutrina do luteranismo, que afirmava estar a natureza humana irremediavelmente deteriorada pelo pecado e propunha a Bíblia como único fundamento e fonte de fé; 2) o puritanismo e o pietismo dos "Pais Peregrinos" que, para fugir da intolerância da Comunhão Anglicana (High Church), embarcaram em setembro de 1620 a bordo do Mayflower em demanda da colônia de Massachusetts nos Estados Unidos, onde fundaram um protestantismo fervilhante e um tanto agressivo.

Esse protestantismo norte-americano assim instituído inspirava-se fortemente no puritanismo calvinista, que era acentuadamente pessimista: ensinava que o homem é incapaz de fazer o que seja, para salvar-se; pois isto é irrevogavelmente predestinado por Deus para salvar-se ou para condenar-se; o homem também seria incapaz de transformar o mundo e a sociedade; donde se seguia aceitação passiva da (des) ordem de coisas vigente como sendo disposta por Deus; daí, por exemplo, a manutenção da escravidão dos negros; esta teria sido decretada por Deus, que amaldiçoou Cam - de quem descenderiam os negros - e submeteu Cam e os seus descendentes a Sem e a Jafé (Jafé, do qual descendem os brancos, conforme errônea interpretação de Gn 9,21-27). Na verdade, os puritanos calvinistas que foram para a América, julgavam que a Inglaterra, a "nação eleita", o "novo Israel", escolhido por Deus para ser "um povo sujeito a Deus", falhara, de modo que tocava a eles ser essa nação santa sujeita a Deus; deviam criar uma nova terra de Canaã na nova Inglaterra; cumpririam assim os desígnios de Deus. Deste modo o puritanismo comunicou ao protestantismo norte-americano a convicção de ser "uma nação sujeita a Deus", até mesmo "a única nação cristã do mundo", portadora da maravilhosa missão de instaurar o Reino de Deus sobre a Terra e, de modo especial, estender a todo o continente americano (e, por conseguinte, à América Latina) "a excelência dos seus princípios divinos". Daí se seguia a conquista, por direito divino, dos territórios do Caribe, a tutela sobre Cuba, a anexão de Porto Rico e o predomínio econômico-político sobre todo o continente americano, segundo o princípio de Monroe: "A América para os americanos (do Norte)".

O pietismo, por sua vez, enfatizava a conversão pessoal e recusava toda discussão teológica que pudesse suscitar alguma dúvida de fé; daí a rejeição do espírito crítico-científico, dos princípios racionais de interpretação da Bíblia, e o apego à letra da Escritura Sagrada. Estas características do pietismo se tornaram particularmente notórias e acentuadas quando o protestantismo norte-americano teve que se confrontar com os estudos científicos da Bíblia realizados nas Universidades européias, principalmente na Alemanha, e com as teorias antropológicas evolucionistas.

Eis, pois, em que consiste o Fundamentalismo:

- interpretação literal da Bíblia, com desconfiança do instrumental da razão e da ciência;

- oposição ao mundo moderno, com as suas teorias evolucionistas, com os seus sistemas socialistas, com as suas tendências a conquistar o universo (obra satânica, segundo os fundamentalistas); toda essa projeção dos cientistas será destruída quando o Senhor vier julgar o mundo!

- oposição a todo tipo de ecumenismo.

AS FACETAS DO FUNDAMENTALISMO HOJE

Verifica-se que o Fundamentalismo norte-americano, do qual acabamos de tratar, se tem fragmentado em facções de consistência duvidosa. Compreende, porém, duas grandes correntes:

- a neo-evangélica: afirma que os Estados Unidos ainda não foram devidamente evangelizados e precisam de forte movimento de ação religiosa e social, que lhes imponha o autêntico e único Cristianismo, a saber: o protestantismo;

- a corrente neo-fundamentalista: despreza todo compromisso social e temporal para apregoar um renascer espiritual (born-again) mediante intensa experiência religiosa.

Todavia ambas as correntes são contrárias ao ecumenismo, pois, sob o influxo do Calvinismo, não têm estima pelas outras denominações cristãs. São contrárias ao luteranismo, porque é religião de uma raça estrangeira, a alemã; contrárias ao anglicanismo, pois este depende de Londres e da Inglaterra, que os "Padres peregrinos" tiveram de abandonar por causa da sua intolerância; contrárias à Igreja Católica, porque esta é a Igreja dos estrangeiros, que acolhe raças inferiores (irlandeses, italianos, poloneses, negros...), ao passo que o autêntico americano é WASP (White = branco; Anglo-saxon = anglo-saxão; Protestant = protestante). Por estas mesmas razões, os fundamentalistas não fazem parte do Conselho Mundial das Igrejas, mas criaram o "Conselho Americano das Igrejas Cristãs".

Atualmente nos Estados Unidos são, de modo geral, fundamentalistas os pastores eletrônicos, que fazem sucesso no país, principalmente na classe média branca. Os pregadores eletrônicos exprimem a mentalidade dessa classe conservadora, puritana e nacionalista, convicta de que os Estados Unidos são a nação eleita, cuja missão é estender o Reino de Deus a todo o continente americano; a esta convicção se associam as teses fundamentalistas relativas à letra da Bíblia, à expectativa de fim do mundo apocalíptico, ao repúdio do comunismo e do ateísmo; acreditam no poder da oração para obter curas milagrosas em grande escala.

Os pregadores eletrônicos que, conforme algumas estatísticas, atingem setenta milhões de telespectadores ou radioouvintes, costumam pedir dinheiro, que eles recebem em elevadas quantias. Um exemplo, entre outros, seja o do famoso missionário televisivo J. Swaggart, que em 1988 atingia semanalmente 9.300.000 pessoas e tinha a receita de 140.000.000 de dólares; suas pregações visavam principalmente ao comunismo, ao humanismo secularista e à Igreja Católica, tidos como inimigos.

A corrente neo-fundamentalista não se contenta com sua atividade nos Estados Unidos; estende a sua influência à América Latina, onde já numerosas seitas estão atuando. Em nossos países, esse fundamentalismo assume característica fortemente anticatólica; os americanos que vêm para cá, alimentam, ao menos em seu íntimo, a persuasão de que estão desempenhando um papel providencial e, de certo modo, messiânico. São proselitistas e comunicam esse afã proselitista aos adeptos que vão conseguindo conquistas. Desejam ocupar o lugar da Igreja Católica, considerada como "Cristianismo viciado".

A penetração relativamente fácil desse Fundamentalismo em nossos países latino-americanos explica-se, em grande parte,

- pela ignorância religiosa de nossa gente; os católicos estão despreparados para enfrentar a capciosa e agressiva pregação dos novos arautos; não sabem o que professam em seu Credo;

- pela pobreza econômica e cultural de nossas populações, que se deixam facilmente atrair por promessas de curas e graças extraordinárias, assim como por "profecias relativas a intervenções drásticas de Deus, que porá ordem no mundo";

- pelo poderoso apoio financeiro que vem dos Estados Unidos e facilita o uso dos meios de comunicação, as viagens, as instalações de ordem escolar e hospitalar, o recurso à imprensa escrita, a divulgação de panfletos impressos nos Estados Unidos em diversas línguas;

- há quem julgue que certos regimes latino-americanos favorecem os fundamentalistas por causa do anticomunismo professado por estes.

CONCLUSÃO

Diz-se que em todo erro está latente um cerne de verdade. Na base deste princípio pode-se dizer que o Fundamentalismo faz questão de defender certos valores ameaçados pela cultura pluralística ou mesmo materialista do mundo atual. Os fundamentalistas querem preservar a identidade cristã inconfundível na sociedade contemporânea.

Todavia, ao defender tais valores, o Fundamentalismo se mostra cego, pois pretende ignorar que a Bíblia foi escrita segundo trâmites humanos, ou seja, por homens de épocas recuadas, dotados de recursos de expressão muito diversos dos do homem moderno. É esta convicção que justifica - ou mesmo torna obrigatório - o estudo científico das Escrituras, com recurso às ciências auxiliares (lingüística, história, arqueologia, paleografia, papirologia ...). Ignorar os gêneros literários e o procedimento dos antigos escritores é fechar-se ao mundo da Bíblia e à sua mensagem, em vez de cultivar fielmente a sua doutrina. Em última análise, a recusa de reconhecer os moldes humanos da Palavra de Deus é, indiretamente, a recusa do próprio mistério da Encarnação, pois na plenitude dos tempos o Verbo de Deus falou aos homens mediante a natureza humana assumida no seio de Maria Virgem em terra oriental, dentro do quadro histórico e geográfico da Palestina.
A propósito do Fundamentalismo escreveu a Pontifícia Comissão Bíblica num relatório datado de 18/11/1993:

"O Fundamentalismo recusa admitir que a Palavra de Deus inspirada tenha sido expressa em linguagem humana e haja sido redigida, sob a inspiração divina, por autores humanos cuja capacidade e cujos recursos eram limitados. Por isto, tende a tratar o texto bíblico como se fora ditado literalmente pelo Espírito e não chega a reconhecer que a Palavra de Deus foi formulada em linguagem e fraseologia condicionadas por determinados modos humanos de pensar presentes nos textos bíblicos ... O Fundamentalismo insiste também, de modo indevido, sobre a inerrância dos pormenores dos textos bíblicos, principalmente quando se trata de fatos históricos ou de pretensas verdades científicas... O Fundamentalismo assim esvazia o apelo lançado pelo próprio Evangelho.

O Fundamentalismo, além disto, leva a grande estreiteza de vistas: tem como conforme à realidade, porque contida na Bíblia, uma cosmologia antiga superada, o que impede o diálogo ou uma concepção mais aberta das relações entre cultura e fé. Baseia-se sobre uma leitura não crítica de alguns textos da Bíblia para confirmar idéias políticas e diretrizes sociais marcadas por preconceitos, por exemplo, racistas, totalmente contrários ao Evangelho".
O Fundamentalismo vem a ser perigoso, porque dá a impressão ilusória de que as pessoas necessitadas de respostas para seus problemas as possam encontrar interpretando a Bíblia ao pé da letra. Na verdade, a Bíblia não responde diretamente a todos os problemas humanos; ela apresenta não raro princípios gerais, dos quais cada qual deverá tirar conclusões precisas. Em nossa época, tão angustiada e atormentada por interrogações sobre o futuro, muitas pessoas sentem a necessidade de uma orientação precisa e segura, e imaginam poder encontrá-la na Bíblia; os sectários, como as Testemunhas de Jeová, exploram o texto sagrado prometendo intervenções drásticas de Deus que satisfazem aos anseios de solução alimentados por muitos dos nossos contemporâneos. Tal abuso da Bíblia é condenável. "A letra mata, o espírito vivifica", diz São Paulo (2Cor 3,6).
Como quer que seja, os fundamentalistas lembram aos fiéis católicos a exigência de guardarem a sua identidade, sem deixar de responder às indagações e interpelações do mundo contemporâneo.

Este artigo muito deve ao Editorial de La Civitá Cattolica 1994 II, pp. 3-16.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Deus nos livre de um Brasil evangélico materia postado pelo pastor ricardo gondim

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.


O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O que são as seitas protestantes?

O protestantismo negando tanto a Tradição quanto o Magistério sofre desde os seus primórdios uma desintegração doutrinária assombrosa. Onde Cristo fundou a Igreja Católica sobre a Rocha, Lutero e Cia fundaram a igreja Evangélica sobre a areia movediça da sola scriptura e do livre exame. E logo nas primeiras ventanias, pôs-se a casa dos reformadores a desabar fragorosamente: tábuas lançadas aqui e ali, telha lá e acolá, junturas e cacos em todas as direções.

Vejamos como no princípio deste século, o Reverendíssimo Pe. Leonel Franca já chamava a atenção para este fato, descrevendo lucidamente o processo de desagregação doutrinária do protestantismo, baseado no método da sola scriptura e do livre exame: "Na nova seita (protestantismo) não há autoridade, não há unidade, não há magistério de fé. Cada sectário recebe um livro que o livreiro lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode, enuncia um símbolo, formula uma moral e a toda esta mais ou menos indigesta elaboração individual chama cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem as mesmas operações e chega a conclusões dogmáticas e morais diametralmente opostas. Não importa; são irmãos, são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram ambos da Bíblia, ambos forjaram com o mesmo esforço o seu cristianismo" ( In I.R.C. Pg. 212 , 7ª ed.).
Vejamos alguns exemplos práticos: um fiel evangélico quer mudar de seita? Precisa-se rebatizar? Umas igrejas dizem sim, outras não. Umas admitem o batismo de crianças, outras só de adultos, umas admitem a aspersão, infusão e imersão. Aquela outra só imersão, e mesmo há grupelho que só admite batismo em água corrente e sem cloro! Aqui e ali as fórmulas de batismo são tão variadas como as cores do arco-íris. Quer o sincero evangélico participar da Santa Ceia? Há seitas que consideram o pão apenas pão (pentecostais) outras que o pão é realmente o corpo de Cristo (Luteranos, Episcopais e outros). Uns a praticam com pão ázimo, outras com pão comum, aqui com vinho, lá com vinho e água, acolá com suco de uva. A Santa Ceia pode ser praticada diariamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente, anualmente ou não ser praticada nunca. Trata-se de ministérios ordenados? Esta seita constitui Bispos, presbíteros e diáconos. Àquela só presbíteros e pastores, alí pastores e anciãos, lá Bispos e anciãos, acolá presbíteros e diáconos, outras não admitem ministro nenhum. Umas igrejas ordenam mulheres, outras não. E por aí, atiram os evangélicos em todas as solfas quando o assunto é ministério ordenado.

Após a morte, o que espera o cristão? Pode um crente questionar seu pastor sobre isto? E as respostas colhidas entre as denominações seria tão rica e variada quanto a fauna e a flora. Há Pastor que prega que todos estarão inconscientes até a vinda de Cristo quando serão julgados; outros pregam o "arrebatamento" sem julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo na terra; aqueles lá doutrinam que após a morte já vem o céu e o inferno; no outro quarteirão, se ensina que o inferno é temporário; opinam alguns que ele não existe; e tantas são as doutrinas sobre os novíssimos quanto os pastores que as pregam. Está cansado o fiel da esposa da sua juventude? Não tem importância, sempre encontrará uma seita a lhe abrir risonhamente as portas para um novo matrimônio. E de vez em quando não aparece um maluco aqui e ali aprovando a poligamia?

Lutero mesmo admitiu tal possibilidade: "Confesso, que não posso proibir tenha alguém muitas esposas; não repugna às Escrituras; não quisera porém ser o primeiro a introduzir este exemplo entre cristãos" ( Luthers M.., Briefe, Sendschreiben (...) De Wette, Berlin, 1825-1828, II. 259 ). Não há uma pesquisa nos Estados Unidos que demonstra que entre os critérios para um evangélico escolher sua nova igreja está o tamanho do estacionamento? Eis o que é hoje o protestantismo.

Vejamos neste passo a afirmação de Krogh Tonning famoso teólogo protestante norueguês, convertido ao catolicismo, que no século passado já afirmava: "Quem trará à nossa presença uma comunidade protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado ? Portanto uma confusão (é a regra ) mesmo dentre as matérias mais essenciais" ( Le protest. Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953)

Mas o próprio Lutero que saiu-se no mundo com esta novidade da sola scriptura viveu o suficiente para testemunhar e confessar os malefícios que estas doutrinas iriam causar pelos séculos afora: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" (Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ). Um outro trecho selecionado, prova que o Patriarca da Reforma tinha também de quando em quando uns momentos de bom senso: "Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm" ( Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p. 289).

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Como se expandiu a "Reforma" nos séculos XVI e XVII?

A "reforma protestante" se expandiu rapidamente porque foi imposta de cima para baixo sem exceção em todos os países em que logrou vingar. O povo foi obrigado a "engolir" as novas doutrinas porque os reis e príncipes cobiçavam as terras e bens materiais da Igreja Católica. Infelizmente nesta época a Igreja era rica de bens materiais e pobre de bens espirituais. Foi com os olhos postos nesta riqueza mundana que os soberanos "escolheram" para si e para seu povo as doutrinas dos novos evangelistas, esquecidos de que todo ouro, terra ou prata se enferruja e fenece conforme ensina a escritura: "O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorará as vossas carnes" ( Tg 5, 2-3 ). Prova isto o fato de que as primeiras providências eram recolher ao fisco real tudo o que da Igreja Católica poderia se converter em dinheiro.

INGLATERRA: foi "convertida" na marra porque o rei Henrique VIII queria se divorciar de Ana Bolena. Como a Igreja não consentiu, ele fundou a "sua" igreja obrigando o parlamento a aprovar o "ato de supremacia do rei sobre os assuntos religiosos". Padres e bispos foram presos e decapitados, igrejas e mosteiros arrasados, católicos aos milhares foram mortos. Qualquer aproveitador era alçado ao posto de bispo ou pastor. Tribunais religiosos (inquisições) foram montados em todo o país. ( Macaulay. A História da Inglaterra. Leipzig, tomo I, pgna 54 ). Os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos que dura até hoje, e volta e meia aparecem nos noticiários.

ESCÓCIA: O poder civil aboliu por lei o catolicismo e obrigou todos a aderir à igreja "calvinista presbiteriana". Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra profissão. Quem era encontrado celebrando missa era condenado à morte. Católicos recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros católicos queimados. Tribunais religiosos (inquisições) foram criados para condenar os católicos clandestinos. ( Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )

DINAMARCA: O protestantismo foi introduzido por obra e graça de Cristiano II, por suas crueldades apelidado de "o Nero do Norte". Encarcerou bispos, confiscou bens, expulsou religiosos e proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica Dinamarquesa. Em 1569 publicou os 25 artigos que todos os cidadãos e estrangeiros eram obrigados a assinar aderindo à doutrina luterana. Ainda em 1789 se decretava pena de morte ao sacerdote católico que ousasse por os pés em solo dinamarquês. ( Origem e Progresso da Reforma, pgna 204, Editora Agir, 1923, em IRC )

SUÉCIA: Gustavo Wasa suprimiu por lei o Catolicismo. Jacopson e Knut, os dois mais heróicos bispos católicos foram decapitados. Os outros obrigados a fugir junto com padres, diáconos e religiosos. Os seminários foram fechados, igrejas e mosteiros reduzidos a pó. O povo indignado com tamanha prepotência pegou em armas para defender a religião de seus antepassados. Os Exércitos do "evangélico" rei afogaram em sangue estas reivindicações.(A Reforma Protestante, Pgna 203, 7ª edição, em IRC. 1958)

SUIÇA: O Senado coagido pelo rei aprovou a proibição do catolicismo e proclamou o protestantismo religião oficial. A mesma maldade e vileza ocorreram. Os mártires foram inumeráveis. ( J. B. Galiffe. Notices génealogiques, etc., tomo III. Pgna 403 )

HOLANDA: Aqui foram as câmaras dos Estados Gerais a proibir o catolicismo. Com afã miserável tomaram posse dos bens da Igreja. Martirizaram inúmeros sacerdotes, religiosos e leigos. Fecharam igrejas e mosteiros. A fama e a marca destes fanáticos chegou até ao Brasil. Em 1645 nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante ambos no atual Rio Grande do Norte cerca de 100 católicos foram mortos entre dois padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque não queriam se "batizar" na religião dos invasores holandeses. Foram beatificados como mártires este ano.Em 1570 foram enviados para o Brasil para evangelizar os índios o Pe Ináciode Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau "S. Tiago" quando em alto mar os interceptou o "piedoso" calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu "evangélico" zêlo mandou degolar friamente todos os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pg 224, 1978).

ALEMANHA: Na época era dividida em Principados. Como havia muito conflito entre eles, chegaram no acordo que cada Príncipe escolhesse para os seus súditos a religião que mais lhe conviesse. Princípio administrativo do "cujus regio illius religio". Os príncipes não se fizeram rogar. Além da administração mundana, passaram também a formular e inventar doutrinas. A opressão sangrenta ao catolicismo pela força armada foi a consequência de semelhante princípio. Cada vez que se trocava um soberano o povo era avisado que também se trocavam as "doutrinas evangélicas" (Confessio Helvetica posterior ( 1562 ) artigo XXX ). Relata o famoso historiador Pfanneri: "uma cidade do Palatinado desde a Reforma, já tinha mudado 10 vezes de religião, conforme seus governantes eram calvinistas ou luteranos" ( Pfanneri. Hist. Pacis Westph. Tomo I e seguintes, 42 apud Doellinger Kirche und Kirchen, p. 55)
ESTADOS UNIDOS: Para a jovem terra recém descoberta fugiram os puritanos e outros protestantes que negavam a autoridade do rei da Inglaterra ou da Igreja Episcopal Anglicana. Fugiram para não serem mortos. Ao chegarem na América repetiram com os indígenas a carnificina que condenavam. O "escalpe" do índio era premiado pelo poder público com preços que variavam conforme fossem de homem maduro, velho, mulher, criança ou recém-nascido. Os "pastores" puritanos negavam que os peles vermelhas tivessem alma e consideravam um grande bem o extermínio da nobre raça. EM RESUMO em nenhum país cuja maioria hoje é protestante foi convertida com a bíblia na mão. Foram "convertidos" a fogo e ferro, graças à ambição dos reis e príncipes. Exceção é feita no presente século onde a tática mudou. Agora o que ocorre é uma invasão maciça de seitas de todos os matizes, cores e sabores financiados pelos EUA. Pregam um cristianismo fácil, recheado de promessas de sucessos financeiros instantâneos ou quando não, promovem como saltimbancos irresponsáveis shows de exorcismos e curas às talargadas. Antes matava-se o corpo. Hoje estraçalha-se a razão e o bom senso. Dificilmente se conhece um "evangélico" que não seja de todo um ignorante nas Sagradas Escrituras ou tenha para com a Igreja de Cristo um ódio mortal e uma ignorância lamentável. Cursinhos de "teologia" ou "Apologética" onde pouco ou nada se estuda sobre a Bíblia, os escritos dos primeiros cristãos ou história séria são ministrados aqui e ali para fisgar os incautos que abandonam a Igreja duas vezes milenar fundada por Cristo e herdeira de suas promessas para seguir opiniões de aventureiros fundadores de igrejolas e seitas. Falsos profetas que se enganam e enganam. Cegos condutores de cegos ( MT 15, 14 ). Que rodeiam o mar e a terra, para fazer um discípulo, e quando o fazem o tornam duas vezes mais digno do inferno do que eles ( MT 23, 15 ).


fonte eletrônica:



A presença real de Jesus na Eucaristia

Os primeiros cristãos acreditavam na Presença Real

"Assim então, irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que vos foi ensinado por nós, de viva voz ou por carta." (2 Tes 2,15)

"E que você tem escutado de mim ante muitas testemunhas, confia a homens de confiança, capazes de ensinar também aos outros." (2 Tim 2,2)

Muitos Católicos e não-católicos pensam que a Igreja Católica Romana inventou a doutrina da transubstanciação. Transubstanciação significa que o pão e vinho apresentados no altar na Missa, torna-se o Corpo e Sangue de Cristo, pela força do Espírito Santo, na consagração. A consagração é o momento em que o padre chama a presença do Espírito Santo para mudar o pão e vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Entretanto, o Corpo e Sangue mantém a aparência de pão e vinho. A Igreja Católica Romana (Igreja Católica de Rito Latino, e outras Igrejas Católicas em comunhão com o Roma) acredita que a Eucaristia é a Presença Real de Cristo Jesus, corpo, sangue, alma e divindade. As Igrejas Ortodoxas e a maioria das outras Igrejas do Oriente assim também acreditam. Anglicanos [Episcopais] e outras denominações Protestantes têm interpretado a presença de Cristo na celebração do Senhor ou Eucaristia como sendo uma presença unicamente espiritual, ou simbólica, ou não-real.

Uma leitura atenta aos escritos dos primeiros cristãos, facilmente comprovará que toda a Igreja, ou seja, os cristãos, pregavam a presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia. Isto assombra muita gente, mas é o relato de séculos de História. Até o ano 500 depois de Cristo, nenhum cristão negou a Presença Real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. Não existem debates até esta data. Após esta data, movidos por impulsos humanos, alguns negaram - como fazem hoje os protestantes - a Presença Real, defendida pela própria Palavra de Deus Escrita: A Bíblia.

Peço a Deus que este texto apologético traga as luzes do alto sobre os católicos que estão afastados da Eucaristia, fazendo com que reconheçam o Mestre no Sagrado Sacramento do altar. Que todos se deixem levar pelo Amor de Deus, pela Fé que tem fielmente sido transmitida por dois mil anos. Peço que o Espírito Santo conceda a você a Fé para crer em Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento do altar, e que o motive a receber Jesus na Missa e a visitá-lo no sacrário. Ele está pacientemente esperando por você, porque ele o ama e deseja que você venha para a Casa do Pai.

Também peço para que este texto apologético motive os não-católicos a se perguntar sobre o Sacramento do altar, para que possam aprender mais sobre o Pão Vivo descido dos céus. Nosso Senhor Jesus Cristo está Realmente presente entre nós, em sua Carne e Sangue, na Sagrada Eucaristia. Peço a Deus que um dia (muito brevemente) vocês, irmãos e irmãs, sejam capazes de experimentar a prazer de receber Jesus na Missa.

"A taça de benção que nós abençoamos, não é comunhão no sangue de Cristo? O pão que nós partimos, não é comunhão no corpo de Cristo? Porque há um único pão, nós somos muitos em um só corpo, porque nós todos participamos do único pão." (1 Cor 10,16-17)

"Eu recebi do Senhor o que eu também vos transmiti, que o Senhor Jesus na noite quando ele foi traído pegou o pão, e tendo dado graças, ele partiu-o e disse: 'Isto é meu corpo, que e dado por vós; fazei isto em minha memória'. Do mesmo modo, após a ceia, tomou o cálice e disse: 'Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; toda vez que o beberdes, fazei-o em minha memória.' Toda vez que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. Quem quer que, portanto, come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente, peca contra o corpo e sangue do Senhor." (1 Cor 11,23-27)

Somente estas duas passagens bastariam para firmar a Doutrina Católica da Presença Real de Cristo Jesus na Eucaristia, mas vou expor outros escritos (atestados pela arqueologia como autênticos) dos primeiros cristãos.

*** algumas traduções podem ser diferentes, mas o conteúdo é o mesmo ***

*** comentários estão entre colchetes [comentário]***

O DIDAQUÉ

O Didaqué, ou "Os Ensinamentos dos Doze Apóstolos" é um manuscrito do primeiro século e muito utilizado no primeiro e segundo séculos por bispos e padres na instrução dos catecúmenos. Muitos escritores cristãos fazem referencia a este escrito, tornando-o de grande valia.

"Não deixes que ninguém coma ou beba da Eucaristia, mas apenas o batizado no nome do Senhor; para isto, também se aplica o dito pelo Senhor: ' não dê aos cães o que é sagrado'". (Cap. 9,5)

"No dia próprio do Senhor, reúna-se em comum para partir o pão e oferecer ações de graças; mas primeiro confessa seus pecados, de modo que seu sacrifício possa ser puro. Entretanto, ninguém que discutiu com seu irmão pode participar do encontro, até que estejam reconciliados; seu sacrifício não deve ser aceito. Para isto nós temos o dito do Senhor: 'Em todo lugar e tempo oferece me um sacrifício puro; Eu sou um Rei poderoso, diz o Senhor; e meu Nome espalha terror dentre as nações.'" Cap 14.

SÃO CLEMENTE DE ROMA

São Clemente foi o terceiro sucessor de Pedro como Bispo de Roma.

"Sendo evidentes todas essas coisas e tendo nós sondado as profundezas do conhecimento de Deus [cf Rom 11,33; 1Cor 2,10], temos que realizar segundo a ordem tudo quanto o Senhor nos mandou cumprir nos tempos determinados: Mandou-nos oferecer os sacrifícios e realizar o culto [é a primeira vez que se grafa o termo Liturgia = ?lait? ? do grego = Povo; ?ergia? ? do grego = Ação], não ao acaso ou sem ordem, mas em tempos e horas marcadas [Vê-se a organização litúrgica da Igreja primitiva]. Onde e por que ministros hão de ser feitos, foi Ele quem o fixou por sua decisão altíssima, para que tudo se fizesse santamente e assim fosse aceito por sua vontade. Os que por conseguinte fazem as suas oferendas em tempos determinados são-lhe agradáveis e abençoados, pois seguem as determinações do Senhor e não pecam. Pois ao sumo sacerdote foram confiadas funções particulares e aos sacerdotes um lugar próprio, aos levitas serviços determinados; o leigo [leigo, pela primeira vez empregado na língua grega, já significa ?o homem que pertence a Deus?] está ligado pelas ordenações destinadas aos leigos." São Clemente, bispo de Roma, ano 80, aos Coríntios

"E não será pequena a nossa falta, se depusermos do episcopado aos que ofereceram, de maneira irrepreensível e santa [cf 1Tess 2,10] os sacrifícios [Eucaristia (cf Cartas de Santo Inácio de Antioquia)]. Felizes os presbíteros que nos precederam na caminhada e tiveram um fim carregado de frutos e de perfeição. Não têm a temer que alguém os remova do lugar para eles preparado [fina ironia do autor contra os que tentaram depor presbíteros em Corinto]." Carta aos Coríntios [44,4]

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA

Santo Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia, sendo sucessor de Santo Evodius, que foi o sucessor imediato de São Pedro. Ele escutou São João a pregar, quando ele era um menino, e conheceu São Policarpo, bispo de Esmirna. Sete de suas cartas foram escritas para várias comunidades cristãs estão preservadas. Santo Inácio foi preso, acorrentado e conduzido à Roma, onde ele recebeu coroa do mártir como ele foi jogado para feras na arena.

"Compreenda-o quem for capaz de o compreender. Ninguém se ufane de sua posição, pois o essencial é a fé e o amor, e nada se lhes prefira. Considerai bem como se opõem ao pensamento de Deus os que se prendem a doutrinas heterodoxas a respeito da graça de Jesus Cristo, vinda a nós. Não lhes importa o dever de caridade, nem fazem caso da viúva e do órfão, nem do oprimido, nem do prisioneiro ou do liberto, nem do que padece fome ou sede. Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, por­que não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nos­sos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou. Os que recusam o dom de Deus, morrem disputando". (Carta aos Esmirnenses, parágrafo 6 e 7, cerca de 80-110 d.C.)

"Sigam todos ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao presbitério como aos apóstolos. Acatem os diáconos, como à lei de Deus. Ninguém faça sem o bispo coisa alguma que diga respeito à Igreja. Por legítima seja tida tão-somente a Eucaristia, feita sob a presidência do bispo ou por delegado seu. Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus também nos assegura a presença da Igreja católica. Sem o bispo, não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape. Tudo, porém, o que ele aprovar será também agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer seja seguro e legítimo." parágrafo 8.

"Na graça que procede do Nome, vos reunis na mesma fé e em Jesus Cristo, que descende segundo a carne de Davi, filho do homem e filho de Deus, para obedecermos ao bispo e ao presbitério numa concórdia indivisível, partindo um mesmo pão, que é o remédio da imortalidade, antídoto contra a morte, mas vida em Jesus Cristo para sempre". Carta aos Efésios, parágrafo 20, cerca de 80-110 d.C.

"Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d?Ele, que é Amor incorruptível". Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.

"Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes" . (Carta aos Filadelfienses, parágrafos 3 e 4, 110 d.C.)

SÃO JUSTINO, MÁRTIR

São Justino, Mártir, nasceu pagão, mas se converteu ao cristianismo depois de estudar filosofia. Ele foi um escritor prolífero e muitos na Igreja o consideravam o maior apologeta - defensor da fé - do segundo século. Ele foi degolado com seis de seus companheiros entre os anos de 163 e 167.

"Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (Primeira Apologia", Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.)

"Deus tem portanto anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele." - (Diálogo com Trifão, Cap. 117, cerca de 130-160 d.C.)

"Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês, naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: 'Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.' Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam." (Diálogo com Trifão, [41, 8-10])

SANTO IRINEU DE LIÃO

Santo Irineu foi o sucessor de São Potinus, sendo segundo bispo de Lion em 177. Muito jovem ele estudou sob São Policarpo. Considerado, um dos grandes teólogos do segundo século, Santo Irineu melhor, por seu conhecimento, para refutar as heresias dos gnósticos.

declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.)

"Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível', 'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39). Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo." (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade)

"Somente como o pão que vem da terra, tendo recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, consistindo de duas realidades, divina e terrestre, assim nossos corpos, tendo recebidos a Eucaristia, não são mais corruptíveis, porque eles têm a esperança da ressurreição." - "Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade - especificamente a Gnose". Livro 4,18; 4-5, cerca de 180 d.C.

SÃO CLEMENTE DE ALEXANDRIA

São Clemente de Alexandria estudou sob Pantaenus. Ele mais tarde o sucedeu como o diretor da escola de catecúmenos em Alexandria, Egito por volta do ano 200.

"O Sangue do Senhor, realmente, é duplo. Há Seu Sangue corpóreo, por que nós somos redimidos da corrupção; e Seu Sangue espiritual, com que nós somos ungido. Que significa: beber o Sangue de Jesus é compartilhar sua imortalidade. O vigor da Palavra é o Espírito somente como o sangue é o vigor do corpo. Do mesmo modo, como vinho é misturado com água, assim é o Espírito com o homem. O Único, o Vinho e Água nutrido na fé, enquanto o outro, o Espírito, conduzindo-nos para a imortalidade. A união de ambos, entretanto, - da bebida e da Palavra, - é chamada Eucaristia, digna de louvor e presente excelente. Aqueles que partilham disto na fé são santificados no corpo e na alma. Pela vontade do Pai, a mistura divina, homem, está misticamente unida ao Espírito e à Palavra." (O Instrutor das Crianças". [2,2,19,4] + - 202.)

"A Palavra é tudo para uma criança: ambos Pai e Mãe, ambos Instrutor e Enfermeira. 'Comam minha Carne,' Ele diz, 'e Bebam meu Sangue.' O Senhor nos nutre com esses nutrientes íntimos. Ele nos entrega Sua Carne, e nos dá Seu Sangue; e nada é escasso para o crescimento de Suas crianças. Oh mistério incrível!". (O Instrutor das Crianças [1,6,41,3] + - 202.)

SÃO CIPRIANO DE CARTAGO

São Cipriano de Cartago convertido do paganismo por volta do ano 246. Logo depois, ele aspirou ao presbiterado e logo em seguida foi ordenado bispo de Cartago. Ele foi degolado por causa da Fé no ano 258. Assim ele foi o primeiro bispo Africano a ser martirizado.

"Achas tu que alguém pode afastar-se da Igreja, fundar, a seu arbítrio, outras sedes e moradias diversas e ainda perseverar na vida? Ouve o que foi dito a Raabe, na qual era prefigurada a Igreja: ?Recolhe teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a tua família junto de ti, na tua casa, e qualquer um que ouse sair fora da porta da tua casa, será ele próprio culpado da sua perda? (Jos 2,18-19). Igualmente o sacramento da Páscoa [antiga], como lemos no Êxodo, exigia que o cordeiro, morto como figura de Cristo, fosse comido numa só casa. Eis as palavras de Deus: ?Seja comido numa só casa, não jogueis fora da casa carne alguma dele? (Ex 12,46). A carne de Cristo, o Santo do Senhor [?Sanctum Domini? O Santo do Senhor ? era como os primeiros cristãos chamavam a Eucaristia ? O Corpo e Sangue de Cristo Jesus], não pode ser jogado fora. Para os que nele crêem, não há outra casa a não ser a única Igreja". ("A Unidade da Igreja Católica" - cap. 8, 4-5 - escrita entre os anos de 249-258.

"O padre que imita o que Cristo fez, verdadeiramente toma o lugar de Cristo, e oferece lá na Igreja um sacrifício perfeito e verdadeiro ao Deus e Pai." - (São Cipriano escreveu aos Efésios por volta do ano 258.)

Muito haveria ainda para se citar, mas para não tornar a leitura cansativa, findo por aqui. Só para se ter uma idéia, outros famosos escritores católicos dos primeiros séculos afirmavam a Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia. Dentre eles:

SÃO CIRILO DE JERUSALÉM, SÃO HILÁRIO DE POITERS, SÃO BASÍLIO, SÃO GREGÓRIO DE NISSA, SÃO GREGÓRIO DE NAZIANZO, SÃO JOÃO CRISOSTOMO, SANTO AMBROSIO DE MILÃO, SÃO JERÔNIMO, SÃO CIRILO DE ALEXANDRIA, entre muitos outros.

Para finalizar, incluo uma frase de Santo Agostinho:

"Você deve saber que você tem recebido, que você vai receber, e que você deve receber diariamente. Aquele Pão que você vê no altar, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Corpo de Cristo. O cálice, ou melhor, que está naquele cálice, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Sangue de Cristo." - (Sermões [227, 21])

Espero sinceramente que Deus o (a) abençoe e lhe mostre a imensidão deste Mistério de Amor: A Sagrada Eucaristia, o PRÓPRIO CRISTO JESUS!

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