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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cientista descobriu o inferno? - EB

D. Estevão Bettencourt. osb - Mosteiro de S.Bento - Rio de Janeiro

Em Síntese: Segundo o jornal "FOLHA UNIVERSAL"; um cientista terá descoberto a existência do inferno escavando a crosta terrestre, e terá ouvido os gritos de milhões de condenados imersos no fogo. Tal afirmação não pode ter sido proferida por um autêntico cientista, visto que a própria ciência é a primeira a desmentir tal notícia. Além do mais, o inferno, segundo a Teologia católica, não é um local, mas um estado de alma, que começa neste mundo e assume toda a sua virulência no além.

O jornal FOLHA UNIVERSAL, da Igreja Universal do Reino de Deus, publicou uma notícia "espantosa", a saber: um cientista finlandês terá tomado contato com o inferno ao escavar a crosta terrestre e terá ouvido gritos dos réprobos... A notícia merece comentários; eis por que será abaixo transcrita e analisada. Eis o que se lê na FOLHA UNIVERSAL, edição de 3/9/2000:

"CIENTISTA AFIRMA: EXISTE O INFERNO"

O estudioso finlandês, Dr. Azzacove, garante que, durante escavações que fazia para uma de suas pesquisas, perfurou através das portas do inferno e ouviu gritos de milhões de pessoas.

De acordo com a mitologia, inferno é um lugar subterrâneo onde estão as almas dos mortos. Segundo o cristianismo, lugar ou situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecado; expressão simbólica de reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus. Na Língua Portuguesa, no sentido figurativo, inferno quer dizer tormento, martírio, grande desordem, confusão, balbúrdia. Do ponto de vista religioso, inferno sempre foi um assunto polêmico. Para muitos, causa temor; para outros, às vezes, serve até como chacota. A verdade é que o assunto, agora, tornou-se sério no meio científico. Através de pesquisas, estudiosos chegaram à conclusão de que o inferno existe, é real e assustador.

Um lugar de tormento e fogo (Lucas 16, 23, 24 e 28), assim está descrito o inferno na Bíblia. A descrição no Livro Sagrado, recentemente, foi confirmada pela Ciência. Dr. Azzacove, um cientista comunista que dizia não acreditar no Céu nem na Bíblia, depois de um episódio surpreendente, passou a afirmar que `o inferno existe'. 0 fato é que pesquisadores ficaram chocados com o que viram e ouviram, durante escavações que faziam para mais uma de suas pesquisas. Eles acabaram se convencendo de que perfuraram através das portas do inferno. Segundo o que Dr. Azzacove declarou a um jornal finlandês, `as brocas, de repente, começaram a girar descontroladamente, indicando que nós tínhamos alcançado um bolso ou uma grande caverna vazia. Os sensores de temperatura mostraram um aumento dramático no calor de dois mil graus Fahrenheit [1.093,333 graus Celsius]. Nós abaixamos um microfone projetado para ouvir os sons de movimentos de placas debaixo de eixo. Mas em vez de movimentos de placas, nós ouvimos voz humana que gritava de dor. No início, pensamos que o som vinha do nosso próprio equipamento, mas quando fizemos os ajustes, nossas suspeitas foram confirmadas. Os gritos não eram de um único ser humano e, sim, de milhões de seres humanos.
Mas onde, afinal, fica o inferno? O Livro de Números revela uma situação em que pessoas caem vivas nesse local de tormento, descrito na Bíblia como `abismo' e que estaria localizado no interior da Terra. De acordo com cientistas, a crosta terrestre tem 50 milhas até chegar ao fogo, mas em alguns lugares, no fundo dos oceanos, a distância é menor que uma milha. Recentemente, pesquisadores descobriram, nas profundezas oceânicas, uma rachadura por onde o fogo escapa, e, em torno dessa rachadura, vermes enormes que não existem em nenhum lugar do planeta. Eles também revelaram que o centro da Terra é mais quente que a superfície do Sol, com uma temperatura que chega a 12 mil graus Fahrenheit [6.648,889º C].

O mais curioso disso tudo é que Jó, há mais de três mil anos, já sabia o que a Ciência, há apenas alguns anos, veio descobrir: há fogo e enxofre dentro da Terra. Segundo estudiosos, são os vulcões que trazem para fora o que tem no interior terrestre. Quando o vulcão Santa Helena entrou em erupção, jogou 150.000 tn de gás sulfuroso, ou seja, enxofre e lavas para fora. Os repórteres compararam o episódio com o inferno e disseram: `O inferno veio para fora'. Os gritos gravados pelos cientistas podem ser ouvidos no site da Folha Universal"

Que dizer? Três principais observações sejam propostas.

É possível?

O que espanta, não é a notícia como tal, mas o fato de que uma instituição que pretende ser séria, publique tal notícia... e isto precisamente numa época em que os avanços da ciência, especialmente os da Física e da Geologia, não permitem falar assim. Como, à luz da ciência, se pode admitir que no seio do planeta Terra haja pessoas ardendo em chamas e gritando de dor? Ademais o fogo tudo extingue; ninguém fica indefinidamente ardendo em chamas.

Surge espontaneamente a pergunta: que autoridade tem tal instituição (a IURD) para criticar outras instituições? O artigo em pauta permite avaliar o exíguo ou nulo valor que têm as invectivas dessa instituição contra a Igreja Católica. Os seus autores são, muitas vezes, obcecados e preconceituosos. Além do mais, é de notar que o grande obstáculo à aceitação do inferno, para muitas pessoas, são as imagens fantasiosas que a poesia e a fantasia popular criaram a respeito do inferno. Na verdade, para muitos o inferno é um tanque de enxofre fumegante com diabinhos e tridentes a torturar os condenados. Ora tal imagem é falsa. Os conceitos materiais e grotescos têm que dar lugar a concepções mais puras e dignas de Deus.

Em que consiste o inferno?

Antes do mais, é preciso afastar a idéia de que Deus criou ou cria o inferno... Este não é um espaço dimensional nem é um lugar', mas sim um estado de alma... estado de alma no qual o próprio indivíduo se projeta quando rejeita radicalmente a Deus pelo pecado grave; começa então o estado infernal, do qual o pecador se pode insensibilizar pelo fato de não dar atenção ao seu íntimo ou à sua consciência, mas que saltará à tona quando ele não mais puder escapar à voz da consciência. Vê-se, pois, que não é Deus quem condena ao inferno; ao contrário, o Senhor Deus quer a salvação de todos os homens, como afirma São Paulo em 1Tm 2, 4. É a própria criatura que lavra a sua sentença ou que se condena quando diz um Não total a Deus, que é o Sumo Bem, o único Bem que o ser humano não pode perder.

Mais precisamente: o inferno é o vazio absoluto ou a suprema frustração. E o não amar... não amar nem a Deus nem ao próximo. Todo homem foi feito para o Bem Infinito, como notava S. Agostinho (+430): "Senhor, Tu nos fizeste para Ti, e inquieto é o nosso coração enquanto não repousa em Ti" (Confissões I,1). Quem não repousa em Deus, inquieta-se e angustia-se, à semelhança da agulha magnética, que foi feita para o Norte, que a atrai; quando alguém a desvia do seu Norte, ela se agita e só pára quando se lhe permite voltar-se para o Norte.

Conseqüentemente, vê-se que o inferno é mesmo algo de lógico, pois é a violência que o homem comete contra si mesmo. Verdade é que ninguém pode definir quantas pessoas morrem avessas a Deus. Bem pode acontecer que na hora da morte muitos pecadores obstinados se convertam e recebam a graça da reconciliação com Deus, como se deu no caso do bom ladrão. Afinal ninguém sabe quantos "bons ladrões" existiram e existirão através dos séculos. Possivelmente um grande número... para surpresa de quem só considera a face aparente da história.

E a Misericórdia de Deus?

Deve-se responder que, sem dúvida, Deus é infinitamente misericordioso, mas não é "tiranicamente" misericordioso. Com outras palavras: Deus não impõe a sua misericórdia ou o seu perdão a quem não 0 pede ou não o quer receber. Deus não obriga o homem a amar a Deus. Nisto consiste precisamente a grandeza e a nobreza de Deus. Ele não violenta nem força a criatura a se abrir para a misericórdia. Ora na outra vida não há possibilidade de conversão. A morte fixa o ser humano em sua última opção, de modo que após a morte ninguém pode mudar suas atitudes. Assim o inferno é o testemunho de que Deus respeita a sua criatura e não lhe tira a liberdade que lhe deu para dignificá-la.

Pode-se ir mais longe, e dizer que o inferno é a conseqüência do amor irreversível de Deus. Tal amor se dá e não volta atrás; não pode voltar atrás precisamente porque é divino e não pode contradizer a si mesmo (cf. 2Tm 2, 13). Por isto Deus ama a criatura que não O ama e se afastou dele. O fato de que Deus continua a amar, é que atormenta o réprobo; este percebe que se incompatibilizou com o Supremo Bem e o Sumo Amor. Donde se segue que o inferno é compatível com a Grandeza e a Santidade de Deus. Uma imagem servirá para ilustrar de algum modo o que é o inferno: observe-se o caso de um jovem que foge de casa para ir viver com seus colegas numa república de estudantes, porque "papai é cafona e mamãe é quadrada"... Pai e mãe que amam o filho, se preocupam, e resolvem enviar recados, perguntando ao jovem como está,... se precisa de alguma coisa,... quando voltará... Estas interpelações do amor incomodam ou atormentam o filho; este se daria por mais tranqüilo se pai e mãe desistissem de o amar e o esquecessem. O fato, porém, é que pai e mãe não podem deixar de amar seus filhos e de mostrar-lhes o seu amor. Paralelamente Deus não pode deixar de amar suas criaturas, mesmo quando elas se afastam do Pai celeste; a consciência desse amor atormenta o pecador que se incompatibilizou com Deus. Se o Senhor retirasse ou cancelasse o seu amor, o réprobo não sofreria tanto, porque estaria totalmente voltado para seus ídolos, sem ser atraído pelo Bem Supremo. Mas, como dito, Deus não se pode desdizer ou não pode dizer Não após ter dito Sim (aquele Sim proferido quando criou cada ser humano). Nisto está a nobreza de Deus, que é paradoxalmente motivo de tormento para quem não responde ao amor divino. Em suma, é altamente consolador ser amado por Deus, mas também é assustador ser amado por Deus e não O amar.





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