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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

As seitas: empresas religiosas

A Religião como assunto público

Antigamente cada povo tinha "sua" religião. Esta representava a alma do povo e expressava seus valores mais profundos, seus enigmas e aspirações. Qualquer atentado contra a religião era considerado atentado contra o mesmo povo e, portanto, o culpado se fazia merecedor dos maiores castigos.

Na Grécia, por exemplo, o grande filósofo Sócrates foi condenado à morte por um motivo religioso. Ao ensinar os jovens a pensar, os fazia "duvidar" de certas crenças religiosas, o que lhe fez merecer a morte.

Perseguição

Roma considerava-se tolerante no campo religioso para com todos os povos submetidos. A estes era permitido seguir seus "deuses" desde que aceitassem a superioridade da religião romana, na qual a mesma Roma era considerada divindade suprema.

Quando o general Pompeu (63 dC) anexou a Roma a província da Judéia, apresentou-se o problema religioso, já que os judeus se recusavam a reconhecer outro Deus além de Javé. Contudo, o problema foi logo resolvido pois os judeus não eram proselitistas, sentindo-se satisfeitos por ser apenas eles o "povo eleito". Por essa razão Roma, com facilidade, lhes permitiu que prosseguissem com suas crenças religiosas uma vez que não representavam qualquer perigo para os demais. O problema se tornou complicado quando surgiu o Cristianismo, com uma força missionária considerável. Pareceu para Roma que o Cristianismo poderia representar um sério perigo para o Império já que a nova religião mexia com o fundamento do Estado, representado por sua religião. Assim, respondeu com uma feroz perseguição que durou aproximadamente trezentos anos, com contínuos altos e baixos.

Religião Oficial

Finalmente, no ano 313 dC, o imperador Constantino decretou a liberdade de culto ao constatar a inutulidade da perseguição, visto que de todos os modos a nova religião prosperava cada dia mais e que transformava seus cidadãos em pessoas honestas e trabalhadoras, patriotas e colaboradoras do progresso.

Tamanho foi o entusiasmo por fazer-se cristão que, em pouco tempo, quase todos os cidadãos romanos se integraram à Igreja, restando poucos seguidores do antigo culto. Estes normalmente habitavam em pequenos povoados afastados da civilização, razão pela qual passou-se a usar a palavra "pagão" (do lat. "pagus" = "aldeia") com o sentido de "não cristão".

Considerando esta nova realidade, logo o Catolicismo foi considerado como a religião oficial do Império. Ruindo este (476 dC), surgiram outros reinos em seu lugar, todos eles adotando o Catolicismo como religião oficial.

Baseando-se no antigo costume de considerar a religião como um assunto público e não privado, pouco a pouco chegou-se a formular o seguinte princípio jurídico: "Cuius regio, eius religio" (=a religião da região será a mesma de quem a governa), segundo o qual o súdito estava obrigado a adotar a religião do rei. Onde o rei era católico, todos estavam obrigados a serem católicos; onde o rei era luterano, todos estavam obrigados a serem luteranos; onde o rei era anglicano, todos estavam obrigados a serem anglicanos etc. Para os que não queriam obedecer, aplicava-se a pena de morte.

Liberdade Religiosa

Nas regiões católicas, normalmente não houve maiores problemas a respeito. Houve sim grandes problemas nos países regidos por reis protestantes ou anglicanos. Seguindo o princípio luterano da livre interpretação da Bíblia, logo começaram a surgir grupos de crentes inconformados com a religião oficial, provocando uma forte repressão por parte do governo.

Para escapar à perseguição e poder viver sua fé em paz, muitos emigraram para as colônias inglesas da América do Norte. Estando ali gente que, em geral, estava fugindo da perseguição religiosa, estabeleceram o princípio da liberdade religiosa que, ao se tornar independente os Estados Unidos com relação à Inglaterra, tornou-se lei.

Na Europa, muitos pensadores estavam lutando pela mesma causa. Desta maneira, pouco a pouco o princípio da liberdade religiosa foi se expandindo até se transformar em princípio universal, com raras exceções, especialmente nas regiões muçulmanas.
Explosão das seitas

Até aqui, tudo parece lógico e positivo. O problema surgiu quando passou-se a considerar a religião como qualquer outro "negócio": uma empresa comercial, segundo a oferta e a procura, utilizando técnicas de mercado e tendo o "lucro" como elemento determinante.
Já não importa o sentido da fidelidade à Cristo, ao seu Evangelho e à sua Igreja. O que importa é aumentar o número de fiéis, conquistar o povo e arrecadar o máximo possível de bens.

Obviamente, como em qualquer assunto, não faltam pessoas sérias, que buscam a Deus sinceramente. No entanto, a impressão geral que se tem dos fundadores e dirigentes de seitas é a de que parecem mais empresários do que profetas, mais especializados em psicologia e oratória do que em Bíblia e ascética.

Regresso ao sagrado

Após o fracasso das ideologias e desencantamento causado pela busca insaciável do prazer, estamos assistindo a um fenômeno geral de seguir o sagrado e o espiritual. Contudo, tal regresso não está se realizando através das igrejas históricas, que se apegam ao racional e revelado, mas vem como resposta do próprio homem a seu anseio de segurança e busca do sentido da vida, em todas as fontes, desde a Bíblia até as religiões orientais, o paganismo, o esoterismo, o ocultismo, a gnose, a psicologia etc.

Por isso, hoje em dia o católico precisa ser mais crítico quanto ao fenômeno religioso, tomando consciência dos riscos que implicam aproximar-se de tal fenômeno sem uma preparação específica a respeito. O fato é que muitos, que a princípio pareciam bem tolerantes no campo religioso, depois de aderirem ingenuamente a algum destes novos grupos, tornaram-se extremamente sectários, fanáticos e ferozmente anticatólicos.

O que teria acontecido se, antes de se envolver cegamente com algum destes novos sistemas religiosos, tivesse conhecido algo a mais sobre a sua própria Igreja? Sem dúvida, não se teria deixado converter-se tão facilmente.

Conclusão

As seitas não são tão boas quanto parecem à primeira vista ou nos querem dar a entender. Nelas há de tudo: boa fé, busca do sentido da vida, espiritualidade, superação de certas atitudes negativas... porém, ao mesmo tempo, há também o engano, a exploração, a alienação e a busca do poder. Portanto, se realmente estamos comprometidos com o homem concreto, não podemos deixar de fazer uma atenta análise quanto a este fenômeno que, sob o manto de uma profunda religiosidade, esconde os interesses mais variados, às vezes totalmente contrários aos ideais proclamados por suas próprias palavras.

Autor: Pe. Flaviano Amatulli Valente

Fonte: Site - Apologetica.Org

Tradução: Carlos Martins Nabeto



Os Mortos nos Falam?

Certas correntes de pensamento afirmam haver a possibilidade de comunicarmos com os mortos. Dizem mesmo existir fitas magnéticas registram a locução de espíritos desencarnados; haveria também fotografias de espíritos que se materializam. A Igreja estaria proibindo o intercâmbio com os mortos; isso, porém, não significaria que o fenômeno não existe realidade, segundo dizem A esse propósito, faremos quatro observações.
1. Não nos precipitemos!

Ao ouvirem notícias de coisas novas e extraordinárias, muitos são propensos a lhes dar crédito imediato. Ora, isso é desaconselhado; é preciso averiguar os fundamentos das "novidades", principalmente quando se trata de ciências humanas. Nos últimos decênios, os estudos de psicologia e parapsicologia têm progredido tanto, que muitos fenômenos outrora atribuídos ao além são explicados pela atividade do próprio psiquismo.

O psiquismo humano é complexo e surpreendentemente rico em potencialidades, que vão sendo mais e mais descobertas, de modo a dissipar as teorias do espiritismo e do falso misticismo. Aderir às explicações espíritas significa, muitas vezes, não estar em dia com as mais recentes pesquisas científicas, por mais que os espíritas aleguem estar apoiados na ciência moderna.
A Igreja é sábia quando rejeita a dita "comunicação com os mortos" provocada por médiuns. Seria superstição, freqüentemente condenada pela Sagrada Escritura (Ver Lv 19,31; 20,6.27; Dt 18,11; Is 8,19...). A condenação não se deve à suposição de que os mortos evocados são incomodados pelos vivos, mas à evidência de que se trata de crença errônea, sem fundamento na realidade, como veremos a seguir.

De resto, há diferença grande entre a evocação dos mortos, praticada pelo espiritismo, e a invocação dos santos, usual no catolicismo. A evocação se faz mediante artes próprias, tidas como "certeiras"; ao contrário, a invoca­ção dos santos é espontânea e não tem garantia de eficácia mágica. As aparições de santos reconhecidas pelo catolicismo nada têm de previsto e provocado, mas são totalmente inesperadas e esporádicas.

2. As "vozes do além"

A tônica de algumas publicações recentes é a notícia de que os espíritos desencarnados emitem sua linguagem (recorrendo a diversos idiomas), que pode ser gravada em fita magnética. A propósito, observemos o seguinte: o fenômeno das vozes gravadas se reduz ao que se chama de "psicofonia", isto é, linguajar proveniente do psiquismo do próprio médium. Pode haver duas explicações para a produção de tais vozes:

a) Notemos, logo de início, que há pessoas capazes de modificar a sua voz, imitando qualquer ancião ou criança, homem ou mulher; basta lhes ter ouvido uma única vez tais pessoas falarem.

Ora, a imitação de voz alheia pode também ser obtida pela ventriloquia: sem mexer os lábios nem a língua, sem mesmo ter consciên­cia do que faz, o ventrí­loquo emite sons por sua laringe, com toda a variedade de tons e entonações.
A sua voz se modula de tal modo, que parece provir de lugares estranhos ou distantes: de sob um móvel, de trás de uma janela fechada, de uma porta fechada, como se pudesse se infiltrar através de paredes ou obstáculos.

A ventriloquia supõe, da parte do médium ou experimentador, a suges­tão. Com efeito, o médium, crendo na possibilidade de ouvir vozes do além, concentra-se, faz silêncio, esquece o mundo que o cerca; exprime de si para si o desejo de entrar em contato com o além, e formula perguntas concretas a familiares ou personagens já falecidos. Tais perguntas exigem respostas; estas são tiradas do inconsciente do próprio operador; que tem sua pantomnésia ou memória de tudo (o inconsciente nada esquece).

O ventríloquo pode dizer coisas que nunca diria conscientemente, por­que contrárias ao seu habitual modo de pensar. Isso se explica pelos fenôme­nos parapsicológicos de cisão da personalidade (o indivíduo nutre em si tendências opostas, das quais uma é habitualmente reprimida, mas nele existe realmente) ou de prosopopéia (o indivíduo se identifica com uma personalidade que ele admira ou que ele tem em mira consciente ou incons­cientemente). Assim, o ventríloquo se revela bem diferente do que ele costu­ma ser, não porque tenha incorporado um espírito do além, mas porque tira do seu inconsciente sentimentos e imagens latentes.

b) Outra maneira - mais rara - de explicar tal fenômeno se chama "ventriloquia subliminar". Ei-la: ensinam os parapsicólogos que o ser huma­no emite o que se chama "telergia", ou seja, uma energia que atua à distância, fora do corpo humano; tal energia pode mover copos, móveis, quadros, etc, produzindo a telecinésia, como também pode provocar pancadas e batidas (o que se chama "'tiptologia"). Ora, a telergia pode se condensar em ectoplasma, ou seja, em massa que toma a configuração de imagens que o indivíduo tem em sua mente: assim já se produziu um papagaio ectoplasmático; produzi­ram-se também muitos outros fantasmas ou corpos resultantes da condensação de energia e moldados segundo as imagens da mente do respectivo médium.

Admitamos, então, que determinado médium produza uma laringe ectoplasmática dotada de cordas vocais; estas poderão vibrar como vibra uma laringe natural, emitindo sons, desde que um sopro passe por elas... Admitamos também que o médium emita um ectoplasma configurado à imagem de um morto de que se recorda esse médium. Poderá fazer passar por tal ectoplasma os sons que, consciente ou inconscientemente, ele, mé­dium, profere.

Notemos, ainda, que a linguagem procedente do "morto" ou do ectoplasma configurado ao morto parece diferir muito do modo de pensar habitual do médium (o que dá a entender que não é o médium que está falando). Ora, isso se explica, como dito, pela cisão de personalidade ou pela capacidade que temos de representar duas ou três personalidades sucessivas. O próprio médium, portanto, emitiria através do ectoplasma os sons correspondentes a tendências latentes dentro dele, destoantes das suas costumeiras tendências.
Mais: a telergia possui certo tipo de magnetismo; em conseqüência pode produzir efeitos que o gravador registra. Assim se explicam as fitas gravadas, portadoras de "vozes do além". Deve-se, porém, observar que gravações são geralmente muito fracas ou quase imperceptíveis; requer gravadores de boa qualidade. Mesmo assim, parece que não chegam a pressionar o ouvido em condições normais; são muito curtas, nunca excedendo o total de dez sílabas. Os próprios médiuns espiritas reconhecem que uma gravação de dez minutos pode levar dez horas para ser devidamente decifrada e analisada.

Além disso, os sons gravados só se tornam inteligíveis caso se supor que procedem de idiomas diversos, pois é preciso procurar em línguas diferentes os vocábulos que correspondem a tais ou tais sons. O estilo desses dizeres, por vezes, nem sequer é o de um telegrama, no qual, apesar brevidade, há sempre um nexo lógico.

3. As "fotografias de defuntos"
Por "escotografia" se entende a arte de fotografar objetos invisíveis que, apesar de incapazes de impressionar nossa retina, deixariam seus vestígios nas chapas fotográficas. Geralmente, esses seres invisíveis são identificados com os mortos - o que torna o assunto muito sensacional.

Que dizer a respeito? Na verdade, nos são mostradas, em livros e revistas, numerosas fotografias de "espíritos desencarnados", que parecem provar a existência da escotografia.

Antes do mais, devemos dizer que foram verificados muitos casos de truque e fraudulência na produção de tais fotografias. Imaginemos que o mistificador quer conseguir a imagem de um morto ao lado da fotografia de uma pessoa real: ele pode fotografar a pessoa em foco sobre o fundo de cortinas dotadas de algum artifício (é fácil pintar ou desenhar nas cortinas silhuetas com soluções de sulfato de quinino, de fluoresceína ou poções de marrão da Índia, de frexo...). Invisíveis ao olho nu, as silhuetas aparecem sobre o filme fotográfico, se se coloca o clichê sob a luz do flash ou (antigamente) de um cartucho de magnésio.

Pode também o fotógrafo utilizar um filme no qual já esteja gravada alguma imagem misteriosa, que o público identificará com a fotografia de tal ou tal defunto (muitas vezes, são imagens tão vagas que podem ser identificadas com o pai, o irmão, o cunhado... de quem as analisar).

Todavia, nem todos os casos são de truque. Com efeito, falamos de telergia; esta pode se condensar e se exteriorizar, dirigida pela imaginação pela vontade do respectivo indivíduo. Ora, quando alguém é fotografado pode estar consciente ou inconscientemente pensando em outra pessoa ou em algum objeto; esse pensamento se configura pela telergia num ectoplasma que é invisível a olho nu, mas que aparecerá na chapa fotográfica. O ectoplasma volta a ser absorvido pela pessoa que o emitiu.

Digamos, a propósito, que existem coisas totalmente invisíveis a olho nu que podem ser fotografadas. Por exemplo, num quarto ao qual têm acesso os raios ultravioletas do espectro solar, uma fotografia pode ser tirada por meio dessa "luz escura". Num quarto assim iluminado, os objetos são claramente visíveis para a lente da câmera escura; podem ser reproduzidos num clichê sensível, sem que a mínima claridade seja percebida pelo olho humano.

Eis dois casos relatados por Antônio Elegido, na Revista de Parapsicologia, n° 17, págs. 19s: "O agricultor Filipe tinha uma pequena plantação na cidade de Santa Helena (GO), onde vivia com sua esposa Marta e seu filho Eduardo, de cinco anos de idade. Apaixonou-se, porem, por uma mulher de nome Laura, com a qual começou a ter relações. Por influência desta, Filipe sua esposa e o filho, enterrando-os no jardim de sua própria casa; oficialmente, dizia Filipe aos seus vizinhos que ele fora abandonado pela esposa legítima e pelo filho. O caso foi comentado pelos amigos, mas sem conseqüências; Filipe passou a viver abertamente com Laura e se transferiu para outra cidade.

Certo domingo, porém, Filipe quis levar Laura ao povoado de origem, onde posaram para uma fotografia. Na quarta-feira seguinte, quando Filipe voltou para procurar o retrato, levou grande susto. Com efeito, além do casal viam-se duas figuras transparentes; Filipe fixou o olhar sobre a fotografia e reconheceu sua esposa e o filho que ele assassinara. Logo caiu de joelhos confessou o crime. Laura teve tempo de fugir. Mas Filipe enlouqueceu".

Outro caso: "Sebastião Sá Barreto, ex-diretor da equipe de futebol Leão XIII, de Recife (PE), morreu em 1969 em conseqüência de trombose. Em 1970 sua filha se casou e, como se compreende, foram tiradas fotografias da cerimônia. Ora, nessas fotos apareceu a imagem de Sebastião. Parentes, amigos e colegas o identificaram pelo corte de cabelo, pelas orelhas muito abertas e pela maneira relaxada de se sentar. Como explicar o fato, já que Sebastião não pertencia mais ao mundo dos terrestres? Todos os participantes da cerimônia reconheceram que, no decorrer desta, seus pensamentos estavam voltados para o pai da noiva, recém-falecido. O pensamento se concretizou num ectoplasma ou numa ideoplastia, que representava o vulto do falecido!"
Acrescentam os estudiosos que as faculdades parapsicológicas perten­cem ao inconsciente do nosso psiquismo. Por isso, o consciente não pode utilizar essas faculdades a não ser de modo excepcional ou rudimentar. É mais fácil que apareçam na escotografia as imagens inconscientes do que as conscientes.

4. A "experiência da senha"

Em suma, a refutação da tese de que os mortos nos falam pode ser obtida mediante a famosa experiência da senha. Com efeito, tem acontecido que certas pessoas, em vida terrestre, indicam a seus familiares ou amigos uma determinada senha (= sinal) que utilizarão para se identificar quando voltarem à terra depois de "desencarnados". Ora, nenhum desses casos foi bem sucedido; nunca se viu a utilização da referida senha por parte do falecido.

Eis famoso exemplo: o romancista José Bento Monteiro Lobato, antes de sua morte, ocorrida em 1948, deixou duas senhas em envelopes lacrados uma com Dra. Ruth Fontoura, filha do proprietário dos Laboratórios Farma­cêuticos Fontoura de São Paulo; e outra, com o juiz Dr. José Godofredo de Moura Rangel, também romancista e grande amigo de Monteiro Lobato.

O psicógrafo Chico (Francisco Cândido) Xavier afirma receber mensa­gens de Monteiro Lobato, que ele psicografa. Ora, tais escritos psicografados não mencionam nenhuma das duas senhas deixadas aos amigos, a tal ponto que no catálogo de escritos de Chico Xavier; confeccionado pela Comissão de Divulgação do Livro Espírita, não foi citado Monteiro Lobato entre as cente­nas de nomes de espíritos que estariam escrevendo pelas mãos de Chico Xavier.

Em particular, a não utilização da senha deixada ao Dr. Godofredo Rangel é atestada pelo Dr. Cecílio Karam, diretor de publicidade do jornal federal A Noite, de São Paulo: "Tendo sido amigo do saudoso Monteiro Lobato e seu companheiro na luta do petróleo, e tendo conhecimento do pacto entre ele e Godofredo Rangel, desejo dar o meu testemunho em relação a este acon­tecimento. Realmente, houve o acordo entre ambos, e ficou assentado que o primeiro entre eles que morresse, enviaria do além uma mensagem ao sobrevivente.

Combinaram estabelecer cada qual uma senha, para evitar possíveis fraudes; as senhas foram guardadas em envelopes lacrados e encerradas em cofre. Falecido Lobato e sendo algum tempo depois publicada uma mensagem atribuída a ele, recebida por Chico Xavier, apressou-se Godofredo a examiná-la. Declarou, a seguir, à imprensa: 'Não é o estilo de Monteiro Lobato, e a senha combinada não foi utilizada'. Os jornais fizeram comentários" (Ver Revista da Parapsicologia, n° 29, págs. 29-32).

Eis como se dissipam as ilusões de comunicação com os mortos.

FONTE:

Eubiose

Revista : "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

D. Estevão Bettencourt, osb


Nº 356 - Ano: 1992 - p. 34

A Eubiose é uma forma recente de Teosofia, que pretende fazer da cidade de São Lourenço (MG) a capital espiritual do mundo. O fundador dessa escola é o Prof. Henrique José de Souza, o mais novo avatar ou a mais recente manifestação da Divindade (como dizem os seus escritos). Professa o panteísmo, a reencarnação, a história do mundo em ciclos sucessivos. Estaríamos para deixar o ciclo de Peixe, regido por Jesus Cristo, para entrar no ciclo de Aquário, que terá sua irrupção no Brasil, cujo idioma é o mais sagrado do mundo.

Vê-se que tal mensagem é altamente fantasiosa, além de ideológica o panteísmo, que é sua doutrina de fundo, não resiste à crítica da razão, visto que identifica o volúvel e o imutável, o temporário e o Eterno, o relativo e o Absoluto, identificando a Divindade com o mundo e o homem.

1. Eubiose: que diz?

A Eubiose é uma corrente de pensamento sincretista, cuja fonte principal é o pensamento hinduísta. Este é reformado por Henrique José de Souza, sob forma de uma filosofia religiosa que pretende ser a nova e única da humanidade. São palavras do fundador.

O pensamento da Sociedade de Eubiose é o panteísmo hinduísta, segundo o qual o mundo e o homem são manifestações da Divindade - realidade básica de tudo que existe. A Divindade se torna mais explícita periodicamente em certas figuras humanas ditas "avatares", das quais Henrique José de Souza seria a mais recente. A história da humanidade decorre em ciclos, que se sucedem num ritmo de ascensão e declínio. O ser humano está sujeito à lei do karma e das reencarnações; deve tender à definitiva desencarnação mediante o contínuo aperfeiçoamento moral de si mesmo. A princípio a humanidade constava de andróginos, isto é, seres humanos bissexuais, tais como os conceberam o filósofo grego Platão (+ 347 a.C.) e a tradição esotérica antiga (cf. "Eubiose", p. 20).

O Brasil, e de modo especial a cidade de São Lourenço (MG), será a sede da nova irrupção da Divindade, portadora de nova civilização ou Era de Aquário (cf. ib., p. 320). São Lourenço deve tornar-se "a capital espiritual do mundo por ser o Centro (ligado à Agartha-Shamballah) de irradiações espirituais para esse mesmo mundo" (ib. p. 270).

De acordo com o seu pensamento eclético, a Eubiose crê nas profecias de Nostradamus, como também professa a existência de continentes desaparecidos, como seriam a Atlântida e a Lemúria, "sem falar nos dois anteriores, cujas raças, de humanas, nem sequer tinham a forma ..." (ib. p. 313). Como se compreende, H.J. de Souza admite que os habitantes desses continentes tenham desfrutado de uma sabedoria que foi recolhida pela Eubiose.

domingo, 26 de dezembro de 2010

O que é a Igreja Brasileira, ou Igreja Católica Brasileira?

A Igreja Católica Apostólica Brasileira ou “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras” (ICAB), têm lançado confusão no público, pois pretendem guardar a aparência de Igreja Católica e facilitam a praxe religiosa dos seus seguidores. – Daí a conveniência de uma análise precisa do fenômeno.

1. Origem da ICAB

A “Igreja Católica Apostólica Brasileira” (ICAB) tem como fundador D. Carlos Duarte Costa. Este nasceu aos 21 de julho de 1888 no Rio de Janeiro e recebeu a ordenação sacerdotal a 1º de abril de 1911. Aos 4 de julho de 1924 foi nomeado bispo de Botucatu (SP). Pouco feliz foi o governo do novo prelado, que se viu envolvido em questões de mística desorientada (devoções pouco condizentes com a reta fé); também enfrentou problemas de administração financeira e de embates políticos. Em conseqüência foi afastado de sua diocese e nomeado bispo titular de Maura (na Mauritânia, África Ocidental); fixou então residência no Rio de Janeiro. Em breve, porém, D. Carlos viu-se a braços com novas lutas: em 1942 o Brasil entrou em guerra contra o nazi-fascismo; nessa ocasião o bispo apelou publicamente para o Presidente da República a fim de que interviesse na Igreja e expulsasse bispos e sacerdotes “fascistas, nazistas e falangistas”; acusou a Ação Católica de espionagem em favor do totalitarismo da direita; prefaciou elogiosamente o livro “O Poder Soviético” de Hewlet Johnson e atacou por escrito as Forças Armadas do Brasil. Em conseqüência, foi preso como comunista e enviado a uma cidade de Minas Gerais, onde permaneceu na qualidade de hóspede.

Diante dos rumores que se propagavam em torno da pessoa de D. Carlos, as autoridades eclesiásticas procuraram apaziguá-lo. Como isto não desse resultado, D. Carlos em 1944 foi suspenso de ordens, isto é, perdeu a autorização para exercer as funções do sagrado ministério. Esta medida de nada serviu; por isto D. Carlos foi excomungado aos 6 de julho de 1945; neste mesmo dia resolveu fundar a sua Igreja, dita “Igreja Católica Apostólica Brasileira”. Em vista desta atitude, o Santo Ofício declarou D. Carlos excomungado vitandus (= a ser evitado) aos 3 de julho de 1946.

Um dos primeiros atos públicos da ICAB foi a fundação do “Partido Socialista Cristão”, sob a orientação de D. Carlos. Este chegou a apresentar um candidato à presidência da República, o qual, porém, se desentendeu em breve, ficando fracassado o novo Partido.

D. Carlos promoveu direta ou indiretamente a ordenação de numerosos “bispos” e “presbíteros”, cuja formação doutrinária e cultural era precária. O infeliz prelado veio a falecer aos 26 de março de 1961; terminou a vida de maneira desvairada, obcecado por paixões, que se exprimiam em injúrias através do seu jornal “LUTA”. Todavia um Concílio Nacional da ICAB, aos 6 de julho de 1970, chegou a atribuir-lhe o título de “Santo”: “São Carlos Duarte”!

2. Doutrina e atuação da ICAB

Em matéria de doutrina, a ICAB procura reproduzir a da Igreja Católica, excluindo (como se compreende) o primado de Pedro… A sua mensagem teológica é muito diluída, visão que os seus orientadores pouco estudam. Vários destes são homens que tentaram chegar ao sacerdócio na Igreja Católica, mas, por um motivo ou outro, não o conseguiram; então passaram-se para a ICAB, onde o estudo e o acesso às ordens sagradas lhes foram extremamente facilitados. Infelizmente nota-se nos membros da hierarquia e nos fiéis da ICAB certo oportunismo, ou seja, a procura de atender a interesses pessoais: ordenação “sacerdotal” ou “episcopal”, lucros financeiros mediante celebração do culto, “casamento” facilitado em favor de pessoas já casadas, “batizados” sem preparação dos pais e padrinhos… Dir-se-ia que a ICAB procura adeptos a todo e qualquer preço; lê-se, por exemplo, na Lista Telefônica de assinantes classificados do Rio de Janeiro:

“ICAB, Igreja Católica Apostólica Brasileira, Paróquia São Jorge: casamento com ou sem efeito civil de pessoas solteiras, desquitadas e divorciadas. Crismas. Consagrações. Também em residências ou Clubes Realengo, Piraquara”.

Dado que a ICAB se adapta às diversas oportunidades de crescer, há atualmente muitos ramos da mesma independentes uns dos outros, o que sugere a denominação “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras” em vez de “Igreja Brasileira”.

O que dá certo êxito a essa corrente religiosa, são os dois seguintes fatores:

1) A reprodução dos ritos e a conservação dos símbolos (inclusive da linguagem) da Igreja Católica. Muitas pessoas não conseguem distinguir entre a Igreja Católica e a Igreja Brasileira. Parece haver a intenção de guardar em tudo as aparências da Igreja Católica entre os responsáveis das Igrejas Brasileiras.

2) O procedimento facilitário e oportunista dos mentores da ICAB. Esta não apresenta normas definidas de Direito Eclesiástico, de modo que os seus ministros são capazes de “legitimar” religiosamente qualquer situação ilegal daqueles que os procuram. Este comportamento facilitário é, naturalmente, fonte de dinheiro, pois a ICAB sabe prevalecer-se da generosidade dos fiéis. A exploração se torna ainda mais fácil em virtude da ignorãncia religiosa de muitos cidadãos brasileiros.

A falta de estrutura doutrinária e disciplinar das Igrejas Brasileiras lhes tira a coesão desejável e faz que não tenham quase significado no cenário público do Brasil; apesar disto, conseguem penetrar dentro da população desprevenida da nossa Pátria, favorecendo o ecleticismo e solapando a vitalidade religiosa de muitos católicos.

A propósito pergunta-se:

3. Qual a validade dos ritos da ICAB?

Respondemos em três etapas:

3.1. A eficácia dos Sacramentos

a) Um sacramento é um rito mediante o qual Cristo comunica as graças da Redenção ex opere operato, ou seja, desde que o ministro respectivo aplique a matéria (água, pão, vinho, óleo) e a forma devida (as palavras que indicam o efeito da matéria).

b) Os sacramentos não são eficazes ou não conferem a graça em virtude da santidade do homem (sacerdote, bispo) que os administra mas sim por ação do próprio Cristo, que se serve do homem como instrumento de sua obra redentora. Todavia, para a validade do sacramento, requer-se que:

- O ministro tenha sido validamente ordenado padre ou bispo;

- Tenha, ao administrar o sacramento, a intenção de fazer o que Cristo queria que fosse feito, ou a intenção de se identificar com as intenções de Cristo, Sumo Sacerdote.

3.2. Que diz a ICAB?

Os adeptos da ICAB afirmam que

- Seus ministros foram validamente ordenados padres e bispos, pois receberam a sucessão apostólica das mãos de D. Carlos Duarte Costa, que foi verdadeiro bispo da Igreja Católica, sagrado por D. Sebastião Leme. Embora Dom Carlos se tenha separado da Igreja Católica, conservou o caráter episcopal perenemente impresso em sua alma

- D. Carlos e os bispos que ele ordenou sempre fizeram questão de transmitir as ordens sacras segundo o ritual exato adotado pela Igreja Católica (usando mesmo o latim em algumas ocasiões);

- As missas, os batizados e outros ritos ocorrentes nas cerimônias de culto da ICAB obedecem estritamente à essência do Ritual sempre vigente na Igreja Católica.

Por conseguinte, concluem os ministros da ICAB, a Igreja Brasileira possui autênticos bispos e presbíteros, e ministra validamente os sacramentos.

3.3. E que diz a Igreja Católica?

a) Embora os ministros da Igreja Brasileira apliquem exatamente a matéria e a forma de cada sacramento, falta-lhes algo de essencial para que seus sacramentos sejam válidos, isto é, a intenção de fazer o que Cristo quis fosse feito. Na verdade, os ministros da ICAB, mediante os seus ritos, intencionam criar e desenvolver uma “Igreja” separada da única Igreja fundada por Cristo; tal “Igreja” nova já não professa as verdades do Credo Apostólico, mas se entrega ao ecleticismo religioso: protestantes, espíritas, maçons e comunistas podem ser igualmente membros da ICAB. Sim; a revista “A Patena”, revista da “diocese da Baixada Fluminense” da ICAB, em seu nº 3 de 1971, 4ª capa, diz que a Igreja Brasileira “religiosamente é católica, porque aceita em seu grêmio cristãos de qualquer mentalidade, sem repelir os que sejam ou se digam protestantes, espíritas, maçons, católicos-romanos etc.”. Isto significa que a Igreja Brasileira vem a ser uma sociedade filantrópica, humanitária, mas já não tem a mensagem religiosa definida que o Cristo confiou ao mundo e que o Símbolo de fé apostólico professa.

Donde se vê que a ação dos ministros da ICAB carece daquela intenção que é essencial para a validade dos sacramentos: a intenção de fazer o que Cristo faz mediante os sacramentos.

b) Já que a ICAB se ramificou, dando origem a múltiplas “Igrejas”, Ordens e Irmandades independentes, já não se pode saber até que ponto nas denominações “católico-brasileiras” se conserva a fidelidade aos ritos sacramentais; com o tempo as arbitrariedades e os desvios facilmente se introduzem nas pequenas comunidades. Em conseqüência, a Igreja Católica não reconhece as ordenações conferidas pela ICAB, muito menos reconhece a autenticidade das Missas e dos sacramentos celebrados pela ICAB.

4. Observações Finais

A Igreja fundada por Cristo (cf. Mt 16,16-19) é Católica (aberta a todos os homens), Apostólica (baseada sobre a ação missionária dos doze Apóstolos) e Romana, isto é, governada visivelmente por Pedro e seus sucessores, que têm sede em Roma (como poderiam ter em Jerusalém, Antioquia, Alexandria… se a Providência Divina tivesse encaminhado Pedro e os acontecimentos iniciais da história da Igreja em rumo diverso do que realmente ocorreu).

O título de “Romana” portanto não significa que a Igreja de Cristo esteja presa aos interesses políticos da cidade de Roma ou da nação italiana; nem implica subordinação dos fiéis católicos do Brasil a uma potência estrangeira, mas apenas indica que essa Santa Igreja tem seu chefe visível, instituido por Cristo, na cidade de Roma.

Os fatos atrás apontados evidenciam a urgência de sólida catequese para o povo de Deus no Brasil.

D. Estevão Bettencourt.

FONTE ELETRÔNICA:



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Celebre o advento!

Os símbolos do Advento

O que é o Estado Pontifício?

Anfibologia perniciosa

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Em manchete, com destaque, jornal de grande circulação noticiou dia 13 de janeiro último que "Cientistas querem saber se fé alivia a dor", destacando ainda que " cientistas britânicos vão "torturar" voluntários em laboratório para descobrir como a crença religiosa se manifesta no cérebro dos que são submetidos a sofrimento físico" (sic). Em primeiro lugar cumpre analisar a ambigüidade do termo referente à fé. Esta, na sua essência, é um ato da inteligência, a adesão prestada a uma verdade revelada. Não raro é empregado o termo fé como sinônimo de confiança, de exaltação interior, de abandono às emoções que nascem do sentimento das realidades espirituais. Não se pode esvaziar o termo fé de seu conteúdo intelectual para acentuar-lhe a tonalidade afetiva como focaliza a referida notícia. Além do mais, o domínio da fé é o campo sobrenatural que ultrapassa inteiramente qualquer experimentação científica. Alguns astronautas ateus com uma ingenuidade alarmante chegaram a afirmar: "Não vimos Deus no espaço!" A palavra emoção se aplica em psicologia a uma reação afetiva de grande intensidade, dependente de centros diencefálicos e comportando normalmente manifestações de ordem vegetativa. Emoções fortes incluem alegria, a dor, o medo, a cólera, o amor a repugnância e outras manifestações corpóreas. Estão na esfera psicossomática. Não se pode, porém, instrumentalizar a fé, transformando-a num passo de mágica. É diferente, bem diferente, o caso de tantos que ante uma dor permitida por Deus a suportam corajosamente, dando-lhe uma aplicação transcendental e a superando. O tema é complexo não terá respostas nos laboratórios. Com efeito, o que médicos já verificaram é que doentes em estado de graça, ou seja, portanto, com a consciência inteiramente em paz com Deus, tendo a graça santificante na alma, estão muito mais aptos a recuperar a cura, possibilitando uma ação mais rápida dos medicamentos. Agora, se pretender fazer uma série de experiências com voluntários, para testar sua fé é uma tolice.
Diz o jornal: "Numa das experiências será esfregado um gel à base de pimenta na pele das pessoas que serão convidadas a buscar diferentes meios para aliviar a sensação de ardência. Para as pessoas com forte convicção religiosa, entre essas saídas estará a fé"! (sic). Não há dúvida de que a medicina tem um liame profundo com a Teologia da Graça. A ciência moderna reencontrou a alma, exulada pelas ciências positivas. Nos anais do progresso científico rebrilha a psicopatologia e a medicina psicossomática com um prestígio dantes desconhecido, projetando suas conquistas beneméritas para a humanidade. Por entre as luminosas conclusões, nas veredas da psicologia, surge um outro elemento cuja presença inefável, até então olvidada, envolve o corpo e a alma e traz ao ser humano, na sua irrecusável atuação e benéfico influxo, uma harmonia profunda, causando-lhe a mais sublime eutimia. Elemento sobrenatural, a Graça, que é a participação na vida divina, recebida no Batismo e, se perdida pelo pecado, recuperada no Sacramento da Penitência. Grupo de sábios médicos italianos sob a presidência do Dr. E.M. Fondi, debruçou-se sobre o estudo desta fonte de energia obliterada. Ela opera eficazmente no homem ainda que considerada sob o ponto de vista meramente biológico. Inquiriram os grandes médicos: "É um fato que a Graça tem agido sobre milhões de homens, num modo ordinário e às vezes extraordinário, com fenômenos que a ciência não sabe explicar.

Ora, é lícito perguntar se a Graça não é, a seu modo, medicina para o corpo além de o ser para a alma. Para procurar uma resposta é necessário remontar às causas da doença". É certo que os estados de espírito podem produzir verdadeiras alterações orgânicas. Diagnosticadas úlceras gástricas como resultado de preocupações não vencidas, a angina pectoris como fruto de ansiedades não superadas e demonstrado que uma artrite pode ter causa psíquica, a conclusão óbvia é esta: "Aquilo que trabalha beneficamente sobre a alma pode e deve influir salutarmente sobre o corpo". É então que aparece o papel relevante da Graça, pois "a Graça de Deus coloca o indivíduo em tal situação espiritual que o leva a vencer as dificuldades morais e a enfrentar circunstâncias e embaraços, após os quais seria impossível haver o equilíbrio, a paz, a tranqüilidade". É toda uma germinação espiritual que afasta o peso das coações materiais na vida psíquica. É a harmonia íntima que permite a plena edificação do homem. É o retorno ao contato com o sobrenatural que leva a superar as misérias orgânicas e fisiológicas. Como se percebe a questão é colocada em termos bem diferentes dos propostos na referida notícia de médicos britânicos.

* Professor no Seminário de Mariana - MG


fonte:



Cristãos são presos no Irã por evangelizar

ROMA, 21 Dez. 10 / 01:33 pm (ACI).- Segundo informou hoje a Rádio Vaticano, nove cristãos estão presos no Irã há três meses sem que tenham sido feitas acusações precisas contra eles. A notícia foi divulgada pela agência AsiaNews. No dia da detenção, 19 de setembro, a TV estatal informou: "Um grupo de nove cristãos foi preso em Hamadan sob a acusação de atividade de evangelização".

Fontes locais divulgaram declarações dos serviços de segurança, segundo as quais a finalidade do grupo era destruir a República Islâmica do Irã. Segundo a RV texto se referiu várias vezes aos nove definindo-os "Sionistas cristãos".

Os nomes de quatro deles (cinco de identidade desconhecida) são Vahik Abrahamian e sua esposa Sonia Keshish Avanessian (armênio-iraniano), e Arash Kermanjany e Arezou Teimour, iranianos de língua farsi. As forças de segurança de acordo com a reportagem da TV invadiram a casa de Abrahamian e o prenderam, junto com sua esposa e outros dois cristãos convertidos que eram seus hóspedes.

A casa foi revistada e oficiais recolheram vários objetos pessoais. Mais tarde, o grupo foi levado para um local desconhecido. Outros cristãos convertidos foram presos e interrogados em Karaj, Teerã e Hamadan, e alguns deles foram libertados depois de terem assegurado que não continuariam com a obra de evangelização.

Os quatro presos em Hamad, ao invés, foram levados para a prisão de Hamadan. Todos foram colocados em isolamento durante quarenta dias antes de serem transferidos, e nesse período não puderam ser contatados pelas famílias. Entretanto, as autoridades judiciais ainda não explicaram por que eles foram presos, nem fizeram acusações específicas contra eles.

fonte:

Católicos idolatras? Dossiê bíblico

Corpo e Alma ou Corpo, Alma e Espírito?

John Lennon J. da Silva .

Muitos protestantes defendem que o homem é formado por corpo, alma e espírito. Um erro que cometeram inúmeros hereges semipelagianos¹, esta crença da tricotomia é atribuída por muitos estudiosos a Apolinário de Laodicéa, que viveu de 310-390 D.C. Tal doutrina encontrou ressurgimento e apogeu com alguns teólogos protestantes na Alemanha no período moderno, ao afirmarem a tricotomia, muitos julgaram que além da alma e do corpo, o homem possui uma partícula divina, a que chamam de espírito (pneuma em grego). Baseados em dois versículos bíblicos que iramos citar.
A teologia católica entende que o homem é formado de Corpo e Alma, sendo assim um ser material e espiritual, a exemplo das elucidações das Sagradas Escrituras como durante a narração da criação do homem por Deus, “O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente.” Gen 2,7; vale observarmos que Deus formou o Homem do barro, ou seja, trata-se do corpo e inspirou nele sopro de vida que o fez ser vivente, ou seja a alma que anima o corpo.
Bem só há dois versículos nas sagradas Escrituras que são utilizados pelos defensores da tricotomia, a primeira delas em I Tess 5,23: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!” aqui como analisam ligeiramente muitos protestantes sem tanta profundidade, tiram eles a conclusão de que o homem é tri-partidario, basta nos um breve explicação:
O texto de São Paulo citado acima “Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses, 5, 23) ou, mais ainda na carta aos Hebreus (IV,12), é explicado pelos exegetas católicos, como por exemplo o Pe. J.M. Bover S.J., em seu livro Teologia de San Pablo, como uma distinção que o Apóstolo faz de dois aspectos da mesma alma: enquanto princípio de animação do corpo e enquanto elemento puramente espiritual que sobrepassa e sobrevive ao corpo, sob forma de inteligência e vontade utilizando o termo “espírito” como refletido por São Tomas de Aquino em sua Suma Teológica.

Também os Padres da Igreja já tinha concebido a ideia de dicotomia entre eles Santo Agostinho no séc. IV. Voltando ao versículo o termo “espírito, a alma e o corpo” preparado para a vinda de Nosso Senhor, tem por finalidade e significa uma entrega total do homem inteiro “de todo o ser”, como diz o mesmo Apóstolo, sem reserva alguma, a Deus Nosso Senhor.

O uso dos termos, alma e espírito aparecem também em outros lugares da Escritura, como no caso do Cântico de Nossa Senhora, “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria” (São Lucas, 1, 46-47), é um modo enfático de dizer que todo o ser se engaja, se entrega, exulta, com a ação de Deus.

Vejamos o que as Sagradas Escrituras falam em plenitude sobre a confirmação da dicotomia (duas partes), como aceito na Igreja Católica:

“antes que a poeira retorne à terra para se tornar o que era; e antes que o sopro de vida retorne a Deus que o deu” Ecle 12,7. alusão ao destino do corpo que é a terra, e o sopro de vida, a alma ou espírito como é interpretado por muitos exegetas, que volta para Deus.

“seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus.” I Cor 5, 5:
“A mesma diferença existe com a mulher solteira ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito; mas a casada cuida das coisas do mundo, procurando agradar ao marido” I Cor 7, 34. O espírito aqui é alma como tratado acima.

“Depositários de tais promessas, caríssimos, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, realizando plenamente nossa santificação no temor de Deus.” II Cor 7, 1: mas uma vez o Espírito aqui é a racionalidade ou a mente podemos colocar inteligência, à vontade caracteres da alma.

Há muitos outros versículos que refletem esta realidade. Os protestantes se assegura-se em dois versículos e acabam por esquecer as demais obras que integram o Cânon bíblico, (Tg 2, 25). (1 Sm 1, 10); (Is 54, 6); (Jo 12, 27); (Jo 13, 21); (At 17, 16); (I Pd 2, 8). (Lc 1, 46-47); (Mc 12, 30). (Tg 1, 21); (Gn 35, 18); (1 Rs 17, 21); (Mt 10.28); (Sl 31, 5); (Mt 27, 50); (Lc 8, 55); “Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23, 46); (At 7, 59) (Mt 10, 28): (Ap 6, 9); (Hb 12, 23); (I Pd 3, 18-20).
Nota:
semipelagianos¹: Teoria herética que entre alguns pontos tratava da salvação individual, foi condenada pela Igreja no século IV; especificamente nos Sínodos de Orange em (441 e 539) na França [em 431 o Concilio de Éfeso já havia condenado a doutrina de Pelágio, donde deriva o pensamento semipelagianista].
Referencias:

[1] VILAC, José Luiz. Alma e espírito. Revista Catolicismo. Disponível em: www.catolicismo.com.br Acesso em 19 abril 2009.

[2] BRODBECK, Rafael. Leitor pergunta sobre diferença entre alma e espírito. Apostolado Veritatis Splendor. Disponível em: www.veritatis.com.br Acesso em 22 maio 2009.

[3] HANKO, Ronald. Corpo e Alma ou Corpo, Alma e Espírito? [tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto]. Disponível em: http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_bodysoulspirit.htm Acesso em: 03 agosto 2010.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Se "Fora da Igreja não há Salvação", o que é o Ecumenismo?

Infelizmente esta é uma confusão muito comum, especialmente em certos meios ditos "progressistas"; esta confusão, na verdade, é fruto do chamado "relativismo", uma heresia já condenada pela Igreja muitas e muitas vezes.
Antes de mais nada, vejamos o que é o ecumenismo verdadeiro (não o da LBV...):

A palavra "ecumênico" sempre foi usada no sentido de uma reunião do conjunto dos bispos da Igreja. Assim, por exemplo, um Concílio que reúna os bispos do mundo todo é um concílio ecumênico, mesmo (e especialmente!) se não houver nenhum não-católico presente.

Infelizmente esta palavra começou a ser usada no fim do século passado para definir um movimento surgido nos meios protestantes, que busca fazer uma reunião meramente jurídica de todas as seitas protestantes (não devemos nos esquecer que na eclesiologia protestante a Igreja, com "I" maiúsculo, não existe visivelmente, sendo composta por uma união invisível de todas as seitas); assim este movimento pseudo-ecumênico, expresso por exemplo no Conselho Mundial de Igrejas, deseja fazer com que as seitas aceitem a validade, por exemplo, dos Sacramentos ministrados por outras seitas. No caso de seitas que não acreditem em sacramentos, o objetivo do movimento seria fazer com que admitissem que as seitas que acreditam são verdadeiramente "cristãs" no mesmo sentido que o são os membros de sua seita própria.
Ora, esta visão é incompatível com a Fé cristã. O protestantismo prega que a fé apenas salva, mas não se preocupa com a questão que evidentemente surge em decorrência desta crença: fé em quê? Para um protestante, trata-se de uma aceitação subjetiva de um "jesus" salvador, não de uma aceitação real d'O Jesus Salvador. Digo isso por uma razão simples de perceber: se cada um interpreta diferentemente a Escritura e acredita que o que Ele pede é uma coisa diferente do que outro protestante (por vezes na mesma seita!) acredita, não se está aceitando Jesus, mas sim inventando um "jesus" pessoal, um "jesus" que corresponde na verdade apenas às ânsias e preconceitos do "crente".

Assim Monique Evans e Tiazinha, por exemplo, crêem em um "jesus" que não vê absolutamente problema nenhum na difusão de pornografia, "jesus" esse radicalmente diferente, por exemplo, do "jesus" de uma senhora da "Assembléia de Deus", que não tira suas saias longas e não corta o cabelo.

Do mesmo modo o "pastor" Caio Fábio acredita em um "jesus" que permite o divórcio (em frontal contradição com as próprias palavras de Cristo registradas no Evangelho!), mas preocupa-se principalmente com problemas sócio-policiais da população favelada...

Para Monique Evans e Tiazinha, entretanto, Caio Fábio é certamente um cristão, e presumivelmente o contrário também é verdade.

Este é o "espírito ecumênico" do Conselho Mundial de Igrejas, que aliás já está tendo problemas graves devido a, por exemplo, a pregação pró-homossexualismo de algumas seitas que dele fazem parte, pregação essa que já provocou a saída de vários grupos deste Conselho.

A mensagem do falso ecumenismo é "tolerância", compreendida como na verdade mero indiferentismo: não importa em que "jesus" é a fé do "crente", importa que ele tenha fé.

O "ecumenismo" da LBV é aparentemente o paroxismo deste tipo de mentalidade indiferentista, mas na verdade o é apenas para consumo externo. Nas creches e escolas da LBV, por exemplo, as crianças são indoutrinadas na doutrina própria desta seita, que entre outras coisas ensina o reencarnacionismo, as várias revelação sucessivas (incluindo aí Allan Kardec e o próprio fundador da LBV), a inexistência do Espírito Santo (visto como uma reunião de "espíritos evoluídos"), etc.

Assim eles consideram que todas as religiões são aceitáveis, mas a verdade seria a pregada por eles. Como são reencarnacionistas, não vêem necessidade de confronto; afinal se o sujeito for um bom protestante, ou católico, ou macumbeiro, na "próxima encarnação" ele poderá ter acesso à verdade LBVista...

Estes falsos ecumenismos são totalmente diferentes da noção católica de ecumenismo. Já vimos que a palavra "ecumênico" sempre teve na Igreja a conotação de algo relativo a uma reunião de toda a Igreja, não de uma reunião interreligiosa. Vimos igualmente que o relativismo é algo totalmente contrário à fé cristã.

Como então se coloca o afã "ecumênico" da Igreja, no que diz respeito ao diálogo com os protestantes e cismáticos orientais?

Trata-se de, como Cristo, ir buscar à ovelha que está afastada, trazer para a Igreja aqueles que estão fora dela, quer formal quer materialmente. O Concílio Vaticano II pede, como norma pastoral, que isto seja feito partindo-se do que já é de conhecimento ou uso do herege ou cismático. Nisto o texto conciliar corrobora a imortal sabedoria do Doutor Angélico, S. Tomás de Aquino, que já dizia: "Ao debater com pagãos, uso a Razão; com judeus, o Antigo Testamento; com hereges, toda a Escritura".

Assim devemos perceber os reflexos da verdadeira Fé cristã que estão contidos em cada seita ou crença pessoal, para a partir destes reflexos incentivar o herege ao estudo para que ele perceba os erros e incoerências da falsa fé que tem.

"Ora", diria o indiferentista, "e os 'elementos de santificação' que existem nas seitas?" Respondo que eles existem, como podemos ver nos próprios documentos do Concílio, apenas em função da Igreja. Trata-se de, para usar uma parábola evangélica, migalhas que caem da mesa. Um batismo válido ministrado por uma seita protestante não é válido por ter sido ministrado por esta seita, mas sim apesar disto!

Assim um batismo válido ministrado por, digamos, uma seita pentecostal faz com que a pessoa que foi batizada torne-se não pentecostal, mas católica. Alguém que morra logo após um batismo válido ministrado por uma seita pentecostal morre como católico, e como tal é salvo.

Este pertencer invisível à Igreja, entretanto, não é garantia de salvação. Muito pelo contrário, aliás. Alguém que tenha nascido em um ambiente protestante, nunca tenha tido contacto algum com a verdadeira fé (situação evidentemente impossível no Brasil...) e siga a falsa fé em que foi educado após um batismo válido pode ser salvo, se, e somente se, ele nunca abandonar a Graça de Deus infusa pelo batismo.

Ora, como é abandonada esta graça? Pelo pecado mortal (pecado cometido deliberada e conscientemente em matéria grave). Assim a chance de um protestante se salvar está em não pecar nunca mortalmente após um batismo válido (e batismo é só uma vez: se ele foi batizado em criança é este o batismo válido; se o foi em adulto, não adianta reiterar o batismo: o segundo vale apenas por um banho sem sabonete...), seguindo assim sempre a sua consciência de forma irrepreensível e aceitando todas as graças dadas por Deus.

Ora, será que isso é comum? Será que é comum que uma pessoa, mais ainda, uma pessoa sem acesso ao Santíssimo Sacramento e fechada em um ambiente de mentiras e heresias, consiga sempre corresponder à graça de Deus de tal maneira que nunca, jamais peque mortalmente? Certamente que não.

Tal acontecimento é evidentemente raríssimo, mas pode existir. Devido a sua raridade e, mais ainda, à presunção em que implicaria confiar que ocorra tal comportamento, é um dever de caridade de todo católico buscar trazer à Igreja este pobre protestante, para que, tendo acesso aos Sacramentos e à Verdade, possa evitar as chamas eternas do Inferno.

A única outra chance que um protestante hipotético, nascido e criado sem contacto algum com a Igreja, poderia ter de salvar-se é uma perfeita contrição na hora da morte. O que é uma perfeita contrição? É um arrependimento completo de seus pecados, movido por um amor absoluto e perfeito a Deus. Por Deus vem o horror aos pecados, e Deus não deixaria de perdoar alguém que estivesse tão perfeitamente arrependido de seus pecados e a buscar a união com Ele.

Ora, o protestantismo desincentiva a contrição, vista por eles como demonstração de falta de fé. Afinal, eles acreditam que o pecado do homem é encoberto por Jesus, mas continua existindo; eles não acreditam em santificação do homem, mas acham que Cristo mente a Deus Pai, dizendo que o homem está sem pecado, para que ele possa entrar no Céu. Assim preocupar-se por um pecado cometido seria uma demonstração de falta de fé no "pistolão" celestial que os faria entrar no Céu mesmo sendo sempre pecadores. E é apenas, nesta heresia, a falta de fé que pode fazer com que alguém não seja salvo...

No caso de um católico que apostate e venha a ser, digamos, batista ou pentecostal, a situação é muito mais grave, assim como é gravíssima a situação de um protestante nascido em país católico (e que assim teve contacto com a Verdade). Isto ocorre por uma razão muito simples: a Verdade atrai quem a busca, e a graça da conversão é sempre dada por Deus a todos, mesmo os piores pecadores.

O próprio fato de um católico apostatar da Verdadeira Fé e unir-se a uma seita é na verdade um ato de afastamento de Deus, de negação de Sua Graça. O nosso protestante hipotético que nunca tivesse conhecido a Igreja nem cometido pecado mortal, por exemplo, seria indubitavelmente alguém que, pela oração, pela caridade, pelos meios que estivessem a seu dispor, procurara sempre aceitar a graça de Deus. Este protestante hipotético, caso tivesse qualquer chance de contacto com a Igreja (nem que fosse pela TV ou pela Net), aceitaria a graça que Deus sempre está a oferecer a todos os pecadores e hereges e se converteria.

Assim um protestante em país católico ou, pior ainda, um católico que se tornou protestante é alguém que se negou a aceitar uma graça dada por Deus, escolhendo separar-se de Deus. Vemos assim como é perigosa esta situação. A pessoa escolheu, movido provavelmente por interesses outros (possibilidade de segundas núpcias, desejo de ser o árbitro final do certo e do errado - a exemplo de Adão e Eva no Paraíso...), abandonar a Cristo e inventar seu próprio "jesus", negando-se assim a aceitar aquilo que Deus pede dele e para o quê Ele oferece a cada instante os meios (a graça da conversão).

Mesmo que esta pessoa tenha cometido este ato (negar-se a aceitar a graça) sem ter consciência de seu erro, isto não deixou de ser um ato de separação de Deus. Trata-se de ao mesmo tempo a comprovação de uma negação provavelmente habitual da graça (posto que se ele estivesse habitualmente disposto a aceitar as graças dadas por Deus não teria negado a mais importante!) e uma decisão de não mais aceitar a reconciliação com Deus (feita pelo Sacramento que Cristo instituiu) após um pecado mortal que ele venha a cometer.

Além disso, provavelmente não durará muito para ele cometer um pecado mortal, visto o seu fechamento, doravante habitual, para a graça. Não podemos esquecer que é apenas pela graça de Deus livremente aceita que podemos não pecar; a nossa natureza sozinha nos leva a pecar. "Abyssus abyssum invocat", o abismo atrai abismo. Quanto mais a pessoa peca, quanto mais ela se afasta da graça de Deus, mais fácil se torna pecar.

O dogma (um dogma é algo que é Verdade Revelada, que deve ser crida por todo cristão; um exemplo disso é a Santíssima Trindade, Três Pessoas e Um Só Deus) nos afirma claramente que "Fora da Igreja não Há Salvação". Não é possível salvar-se fora da Igreja, que é a Comunhão dos Santos. Não é possível salvar-se em estado de pecado mortal, não é possível salvar-se em uma seita herética.

A eventual salvação de um herege vem de sua conversão ou, no caso de alguém que nunca, jamais, tenha tido acesso à Igreja, pela aceitação de todas as graças dadas por Deus, o que levaria a uma conversão caso ele tivesse a oportunidade; é a isto que se refere o documento *Diálogo e Anúncio* do Pontifício

Conselho para o Diálogo Inter-religioso: "Em muitos casos, eles já podem ter

respondido implicitamente à oferta de Deus de salvação em Jesus Cristo; um

sinal disto pode ser a prática sincera das próprias tradições religiosas, à

medida que elas contêm autênticos valores religiosos. Podem já ter sido

atingidos pelo Espírito e, de certo modo, estar associados, sem o saberem,

ao Mistério Pascal de Jesus Cristo (cf. GS 22)."

É o caso de alguém nascido protestante ou até pagão, sem jamais ter tido contacto com a Fé Cristã verdadeira, que tenha sempre, ao longo de sua vida, respondido "sim" a tudo o que Deus dele pediu, praticando sinceramente as práticas religiosas de sua comunidade, no que elas contém de conforme à Lei Natural. Assim alguém que tenha sido criado, digamos, em uma comunidade de adoradores de ídolos que fazem sacrifícios humanos não poderia jamais tomar parte nos ditos sacrifícios, abomináveis à luz da Lei Natural que todos nós já temos inscrita em nosso coração e que não precisamos aprender de fontes externas.

A associação deste hipotético pagão ou protestante com a Igreja, Corpo Místico de Cristo, ocorreria sem que ele o soubesse; sua resposta habitual de aceitação das graças dadas por Deus corresponderia, na Infinita Misericórdia do Senhor, a uma aceitação da oferta de Deus de Salvação no Cristo Jesus. Esta oferta só não foi aceita de forma explícita por não ter sido conhecida, pelo fato deste protestante ou pagão hipotético nunca ter visto um só católico em toda a sua vida.

Esta pessoa está assim unida de forma invisível à Igreja; ela está materialmente na Igreja, mas não formalmente, e só não está formalmente na Igreja por falta de oportunidade. Enquanto ela se mantiver dentro da Igreja, ainda que desta forma invisível, ela pode ser salva. Se um dia, porém, ela deixar de aceitar as graças dadas por Deus e pecar consciente e deliberadamente em matéria grave, ela só poderá voltar à Igreja se tiver uma perfeita contrição, já que não tem acesso ao Sacramento da Confissão.

Assim, portanto, é o dever de todo católico unir-se ao afã ecumênico da Igreja, buscando a conversão dos hereges e cismáticos, buscando trazê-los de volta à Igreja, fora da qual não há Salvação.

O Santo Padre João Paulo II, através de organizações com este objetivo, trata desta nobre missão no âmbito mais amplo, buscando fazer com que seitas e grupos cismáticos voltem à Igreja em bloco. Até agora já foram vários grupos a abandonar seus erros e voltar à fidelidade e obediência ao Romano Pontífice, condição necessária (ao menos implicitamente) para a salvação.

A nós cabe fazê-lo no âmbito individual, trazendo pessoas (amigos, conhecidos, vizinhos...) de volta à Igreja, de volta a Cristo, de volta à possibilidade de Salvação.

Sugiro, para facilitar este diálogo, especialmente com os protestantes, uma visita à página de meu programa de rádio, A Hora de São Jerônimo, onde podem ser encontrados argumentos para iniciar um debate que faça com que o herege perceba os erros de sua seita. Sugiro fortemente que o primeiro programa a ser ouvido seja o sobre a Bíblia, que explica o erro de base do protestantismo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Autor: Carlos Ramalhete