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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Qualquer pessoa pode comungar?

Não pode. Escreve São Paulo: "Todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, cada um examine a si mesmo antes de comer desse Pão ou beber desse Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação." (ICor 11,27-29)
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O Código de Direito Canônico diz que pode comungar "qualquer batizado, não proibido pelo direito" (cânon 912) A preparação primeira necessária para receber o Corpo de Nosso Senhor é a preparação interior, ou seja: estar em estado de graça, que significa estar em ausência de pecados mortais (Cat. 1385). Tal estado nos é dado quando recebemos o Sacramento do Batismo, e, após a queda em pecado mortal, através de uma Confissão bem feita (Cat. 1264; 1468-1470). A Santa Igreja também instituiu o chamado "jejum eucarístico" (isto é, estar a uma hora antes de comungar sem ingerir alimentos, a não ser água e medicamentos necessários, como especifica o Cânon 919).

É preocupante vermos filas para a Sagrada Comunhão tão longas, e filas para o confessionário tão pequenas...

Pior ainda quando não há sacerdotes disponíveis para os confessionários!
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FORMAÇAO DO DIA:

Qualquer pessoa pode comungar?

Não pode. Escreve São Paulo: "Todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, cada um examine a si mesmo antes de comer desse Pão ou beber desse Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação." (ICor 11,27-29)

O Código de Direito Canônico diz que pode comungar "qualquer batizado, não proibido pelo direito" (cânon 912) A preparação primeira necessária para receber o Corpo de Nosso Senhor é a preparação interior, ou seja: estar em estado de graça, que significa estar em ausência de pecados mortais (Cat. 1385). Tal estado nos é dado quando recebemos o Sacramento do Batismo, e, após a queda em pecado mortal, através de uma Confissão bem feita (Cat. 1264; 1468-1470). A Santa Igreja também instituiu o chamado "jejum eucarístico" (isto é, estar a uma hora antes de comungar sem ingerir alimentos, a não ser água e medicamentos necessários, como especifica o Cânon 919).

É preocupante vermos filas para a Sagrada Comunhão tão longas, e filas para o confessionário tão pequenas...

Pior ainda quando não há sacerdotes disponíveis para os confessionários!


FONTE;

APOLOGISTAS CATOLICOS

IMAGENS DE SANTOS # ÍDOLOS

Segundo as escrituras quando você difama os santos do céu de ÍDOLOS é porque a besta esta falando pela sua boca.
Ao confundir os santos com ídolos você estará difamando os que moram no céu,A PALAVRA DIZ QUE A BESTA DIFAMARÁ OS SANTOS DO CÉU Ap 13,6"Ela abriu a boca para blasfemar contra Deus e amaldiçoar o seu nome e o seu tabernáculo, os que habitam nos céus."
Chama-se ídolo: uma imagem falsa, um simulacro a que se atribui vida própria, conforme explica o profeta Habacuc (2, 18). Eis o que claramente indica Habacuc, dizendo: “Ai daquele que diz ao pau: Acorda, e a pedra muda: Desperta” (Hc 2, 19)
 
 
 

SOBRE ADORAÇÃO

Só confunde ADORAÇÃO com PROSTRAR-SE aqueles que NUNCA adoraram em espirito e verdade,por isso acham que adoração é um gesto apenas corporal.
Todas as vezes que o ato de prostrar-se vem seguido de adoração a bíblia especifica.
Prostrei-me aos seus pés PARA ADORÁ-LO (Ap 19,10)
Cornélio saiu a recebê-lo e prostrou-se aos seus pés PARA ADORÁ-LO (At 10,25)

Ser cristão incomoda muito



Católicos devem tomar consciência de sua responsabilidade

A Igreja foi posta, mais uma vez, como espetáculo diante do mundo. Todos os olhos estão voltados para ela e proclama-se, especialmente quando vista de fora, uma grande crise. Aproveita-se a oportunidade para que as muitas bandeiras de uma parcela permissiva da sociedade sejam levantadas. Na cabeça de muitos, vale apostar tudo para ver o que se pode colher, como se a Igreja de Jesus Cristo fosse um balcão de informações turísticas, quem sabe um parlamento democrático aberto a todos ou as orientações morais viessem a ser decididas pelo voto da maioria. A grande renovação da Igreja, ou acontece a partir do coração de cada cristão, com a força da permanente conversão, ou será indevida e mentirosa, pois ela não pode ser infiel ao seu Senhor.

Ser cristão incomoda, e muito, começando mesmo por aqueles que desejam professar sua fé com coerência, em tempos nos quais a perseguição se volta furiosa, especialmente contra os católicos. Não estamos mais em época de cristandade. Com certeza, os cristãos católicos devem tomar consciência de sua responsabilidade e se decidirem a ser sal, luz e fermento, com qualidade de vida e testemunho, indo além das valiosas e reconhecidas devoções para serem presenças qualificadas, capazes de transparência da inigualável mensagem evangélica, dispostos a superar os próprios limites e pecados.

Sabemos que o mistério da iniquidade está presente onde quer que existam pessoas humanas. Falta muito para que todos os homens e mulheres, de qualquer religião ou fé, vejam vencidos em si ou na vida social a maldade que se espalha. Também para nós vale o chamado contínuo à conversão, tanto que, nos dias da Quaresma, a Igreja inteira, consciente de que foi resgatada pelo Sangue do Cordeiro imolado, canta em sua oração: "Humildes, ajoelhados na prece que a fé inspira, ao justo Juiz roguemos que abrande o rigor da ira. Ferimos por nossas culpas o Vosso infinito amor. A Vossa misericórdia do alto infundi, Senhor. Nós somos, embora frágeis, a obra de Vossa mão; a honra do Vosso nome a outros não deis, em vão. Senhor, destruí o mal, fazei progredir o bem; possamos louvar-Vos sempre e dar-Vos prazer também. Conceda, ó Deus Uno e Trino, que a terra e o céu sustém, que a graça da penitência dê frutos em nós. Amém" (Hino de Laudes para os Domingos da Quaresma). É bom que o mundo saiba que nos reconhecemos pecadores, suplicamos a misericórdia de Deus, somos, continuamente, chamados à conversão e nos empenhamos em buscar as formas de vida cristã e as estruturas necessárias ao testemunho autêntico de Jesus Cristo.

No terceiro domingo da Quaresma, a Igreja proclama e medita o Evangelho de São Lucas, no capítulo treze, versículos um a nove. Jesus forma Seus discípulos e as pessoas que d'Ele se aproximam. Cabe-lhes estar atentos aos acontecimentos. O primeiro deles é de ordem religiosa, quando alguns galileus são mortos por Pilatos quando ofereciam sacrifícios. O segundo é um acidente, quando uma torre cai sobre algumas pessoas. É mais ou menos como as notícias novas ou requentadas, que correm pelo mundo afora e também no boca a boca das conversas.

Em nossos dias, pululam acusações de toda ordem contra a Igreja e os católicos. Os fatos negativos tenham sua devida apuração e, quando comprovados, as pessoas sejam devidamente responsabilizadas. Também os desastres públicos são passíveis de verificações e providências cabíveis. No entanto, envolvidos diretamente ou não nos dois tipos de eventos, todos sejam provocados a tirar as lições devidas. Trata-se de perguntar o que Deus quer nos dizer com os fatos.

Jesus propõe a conversão nos dois casos. Se existem cristãos que agem mal, que comecem uma vida nova, transformem sua mentalidade e suas práticas. Se qualquer um de nós se encontra distante dos fatos e responsabilidades, pergunte-se como pode ser melhor e viver melhor, mesmo em áreas totalmente diferentes. Quando uma obra desaba na sociedade, um incêndio se alastra, as ruas estão esburacadas ou os serviços são de baixa qualidade, mesmo quem não tem poder para mudar tudo pode começar por si mesmo ou perto de sua casa. O lixo que cada um recolhe, de forma adequada, pode ser uma pequena, mas indispensável ajuda, como também a direção segura e defensiva no trânsito e outras práticas. Vale, como sempre, ouvir Jesus: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não” (Lc 13,2-5). Os frutos da conversão se manifestem em nova mentalidade e novas práticas de vida!

A Igreja tem a alegria de oferecer ao mundo, depois de oito anos de trabalho intenso, o exemplo luminoso que tem sido o até agora Papa Bento XVI, que acaba de renunciar. Certamente, incomodou muita gente, mas edificou crianças, jovens e adultos, homens e mulheres de todos os quadrantes do mundo. Sua palavra e seu comportamento foram retilíneos, coerentes com o lema escolhido, “colaborador da verdade”, um cristão autêntico, apaixonado pela Verdade, que é Jesus Cristo. É a esta verdade que queremos converter-nos! É a esta verdade que estará a serviço o novo Papa a ser eleito!

Com a Igreja e o mundo, peçamos juntos: “Senhor Jesus, Pastor eterno, fundastes a Igreja para ser, no mundo, o Sacramento da Salvação, na perfeita comunhão de amor, e destes a Pedro a tarefa de criar a unidade entre vossos filhos e filhas. Amparai, Senhor, a vossa Igreja que, sustentada pelo vosso Santo Espírito, espera confiante a escolha do Sucessor de Pedro, que nos sustentará na mesma fé, da qual, na mesma Igreja, recebemos no batismo. Não permitais, Senhor, que ventos de doutrinas contrárias venham a nos confundir. Sustentai a nossa fé e mandai, sem demora, aquele que conduzirá a Barca da Igreja pelos caminhos da história, em nosso tempo, para a honra e glória do Vosso nome, Vós que sois caminho, verdade e vida. Amém!”


Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo de Belém - PA

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

FONTE ELETRÔNICA;





domingo, 24 de fevereiro de 2013

Refutando alegações sobre a revelação do canôn aos fiéis pelo Espirito Santo.

Objeção

“Todos os cristãos verdadeiros podem ‘ouvir’ a voz do Pastor falando com eles na Escritura. João 10, 4-5 e 14 promete, ‘Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz.

Mas não seguem o estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.[...] Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim.’. Portanto, a todos os verdadeiros crentes é dado a certeza bíblica de que eles vão ‘ouvir a voz do Pastor’ quando lêem um texto inspirado.”

Resposta: Esta objeção (e as outras que se seguem) é baseada na evidência subjetiva, que, por sua própria natureza, é impossível verificar, quer por outro “verdadeiro crente” ou um espectador imparcial. Como é que um “verdadeiro crente” sabe se ele realmente ouviu a voz do Pastor falando ou ele está seguindo seus próprios desejos e vontades? Como eles sabem com certeza que era o discurso do pastor em um determinado texto e não um espírito enganador? O simples fato de que se tem uma convicção interna não significa que essa convicção deve ser de Deus e não de alguma outra fonte.

João 10 no Contexto:

Assumindo desde o início que João 10, 4-5 e 14 é um texto canônico autêntico e inspirado, onde nesta passagem está um mandato para futuros fiéis contruirem um cânon das Escrituras com base em ‘ouvir a voz do Pastor?’ Isso não existe. Não há nenhuma indicação de que Nosso Senhor teve o cânon das Escrituras em mente quando falou estas palavras. Em vez disso, o opositor está pegando emprestando palavras da Escritura e acomodando-os para serem usadas para seus próprios fins.

Alguns podem ser tentados a afirmar que o verdadeiro crente infalivelmente sabe quando a voz do Pastor é ouvida. Mas isso levanta a questão. Mas se apenas um verdadeiro crente pode determinar o cânone, como pode alguém tornar-se um verdadeiro crente, quando não seguem a palavra de Deus na Escritura canônica?[1] Este argumento é circular. Os verdadeiros cristãos são aqueles que seguem as Escrituras e as Escrituras canônicas são aqueles que os verdadeiros cristãos seguem (isto é, ouvem a voz do Pastor).

O que nós fazemos de movimentos religiosos na história que ouviu a voz do Pastor falar em livros diferentes? Os gnósticos, marcionitas e ebionitas tinham posições contraditórias sobre o que era a Escritura. Em que base, fora de uma convicção interna, o verdadeiro crente poderia demonstrar que esses grupos estavam errados e que ele ou ela estava correto? O verdadeiro crente não pode argumentar que suas crenças não contradizem as Escrituras uma vez que seu ensino estava em conformidade com as Escrituras que eles aceitaram. Na verdade, esses grupos (se ainda existem) poderiam acusar o verdadeiro crente de não ser um verdadeiro crente, porque o protestante tem um cânon diferente ou contraditório.

O argumento da voz do pastor desmorona quando se examina os detalhes. Por exemplo, como pode um crente verdadeiro determinar precisamente onde a voz do Pastor reside? Poderia uma pessoa honestamenter ser capaz de atestar “ouvir” a voz de Cristo claramente de cada um dos livros das Escrituras (incluindo terceira carta de João, o Carta a Filémon, Números, II Crônicas e Naum)? Se o argumento da voz do Pastor fosse legítimo e alguém acredita na inspiração verbal plenária (Isto é: inspiração se extende até mesmo nas palavras escolhidas) deve logicamente se que o verdadeiro crente pode ouvir a voz do Pastor, não só em livros inteiros, mas até mesmo em seções de livros. Mas é realmente possível alguém ouvir a voz do Pastor no Salmo 150, mas não ouvi-lo no Salmo 151? Seria alguém capaz de identificar tradições manuscritas legítimos dos textos variantes sem inspiração, mas semelhante? Poderia um crente verdadeiro dizer que final do Evangelho de Marcos é autêntico? Um grupo de manuscritos Marcos termina com a seguinte passagem:
“Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos. Quando souberam que Jesus vivia e que ela o tinha visto, não quiseram acreditar. Mais tarde, ele apareceu sob outra forma a dois entre eles que iam para o campo. Eles foram anunciá-lo aos demais. Mas estes tampouco acreditaram. Por fim apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem nos que o tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados. Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi levado ao céu e está sentado à direita de Deus. Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.”

Além disso, um outro grupo de manuscritos dá um final mais curto:

“E eles relataram todas as instruções brevemente para os companheiros de Pedro. Depois o próprio Jesus, através deles, foi enviado de leste a oeste a proclamação sagrada e imperecível da salvação eterna. Amém.”

De acordo com o argumento da “voz do Pastor”, a ovelha verdadeira deve ser capaz de dizer a diferença.

É possível que um verdadeiro crente a cometa um erro? Lembre-se, a passagem da voz do Pastor claramente diz que suas ovelhas nunca irão seguir a voz de um estranho. No entanto, há casos em que os crentes aparentemente verdadeiros (até pelos mais rigorosos padrões protestantes) parecem ter ouvido a voz do Pastor nos deuterocanônicos. Um caso em questão é o protestante John Bunyan, autor da famosa alegoria protestante Pilgrim’s Progress. Em sua autobiografia, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores (Grace Abounding to the Chief of Sinners), Bunyan escreve:

“Um dia, depois de eu ter estado muitas semanas tão oprimido e abatido, quando eu estava quase completamente desistindo do fantasma de todas as minhas esperanças de nunca alcançar a vida, essa frase caiu com o peso no meu espírito, ‘Olhe para as gerações antigas, e veja: Será que alguma vez qualquer confiança no Senhor e foi confundido.” Naquilo eu estava muito iluminado, e encorajou em minha alma...”.[2]

Bunyan, tirando força espiritual desta passagem, procurou em sua Bíblia protestante por, mas não teve sucesso. Eventualmente, ele descobriu sua localização. Ela veio de Eclesiástico 2, 1! Chocado que ele tinha “ouvido a voz do Pastor” em um livro deuterocanônico, ele dissimula para apenas mais tarde admitir que esta passagem continuou a trazer-lhe conforto espiritual.[3] Se Bunyan era um verdadeiro crente e os crentes verdadeiros não vai seguem a voz dos estranhos, como se pode explicar a reação favorável de Bunyan a uma passagem em Eclesiástico?

Finalmente, o argumento da voz do Pastor é simplesmente impossível de ser colocado em prática. Vamos usar a ilustração de uma típica reunião da cruzada cristã para mostrar essa impraticabilidade. O pregador está no púlpito e prega a palavra de Deus. Ele convida a todos aqueles que desejam aceitar a Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal para vir à frente e fazer uma profissão de fé. Aqueles que vêm para frente são dirigidos para um dos lados da área com uma mesa grande. A mesa contém cartilhas que foram feitas a partir de livros individuais da Bíblia. Os verdadeiros crentes retornam aos seus lugares e começam a oração, lêem cada livro para ver se eles ouvem a voz do Pastor. Quando tiverem concluído sua leitura, todos os novos crentes pegam todos os livros e apenas os livros encontrados na Bíblia protestante! Será que este fenômeno resolve a questão do cânone? Não, não exatamente. Enquanto eles forem capazes de afirmar o cânon protestante completo, atestando que eles ouviram a voz de Jesus em cada livro que leram, há ainda a questão de outros livros que também podem ser inspirados. Então, vamos inverter a fita. Agora, há uma messa com todos os livros do cânon protestante e todos os livros deuterocanônicos também. Será que isso é suficiente para fazer um cânone fechado? Não. Há ainda muitos outros livros que foram tidos como Escritura inspirada tanto no Antigo como no Novo Testamento.[4] Se o argumento da voz do Pastor nunca ser implementada na prática, todo verdadeiro crente teria que ler todos os livros para ter certeza de que ele ou ela tem a coleção correta de livros em suas Bíblias. Em termos práticos, isso é impossível de se implementar.

Alguns podem querer evitar esse problema, dizendo: “É claro, cada novo crente não seria obrigado a ler todos os livros, mas apenas os candidatos mais prováveis ​​seria suficiente.” Se ouvir a voz do Pastor é o teste para determinar a inspiração, como alguém sabe quais livros são mais propensos do que os outros sem primeiro empregar este teste da voz do Pastor? Em outras palavras, para limitar o campo de candidatos antes do teste da voz do Pastor implica que há um outro método igualmente verdadeiro para determinar o cânon.
Objeção

“João Calvino escreveu: ‘Mas, embora possamos manter a sagrada Palavra de Deus contra opositores, isso não significa que nós imediatamente implantamos a certeza de que a fé exige em seus corações. Homens profanos pensam que a religião se baseia apenas na opinião, e, portanto, que eles não podem acreditar tolamente, ou questões subjetivas e insiste em tê-lo provado pela razão que Moisés e os profetas foram divinamente inspirados. Mas eu respondo que o testemunho do Espírito é superior à razão. Porque, como só Deus pode dar testemunho corretamente de suas próprias palavras, pois essas palavras não vão obter o crédito total no coração dos homens, até que sejam selados pelo testemunho interior do Espírito.”[5]

“Além disso, a Confissão de Fé de Westminster diz: ‘A autoridade da Sagrada Escritura, para a qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (que é a própria verdade) o seu autor, e, portanto, deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus.”[6]
“Nós podemos ser movidos e incitados pelo testemunho da Igreja a uma alta estima e reverencia as Sagrada Escritura. E a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do estilo, o consentimento de todas as partes, o escopo do seu todo (que é, para dar toda a glória a Deus), a plena revelação que faz do única forma de salvação do homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis ​​e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser a Palavra de Deus: contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade, é a partir da obra interior do Espírito Santo, que pela e com a Palavra em nossos corações.”
Resposta: Parece haver um pouco de desenvolvimento teológico entre o tempo que Calvino escreveu seus Institutos e sua aplicação na Confissão de Westminster. O reformador protestante João Calvino parece ter entendido o “testemunho interior” do Espírito Santo como aquele pelo qual um crente vê a convicção de que o que é ensinado na Sagrada Escritura é verdade.[7] Em outras palavras, ele estava falando da necessidade da graça a alguém para vir a fé sobrenatural. Quando Deus revela a alguém a verdade, é finalmente a Sua graça que nos permite dizer que o nosso “Amém, Senhor. Eu acredito.”. Isso, é claro, não tem nada a ver com o cânon. Até o momento da Confissão de Fé de Westminster, os calvinistas começaram a aplicar o testemunho interior do Espírito Santo, para a determinação do cânon. Ao fazê-lo, ele fez o testemunho interior a evidência, não apenas o meio, pelo qual se pode conhecer o cânon.

A adoção desta teoria pelos protestantes é um desenvolvimento tardio que os reformadores nunca teria a séria intenção de usar como um teste para canonicidade de algum livro.[8] Como o estudioso protestante Edward Reuss escreve:
“Mas eu também posso levantar a questão oposta, e perguntar por que motivo eles [os reformadores] foram influenciados a fazer a separação [das Escrituras]? Foi realmente em virtude do princípio soberano do testemunho interior do Espírito Santo? Seria bem verdade dizer que os primeiros teólogos protestantes, enquanto impassíveis pela eloqüência entusiasmada do autor da Sabedoria, tanto exaltada pelos alexandrinos, sentiu o sopro de Deus nas genealogias de Crônicas, ou nos catálogos topográficos do livro de Josué? Será que eles realmente acham tão grande diferença entre os milagres do Daniel caldeu e os do Daniel grego que se sentiam obrigados a remover dois capítulos do volume, que leva o nome de Daniel? Tenho alguma dificuldade em acreditar que eles chegaram à distinção por usarem qualquer teste desse tipo. Por outro lado, é muito simples supor, ou, ao contrário, é muito fácil de provar, a partir de suas próprias declarações, que o seu propósito era restabelecer o cânon do Antigo Testamento, na sua pureza primitiva, tal como ela deve ter existido, de acordo com a opinião comum, entre os antigos judeus... francamente falando que foi a melhor coisa a fazer.”[9]
De acordo com Reuss, nunca os protestantes tentaram seriamente adivinhar se o Espírito Santo estava testemunhando-lhes que o livro de Ester era inspirado e o Livro de Baruc não era. Em vez disso, eles estavam tentando restabelecer o cânon do Antigo Testamento, na sua pureza teórica primitiva. Eu digo teórica porque é baseada na melhor informação disponível, no século XVI. Mais tarde, os protestantes tentaram ancorar o cânone teórico dos “reformadores” para amarras divinas, já que, como tantas vezes afirmado, qualquer coisa que não é divulgada pelo Espírito Santo poderia ser um erro.

Este argumento finalmente corre para as mesmas falhas como a primeira objeção. Ela é inteiramente baseada na evidência subjetiva e não verificável. Ela não fornece um teste para determinar se esta convicção do testemunho interior de fato vem do Espírito Santo, ou auto-engano, ou mesmo engano demoníaco. Ela não consegue fornecer uma razão demonstrável por que os cristãos ao longo da história têm vtido diferentes convicções com base no seu testemunho individual interna do Espírito Santo. Como se sabe que eles estavam errados e eu estou certo? Problemas práticos também estão presentes. É o testemunho interior dado a cada livro individual ou a uma coleção de livros? Se alguém não receber essa convicção divina na primeira leitura, como sabemos que ele vai recebê-la na segunda, terceira ou na centésima? Além disso, seria essa um nova “evidência” ou “dado” sobre a inspiração de certos livros (se depois de lê-los ou não) equivalente ao Espírito Santo dando um nova revelação pública?[10] No entanto, protestantes e católicos acreditam que toda a revelação pública cessou com a morte do último apóstolo.

O argumento do testemunho interior também deve ser rejeitado porque ameaça minar a missão cristã de evangelizar. Os cristãos são ordenados a “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito...” [11] Seria uma pena se a única evidência de que um cristão pode oferecer em relação ao cânone seja algo quase idêntico à da igreja dos Mórmons. Tanto da Voz do Pastor quanto os argumentos do testemunho interior, se fosse verdade, fariam exatamente isso. A cada ano, os mórmons vão de porta em porta distribuindo exemplares do Livro de Mórmon a quem quer que eles encontrem. Eles pedem que as pessoas leiam o livro, ore e peça ao Espírito Santo para dar um testemunho interior - um “ardor no peito” - para atestar que o Livro de Mórmon é inspirado por Deus. A cada ano, milhares de pessoas se tornam mórmons alegando que eles receberam algum tipo de testemunho interno de que o Livro de Mórmon é verdadeiro e que Joseph Smith era um profeta. Se o teste testemunho interior é verdadeiro, em que base podemos argumentar contra essa posição? Mantendo a posição do fraco e insustentável testemunho interior, a crença cristã na Bíblia torna-se não melhor do que uma crença Mórmon no Livro de Mórmon! Por esta razão e as outras listadas acima, devemos rejeitar esses argumentos porque eles não confiam em evidências objetivas verificáveis ​​ para o cânone.

Objeção

“Alguns não entendem o papel da iluminação do Espírito Santo em reconhecer a inspiração das Escrituras. Não é um evento único onde se lê um texto e é imediatamente impressionado com a noção irrefutável de que estes são de Deus. Pelo contrário, ela se estende pela vida do cristão dando frutos em seu coração. O cristão vai observar um aumento na caridade e piedade, tanto para si mesmo e da comunidade que também lê esses livros. É só depois de uma longa e cada vez mais profunda penetração e da iluminação do Espírito Santo sobre o crente que estes testemunhos de ganhos interiores asseguram e nos convence de que o menor cânon das Escrituras deve ser verdadeiro e inspirado.”

Resposta: Antes de abordar as dificuldades com esta objeção, devemos afirmar que o Espírito Santo é realmente vivo e ativo dentro do cristão individual, bem como em sua comunidade cristã. Além disso, o estudo orante e a mediação nas Sagradas Escrituras produzem frutos espirituais maravilhosos e crescimento na santidade cristã. Eu acredito que é também inegável que os textos inspirados encontram uma afinidade especial com a comunidade cristã como um todo. As Escrituras inspiradas nos ajudam em nossa caminhada cristã, eles nos movem a nos tornar mais profundamente dedicados a Deus e eles nos dão voz em nossa adoração. Dito isto, o argumento dos frutos espirituais não fornece uma base adequada para determinar o cânone.

O crente pode ter sido dado uma Bíblia em uma idade precoce e mais tarde desenvolveu uma convicção de que esses livros unidos na Bíblia são inspirados. Mas como determinar quais livros em que edição encadernada da Bíblia produziu os frutos espirituais que levaram a essa convicção? A única maneira que isso poderia ser determinado seria mover livro por livro através da Bíblia, avaliando se houve frutos espirituais. Uma vez que os livros do cânon menor são completos, o crente, então, tem que aplicar o mesmo método para os livros deuterocanônicos e os livros apócrifos também.

Outras dificuldades permanecem sem resposta. Por exemplo, quanto tempo alguém necessita para ler um determinado livro antes que se possa ter certeza de que ele vai produzir o fruto desejado bom? Como pode um cristão discernir aquela foi a leitura de um livro que produziu estes frutos positivos e não outros fatores como a oração ou a comunhão cristã ou a influência de um bom sermão? Como se poderia fazer tal excelente distinção, especialmente se este processo de discernimento ocorre ao longo de um período de anos? Essas dificuldades se multiplicam quando alguém influencia no crescimento espiritual de toda uma comunidade.

Concluíndo, todas as três objeções sofrem dos mesmos males fatais. Eles são subjetivos, não verificáveis e, finalmente, minam a missão cristã de evangelizar o mundo, pois não há explicação viável para a presença de experiências contraditórias. Além disso, a Escritura nunca prometeu aos crentes que eles seriam capazes de discernir se uma escrita dada é inspirada por qualquer um desses métodos. Estes argumentos foram criados post facto para justificar um cânon que já havia sido adotado. Portanto, esses argumentos com base em testemunho espiritual, devem ser rejeitados.

© 2004 por Gary Michuta. Todos os direitos reservados. Este material possui direitos autorais. Nenhuma cópia, distribuição ou reprodução (eletrônico ou não) é permitida sem a autorização expressa do proprietário dos direitos autorais.

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[1] Romanos 10, 13-15, 17 - O princípio da Sola Scriptura ensina que toda a revelação divina pública disponível para nós hoje é encontrada exclusivamente no texto da Escritura.

[2] Metzger, 199

[3] ibide, 200

[4] Por exemplo, os Atos de Pedro, os Atos de Paulo, a pregação de Pedro, os Atos de Paulo e Tecla, a primeira Carta de Clemente, a Didaqué, o Evangelho de Tomé, O Livro dos Jubileus, o Evangelho de Filipe, o martírio de Isaías, as Odes de Salomão, O Evangelho dos ebionitas, o Evangelho secreto de Marcos, o Evangelho de Bartolomeu, o Evangelho de Nicodemos, o Evangelho da Infância de Tiago, os Atos de João, os Atos de André, os Atos de Tomé , o Livro de Enoque, os Oráculos Sibilinos, o Apocalipse de Esdras, a Ascensão de Isaías, o Apocalipse de Pedro, o Apocalipse de Paulo, o Apocalipse de Tomé, o Pastor de Hermas, só para citar alguns.

[5] John Calvin, Institutes of the Christian Religion, trans. Henry Beveridge, (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1993), Book 1, Chapter 7, 72.

[6] Westminster Confession, Section 1, Paragraph 4 and 5

[7] Consulte “Why Protestant Bibles Are Smaller”, capítulo 2, A Confissão (Galicana) Francês, XXX. Outros se opõem a esta afirmação, como a protestante Ruess Edward estudioso cuja opinião é dada mais tarde neste artigo.

[8] Mais uma vez, assumindo que as suas palavras são interpretadas como o testemunho interior sendo a evidência para a crença do que dos meios de crença.

[9] Edward Ruess, History of the Canon of the Holy Scriptures in the Christian Church, (Edinburgh: James Gemmell, George IV. Bridge, 1890), 312 (emphasis his)

[10] Afinal, ela é a revelação, uma vez que revela algo conhecido a Deus, que anteriormente não era conhecido do crente. Ele é novo, uma vez que não existe uma tabela de conteúdo inspirado em nossas Bíblias, nem é, em última análise depende da origem do depósito da fé deixada por Nosso Senhor e seus Apóstolos. Ele é a revelação pública, em que cada cristão é obrigado a aceitar como verdadeiro cânone das Escrituras.

[11] I Pedro 3, 5

FONTE ELETRÔNICA;


Orígenes interpretava as Escrituras como um protestante?

Recentemente tive a oportunidade de debater com um amigo protestante (batista) que me afirmou que vários Padres da Igreja, entre eles Orígenes, possuíam "atitudes protestantes". Alegou que Orígenes interpretava Mateus 16,18-19 ao estilo protestante quando dizia: "E se nós, como Pedro, dissermos: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo', não como se a carne nem o sangue nos revelasse, mas como pela luz do Pai do céu iluminando o nosso coração, nós nos converteremos em um Pedro".

Quem foi Orígenes?

Foi um importante escritor eclesiástico da Igreja primitiva; era um homem de conduta reta e notável erudição, considerado o Pai da Teologia. Nascido por volta do ano 185, dirigiu entre 203 e 231 a Escola de Alexandria. Seu prestígio chegou a ser tão alto que os bispos da Cesaréia, Jerusalém e outras cidades palestinenses lhe solicitavam para que pregasse sermões e explicasse as Escrituras em suas respectivas comunidades, fato que logo lhe rendeu problemas junto ao seu bispo, Demétrio de Alexandria, vez que não era sacerdote. Orígenes obedeceu e voltou para Alexandria. Para evitar este inconveniente, logo foi ordenado sacerdote por vários bispos, coisa que voltou a lhe trazer problemas com o seu bispo, já que a legislação canônica não permitia que um homem castrado fosse ordenado sacerdote (erro que cometeu em sua juventude, ao interpretar bem literalmente Mateus 19,12); por isso, foi excomungado e deposto do sacerdócio [por Demétrio]. Foi, assim, residir em Cesaréia da Palestina, onde o bispo de Cesaréia fez vistas grossas à censura do bispo de Alexandria e convidou Orígenes a fundar uma escola de teologia em Cesaréia, a qual dirigiu por mais de 20 anos. Morreu em torno do ano 253, como mártir. Embora tenha cometido alguns erros, sempre tentou permanecer fiel à ortodoxia e ao magistério.

Qual a Importância de Orígenes para os Católicos e Protestantes?

As obras de Orígenes (assim como as obras dos Padres da Igreja e outros escritores eclesiásticos) são importantíssimas não apenas para os estudantes de Patrística e Patrologia, pois permitem conhecer a fundo o pensamento da Igreja primitiva e a sua forma de interpretar as Escrituras. Embora os protestantes rejeitem os escritos dos Padres e escritores eclesiásticos, muitos deles (pelo menos aqueles que não são extremamente fundamentalistas) reconhecem que são indispensáveis para o conhecimento da história da Igreja e do desenvolvimento da fé cristã. E ocorre que, apesar de quase nunca citarem os Padres, o fazem quando acham que o que ensinam pode levar "peixes para a sua rede". Quero aproveitar a oportunidade aqui para estudar os escritos de Orígenes, não apenas nos pontos em que os protestantes costumam a citar, mas em sua totalidade, para desta forma poder fazer uma comparação justa e não descontextualizada do seu pensamento.
Orígenes e o Primado de Pedro

Este é o ponto onde os protestantes mais citam Orígenes e se deve principalmente à sua interpretação de Mateus 16,18:

- "E se nós, como Pedro, dissermos: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo', não como se a carne nem o sangue nos revelasse, mas como pela luz do Pai do céu iluminando o nosso coração, nós nos converteremos em um Pedro e a nós nos poderá dizer o mundo: 'Tu és Pedro' etc. Porque pedra é todo o discípulo de Cristo de quem aqueles beberam; e quem bebeu da pedra espiritual os sucedeu e sobre cada pedra é edificada cada palavra da Igreja e sua organização segue de acordo com isto. Porque em cada um dos perfeitos, que possui a combinação de palavras, decretos e pensamentos que bendizem, é que a Igreja é edificada por Deus. Porém, se vós supões que é apenas sobre Pedro que Deus edifica a sua Igreja, que dirias de João, o filho do trono, ou de cada um dos Apóstolos? Nos atreveríamos a dizer que somente sobre Pedro em particular as portas do Hades não prevaleceriam e prevalecerão sobre os demais Apóstolos e também sobre os perfeitos? Acaso o comentário expresso anteriormente: 'As portas do Hades não prevalecerão contra ela', não se aplica a todos e a cada um deles? E o outro comentário: 'Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja', não seria considerado do mesmo modo? Por acaso as chaves do reino são dadas a Pedro somente e mais nenhum dos benditos as receberá? Porém, se esta premissa: 'E eu te darei as chaves do reino dos céus' é comum para os outros, por que não seriam também as outras coisas ditas anteriormente? E por que não seriam iguais as outras coisas ditas a Pedro posteriormente? 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'. Se qualquer um declara isto, obterá as coisas sobre as quais se fala no Evangelho sobre Pedro, porém, da forma como o espírito do Evangelho ensina a todo aquele que se converte, tal como Pedro" (Comentário a Mateus 16,18).

Contudo, a forma alegórica como Orígenes aqui interpreta Mateus 16,18 não pode ser entendida como uma rejeição do ministério do bispo de Roma a partir da Sé de Pedro. O próprio Orígenes, em outros escritos seus, reconhece explicitamente a sólida Pedra sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja:

- "Porém, quem é tão feliz a ponto de estar livre do peso das tentações, de modo que nenhum pensamento de dúvida possa surpreender a sua alma? Olha o que o Senhor diz para o grande fundamento da Igreja, aquela pedra solidíssima sobre a qual Cristo fundou a Igreja: 'Homem de pouca fé, por que duvidaste?'" (Homilias sobre o Êxodo).

Assim como outros Padres da Igreja, Orígenes considerava Pedro como a pedra, contudo, também considerava o mesmo que nós, católicos, consideramos: que a base da Igreja é a fé em Cristo. Assim, Pedro é chamado pedra em virtude do ministério que lhe foi conferido e em virtude da sua fé.

Como veremos mais adiante, duvida-se que Orígenes interpretava ao estilo protestante, ou seja, que bastaria apenas a fé para sermos a pedra da Igreja e que, por isso, não seria necessário estarmos unidos à Igreja Católica. Pelo contrário, ele ensina que afastado da Igreja não é possível haver verdadeira fé (devemos recordar aqui que Orígenes sempre quis ser obediente ao Magistério).
Orígenes, a Sucessão Apostólica e a Tradição

Para Orígenes, as fontes da doutrina cristã são as Escrituras e a Tradição. Por isso, assinala - da mesma maneira que Tertuliano e muitos outros Padres da Igreja - a existência de uma Regra de Fé que contém o ensino fundamental do Evangelho. Ensina também que este ensinamento só está na posse das Igrejas que por sucessão apostólica procedem dos Apóstolos e que, por isso, só se pode ser aceito como verdade aquelas doutrinas que em nada se afastem desta sucessão apostólica (em resumo: nada de 'Sola Scriptura'!). Em sua obra 'De principiis', escreveu:

- "...Mas como entre os que professam crer em Cristo existem muitas divergências, não apenas em detalhes de pequena importância como também em matérias sumamente importantes, (...) parece necessário estabelecer sobre todos esses pontos uma regra de fé fixa e precisa antes de abordar o exame das demais questões... Mas como o ensinamento eclesiástico, transmitido em sucessão ordenada desde os Apóstolos, se conserva e perdura nas Igrejas até o presente, não se deve receber como artigo de fé além daquelas verdades que não se afastam em nada da tradição eclesiástica e apostólica" (De prencipiis, Prefácio 1-2).

Acrescenta, entretando, que um bom número de questões ficou sem resposta e que a missão da Teologia consiste precisamente em aprofundar e explicitar essas verdades de fé (é o que o Cardeal Newman - notável presbítero anglicano convertido à Igreja Católica - explicaria, mais de um milênio depois, como "desenvolvimento e evolução da doutrina cristã"):

- "Convém saber que os santos Apóstolos, ao pregar a fé de Cristo, manifestaram clarissimamente aqueles pontos que entendiam necessários a todos os crentes, inclusive aqueles que pareciam menos diligentes na investigação da ciência divina, deixando a tarefa de indagar as razões dessas afirmações àqueles que mereceram os dons superiores do Espírito, sobretudo àqueles que, por intermédio do mesmo Espírito Santo, obtiveram o dom de línguas, de sabedoria e de ciência. Quanto ao resto, se contentaram em afirmar o fato, sem explicar o porquê, nem o como, nem a origem, sem dúvida para que, com o passar o tempo, os amigos apaixonados pelo estudo e sabedoria tivessem que exercitar o seu ingênio proveitosamente; me refiro àquelas pessoas que se preparam para ser dignos receptáculos da sabedoria" (De prencipiis, Prefácio 3).

Orígenes e a Trindade

Orígenes empregou com freqüência o termo "Trindade"[1] e, embora tenha se tornado suspeito de subordinacionismo em razão de vários de seus textos, outros textos parecem indicar justamente o contrário. Assim era a opinião de São Jerônimo, enquanto Santo Atanásio e São Gregório Taumaturgo pensem de forma diversa.

Seja como for, nos textos de Orígenes se faz patente que ele pensa que o Filho procede do Pai desde a eternidade (diferentemente das heresias que logo surgiram, como o Arianismo, que hoje é revivido nas doutrinas dos Testemunhas de Jeová). Em razão disso, o Filho não teve princípio e não houve um tempo em que Ele não existia (refuta, assim, o princípio ariano)[2]. Ensinou também que o Filho possuía a mesma substância do Pai:

- "Que outra coisa podemos supor que é a luz eterna sem Deus Pai, de quem nunca se pôde dizer que, sendo luz, seu Esplendor não estivera presente com Ele? Não se pode conceber luz sem resplendor. E se isto é verdade, nunca houve um tempo em que o Filho não fosse o Filho. No entanto, não será sem nascimento - como dissemos da luz eterna, pois pareceria que introduzimos dois princípios de luz - mas que - por assim dizê-lo - é resplendor da luz ingênita, possuindo esta mesma luz como princípio e fonte, verdadeiramente nascido dela. Não obstante, não houve um tempo em que não foi. A Sabedoria, por proceder de Deus, é gerada também da mesma substância divina..." (In Hebr. Frag. 24,359).

Orígenes e a Virgem Maria

Orígenes aplicou o título "Mãe de Deus"[3] a Maria e ensinava ainda a maternidade universal de Maria sobre a Igreja:

- "Ninguém pode compreender o Evangelho se não reclinou sua cabeça sobre o peito de Jesus e não recebeu dele Maria como mãe" (In Ioh. 1,6).

Da mesma forma que os demais Padres da Igreja, afirmava a virgindade de Maria após o parto. Ensinava que os filhos atribuídos a José não nasceram de Maria, inexistindo qualquer Escritura que prove o contrário[4]. Escreveu também:

- "Maria conservou a sua virgindade até o fim [da vida], para que o corpo que estava destinado a servir à Palavra não conhecesse relação sexual com um homem, vez que sobre ela tinha baixado o Espírito Santo e a força do Altíssimo como sombra. Creio que é bem fundamentado dizer que Jesus se constituiu para os homens a primícia da pureza que consiste na castidade e Maria, por sua vez, para as mulheres. Não seria bom atribuir a outra [mulher] a primícia da virgindade" (In Matt. Comm. 10,17: GCS 10,21).

Curiosamente, quase todos os protestantes opinam que Maria não foi Virgem após o parto, não foi Mãe de Deus e não é Mãe da Igreja (e, por isso mesmo, nunca citam Orígens nem os Padres da Igreja quando tratam deste assunto, não podendo "levar água para o seu moinho").

Orígenes e a Igreja

Para Orígenes, a Igreja é a cidade de Deus sobre a Terra[5] e fora dela não há salvação: “Extra hanc domum, id est Ecclesiam, nemo salvatur” (6). Para Orígenes, não pode haver fé fora da Igreja; a fé dos hereges não é uma fé verdadeira, mas uma “credulitas arbitraria” (=crença arbitrária)[7].

Orígenes e o Batismo

Este é outro ponto onde os escritos de Orígenes não apenas apresentam uma atitude oposta à maioria dos protestantes, sobretudo aqueles de tendências anabatistas. Orígenes ensina a doutrina do pecado original e a necessidade do batismo das crianças; e adicionalmente traz uma evidência sólida de como tal batismo já era praticano nos tempos dos Apóstolos:
- "Se aprecias ouvir o que outros santos disseram acerca do nascimento físico, escuta a Davi quando diz: 'Fui formado' - assim atesta o texto - 'na maldade e minha mãe me concebeu em pecado'. Demonstra que toda alma que nasce na carne carrega a mancha da iniqüidade e do pecado. Esta é a razão daquela sentença que citamos mais acima: ninguém está limpo do pecado, nem sequer a criança por um só dia. A tudo isto se pode acrescentar uma consideração sobre o motivo que leva a Igreja costumeiramente batizar as crianças, pois este sacramento da Igreja serve para a remissão dos pecados. Certamente que, se não houvesse nas crianças nada que exigisse a remissão e o perdão, a graça do batismo lhes pareceria desnecessária" (In Lev. Hom. 8,3).

- "A Igreja recebeu dos Apóstolos o costume de administrar o batismo inclusive às crianças, pois aqueles a quem foram confiados os segredos dos mistérios divinos sabiam muito bem que todos carregam a mancha do pecado original, que deve ser lavada pela água e pelo Espírito" (In Rom. Com. 5,9: EH 249).

Orígenes e a Penitência

Orígenes reconhece que os pecados cometidos após o batismo podem ser perdoados através da penitência e da confissão dos pecados perante um sacerdote (cabendo a este dizer se será necessária a confissão pública do pecado ou não):

- "Observa com cuidado a quem confessas os teus pecados; põe à prova o médico para saber se é doente com os doentes e se chora com os que choram. Se ele entender -necessário que o teu mal seja conhecido e curado na presença da assembléia reunida, segue o conselho do médico especialista" (In Ps. Hom. 37,2,5).

Evidentemente, para Orígenes não valia a desculpa [protestante]: "Eu me confesso diretamente com Deus e isso basta!".
Orígenes e a Eucaristia
Comenta Jesús Solano que Orígenes possui um texto muito debatido, no qual - embora não seja propriamente um texto eucarístico - emprega a terminologia eucarística em sentido alegórico. Para quem conhece a paixão de Orígenes em relacionar entre si os textos da Sagrada Escritura e encontrar alegorias no ambiente de "gnose" então prevalente em Alexandria, não há qualquer sério problema para a sua ortodoxia ao se expressar com tais alegorias. Seria injusto para com o escritor e anticientífico deduzir o pensamento eucarístico de Orígenes de uma ou outra passagem e não do conjunto de todas elas. Apesar de Orígenes ter tido numerosos adversários, não temos notícia de que alguém tenha impugnado a sua doutrina eucarística.

- "Este pão que o Deus Verbo confessa ser o seu corpo é a palavra que alimenta as almas, palavra procedente do Deus Verbo e pão do pão celestial que tem sido posto sobre a mesa, sobre a qual foi escrito: 'Preparaste diante de mim uma mesa a vista dos meus perseguidores'. E esta bebida que o Deus Verbo confessa ser o seu sangue é a palavra que apaga a sede e embriaga prodigiosamente os corações daqueles que o bebem, bebida que está no cálice, sobre o qual foi escrito: 'E quão excelente é o teu cálice que embriaga'. E esta bebida é fruto da verdadeira Videira, que diz: 'Eu sou a verdadeira videira' e este é o sangue daquela uva que, lançada no lagar da Paixão, produziu esta bebida. Como também o pão é a palavra de Cristo, feito daquele trigo que, caindo na terra, deu muito fruto. Porque não àquele pão visível que tinha nas mãos dizia o Deus Verbo [ser o] seu corpo, senão à palavra em cujo mistério deveria ser partido aquele pão; nem àquela bebida visível dizia [ser o] seu sangue, senão à palavra em cujo mistério deveria ser derramado. Porque o corpo ou sangue do Deus Verbo que outra coisa pode ser senão a palavra que alimenta e a palavra que alegra o coração" (Orígenes. Série de comentários. 85; KLOSTERMANN, 196s; MG 13,1734 A – 1735 A).
Uma análise do restante de seus textos comprova a afinidade de Orígines pela mais tradicional ortodoxia a respeito da Eucaristia, seguindo a mesma linha dos demais Padres. Do mesmo modo que Tertuliano, mostra preocupação para que o pão e o vinho consagrados não caiam no chão. Afirma que "assim como o maná era alimento em forma de enigma, agora claramente a carne do Verbo de Deus é verdadeiro alimento, como Ele mesmo diz: 'Minha carne é verdadeira comida e meu sangue verdadeira bebida'". Em todos os casos, Orígenes se refere ao "verdadeiro alimento" não como pão, mas como "a carne do Verbo de Deus". Afirma também que receber o corpo indignamente gera ruína para quem o recebe e se refere à celebração eucarística como "a mesa do corpo de Cristo e do próprio cálice de seu sangue".

- "Conheceis a vós que assistis aos divinos mistérios, como quando recebeis o corpo do Senhor o guardais com toda cautela e veneração, para que não caia nem um pouco dele, nem desapareça algo do dom consagrado. Porque - corretamente - crês que sereis réus se perderdes algo dele por negligência. E se empregais - corretamente - tanta cautela para conservar o seu corpo, como julgais ser coisa menos ímpia se descuidar de sua palavra que ao seu corpo?" (Sobre o Êxodo. Homilía 13,3; W.A. BAEHRENS: GChS 29, Orígenes Werke 6,274; MG 12,391 A-B).

- "Antes, o batismo estava oculto na nuvem e no mar; agora, a regeneração está claramente na água e no Espírito Santo. Então o maná era alimento em enigma; agora claramente a carne do Verbo de Deus é verdadeiro alimento, como Ele mesmo diz: 'Minha carne verdadeiramente é comida e meu sangue é verdadeiramente bebida'" (Sobre los Números. Homilía 7,2; BAEHRENS: GChS 30, Origenes Werke 7,39s; MG 12,613 C).

- "...Se sobes, pois, para celebrar com Ele a Páscoa, te dará o cálice do Novo Testamento e te dará também o pão da bênção; te concederá seu corpo e sangue" (Sobre Jeremias. Homilia 19,13; E. KLOSTERMANN: GChS, Origenes Werke 3,169,30-33: MG 13,489 C.; aqui encontra-se como Homilía 18).

- "E entrarão nelas [as coisas escolhidas do mundo] sem consideração {Ez 7,22 LXX; cfr. v.20 LXX} ...Assim, deve-se dizer que entra sem consideração nas coisas santas da Igreja aquele que, após o ato conjugal, indiferente à impureza que contraiu, consente em orar sobre o pão da Eucaristia; esta pessoa profana as coisas santas e pratica uma ação descomposta" (Sobre Ezequiel 7,22; MG 13,793 B).

- "Não temes comungar o corpo de Cristo ao te aproximares da Eucaristia como se fosses limpo e puro? Como podereis fugir ao juízo de Deus? Não recordas daquilo que está escrito: 'Por isso há entre vós muitos debilitados e doentes e muitos que morrem'? Por que muitos debilitados? Porque não julgam a si mesmos, não se autoexaminam, não entendem o que é participar da Igreja, nem o que é aproximar-se de tantos e tão exímios sacramentos. Padecem daquilo que costumam a padecer os febris quando se atrevem a comer dos manjares dos sãos; ou seja, trazem para si a própria ruína" (Sobre el Salmo 37. Homilía 2,6; MG 12,1386 D).

- "E Celso, por essa razão, como homem que desconhece a Deus, oferece suas obras de graças aos demônios. Nós, ao contrário, dando graças ao Criador de tudo, comemos dos pães oferecidos com a ação de graças e a oração sobre os dons recebidos, constituídos pela oração em um corpo santo e santificador dos que se servem dele com são propósito" (Contra Celso. L.8. c33; P. LOETSCHAU: GChS Origenes Werke 2,249,4-9; MG 11,1566 C).

- "[Mat. 26,23]... E se podes entender a mesa espiritual e o alimento espiritual e a ceia do Senhor, de tudo isto tinha se dignado Cristo fazer participar [a Judas]; mas verás que pela grandeza de sua maldade - eis que entregou o Salvador, mestre e também alimento da divina mesa e do cálice (e isto no dia da Páscoa) - sem dar atenção aos bens corporais do amor do mestre, nem dos [bens] espirituais de sua doutrina, repartida sempre sem inveja. Como este [Judas] são na Igreja todos aqueles que levantam azedumes contra os seus irmãos, com os quais freqüentemente estiveram juntos na mesma mesa do corpo de Cristo e no mesmo cálice de seu sangue" (Orígenes. Serie de comentarios. 82; KLOSERMANN: GChS 38, Orígenes Werke 1,194, MG 13,1732 B).
Conclusão
Orígenes era protestante? Responda a apenas estas perguntas:

1. Os protestantes crêem na sucessão apostólica e que Pedro era "a pedra solidíssima" sobre a qual foi edificada a Igreja [de Cristo]?

2. Os protestantes crêem que as fontes da doutrina cristã são as Escrituras e a Tradição, a qual é trasmitida por sucessão ordenada desde os Apóstolos e que não se deve aceitar como verdade senão aquilo que em nada se afasta da Tradição apostólica e eclesiástica?

3. Os protestantes crêem que a Igreja Católica é a cidade de Deus sobre a terra, que fora dela não há salvação e que a fé dos que se separam dela não é verdadeira, mas "credulitas arbitraria" (=crença arbitrária)?

4. Os protestantes crêem que Maria é Mãe de Deus (=Theotokos), mãe da Igreja e Virgem até o fim [de sua vida] e que não é possível entender o Evangelho quem não a aceita como mãe?

5. Os protestantes crêem que a Eucaristia é o Corpo e Sangue do Senhor, que não pode aproximar-se dela quem está em pecado e que deve ser guardada com todo o cuidado para que não caia no chão algo do dom consagrado?

6. Os protestantes crêem que devemos batizar as crianças para que sejam limpas do pecado original, no qual todas nascem, e que o referido batismo foi prática da Igreja desde a sua origem?

7. Os protestantes crêem que devem confessar os pecados ao sacerdote?

Se a todas essas perguntas você responder "sim", então Orígenes era protestante (e que bom seria que tívessemos outros protestantes assim!).

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NOTAS

(1) In Ioh. 10,39,270; 6,33,166; In Ies. Hom. 1,4,1 * (2) Deus é eterno, por isso o Filho também é: “aeterna ac sempiterna generatio” (In Ier. 9,4; De Princ.. 1,2,3), y no tuvo principio (De Eric. 1,2,9s; 2; 4,4,1; In Rom. 1,5) * (3) Segundo o historiador Sozomeno (Hist. Eccl. 7,32: EG 866) * (4) Orígenes, In Lc. 7: GCS 9,45 * (5) In Ier. hom. 9,2; In Ios. hom. 8,7 * (6) In Ios. hom. 3,5 * (7) In Rom. 10,5
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BIBLIOGRAFIA



- BAC 206. Patrología I, Johannes Quasten

- BAC 88. Textos Eucaristicos primitivos I, Jesús Solano

- Mariología, José C.R. García Paredez

FONTE:
Católico Por que: Orígenes Interpretava as Escrituras como um protestante? Disponível em: Desde 20/02/2013. Tradução Carlos Martin Nabeto.




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PROVAS QUE A PRÓPRIA BÍBLIA CONDENA A "SOLA SCRIPTURA" (INTERPRETAÇÃO PESSOAL):



 

De acordo com os protestantes, a Bíblia ensina que a Escritura (a palavra escrita de Deus) é a única regra de fé para um cristão. Junto com a justificação pela fé somente (sola fide), a Escritura apenas (sola scriptura) foi um dos dogmas centrais da “reforma” protestante.
...

II Pedro 3, 15-16: "Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras."

Porém, a verdade é que a Bíblia não ensina que a Escritura é a única regra de fé para um cristão. Nós veremos que a Bíblia ensina que tanto a Escritura quanto a tradição apostólica são fontes da revelação cristã, e que se deve aceitar ambas na Igreja. Isso é o motivo pelo qual a Igreja Católica sempre ensinou que há duas fontes da revelação (Escritura Sagrada e Tradição Sagrada); e que à Igreja instituída por Jesus Cristo foi dada autoridade para determinar o significado autêntico da Escritura e da Tradição.

II Tessalonicenses 2, 15: “Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa.”

Jesus diz que se deve ouvir a Igreja, o que Ele nunca teria dito se a Bíblia ensinasse somente a Escritura

Se a Bíblia é a única regra de fé para um cristão, então logicamente a Igreja não seria uma regra de fé para um cristão. Porém, a Bíblia ensina claramente que se deve ouvir a Igreja.

Mateus 18, 17: “Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.”

Lucas 10, 16: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou."

Esse ensinamento de Jesus, que se deve ouvir a Igreja sob pena de ser considerado um pagão, refuta a idéia completa da Escritura somente.

João 15, 20: "...Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa."

Hebreus 13, 17: "Sede submissos e obedecei aos que vos guiam (pois eles velam por vossas almas e delas devem dar conta)..."

A Bíblia ensina que a Igreja, não a Bíblia, é o pilar e o fundamento da Igreja

I Timóteo 3, 15: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade."

A Bíblia ensina que a palavra falada é “palavra de Deus”, em acréscimo à palavra escrita

Descrevendo a tradição oral como “palavra de Deus”, a Bíblia está indicando que a tradição apostólica oral é infalível; e que representa, junto com a Escritura, uma das fontes da revelação de Jesus Cristo que deve ser aceita.

I Tessalonicenses 2, 13: "Por isso é que também nós não cessamos de dar graças a Deus, porque recebestes a palavra de Deus, que de nós ouvistes, e a acolhestes, não como palavra de homens, mas como aquilo que realmente é, como palavra de Deus, que age eficazmente em vós, os fiéis."

São Paulo está claramente se referindo à tradição (falada) oral.

Colossences 1, 5-6: "em vista da esperança que vos está reservada nos céus. Esperança que vos foi transmitida pela pregação da verdade do Evangelho, que chegou até vós, assim como toma incremento no mundo inteiro e produz frutos sempre mais abundantes. É o que acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes anunciar a graça de Deus e verdadeiramente a conhecestes..."

A palavra falada é descrita como “a pregação da verdade” e o Evangelho. A referência à “pregação” tendo vindo ao mundo inteiro confirma que essa passagem está se referindo à palavra falada e não à Bíblia; pois isso não poderia ter sido dito da Bíblia naquele tempo.

João 17, 20: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim."

Jesus roga àqueles que acreditarão através da “palavra” de Seus apóstolos. Mas somente uns poucos de Seus Apóstolos escreveram palavras na Bíblia. A maioria deles não o fez. “Sua palavra”, através da qual as pessoas crerão, deve, portanto, ser sua pregação e a comunicação da tradição oral, não sua escrita.

Lucas 8, 11-13: "Eis o que significa esta parábola: a semente é a palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem; mas depois vem o demônio e lhes tira a palavra do coração, para que não creiam nem se salvem. Aqueles que a recebem em solo pedregoso são os ouvintes da palavra de Deus que a acolhem com alegria; mas não têm raiz, porque crêem até certo tempo, e na hora da provação a abandonam."

Isso claramente descreve a palavra falada como “Palavra de Deus”.

Lucas 4, 44: "E andava pregando nas sinagogas da Galiléia."

Lucas 3, 2: "sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias."

Isso se refere a uma revelação dada a São João Batista.

Atos 4, 31: "Mal acabavam de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram com intrepidez a palavra de Deus."

A Bíblia ensina que a tradição oral deve ser aceita junto com a Escritura

As seguintes passagens refutam completamente a idéia da Escritura somente. Elas demonstram que a Bíblia ensina que a tradição apostólica deve ser também aceita. Essa tradição apostólica foi dada por Jesus aos apóstolos, mas não toda parte dela estava necessariamente escrita na Bíblia. Como um exemplo, em Judas 1, 9 nós lemos que:

"Ora, quando o arcanjo Miguel discutia com o demônio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda!"

Essa disputa entre o demônio e Miguel Arcanjo não é descrita em qualquer detalhe na Bíblia. O escrito está inspirado na tradição. As seguintes passagens do Novo Testamento confirmam o ensinamento católico sobre a necessidade de aceitar tanto as Escrituras quanto a Tradição:

II Tessalonicenses 3, 6: "Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido."

II Tessalonicenses 2, 15: "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa."

Isso demonstra claramente que a própria Bíblia ensina que nem tudo que deve ser acreditado está anotado, mas alguma coisa disso é comunicada pela tradição oral.

II Timóteo 2, 1-2: "Tu, portanto, meu filho, procura progredir na graça de Jesus Cristo. O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros."

I Coríntios 11, 16: "Se, no entanto, alguém quiser contestar, nós não temos tal costume e nem as igrejas de Deus.”

I Coríntios 11, 23: "Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão..."

I Coríntios 15, 2-3: "Por ele sereis salvos, se o conservardes como vo-lo preguei. De outra forma, em vão teríeis abraçado a fé. Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras..."

Como essas passagens provam, a condenação de Jesus à “tradição dos homens” (Mateus 15, 9; Marcos 7, 8 etc.) nada tem a ver com a verdadeira tradição apostólica, que a Bíblia diz que nós devemos aceitar. Jesus estava condenando as práticas feitas pelo homem dos fariseus.

A Igreja existia por décadas antes que a Bíblia fosse mesmo acabada

De acordo com estudiosos, o último livro da Bíblia (o livro das Revelações) foi escrito em aproximadamente entre 68 DC a 95 DC. Jesus Cristo ascendeu aos Céus em aproximadamente 33 DC. Portanto, não interessa qual visão se toma sobre a data do Livro da Revelação, não há dúvida que a Igreja de Cristo existia e operava por décadas (30 a 60 anos) antes que a Bíblia fosse mesmo terminada. Assim, quem guiou os cristãos durantes esse período? Como eles sabem exatamente o que eles tinham que acreditar e fazer para serem salvos? Foi a Igreja que os ensinou.

A Bíblia ensina que houve incontáveis coisas que Jesus disse e fez que não foram nela escritas

João 20, 30: "Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro."

João 21, 25: "Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever."

Nem tudo o que Jesus disse e ensinou aos apóstolos foi escrito na Bíblia. Isso está claro.

Jesus mandou seus apóstolos pregarem o evangelho, não escrevê-lo

Com a exceção do mandamento dado a São João para escrever o Livro do Apocalipse, Jesus não mandou ninguém escrever nada. Particularmente, Ele mandou-os pregar Seu Evangelho e batizar.

Marcos 16, 15-16: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado."

Mateus 28, 19-20: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo."

Se a palavra escrita da Bíblia fosse a única regra de fé, como sustentam os protestantes, então Jesus teria os mandado escrever e estabelecer clubes de leitura da Bíblia. Mas ele não fez algo do tipo. Jesus mandou-os ensinar todas as nações toda Sua Verdade através da palavra falada, através da pregação. Essas simples considerações mostram que a posição protestante da sola scriptura é completamente falsa.

A Bíblia não ensina que a interpretação privada da Escritura foi tentada por Jesus

Atos 8, 30-31: "Filipe aproximou-se e ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías, e perguntou-lhe: Porventura entendes o que estás lendo? Respondeu-lhe: Como é que posso, se não há alguém que mo explique? E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele."

Basta à idéia protestante que quem quer que leia a Escritura será iluminado por Deus automaticamente. Nós podemos ver que isso não é o ensinamento da Bíblia.

Neemias 8, 8: "Liam distintamente no livro da lei de Deus, e explicavam o sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura."

II Pedro 1, 20: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal."

Paulo consultou a Igreja, não a Bíblia, quando se deparou com dilema doutrinal em Atos 15

Atos 15, 1-2: "Alguns homens, descendo da Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: Se não vos circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos. Originou-se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém."

Quando se deparou com um dilema doutrinal em Atos 15, Paulo não consulta a Bíblia, mas vai até a liderança da Igreja.

Eis alguns outros poucos exemplos na Bíblia onde os ensinamentos ou instruções foram aprendidas por comunicação e tradição oral, não pela leitura da Bíblia.

I Coríntios 11, 34: "...As demais coisas eu determinarei quando for ter convosco."

II João 1, 12: "Apesar de ter mais coisas que vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta, mas espero estar entre vós e conversar de viva voz, para que a vossa alegria seja perfeita."

Objeção: protestantes dizem que II Timóteo 3, 15-17 ensina apenas a Escritura

II Timóteo 3, 15-17: "E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra."

Essa passagem não ensina apenas a Escritura. Ensina que toda Escritura é inspirada. Ensina que toda Escritura é útil. Ensina que a Escritura capacita um homem para boas obras. Mas protestantes apontam para a parte a qual diz que possibilita que um homem de Deus seja capacitado a toda boa obra. Eles alegam que aquelas palavras ensinam uma auto-suficiência da Escritura: que nada mais é necessário. Isso é refutado por numerosos pontos.

É refutado, primeiro de tudo, consultando-se versículos com expressão similar. Na realidade, nós somente precisamos retornar uns poucos versículos no capítulo precedente para encontrar um exemplo que prova o ponto.

II Timóteo 2, 21: "Quem, portanto, se conservar puro e isento dessas doutrinas, será um utensílio nobre, santificado, útil ao seu possuidor, preparado para todo uso benéfico."

A Bíblia diz que quem purgar-se de certas obras más, estará preparado para “toda boa obra”. Essa é a mesma frase de II Timóteo 3, 17.

A Bíblia especificamente previne sobre o mau uso das Escrituras para criar falsas doutrinas que levam à destruição

II Pedro 3, 15-16: "Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras."

É interessante que essa admoestação a respeito de torcer as Escrituras até a danação vem na Carta de São Pedro, o único que foi escolhido a ser o primeiro papa. É São Pedro quem previne contra o mau uso dos escritos de São Paulo. São os escritos de Paulo que são os mais freqüentemente usados impropriamente e mal entendidos pelos protestantes para inventarem falsas doutrinas, tais como a justificação somente pela fé e a sola scriptura.
 
Fonte Eletrônica;
Apologistas defensores da sã doutrina Católica