Em torno das ditas “mudanças climáticas”, cientistas e a mídia alarmista exageram e repetem incessantemente teses sobre os “perigos que ameaçam o planeta”; entretanto, estes vêem sendo desmentidos com base científica.
As hipóteses mais alarmistas em torno do aquecimento global vêm sendo levantadas aqui, lá e acolá, como recentemente na COP 15, em Copenhague (Dinamarca), de modo a inquietar profundamente os espíritos. A respeito delas Catolicismo tem procurado prevenir seus leitores, oferecendo a apreciação de renomados cientistas que, fundamentados em estudos sérios, contestam essa visão patrocinada pela própria ONU.
Não deixa de chamar a atenção que tais cientistas, pelo simples fato de esclarecerem o verdadeiro alcance da ação humana nas mudanças climáticas, passaram a ter seus nomes e os resultados das suas pesquisas boicotados, especialmente na divulgação da mídia quando aborda o assunto. Entretanto cresce a cada dia, na Europa como nos Estados Unidos, o número dos que se contrapõem aos alarmistas do clima.
Sobre este importante assunto, Catolicismo entrevistou o professor Luiz Carlos Baldicero Molion, formado em Física pela USP, com doutorado em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA) e pós-doutorado na Inglaterra. Ex-diretor e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Prof. Molion leciona atualmente na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, onde também dirige o Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT).
Prof. Molion: “Simulações com modelos de clima não passam de meros exercícios acadêmicos, não se prestando à formulação de políticas adequadas para o desenvolvimento”
Catolicismo — O Sr. concorda com as conclusões propagadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), de um aquecimento global causado pela ação humana?
Prof. Molion — O IPCC (órgão vinculado à ONU) não comprova que o aquecimento global seja produzido pelo homem. Nos estudos já realizados sobre a variabilidade do clima, o aquecimento global se encontra dentro dos limites da variabilidade natural. É impossível, com o conhecimento atual sobre o clima, identificar e comprovar o possível aquecimento antropogênico.
Na minha versão mais nova do aquecimento, analiso três argumentos básicos:
1) As séries de temperatura média global não são representativas. Nos últimos anos, o número de estações climatométricas viu-se drasticamente reduzido — por volta de 14 mil no final da década de 1960, para menos de 1.000 hoje — pelo Goddard Institute for Space Studies (Dr. James Hansen), NASA. A maior parte das estações desativadas se encontrava na zona rural. As localizadas nas cidades sofrem o efeito da urbanização, o chamado “efeito ilha de calor”, que produz certa tendência de aquecimento.
2) O aumento da concentração de CO2 não se correlaciona com aumento de temperatura. Após o término da II Guerra Mundial, o consumo de petróleo se acelerou, no entanto a temperatura média global diminuiu. Em eras passadas –– como os interglaciais, de 130 mil, 250 mil e 360 mil anos atrás –– as temperaturas estiveram mais elevadas que as atuais, embora com concentrações de CO2 inferiores. Portanto, não é o CO2 que aumenta a temperatura do ar, e sim o contrário: o aumento da temperatura provoca aumento da concentração de CO2, principalmente devido ao aquecimento dos oceanos.
3) Finalmente, os modelos de clima utilizados para as “projeções” da temperatura média global nos próximos 100 anos ainda são incipientes, não representam a complexidade e as interações dos processos físicos que determinam o clima. Os cenários utilizados pelo IPCC são hipotéticos, e muito provavelmente não virão a se concretizar, pois os oceanos, ao se resfriar, passarão a absorver mais CO2. Ou seja, as simulações com modelos de clima não passam de meros exercícios acadêmicos, não se prestando à formulação de políticas adequadas para o desenvolvimento da sociedade.
Catolicismo — O que realmente vem acontecendo com a temperatura da Terra? Por exemplo, como o derretimento das calotas polares pode ser explicado?
Prof. Molion — Não se pode negar que a temperatura global aumentou nos últimos 100 anos, porém isso aconteceu por processos naturais, e não antrópicos (provocados pela ação do homem sobre a vegetação). O gelo do Ártico já derreteu entre 1920–1945, quando o homem lançava menos de 10% do carbono que lança hoje na atmosfera. A cobertura de gelo em 2009 já foi maior que a de 2007, após esse inverno severo do hemisfério norte (América do Norte, Sibéria e China).
A permanência do gelo depende do transporte de calor feito pelas correntes marítimas –– a corrente (quente) de Kuroshio, no Pacífico (Japão), e a corrente (quente) do Golfo do México, no Atlântico. Esta última, quando mais ativa como no período 1995-2007, transporta mais calor para o Ártico e derrete o gelo flutuante. Ao derreter, o gelo não eleva o nível do mar, pois já desloca o volume que vai ocupar quando fundir. Esse transporte de calor é em parte controlado por um ciclo lunar de 18,66 anos, que esteve em seu máximo em 2005-2006. Estudos indicaram que o gelo continental em cima da Groenlândia permanece lá desde a última era glacial, há mais de 15 mil anos. O gelo da Antártica (Pólo Sul), por sua vez, continuou a crescer nos últimos 60-70 anos.
Catolicismo — Que outros estudos desqualificam o consenso dos cientistas vinculados à ONU? Que livros e autores o Sr. recomendaria?
Fato digno de nota é que nos últimos dois mil anos reconhecidamente houve, no período medieval entre os anos 800-1200, um aquecimento global maior que o atual, o chamado “Ótimo Climático Medieval”. Esse aquecimento permitiu que os nórdicos (vikings) colonizassem o norte do Canadá e o sul da Groenlândia (Terra Verde), hoje coberta de gelo. E as concentrações de CO2 eram inferiores a 280 ppmv (partículas por volume) na época, de acordo com as estimativas.
Catolicismo — Como o Sr. avalia a cobertura da imprensa brasileira e internacional em relação às alardeadas mudanças climáticas e outras questões ambientais com as quais a sociedade moderna se depara?
Prof. Molion —Infelizmente, a imprensa nacional e estrangeira dá ênfase exagerada ao aquecimento antropogênico do clima. Em particular a nossa mídia, televisionada e escrita, apenas repete o que vem de fora, sem fazer críticas. Talvez isso ocorra por falta de conhecimento e desinteresse dos jornalistas pelo tema, ou por interesses dos controladores desses veículos de comunicação.
A mídia vem anestesiando, impondo aos cidadãos comuns o que se convencionou chamar de “lavagem cerebral”, ficando a impressão de que o homem é responsável pela mudança do clima –– o seu grande vilão. Como veículo de informação, a mídia deveria ser neutra, ouvir opiniões contrárias e tentar apenas relatar o conhecimento científico comprovado e suas limitações. Isso já aconteceu antes. No início dos anos 1940, dizia-se que o mundo estava “fervendo e estava sufocante” com o aquecimento natural ocorrido entre 1925-1946. No início dos anos 1970, ao contrário, dizia-se que estávamos à beira de uma nova era glacial, devido ao resfriamento global que ocorreu entre 1947-1976. Em adição, como argumento de que o clima está mudando, exploram os eventos meteorológicos catastróficos que ocorrem. Eventos severos sempre ocorreram no passado, muito antes de o CO2 chegar a essa concentração.
A maior seca no nordeste do Brasil ocorreu em 1877-1879, durante a qual, segundo Euclides da Cunha em Os Sertões, meio milhão de nordestinos morreram. As três maiores cheias em Manaus ocorreram em 1953, 1976 e 1922, quando o Pacífico estava frio. A cheia recorde de 2009 também ocorreu com o Pacífico frio e com a “temperatura média global” em declínio, constatação feita com dados de satélites nos últimos 10 anos.
O furacão mais mortífero nos Estados Unidos ocorreu em 1900 em Galveston, no Texas, ceifando a vida de mais de 10 mil pessoas. Nessa época, a densidade populacional era seis vezes menor que a de hoje. É preciso não confundir intensidade dos fenômenos meteorológicos com vulnerabilidade da sociedade, que aumenta com o crescimento populacional.
Ademais, a sociedade tende a se aglomerar em grandes cidades, tornando mais catastrófico atualmente um fenômeno com a mesma intensidade de outro que houve no passado. O homem não tem capacidade de mudar o clima global, mas sim de modificar seu entorno, seu próprio ambiente.
Catolicismo — O Sr. crê na idéia de que a aplicação do Protocolo de Kyoto produz efeitos no clima da Terra? E quanto ao Protocolo de Montreal, que obrigou os 191 países signatários a extinguirem o CFC (clorofluorcarbono) e outras substâncias destruidoras de ozônio?
Prof. Molion — Sob o ponto de vista de efeito estufa e de aquecimento global, o Protocolo de Kyoto é inútil, assim como o serão quaisquer tentativas de reduzir as concentrações de carbono na atmosfera para “combater o efeito estufa”. Nele é proposta uma redução de 5,2% das emissões, comparadas aos níveis dos anos 1990. Estamos falando de cerca de 0,3 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a). Para se ter uma idéia, estima-se que os fluxos naturais entre os oceanos, solos e vegetação somem cerca de 200 GtC/a. O grau de imprecisão admitido nessas estimativas, perfeitamente aceitável, é de 20%. Isso representa um total de 40 GtC/a para cima ou para baixo (80 GtC/a), 13 vezes mais do que o homem coloca na atmosfera e 270 vezes a redução proposta por Kyoto.
Catolicismo — Atualmente não se fala mais da camada de ozônio. O que ocorreu?
Prof. Molion — Com a minha idade e conhecimento dessa área, já vi ocorrer num passado próximo algo muito semelhante, utilizando exatamente a mesma “receita”: a eliminação dos compostos de clorofluorcarbono-CFCs (Protocolo de Montreal), sob a alegação de destruírem a camada de ozônio.
Em minha opinião, foi uma grande farsa, um grande golpe econômico para que as indústrias detentoras de patentes dos substitutos –– que têm suas matrizes no G7, e lá pagam impostos sobre seus lucros –– explorassem os países em desenvolvimento, particularmente os tropicais (Brasil, Índia...) que precisam de refrigeração a baixo custo.
Sabe-se que a concentração de ozônio depende da atividade solar, mais especificamente da produção de radiação ultravioleta (UV). Ou seja, o ozônio não filtra a UV, e sim a UV é consumida, retirada do fluxo solar para a formação do ozônio. O sol tem um ciclo de 90 anos. Esteve num mínimo desse ciclo nas primeiras duas décadas do século XX e apresentou um máximo em 1957/58, Ano Geofísico Internacional, quando a rede de medição das concentrações de ozônio se expandiu e os dados de ozônio passaram a ser amplamente coletados e disseminados.
A partir dos anos 1960 a atividade solar (UV) começou a diminuir, e a camada de ozônio teve suas concentrações reduzidas paulatinamente. O sol está iniciando um novo mínimo do ciclo de 90 anos, e estará com atividade baixa nos próximos 22 anos, até por volta de 2035. Nesse período a camada de ozônio atingirá seus valores mínimos desde que começou a ser monitorada. Mas, como os CFCs já foram praticamente eliminados, e a exploração econômica já foi resolvida, não se fala mais sobre o assunto.
Em princípio, o sol só voltará a um máximo, semelhante ao dos anos 1960, por volta do ano 2050. Só aí, possivelmente, é que a camada de ozônio venha atingir os mesmos níveis dos anos 1950/60. O aquecimento global antropogênico segue a mesma “receita” que eliminou os CFCs. Esses gases estáveis, não tóxicos e não-corrosivos, tinham um terrível “defeito”: não pagavam mais direitos de propriedade (“royalties”). Hoje se vê claramente quem foram os beneficiados por tal falcatrua. Os do aquecimento global antropogênico ainda não são óbvios, mas a História dirá!
Catolicismo — O que pode ser feito para o meio ambiente?
Prof. Molion — Usar os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL): atividades humanas que reduzam a poluição (note: poluição, e não CO2!) do ar, das águas e dos solos, reflorestamento de áreas degradadas. São medidas sempre muito bem-vindas, e devem ser apoiadas. É importante não confundir conservação ambiental com mudanças climáticas. Aqueça ou esfrie, temos de conservar o ambiente.
Catolicismo — A elevada concentração na atmosfera de CO2 e outros gases que supostamente causam o efeito estufa não interferem na saúde humana?
Prof. Molion — O principal gás de efeito estufa, se é que esse efeito existe, é o vapor d’água (água na forma de gás). Em alguns lugares e ocasiões sua concentração chega a ser 100 vezes superior à do CO2. Este, por sua vez, é um gás natural, é o gás da vida. Na hipótese, altamente improvável, de eliminarmos o CO2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra. O homem e os outros animais alimentam-se das plantas. Eles não produzem os alimentos que consomem. São as plantas que o fazem, por meio da fotossíntese, absorvendo CO2 e produzindo amidos, açúcares e fibras. Outros gases, como metano e óxidos de nitrogênio, estão presentes em concentrações muito baixas, que não causam problemas.
Fala-se muito que o aumento da temperatura global provocaria ipso facto uma proliferação do número de doenças que dependem de mosquitos como vetores (febre amarela, malária, dengue, por exemplo). Convém lembrar que a malária matou milhares de pessoas na Sibéria nos anos 1920, um período muito frio, e que já foi encontrado Aedes aegypti vivendo a –15°C (abaixo de zero). Esses mosquitos continuam matando seres humanos e já sobreviveram a climas mais quentes e mais frios. Portanto, o problema seria mais de saneamento básico do que de clima. Entretanto, todo esforço que se fizer para diminuir a poluição do ar, águas e solos será muito benéfico para a humanidade.
A propósito, as concentrações de metano se estabilizaram nos últimos 20 anos, embora continuem a se expandir as atividades agropecuárias, como orizicultura e pecuária ruminante.
Catolicismo — Essa questão do metano está sendo muito falada. A pressão ambientalista aponta a pecuária e o desmatamento como os principais vilões no Brasil. Nossa agroindústria seria uma das piores intoxicadoras do planeta com CO2. Qual a base científica para tais afirmações, no que diz respeito à emissão de metano pelo gado ruminante? Em um filme de ambientalistas holandeses, estes chegam a apresentar o desenho de um boi poluindo mais que quatro veículos...
Prof. Molion — O metano é resultante da fermentação anaeróbia da matéria orgânica (vegetal e animal). Arrozais, animais ruminantes e cupins são produtores de metano. Também o são as áreas com vegetação alagadas periodicamente (como os milhares de hectares das várzeas amazônicas). Entretanto, apesar de as áreas cultivadas com arroz terem aumentado e os ruminantes estarem crescendo à taxa de 17 milhões de animais por ano (o Brasil já passou de 200 milhões de cabeças), a concentração de metano se estabilizou, segundo as medições da rede da NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, irmã da NASA, USA), e tem mostrado taxas anuais negativas (ou seja, decréscimo de concentração). Ninguém sabe o porquê disso, nem mesmo o maior especialista em metano, Aslam Khalil, da Universidade Estadual de Portland (EUA). Os nossos rizicultores e pecuaristas podem, portanto, respirar aliviados, pois não têm culpa alguma.
Em minha opinião, o metano chegou à concentração de saturação nas condições de temperatura e pressão atmosférica atuais. O metano adicional (já que as fontes continuam aumentando) que vem sendo lançado na atmosfera está sendo absorvido, muito provavelmente pelos oceanos. Mais uma evidência de que as atividades humanas não alteram nem a concentração atmosférica dos chamados gases de efeito estufa nem o clima (ou temperatura) do planeta. Ao contrário, sua concentração é dependente da temperatura. Como o planeta vem esfriando, e haverá um resfriamento global nos próximos 20 anos, as concentrações desses gases vão diminuir. Começou com o metano e chegará a vez do CO2. Mas isso é negado na palhaçada em Copenhague, por ocasião da reunião da COP 15.
Catolicismo — O Sr. gostaria de fazer algumas considerações finais?
Prof. Molion — O homem não tem condições de mudar o clima global, mas grande capacidade de modificar/destruir seu ambiente local. A Terra se compõe de 71% de oceanos e 29% de continentes. A metade desses 29% é constituída de gelo (geleiras) e areia (desertos), enquanto 7 a 8% do restante encontram-se cobertos com florestas nativas e plantadas. O homem manipula, então, cerca de 7% da superfície global, não podendo portanto destruir o mundo.
Os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principais controladores do clima global. Mas existem outros controladores externos, como aerossóis vulcânicos, e possivelmente raios cósmicos galácticos, que podem interferir na cobertura de nuvens.
Em resumo, o clima da Terra não é resultante apenas do efeito estufa ou do CO2 e sua concentração. Ele é produto de tudo aquilo que ocorre no universo e interage com o nosso planeta. Como foi dito, a conservação ambiental independe de mudanças climáticas e é necessária para a sobrevivência da humanidade.
Fonte:
Revista Catolicismo
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