Foi o Próprio Deus, Nosso Senhor, Jesus
Cristo, quem nos advertiu no "Sermão da Montanha"- "Guardai-vos dos falso
profetas, que vêm a vós vestidos de cordeiros mas por dentro são lobos vorazes".
(Mt. 7,15) Estas palavras ecoam através dos séculos para nós Católicos de agora,
que estamos tanto quanto, ou até mais, necessitados de tal advertência. O que
deveria nos motivar a prestar mais atenção nesta advertência e ter mais cuidado
em nossas vidas diárias? O fato de que a pureza e a integridade da fé é um
assunto sério. A Fé de uma pessoa pode ser facilmente corrompida.
O Catecismo de Baltimore afirma que:
"Uma pessoa que nega até mesmo um só artigo de
nossa fé não poderia ser um Católico; pois a verdade é uma só e precisamos
aceitá-la inteira ou então não aceitar nada". Isto meramente repete o
ensinamento de Nosso Senhor conforme escrito por São Tiago: "pois quem guarda os
preceitos da lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-á culpado de toda ela."
(S. Tiago 2,10)
São Tomás de Aquino acrescenta: "rejeitar um só
artigo ensinado pela Igreja é suficiente para destruir a fé do mesmo jeito que
um pecado mortal é suficiente para destruir a caridade..."
Papa Leão XIII, em sua encíclica "Satis
Cognitum", ensina com todas as palavras: "Nada é mais perigoso do que os
hereges que, enquanto conservam quase todo o remanescente do ensino da Igreja
intacto, corrompem com uma única palavra, como uma gota de veneno, a pureza e a
simplicidade da fé que nós recebemos através da tradição tanto de Deus quanto
dos Apóstolos". Não somente deveríamos prestar muita atenção ao aviso de Nosso
Senhor por causa da FACILIDADE com que a Fé de uma pessoa pode ser corrompida,
mas deveríamos também encontrar motivação no fato de que o perigo prevalece hoje
em dia mais do que o era na virada do século, 87 anos atrás, quando São Papa Pio
X sentiu a necessidade de escrever:
"Os partidários do erro não devem ser procurados
apenas entre os que são abertamente inimigos da Igreja; mas... em seu próprio
seio, e estes são mais nocivos por atuarem às escondidas." "A Igreja não tem
inimigos piores". Pois eles colocam em operação seus desígnios para a destruição
dela não pelo lado de fora, mas por dentro. Assim, o perigo está presente quase
nas próprias veias e no coração da Igreja, e o dano é mais certo pelo próprio
fato de que o conhecimento que eles têm dela é mais íntimo"."Eles tomam o
encargo de professores nos seminários e universidades e, gradualmente ,fazem
deles e delas cadeiras de pestilência". Certamente não esperamos encontrar
homens vestidos com pele de ovelhas. Não. O que nos é dito para "temer" é aquilo
que na superfície soa agradável aos ouvidos; aquilo que parece "positivo" ou
"benigno" à primeira vista. Mas por trás de tudo isso está um erro sutil que
destrói a Fé. Qual é um dos melhores meios pelos quais um erro contra a fé pode
ser ensinado a um Católico e fazer com que ele o aceite facilmente como verdade
mesmo se, a princípio, ele questionava a sua novidade. O jeito que foi usado na
virada do século foi dizer que "doutrina evolui", ou que "a verdade evolui com o
homem". Hoje em dia, entretanto, como a evolução não é geralmente olhada de
maneira favorável pelos Católicos, eles vão ao invés disso dizer que temos que
perceber que há um "desenvolvimento doutrinal" - esta é a "pele de cordeiro" da
qual Nosso Senhor falou.
Qual maneira seria melhor para que falsas
doutrinas sejam aceitas pelos fiéis do que clamar que a doutrina só "parece
diferente" porque são verdades do tempo antigo que "desenvolveram" e
progrediram, ou avançaram! Este é um dos mais incidiosos e traiçoeiros métodos
de corrupção da fé de um Católico. A palavra "desenvolvimento" soa benévola ou
muito "teológica" aos ouvidos, e pode muito bem pegar as pessoas desprevenidas.
É um termo muito geral que tem mais de um significado: tenha cuidado com
palavreado ambíguo. O termo tem que ser entendido corretamente.
Quando um carvalho cresce, amadurece e se
desenvolve como qualquer coisa na natureza. O carvalho contém em perfeição o que
a sua semente guardava. A semente do carvalho não poderia mais tarde tornar-se
uma macieira. Com relação às verdades sobrenaturais de Revelação Divina vemos
que isto é verdade. A Igreja não pode em certo tempo condenar algo como sendo
pecado ou erro e mais tarde ensinar que é verdade ou uma virtude.
Vamos examinar o caso de um jovem que viveu
gerações atrás, digamos, Michael Ghislieri. Aos 10 anos, o menino aprende seu
catecismo, recebe os sacramentos e professa sua Fé. Ele é um Católico puro e
simples e sabe as verdades de sua fé. Conforme amadurece, assim acontece com sua
fé e compreensão das verdades, que ele sempre soube que são verdadeiras. Mais
tarde na vida, ele estuda filosofia e teologia e se torna um teólogo. Ele ainda
é tão Católico quanto foi aos 10 anos, mas agora ao invés de simplesmente SABER
que as coisas são verdade, ele agora sabe os PORQUÊS e COMOS dessas verdades.
Ele adquiriu uma MELHOR compreensão conforme cresceu. Isso nada mais é do que um
"desenvolvimento de doutrina" em seu VERDADEIRO SENTIDO. Aos 10 anos ele era
Católico com BOA compreensão das Verdades da Fé. Sendo um teólogo e mais velho
ele acredita e professa as MESMÍSSIMAS doutrinas com o MESMO SIGNIFICADO mas com
MELHOR compreensão.
(Agora conhecemos Michael Ghislieri por S. Papa
Pio V.)
Nosso Senhor deu à Igreja as Verdades da Fé. A
Igreja ensina que a Revelação terminou com a morte do último apóstolo. Este
"Depósito da Fé" tem sido preservado e ensinado infalivelmente desde o começo.
Quando a Igreja era jovem, os Cristãos tinham um BOM conhecimento da Fé.
Conforme a Igreja cresceu nós desenvolvemos um MELHOR entendimento do que o
sagrado depósito contém. Um Católico no ano 94 D.C. é tão Católico como um
teólogo ortodoxo do século XX, acreditando nas mesmas doutrinas - nada
contrário. A Verdade é imutável. O que foi condenado uma vez pela Igreja no
passado, não pode mais tarde ser aprovado por princípio, nem pode algo que uma
vez foi declarado verdadeiro e bom pela Igreja tornar-se mais tarde falso e
pecaminoso. Um verdadeiro desenvolvimento da doutrina "aumenta" sua compreensão
de pontos delicados e sua relação com outras verdades. Nunca pode um MELHOR
entendimento significar que o que foi entendido previamente era defeituoso. Era
entendido com menos detalhes, mas NÃO era um erro, nem algo contrário. Um
teólogo acredita nas mesmas verdades que um garoto de escola, com a diferença
que aquele sabe com mais detalhes. Estes maiores detalhes não podem ser
contrários ao que o garoto de escola sabe.
Então, vemos Nosso Senhor nos alertando sobre
homens que procurariam corromper nossa Fé. Hoje em dia tais homens muito
frequentemente vestem a pele de cordeiro do "desenvolvimento doutrinal" para
enganar Católicos incautos, a fim de que acreditem em doutrinas diferentes do
que as que lhes foram ensinadas previamente pela Igreja. A pele de cordeiro que
é tão traiçoeira e insidiosa é a da "posição eclesiástica". A Igreja tem tido
que lidar com tais hereges no passado, e lidou com eles de forma severa. Hereges
que ocupam altos cargos na Igreja podem facilmente enganar o Católico mediano
simplesmente premanecendo em seu posto de dignidade (como vemos na citação
acima, de S. Papa Pio X). A história mostra que isso tem causado desastres na
Igreja. Bispo Arius é um bom exemplo. A heresia Ariana fez com que cerca de 80%
do clero se afastasse da Fé. E muitos foram com eles, não porque tenham
entendido aquela heresia, mas simplesmente porque seguiram seu clero.
São Paulo parece ter nos advertido a respeito de
doutrina diferente quando vêm de uma fonte com ofício ou dignidade especial:
"...há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o
Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu, vos
anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja
anátema." (Gl. 1,7-9) São Paulo nos dá um princípio para lembrarmos: "irmãos,
ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por
palavras, seja por carta nossa." (2 Ts. 2,14) A Verdade imutável é encontrada na
tradição. Muitas pessoas hoje em dia reconhecem as heresias que estão infestando
a Igreja e estão tentando prestar ouvidos às palavras de São Paulo.
Um Católico comum não há muito tempo atrás
mencionou o fato perturbante de que seu pároco na Pennsylvania estava dizendo a
seu rebanho que o batismo não era necessário! Se isso tivesse acontecido há
centenas de anos atrás, mesmo considerando-se as comunicações e transportes
lentos, ele seria hoje um herege infame como um Zwingli, Donatus ou Calvino!
Hoje em dia, entretanto, este sacerdote vai casualmente seguindo seu caminho
destruindo almas.
Muitos Católicos hoje em dia tem que estar extra
vigilantes porque esses hereges não estão sendo condenados, e podem ser
encontrados em muitas paróquias. Alguns desses Católicos vigilantes se auto
denominam "Católicos tradicionais" para se diferenciarem daqueles que não estão
se apegando com força às tradições. O termo, entretanto, é redundante: O
Catolicismo, como temos visto, é essencialmente tradicional. Chamar um Católico
de "tradicional" é como chamar um círculo de "redondo" ou dizer "um triângulo de
três lados". Mas o termo hoje em dia parece ser necessário para contra atacar
aqueles que quebraram com a tradição mas ainda assim se chamam "Católicos".
Infelizmente, há inúmeros tipos diferentes desses "tradicionalistas", mas a
despeito de nossos sentimentos para com eles, temos que estar conscientes para
NÃO deixar que nossos sentimentos diminuam o amor que todos nós deveríamos ter
pela tradição, que é a pedra de toque do Catolicismo. Ninguém está acima da
tradição.
Nós lemos as fortes palavras de São Paulo -
"mesmo que nós, ou um anjo do céu". Estas palavras incluem a advertência de que
mesmo o ofício de um Papa pode ser usado para espalhar heresia. Obviamente, em
tal caso, haveria um "anti-papa" e não um Papa de verdade. A Pele de Cordeiro do
"ofício eclesiástico" é tão eficaz em promover o erro que São Bernardo, Cardeal
Newman, e outros, logicamente acreditavam que a única maneira pela qual o
Anti-Cristo poderia ser tão eficaz ao criar uma "grande apostasia" entre
Católicos seria tornando-se um "anti-papa" o qual a maior parte do mundo
Católico pensaria ser um Papa válido. (veja o artigo ANTICRISTO na "Enciclopédia
Católica)
Então vemos:
1) Como se pode facilmente cair em erro e cessar
de ser Católico.
2) Como o erro prevalece hoje em dia.
3) Quão sério é o apego a tradição.
4) O verdadeiro sentido de "Desenvolvimento
Doutrinal"
5) A pele de cordeiro tanto do "ofício
eclesiástico" quando da "evolução da verdade". O princípio que está no coração
de tudo isso: A Verdade Católica é imutável. Ela não mudou, não pode e não vai
mudar. Seria bom ler citações da Igreja declarando esta verdade de importância
crucial.
O juramento Solene feito perante Deus e imposto a
todos os sacerdotes de 1910 até 1868 é muito claro quanto ao significado de
verdade imutável: "Eu aceito sinceramente a doutrina da fé transmitida pelos
apóstolos através dos pais ortodoxos, sempre com o mesmo sentido e
interpretação, mesmo para nós; e dessa forma rejeito a invenção herege da
evolução dos dogmas, passando de um significado para outro diferente daquele que
a Igreja tinha no princípio; ...a absoluta e imutável verdade pregada pelos
apóstolos desde o começo não pode nunca ser acreditada de outra forma, nunca
pode ser entendida de outra forma.... Assim o prometo, assim eu juro, e que
Deus, etc."
"Se alguém diz: pode acontecer que a respeito de
doutrinas apresentadas pela Igreja, algumas vezes, conforme o conhecimento
avança, elas deveriam receber um outro sentido diferente daquele que a Igreja
entendeu e entende, que seja anátema". - Concílio Vaticano (1870)
S. Pio X, que chamou o "modernismo" de "supra
sumo de toda heresia", condenou o seguinte: CONDENADO "58. A verdade não é mais
imutável do que o próprio homem, já que evolui com ele, nele e através
dele""...o erro dos modernistas, que afirmam que a verdade dogmática não é
absoluta mas sim relativa, quer dizer, que ela muda de acordo com as
necessidades que variam de acordo com tempo e lugar e com as mutáveis tendências
da mente; que ela não é contida numa tradição imutável, mas pode ser alterada
para se adaptar às necessidades da vida humana."
Catecismo de Baltimore:
Q. 546. A Igreja pode mudar suas leis?
A. A Igreja pode, quando necessário, mudar as
leis que ela mesmo fez, mas não pode mudar as leis feitas por Cristo. A Igreja
também não pode mudar nenhuma doutrina de fé ou de moral.
Q. 568. A Igreja, definindo certas verdades, faz
dessa maneira novas doutrinas?
A. A Igreja definindo, quer dizer, proclamando
certas verdades, artigos de fé, não faz novas doutrinas, mas simplesmente ensina
de maneira mais clara e com maior esforço verdades que sempre foram acreditadas
e mantidas pela mesma.
Traduzido por Alessandro Lima do original em
inglês "The Wolves in Sheep's Clothing...", do site
www.thecatholictreasurechest.com.
Fonte Eletrônica;
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