5-6Porque os vivos, esses sabem pelo menos que hão-de morrer! Mas os mortos não sabem nada; nem sequer têm memória. Tudo o que fizeram em vida- os seus amores, ódios, rivalidades -tudo se foi com eles, e já não têm participação de espécie alguma naquilo que se passa aqui na Terra. (Eclesiastes 9:5-6)
Em primeiro lugar, temos que ter muito cuidado ao definir o que “mortos” significa neste contexto. Como sabemos, os que se mantém fiéis ao Evangelho de nosso Senhor são garantidos “Vida Eterna”, tal e qual assegurou Jesus à Marta diante da morte de seu irmão Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim viverá, ainda que morra, e quem vive e crê em mim nunca morrerá .” (João 11:24-25).
Então, como podemos interpretar corretamente Eclesiastes 9:5-6?
Basta colocar que essa escritura se refere àqueles que partiram injustificados ou fora da ‘amizade’ de Deus. O texto de Eclesiastes 9:5-6 afirma claramente que eles, os mortos, não têm mais recompensa alguma, e morreram (ou seja, não alcançaram a Vida Eterna, a recompensa dos crentes) juntamente com seu amor, ódio e inveja. Eles não têm parte nesse mundo ou no vindouro. Claramente, esta escritura não se refere àqueles que viveram o Evangelho e confessaram fé em Jesus como Salvador. Caso contrário, como poderíamos ter sequer esperança de alcançarmos o Reino dos Céus? O Antigo Testamento também confirma esse entendimento em outra passagem, onde aquele que ‘morre’ consiste claramente naquele que em vida não se arrepende de suas ofensas e parte do mundo físico fora da Graça de Deus:
Como? perguntam vocês. Então o filho não há-de pagar pela maldade do pai? Não! Porque se fizer o que é recto e guardar os meus mandamentos, com toda a certeza que há-de viver. Aquele que pecar, esse morrerá. (Ezequiel 18:19 – Bíblia Protestante: O Livro)
O indivíduo que peca, esse é que deve morrer. [...] O justo receberá a justiça que merece e o injusto pagará pela sua injustiça. Se o injusto se arrepende de todos os erros que praticou e passa a guardar os meus estatutos e a praticar o direito e a justiça, então permanecerá vivo, não morrerá. (Ezequiel 18:20 – Tradução Católica: A Bíblia Sagrada)
Ora, sabemos que todo ser humano, justo ou pecador, morre no corpo físico. Portanto, essa passagem seguramente trata da morte espiritual, em contraste à Salvação Eterna, ou Vida Eterna. São Pedro ecoa essa verdade em sua Epístola:
Por esta razão, o evangelho foi proclamado, mesmo para os mortos, de modo que, apesar de terem sido julgados em carne e osso como todos são julgados, eles possam viver em espírito como Deus faz. (1 Pedro 4:6)
Note que por esse motivo Jesus se referiu à morte de Lázaro como ‘sono’, causando confusão na mente de seus díscipulos, que não perceberam o que Jesus tentava lhes dizer. Desse modo, Jesus os falou abertamente: “Lázaro está morto” ( João 11:14).
Agora, a Igreja Católica ensina que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo, e que esse corpo é formado tanto pelas almas dos santos defuntos, bem como pelos fiéis e santos no mundo temporal (pessoas viventes). A Igreja ensina também que dentro do Corpo de Cristo há o que chamamos de Comunhão dos Santos tanto na terra como no céu, como é mencionado no nosso Credo:
[...] Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos e na vida eterna.
Os católicos acreditam que o santos que partiram do mundo físico vivem em espírito (1 Pedro 4:6), pois alcançaram a vida eterna e por isso continuam a fazer parte do Corpo Místico de Cristo! A Bíblia nos atesta isso em outras passagens, como por exemplo as que seguem abaixo:
Ali ele foi transfigurado diante deles. Seu rosto brilhava como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Só então apareceu diante deles Moisés e Elias, conversando com Jesus. (Mt 17:2-3)
Os católicos, assim como todos os outros cristãos, não rezam aos ‘mortos’, oram sim pela intercessão dos santos de Deus, aqueles que vivem em glória no céu. A isso chamamos de Igreja Triunfante, ou seja, a Igreja constituída por todos os que obtiveram a Vida Eterna, e não castigo ou morte eterna que significa a separação perpétua de Deus.
Eis o que o Catecismo da Igreja Católica diz sobre a Comunhão dos Santos:
947 Porque é que acredita nisso? São Paulo explicou que o corpo é corruptível quando ele está enterrado, mas será incorruptível quando levantado.
“Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo físico, é ressuscitado corpo ESPIRITUAL“(1 Coríntios 15:43-44).
Dito isso, eu gostaria de passar para um segundo, mas o não menos importante ponto, que diz respeito ao caráter de nossas orações ou petições. Vamos esclarecer que a palavra rezar vem do latim e significa “Pedir, Dirigir súplicas.”
A Igreja Católica proíbe qualquer tipo de adoração ou oração de louvor ao santos, esse tipo de oração deve ser dirigida somente à Deus. Obviamente, enquanto Cristãos, os Católicos acreditam na Santíssima Trindade, portanto, orações de adoração podem ser dirigidas às três pessoas da Santíssima Trindade.
Portanto, “pedir” aos santos para rogarem ao Senhor em nosso favor não difere do ato de solicitar as preces de um amigo, ou de interceder por aqueles que nos pedem por nossas orações.
Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e, com isso em vista, estar em alerta com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e orar em meu nome, esse enunciado pode ser dado a mim na abertura do minha boca, para dar a conhecer com ousadia o mistério do evangelho [...] (Efésios 6:18)
Aquele que perscruta os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque Ele faz intercessão pelos santos de acordo com a vontade de Deus. (Romanos 8:27)
Outras Passagens sugeridas para consulta:
Rom. 8:28 – Aliás, sabemos que todas as coisas “concorrem para o bem” (do grego “sunergei eis Agathon”) daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os Seus desígnios.
1 Tm 2:5-6 – Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em seu tempo;
Provérbios 15:8,29 – O Senhor está longe dos maus, mas atende à oração dos justos (santos).
Na carta de Tiago 5:16, lemos que quanto mais poderosas são as orações dos santos no céu, na qual a justiça tem sido aperfeiçoada. Já no Antigo Testamento, vemos esses exemplos de intercessão seres celestiais em nome da vida:
“Mas naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que Se levanta pelos filhos do teu povo, e um tempo virá, tal como nunca houve desde o tempo que as nações começaram, até que o tempo. E naquele tempo o teu povo seja salvo, todo aquele que for achado escrito no livro. “-Daniel 12:1
“Eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me.”-Daniel 10:13
Portanto, a posição católica dá a Jesus ainda mais glória. Ele faz tudo, mas nos ama tanto que Ele deseja a nossa participação. Assim, recorremos aos Santos porque cremos que as orações dos justos são fortes e cheias de eficácia e porque estão dispostos a cooperar conosco para a nossa salvação.
“Como todos os fiéis formam um só corpo, o bom de cada um é comunicado aos outros …. Devemos, portanto, acreditar que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, pois Ele é a cabeça ….
As riquezas de Cristo são comunicadas a todos os membros, através dos sacramentos. 478″ Como esta Igreja é governada por um único e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum. 479″ (Ef 6.: 18-19).
FONTE ELETRÔNICA;
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