O voluntário da Cruz Vermelha Gilberto de Almeida, de 59 anos, saiu de casa na manhã desta terça-feira com uma missão: representar o presidente da entidade, que estava viajando, no velório de dom Eugenio Sales. No meio do caminho, ao ver uma criança mostrar para a mãe algumas aves em um abatedouro da Rua Doutor Bulhões, no Engenho de Dentro, teve a ideia de comprar uma pomba para homenagear o cardeal.
A pomba branca representa a paz. Achei que seria uma maneira simbólica de soltá-la durante a cerimônia e agradecer tudo o que ele fez pela Cruz Vermelha. Ele sempre ajudou as nossas campanhas.
A ave, que custou R$ 25 e era para ser apenas uma singela homenagem, virou um fato curioso, que chamou a atenção dos fieis e de toda a imprensa: a pomba, ao ser solta, voou e pousou sobre o caixão. E ali ficou por mais de uma hora, provocando muitos comentários dos fieis como “É a presença do Espírito Santo”.
Não dá para explicar. Foi uma coisa impressionante. Minhas pernas começaram a tremer. Quando já estávamos dentro da igreja, eu perguntei se queriam que eu a tirasse de lá e um diácono disse “Deixa aí. Isso é um sinal de Deus”. E foi mesmo.
Gilberto mora em Água Santa, na Zona Norte, e tem quatro filhos. A primeira vez que ouviu falar em dom Eugênio foi quando ele ainda era criança, em 1963, durante uma enchente que atingiu a Praça da Bandeira e deixou sua família sem ter onde morar. Dom Eugênio foi uma das pessoas que ajudou os desabrigados.
Além de trabalhar na Cruz Vermelha, Gilberto, que já foi engraxate na Praça Onze, é corretor de imóveis. O voluntário conta que é batizado na Igreja Batista (evangélica), mas que não é adepto a nenhuma religião.
Eu não frequento igrejas. Entro em todos os lugares onde haja necessitados, vou a qualquer lugar por causa das obras sociais.
Após passar o dia inteiro ao lado do caixão de dom Eugenio Sales, a pomba branca escolheu a missa das 18h para voar para fora da Catedral Metropolitana. Os fiéis têm até as 15h de quarta-feira para comparecer ao velório, que acontecerá inclusive durante a madrugada.
O Globo
FONTE ELETRÔNICA;
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