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quarta-feira, 11 de julho de 2012

O dogma moral do humanismo secular

Os humanistas seculares não escondem o ressentimento pela civilização Ocidental. Que eles não suportam a religião cristã, espinha dorsal da cultura ocidental, pode-se constatar historicamente desde as formulações filosóficas mais consistentes do Iluminismo Radical, entre os séculos XVII-XVIII (Cf. Jonathan I. ISRAEL. Iluminismo Radical: A Filosofia e a Construção da Modernidade 1650-1750).

De lá pra cá, o que mudou não foi o sentimento de repulsa, desprezo e ódio a tudo que era cristão, a tudo que era considerado ultrapassado e doente, esse sentimento continua o mesmo, intocado; o que mudou e se aperfeiçoou foi a modo de articular o ataque. A estratégia é simples: faça-se de vítima, de coitadinho da história. Reproduza isso à exaustação até que a estampada fraqueza do caráter se torne a cultuada virtude dos ignorantes.

Pelo menos neste post, não é o momento para fazer a gênese dessa perspectiva, cosmovisão cujo objetivo é construir uma nova era, um novo homem. Não entanto, limito-me aqui somente a discussão a respeito da laicidade e suas inúmeras manifestações contra símbolos religiosos disfarçado na luta pelo Estado Laico e os direitos das minorias. Só uma pequena exibição, selecionada a esmo, do quanto os humanistas seculares – apostolado de uma nova religião política disfarçada de bom-mocismo – odeiam a cultura que, de certa forma, os geraram.

E vale apena destacar aqui algo importante: investigar e atacar os pressupostos secularistas não significa ser contrário ao Estado Laico e muito menos ser contrário aos direitos e liberdades individuais. Também não significa que defenderei o Ensino Religioso em Escola Pública. Procurarei mostrar que a intenção dos secularistas é legítima por um lado, mas por outro é bastante inconsistente.

É legítima por levantar a dura problemática de como viver em uma sociedade pluralista; por outro lado, é inconsistente nos pressupostos a respeito, primeiro, da função do estado na educação; segundo, da concepção de ensino religioso e, por último, na posição declaradamente anticristã.

Imagine se o nosso país fosse uma Itália? Roma deve ser o inferno para um humanista secular “Deixai toda esperança ó vós que entrais: bem vindo: chute uma lata e encontre um símbolo cristão”. Não é à toa o esforço de alguns humanistas, amantes da humanidade, porem odiosos de seus semelhantes, tentarem por lá acabar com a leitura de Dante nas escolas. Em Terra Nostra a presença de crucifixos nas escolas continua uma causa perdida para eles.

A coisa por aqui, no entanto, traz as suas sutilezas. Ao menos, por enquanto, não se tentou proibir a leitura de Macunaíma, a verdadeira síntese do ethos brasileiro; não obstante, mandaram Monteiro Lobato para o index do politicamente correto e agora lutam pela justa causa das minorias: acabar com o Ensino Religioso nas Escolas Públicas, retirada dos Crucifixos de departamentos públicos, principalmente Tribunais e por aí vai. É fácil cair no discurso do coitadismo, entretanto, nós cristãos não precisamos disso e também não precisamos imaginar teorias conspiratórias e maluquices do gênero. Contudo, deve-se conhecer com precisão o horizonte lógico por trás da guerra na qual estamos sendo jogados, deve-se conhecer com mais precisão ainda a natureza dos ataques aos quais estamos sendo constantemente submetidos. Cf. Juan C. SANAHUJA. Poder Global e Religião Universal. Vincular o Link – http://www.ecclesiae.com.br/Temas-Controversos/Poder-Global-e-Religi%C3%A3o-Universal/flypage.tpl.html)

A questão aqui é mais pragmática e é bom analisá-la à luz da imparcialidade lógica. Ficarei apenas com a discussão a respeito do Ensino Religioso. Limitarei a demonstrar que não há boas razões para a objeção segundo a qual oferecer Ensino Religioso nas Escolas Públicas é um desrespeito ao Estado Laico, uma vez que as premissas e a estrutura do raciocínio não se sustentam ao crivo da boa análise filosófica.

Quais as desculpas esfarrapadas poderiam justificar as Escolas Públicas não poderem oferecer o Ensino Religioso? Ora: “O Estado é Laico” e “a Religião não pode ser ofertada obrigatoriamente em escola pública”. Parece uma justificativa impecável! Argumenta o “defensor das minorias” e, claro, não consegue esconder, dos seus próprios interesses seculares, pois “a religião deve ser uma interação familiar do aluno.” E “a lei tem o problema de excluir as religiões minoritárias, o que ‘é um preconceito oficial’”. (Cf. Agência Brasil – vincular o link: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-06-25/sindicato-pede-ministerio-publico-que-verifique-se-lei-que-instituiu-ensino-religioso-nas-escolas-do-)

Há muitos problemas pressupostos aí e todo conjunto de afirmações é inconsistente. Entretanto, não se deve tirar o mérito de uma pequena parcela da preocupação levantada pela crítica secularista. Em um mundo pluralista se corre sempre o risco de deixar alguém de fora ou, pior ainda, homogeneizar a riqueza de idiossincrasias culturais em nome de certo grupo de privilegiados, seja lá qual for as razões do privilégio.

De fato é uma preocupação legítima: afinal, como resolver a questão da diversidade da cultura religiosa, sobretudo aqui no Brasil, em aulas de Ensino Religioso? Quem vai ensinar a religião e por que e sob quais alegações deixar essa ou aquela de fora? E os ateus, como ficam? Por que a religião católica ou a evangélica e por que o cristianismo?

Embora seja fácil demonstrar que tal preocupação não passa de tempestade em um mísero copo americano d’água. Ela é legítima, mas não a ponto de ser merecer de passeatas, interferências de Ministério Público e desperdício dos poucos neurônios que restam em atividade.

A verdade é que pluralismo não é relativismo, pois não se trata de enclausurar visões de mundo em verdades logicamente intransitáveis limitadas à vida privada a fim de se evitar conflitos, mas em abertas perspectivas de valores transitáveis e coexistentes mesmo que conflituosos. Na perspectiva pluralista não se trata de impor uma única perspectiva de crença ou visão de mundo em nome da tolerância de fachada, mas defender a própria realidade da pluralidade dos valores como um dos radicais e estruturais componentes da natureza do ser humano. De fato, é impossível a coexistência pacífica e uniformizada, sempre haverá pontos de conflitos. Negar isso é negar a própria humanidade do homem.

Porém, diferente do relativismo dogmático, o pluralismo não impõem renúncias públicas às nossas próprias convicções. Não há a máxima do pensamento uniformizado em nome de uma suposta liberdade, da não-discriminação e dos direitos das minorias, como sintetiza a máxima do politicamente correto. Como afirmou, em 2005, o Cardeal Ratzinger: “O conceito de discriminação é cada vez mais alargado, e assim a proibição da discriminação pode se transformar gradualmente em uma limitação da liberdade de opinião e da liberdade religiosa [...] A confusão ideológica de liberdade conduz ao dogmatismo, que se tem revelado cada vez mais hostil à liberdade”

Pois se o problema fosse verdadeiramente com a pluralidade, com a diversidade, com o respeito às diferenças e a imparcialidade do Estado diante de certas posições filosóficas e o privilégio de certas visões de mundo, ora, alguém teria de explicar as razões desses mesmos críticos não organizarem passeatas ou recorrer à interferência do Ministério público quanto ao caso de se fazer, literalmente, uso de aulas de Geografia, História, Sociologia e Filosofia para proselitismo político partidário e a catequese marxista. Ou vão se recusar a dizer que não estão ensinando marxismo como ciência e como a única possibilidade de se interpretar a História e a Economia Política? E as outras interpretações da História, da Economia Política etc?

O principal erro no raciocínio dos humanistas seculares é simples e pode ser exposto assim: Se o Estado é realmente Laico, então não pode haver Ensino Religioso. O Estado é realmente Laico, portanto não pode haver Ensino Religioso! Numa estrutura disjuntiva fica até mais fácil de visualizar: Estado Laico ou Ensino Religioso. Estado Laico, portanto não Ensino Religioso.

Primeiro, pressupõem que Ensino Religioso é Ensinar Dogmas de uma religião específica. Segundo, pressupõem que a religião não é um fenômeno da natureza humana, mas um amontoado de conteúdo de crenças regionais e particulares. Como gostam dizer: “religião é uma questão de foro íntimo”. Por fim, pressupõem que a metodologia do Ensino Religioso privilegia, necessariamente, uma ou as grandes religiões históricas, excluindo, nesse caso, as crenças das minorias.

De repente decide-se que Ensino Religioso é necessariamente Ensinar Catequese de uma religião específica, de repente é decidido que religião não é um fenômeno da natureza humana e que religião é uma questão de foro íntimo e qualquer tentativa de expor a religião em público é uma forma de discriminação. Mas quem decidiu? A partir de qual critério foi decidido? Como foi decidido?

Nenhum desses pressupostos é justificado pelos secularistas humanistas, as cartas nunca são colocadas na mesa, tudo em nome do seu mundo politicamente correto e sem religião, apenas o culto do homem pelo homem passou a ser o único valor público legítimo como síntese de uma ética universal que deve ser admitida para todos. É a máxima moral da “ética planetária”: “uma ética universal de valores relativos”. Das coisas mais estúpidas que o secular mundo moderno desenvolveu, sem dúvida foi que o rumo da vida de milhares de pessoas é decidido por meia dúzia de engenheiros sociais de gabinetes reunidos em uma infinidade de Comitês Internacionais (UNESCO, ONU, FORUM SOCIAL etc) onde tudo é financiado com o dinheiro dos impostos pagos por milhares dessas pessoas.

FONTE ELETRÔNICA;

http://www.paraclitus.com.br/2012/destaques/o-dogma-moral-do-humanismo-secular/

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