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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PEDRO NÃO É PEDRA

Os judeus Pedro, Paulo, Tiago, Maria Madalena e tantas outras lideranças da primeira hora do cristianismo foram pessoas importantíssimas na re-elaboração do pensamento judaico no cristianismo nascente. Tomemos a figura de Pedro e a sua relação com Jesus. Discípulo fiel ao Mestre, Pedro foi questionado por Jesus: Tu me amas? Três vezes a pergunta foi repetida. Dizer três vezes a mesma coisa tem um significado especial no pensamento judaico. Está ligada à declaração de fé judaica em Deus, expressa no Shemá (Escuta, ó Israel). Todo judeu é convocado professar que Deus é UM e a amá-lo com todo o coração, alma e as posses (Dt 6,4-9). A fé de Pedro foi colocada em xeque. No momento da morte de Jesus, Pedro o negou três vezes antes que o galo cantasse (Mt 26, 69-75). 

Pedro esteve presente na vida apostólica de Jesus e na hora da sua morte. Jesus valorizou o discípulo fiel curando a sua sogra e conferindo-lhe a liderança apostólica. Jesus valorizou tanto a pessoa de Pedro que ligou a sua pessoa ao seu nascimento. Como? Sim. Essa afirmação só pode ser entendida se analisarmos o sentido do nome de Pedro em aramaico, Kepha. Antes, porém, situemos o nascimento de Jesus. A comunidade de Lucas conservou a memória da ida de José e Maria a Belém para cumprir o decreto de recenseamento estabelecido pelo Imperador romano César Augusto (Lc 2,1). Estando em Belém, Jesus nasceu, segundo a tradição, em uma gruta e foi colocado numa manjedoura, lugar onde os animais comiam. A manjedoura no nascimento de Jesus tem valor simbólico importantíssimo. O substantivo grego fatné, traduzido como manjedoura, significa também cavidade aberta em uma superfície de um terreno vertical ou inclinado. O povo tinha o costume de escavar as rochas para daí tirarem pedras para construir casas. Os buracos formados nas rochas recebiam, na língua familiar, o aramaico, o nome de Kepha. Daí o significado de Kepha ser gruta escavada na rocha. Aos pobres restavam o infortúnio de morar nessas cavernas ou grutas. Kepha e fatné têm sentido correlato. Kepha traduz o substantivo grego Pétros (Pedro). Então Pedro não significa pedra? Sim, mas tomado no sentido anterior, pode significar gruta escada na rocha. E aqui, não vale o sentido de rocha, firmeza. Retornemos ao pensamento inicial: Pedro (Kepha) está ligado ao nascimento de Jesus. Vale a ousadia de pensar que Jesus se lembra do seu nascimento em uma kepha quando disse a Pedro: “Tu és caverna escavada na rocha, e sob (debaixo) dessa caverna, onde vivem os pobres, aí edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). O sentido semântico do substantivo aramaico Kepha muda completamente a tradicional interpretação do “Tu és Pedro, e sobre essa Pedra edificarei a minha Igreja”. Ou não muda? O nascimento de Jesus em Belém serviu para colocar os alicerces da futura comunidade de fé, que mais tarde passou ser chamada de Igreja. Jesus nasce pobre para libertar os pobres. Pedro continua rocha e caverna, casa dos pobres, periferia do mundo, onde as Igrejas devem estar anunciando a libertação. 

FONTE:

http://www.abiblia.org


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