No Antigo Testamento existe uma proibição fundamental de fazer imagens (Êxodo 24,4 seguintes), com a qual se exclui todo tipo de culto aos deuses estrangeiros. Apesar deste veto, a existência de imagens devocionais e cultuais em Israel é atestada do próprio Antigo Testamento e também de achados arqueológicos. A crítica profética pressupõe o abuso do uso de imagens (Juízes 6,25; 1Reis 11,5-8; 16,31-33; Jeremias 19,4s; Ezequiel 8,5ss; Oséias 11,2). No culto a Yahweh, graças à influência do mundo cananeu, também foram usadas imagens (Êxodo 32,1ss; Números 21,8s; Juízes 8,26s; 1Reis 12,28). É muito discutida a temática de uma imagem encontrada entre algumas ruínas que contém uma frase estranha: “Yahweh e a sua Asherah”. Há também o problema dos monumentos comemorativos (massebot), que provavelmente haviam um significado cultual (Gênesis 28,12.22; 35,14; Josué 4,4-9), tanto que foram posteriormente criticados (1Reis 14,23; 2Reis 18,4; 23,14; Oséias 3,4; Miquéias 5,12).
Dessas evidências se deduz que o culto divino dos hebreus, sem imagem, não era real, mas era uma exigência teológica e queria indicar a exclusividade de Yahweh.
No Novo Testamento é interessante sublinhar que Jesus e os primeiros cristãos não se preocupam dessa questão, em contraste com o judaísmo da época. Isso por que no centro de sua fé não estão as imagens, mas Cristo e a sua mensagem. De conseqüência, no Novo Testamento, não se encontra nenhum juízo, nem negativo, nem positivo, sobre a questão das imagens. Por exemplo, na controvérsia sobre a moeda do imposto (Mateus 22,15-22; Marcos 12,13-17; Lucas 20,20-26), Jesus não trata a questão do aspecto que tanto irritava aos judeus, aquele da imagem do imperador. Apesar disso, o Apocalipse (13,44s; 14,9.11; 15,2; 16,2; 19,20; 20,4) alerta e relembra o valor da doutrina do Antigo Testamento.
No nosso site esse tema tem gerado muita polêmica e, muitas vezes, tem-se pecado por falta de caridade. Não quero que este texto aumente ulteriormente a distância da caridade. Gostaria, invés, de suscitar a concórdia, virtude tipicamente cristã. A polêmica, com certeza, é fruto de falta de diálogo, que acontece entre dois interlocutores. Cada um diz suas razões sem escutar aquela dos outros. A proibição de imagens existe na Bíblia. Essa determinação é causada pela necessidade e convicção que se deve adorar unicamente a Yahweh; portanto a proibição é ligada à prática da idolatria. A crítica dos evangélicos vem exatamente nesta direção, exemplificada até mesmo no texto da pergunta a que estamos respondendo (“pessoas que adoram imagens”). Os católicos, cujo culto é também caracterizado pela presença das imagens, sublinham que as imagens não são adoradas, mas veneradas e que a adoração é unicamente devida a Deus. Teologicamente falando não existe nenhuma dúvida quanto a isso. Creio que esse aspecto devia ser o ponto de encontro para o diálogo entre os dois grupos. E aqui encontro um pouco de culpa da parte das igrejas evangélicas, que ignoram a doutrina oficial da igreja católica. Por outro lado, as manifestações de culto, sem discernimento por parte dos católicos, em relação aos santos pode facilmente degenerar e afastar-se da teologia. E aqui existe culpa do mundo católico. Se não houver compreensão e escuta, continuaremos sempre a brigar, perdendo uma oportunidade para o enriquecimento mútuo.
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