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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Parte II – As Implicações CONTINUAÇÃO DO TEXTO DE SAMUEL

Algumas Dúvidas

a. Deus permitiria um profeta como Samuel participar numa prática condenada?
Algumas pessoas raciocinam que o espírito morto de Samuel não poderia ter falado com Saul por causa da proibição por Deus de tal prática. O raciocínio destas pessoas é de que Deus não permitiria um servo tão fiel como Samuel participar numa prática condenada por Ele. Já demonstramos que Deus condena a prática da comunicação com os mortos. Concordamos que não faz sentido Deus permitir um servo dEle participar em algo condenado. Achamos, contudo, necessário lembrarmos duas coisas.

(1.) Não devemos tentar limitar Deus pelo nosso raciocínio. Deus não age sempre conforme nossas expectativas. A própria Palavra de Deus nos mostra que há muitas coisas que Deus faz cujo sentido ou explicação não nos é revelado e não cabe a nós saber (Deut 29:29). Também, a Bíblia afirma que Deus faz coisas que não temos condições de compreender (Jó 5:9; Isa 5:8,9). Por este motivo devemos ter muita cautela em tentar vincular o que vamos aceitar Deus fazendo com o que é lógico ou que segue nosso raciocínio humano. Não cabe a nós ditar a Deus o que Ele pode ou não pode fazer. Nossa mente, mesmo iluminada pela presença do Espírito Santo, é capaz de errar na sua lógica. Eis a razão pela qual Deus nos deu sua Palavra para confirmar as coisas para nós.

(2.) Há muitos exemplos na Bíblia de quando Deus permitiu uma pessoa cometer um pecado e ainda usou aquela pessoa. Isto não significa que Deus é contraditório ou que ele aprova o pecado. Isto apenas significa que Deus é soberano e mesmo quando alguém pecar, ele ainda pode realizar sua vontade.
Alguns exemplos são:


· A mentira é proibida como pecado pela Palavra de Deus (Ex. 23:1). Várias pessoas nos relatos da Bíblia mentiram, mas até suas mentiras permitiram a realização da vontade de Deus. Abraão (Gen. 20:2), Jacó (Gen. 27:18-19) e Raabe (Jos 2:1-7) mentiram, mas Deus ainda realizou sua soberana vontade através deles. Todos estes três são contados entre os antepassados de Jesus (Mat 1:1, 2, 5) e entre os colunas da fé Cristã (Heb 11: 8, 17, 21, 31). Não estamos dizendo, como alguns alegam, que Deus os abençoou por causa das suas mentiras. Estamos dizendo que Deus os abençoou apesar das suas mentiras. Nem por causa de um pecado condenado, Deus deixou de usá-los para realizar sua vontade.


· O adultério é proibido por Deus (Ex. 20:14) e a sentença era morte para ambos achados no caso de adultério (Lev 20:10). Davi cometeu adultério com Bate-Seba (2 Sam 11:2-5). O filho da sua relação morreu, mas o segundo filho que eles tiveram foi Salomão (2 Sam 12:24), um dos homens mais sábios de toda a história. Nem Davi, nem Bate-Seba foram mortos pelo seu pecado, e o filho deles veio a ser um dos maiores reis de Israel e aquele que construiu o templo do Senhor em Jerusalém.


· Davi também cometeu outro pecado quando matou o marido de Bate-Seba, Urias (2 Sam 11:14-17; 12:9). Matar era proibido por Deus (Ex. 20:13) e a sentença também era morte (Ex. 21:14). Deus não matou Davi por causa daquilo que ele fez, embora seu pecado tenha sido tão terrível como trair e matar um homem bom e justo como Urias. Apesar de tudo isto, Deus ainda continuou abençoando Davi como rei de Israel. Seu pecado teve conseqüências, mas Davi continuou sendo elogiado por Deus como “homem segundo o meu coração” (Atos 13:22), até os dias de Jesus. A Bíblia indica que, apesar dos seus graves pecados, Davi continua até hoje a ser um homem que seguia a vontade de Deus. Apesar dos seus pecados, Deus usou Davi para realizar sua vontade. Lembramos também que Davi foi um dos mais ilustres antepassados de Jesus.

Mais uma vez, não queremos insinuar que Deus aprova o pecado. Mas, é evidente que Deus pode permitir algo que vai contra a vontade dEle, ou que transgride os mandamentos dEle, e ainda realizar sua vontade através daquela pessoa ou aquela situação. Por isso devemos ter cautela em declarar que Deus jamais permitiria um servo dEle fazer esta coisa ou aquela outra. Embora a procura pela comunicação com os mortos é expressamente condenado na Palavra de Deus, isto não impede que Deus use uma situação onde houve comunicação com os mortos para realizar a vontade dEle.

b. Será que quando Saul morreu ele foi para o mesmo lugar de Samuel?
Algumas pessoas questionam a afirmação daquele que falou com Saul quando ele disse “amanhã, tu e teus filhos estareis comigo...”. Estas pessoas acham difícil acreditar que Saul, que evidentemente morreu em pecado (uma vez que, além de toda sua rebelião, ele se suicidou), poderia ir, depois de morrer, para o mesmo lugar de Samuel.

Primeiramente, precisamos observar que quando aquele que falou disse “tu e teus filhos estareis comigo” o ponto dele não era a ida de Saul para um lugar geográfico, mas para uma condição ou estado - a própria morte. Se presumimos que aquele que falou foi de fato Samuel, o que ele quis dizer não era que Saul iria para o mesmo lugar onde ele estava, mas para o mesmo estado. Ele estava usando uma expressão, um eufemismo, que significava a morte. Com uma certa freqüência a Bíblia fala da condição da morte em termos de um determinado lugar. A palavra hebraica mais comum para isso era “sheol”. As seguintes passagens se referem a um lugar “sepultura,” “cova,” quando de fato está se referindo a uma condição - a morte.

“...Chorando, descerei a meu filho até à sepultura (sheol)....” Gen 37:35
“O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura (sheol) e faz subir.” 1 Sam 2:6
“Que homem há que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro (sheol)?” Sl 89:48
“A sua casa é caminho para a sepultura (sheol) e desce para as câmaras da morte.” Pr 7:27
“Porquanto dizes: ‘Fizemos aliança com a morte e com o além fizemos acordo...” Is 28:15

Todas estes versículos (e muitos outros) vinculam um lugar (sheol), com uma condição, a morte. Ou seja, quando a Bíblia fala em alguém indo para sheol, fala da pessoa indo para sua morte. Presumindo que foi Samuel quem falou, ele estaria simplesmente usando uma expressão figurativa para dizer que Saul ia morrer. Se ele (Samuel) estava em Sheol (ou seja, morto, “na sepultura”) ele poderia dizer verdadeiramente que Saul iria para o mesmo lugar ( o túmulo, a sepultura, ou seja, a morte.)

Jó afirmou que ia para o mesmo “lugar” que todos os mortos “Pois eu sei que me levarás à morte e à casa destinada a todo vivente.” (Jó 30:23) Segundo esta passagem há um só lugar para o qual todos os seres vivos estão destinados, “a casa destinada a todo vivente.” De certa forma, todos os homens têm o mesmo destino - o além, o outro lado da vida, a morte. Neste sentido sim, com certeza, Saul foi para o mesmo lugar que Samuel.

c. Algumas pessoas alegam que Deus não teria respondido a Saul pelo profeta Samuel.
Devemos notar que em Eze 14:1-11 Deus promete que, embora um homem esteja voltado no seu coração para a idolatria, Deus poderá responder a ele quando ele consultar o profeta. Mas, a resposta de Deus terá como finalidade justamente a destruição deste homem.

Conclusão
Vale a pena uma observação final. Se aquele que falou com Saul foi de fato Samuel, mas alguém hoje em dia diz que foi o demônio, esta pessoa hoje pode estar cometendo um grave pecado diante do Senhor. Em Mateus 12:22-32 Jesus pronuncia uma das condenações mais severas de toda a Bíblia sobre aqueles que chamam uma obra do Senhor uma obra do demônio. Jesus condenou tal erro como “blasfêmia contra o Espírito Santo”. Não cabe a nós julgar ninguém quanto a este assunto. Apenas entendemos necessário alertar todos para a possibilidade de estarem falando mal de um homem de Deus quando faz profecia que se cumpre e quando a própria Bíblia diz que ele era mesmo o profeta Samuel.

A Bíblia condena claramente a comunicação com os mortos:

Lv 19:31 - “Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles: Eu sou o Senhor vosso Deus.”
Lv 20:6 - “Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo.”
Lv 20:27 - “O homem ou a mulher que sejam necromantes, ou sejam feiticeiros, serão mortos: serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles.”
Dt 18:9-12,14 - “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor...”
Is 8:19 - “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?”

A comunicação com os mortos é possível? Tudo que vimos no episódio de necromancia envolvendo Samuel e Saul nos leva a crer que é. Contudo, devemos ressaltar a proibição divina contra esta prática. Ainda lembramos que o evento em que Saul participou de modo algum pode ser usado como autorização para comunicação com os mortos, uma vez que a mesma Palavra que relata este evento condena claramente o que Saul fez:

1 Cr 10:13 - “Assim morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a que ele não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante.”

Deus proibiu de forma categórica e clara a prática da comunicação com os mortos, embora haja evidência na Bíblia de que tal prática é possível. Se uma pessoa hoje em dia quer ignorar tal condenação e proibição, aquela pessoa tem esta liberdade. Ela pode até conseguir a façanha da comunicação com o além túmulo. Mas, um dia ela terá que responder a Deus pelas suas ações. A evidência da Bíblia indica que ela receberá a mesma resposta que Deus deu a Saul. “Assim morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a que ele não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante.” – 1 Cr 10:13.

A morte de Saul ao qual 1 Cr 10:13 se refere foi a morte física. Morrer a morte física já é bastante triste. Mas, há uma morte pior. A pessoa que desobedeça clara proibição do Senhor, buscando a comunicação com os mortos apesar das condenações na Palavra de Deus, tem outra morte à sua espera, a segunda morte. “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” – Apocalipse 21:8

Esta segunda morte espera todos que desobedeçam a Deus, inclusive, como menciona Apoc 21:8, os feiticeiros. Dificilmente a maioria das pessoas que praticam a comunicação com os mortos iriam se considerar como feiticeiros. Esse termo hoje traz a idéia de magia negra, encantamentos e maldições. Mas, precisamos entender os termos bíblicos no seu sentido original, e não no sentido que as traduções modernas às vezes reproduzem.

A palavra traduzida “feiticeiros” no grego original foi a palavra “pharmakos”. No período em que o livro de Apocalipse foi escrito, o termo original, pharmakos, se aplicava a todo tipo de magia e feitiçaria, inclusive a comunicação com os espíritos. Segundo O Dicionário Internacional de Teologia do NT, no artigo sobre magia e feitiçaria “atestam-se numerosas formas de magia no mundo greco-romano. … A evocação dos espíritos dos mortos já ocorre em Homero, Od. 11, e os necromantes eram reconhecidos como uma classe de mágicos.” (C. Brown, artigo “Magia, Feitiçaria, Magos” em Brown, Colin, O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Edições Vida Nova, 1978, tradução Gordon Chown, Vol. III, p. 109.)

Referente ao termos pharmakos, o dicionário explica que, no trabalho destas pessoas “tem havido uma tradição mágica de ervas colhidas e preparadas para encantos, e também para encorajarem a presença de espíritos em cerimônias de magia.” (J. Stafford Wright, artigo “Magia, Feitiçaria, Magos” em Brown, Colin, O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vol. III, p. 114) A palavra pharmakos, embora traduzida “feiticeiros” nas traduções em português, se referia no grego original também àqueles que se comunicavam com os espíritos. Como o livro de Apocalipse alerta, estas pessoas enfrentarão a segunda morte, que é a condenação eterna da alma.

Embora houve pelo menos um exemplo na Bíblia de busca e verdadeira comunicação com os mortos, no caso de Saul e Samuel em En-Dor, este episódio jamais deve servir como exemplo, a não ser daquilo que devemos evitar. As condenações e proibições da Palavra quanto à comunicação com os mortos são suficientemente claras a não deixarem dúvidas. Que todos possam dar ouvidos às alertas da Palavra de Deus e voltar a ouvir e seguir a orientação do único espírito que devemos atender – O Espírito Santo de Deus. “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.” (1 João 4:6). Que Deus possa dar ouvidos a todos e que todos possam atender e seguir as palavras dEle.

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