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segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Verdadeira finalidade da Teologia da Libertação (Parte 1)

"É Jesus este pão de igualdade!

Viemos pra comungar

com a luta sofrida do povo

que quer ter voz, ter vez, lugar.

Comungar é tornar-se um perigo;

viemos pra incomodar.

Com a fé e união nossos passos um dia vão chegar.

(Ir. Vaz Castilho)

O trecho acima se refere ao refrão de uma música bastante conhecida, principalmente nos meios ligados à Teologia da Libertação. Ela é cantada em encontros e celebrações litúrgicas Brasil afora. Já se passaram alguns anos desde que ouvi esta música pela primeira vez. Desde então, me perpassa um sentimento de estranheza sempre que a escuto. O que quer dizer exatamente "comungar é tornar-se um perigo"? Perigo para quem? "Viemos para incomodar" quem? Sabe-se que a Eucaristia tem vários efeitos sacramentais, então qual o motivo da canção ressaltar apenas o (suposto) efeito da Eucaristia fazer com que nos tornemos um "perigo"?
Na verdade a letra desta canção exemplifica muito bem a verdadeira finalidade da Teologia da Libertação: utilizar-se do discurso e da Teologia da Igreja para que ela se torne um instrumento para a "luta de classes" e para a conseqüente revolução que resultará afinal no estabelecimento da utópica "sociedade socialista-comunista". Para aprofundar estas questões e refletir sobre a letra desta música, convido agora o leitor a percorrer um caminho que - não se pode fugir disto - passa por questões políticas, sócio-econômicas e (atrevo-me a dizer) filosóficas, caminho que percorreremos sem pretender esgotar o assunto.

Gramsci e Lukács

Antônio Gramsci (1), político, filósofo, cientista político e comunista italiano, durante os anos de sua prisão (1926 a 1934) escreveu um conjunto de trabalhos de análise histórica e filosófica que ficaram posteriormente conhecidos como "Cadernos do Cárcere". Nele, Gramsci traça a idéia da hegemonia cultural como meio de manipulação do estado capitalista e implantação da sociedade socialista. Ao invés da revolução "rápida", feita nos moldes da Revolução Russa de 1917, em que ocorreu a tomada do poder com métodos violentos e revoltas armadas, Gramsci propunha uma revolução "lenta", paulatina, sorrateira, calcada na transformação da cultura. Julgava que o socialismo não avançava em alguns países capitalistas devido à hegemonia de uma certa cultura tradicionalista. O socialismo não poderia se estabelecer enquanto a cultura lhe fosse hostil. O objetivo deveria ser, portanto, uma lenta, porém gradual e constante revolução cultural. Coisa para 30, 40 anos, ou mais. Trata-se de subverter aos poucos a lógica dos valores "tradicionais", de maneira "anestesiada", de tal modo que, quanto mais imersa a sociedade estiver nessa nova cultura e nesse novo campo de valores, tanto mais negará que esteja havendo qualquer metamorfose, taxando de "lunáticos" a quem lhe denunciar os métodos.

Georg Lukács (2) já havia dito, no início do século XX, que os principais obstáculos que impediam a implantação do sistema socialista no Ocidente, e que, portanto, deveriam ser combatidos ou modificados eram três: o direito grego-romano, a filosofia grega e a moral judaico-cristã.

Não se pode deixar de escutar a importante palestra do Pe. Paulo Ricardo (3), "Revolução sexual e marxismo", de onde tirei esta informação. Note-se que sobre estes três "pilares" se construiu a civilização ocidental, e, portanto, somente com o solapamento deles é que este sistema de civilização poderia ser subjugado em prol da utópica sociedade socialista-comunista, considerada o "paraíso" na terra.

É justamente no intuito de atingir esta sociedade utópica futura que Gramsci propõe seu método de revolução cultural, e pode-se dizer que Lukács "direciona" esta revolução contra os três "alvos" acima citados, dentre os quais, como se pode ver, está a Igreja Católica. O método gramsciano propõe a tomada dos lugares de produção de discurso, de gênese da cultura e do pensamento, ou seja: as escolas, as clínicas de psicologia, a imprensa jornalística e opinativa, e... os púlpitos das Igrejas!

Sabe-se que no Brasil a influência de idéias marxistas nas escolas, nas clínicas de psicologia e na imprensa vem de longa data, e já criou quase uma hegemonia cultural. Os cargos de professores nas faculdades foram, ao longo do tempo, sendo tomadas por marxistas. E já que os psicólogos, pedagogos e jornalistas se formam nestas faculdades de mentalidade cada vez mais atéia, revolucionária, sexual-liberalizante e marxista, fica fácil perceber como este discurso vem se perpetuando progressivamente na sociedade.

A Igreja como instrumento da "luta de classes"

Há, por fim, a Igreja, a moral judaico-cristã a subverter. Aqui a intenção não é acabar com a Igreja. Mais fácil é usá-la como instrumento para a divulgação da ideologia marxista. Este é, em especial, o propósito da Teologia da Libertação, muito bem camuflado através da tocante, e correta, porém deturpada "opção preferencial pelos pobres".

Leonardo Boff, em 1980, já dizia que a intenção da Teologia da Libertação não era fazer Teologia dentro do marxismo, e sim fazer marxismo dentro da Teologia (4), ou seja, nada mais do que usar a Igreja para que ela, com o seu discurso modificado em alguns pontos, e mantendo outros pontos de verdade, pudesse servir de instrumento para a divulgação da ideologia marxista. Note-se que a lógica nos faz concluir que quem diz algo desse tipo admite, implicitamente, que não é primeiramente um teólogo, e só em segundo plano um marxista. Não, ele assume que é, antes de tudo, um marxista, e somente depois um teólogo, o que nos faz questionar se para ele Marx é mais importante que Deus.
A utilização da Igreja para divulgação da ideologia marxista se torna especialmente eficaz, pois usa o nome e a credibilidade da Igreja, aproveitando-se de sua autoridade moral e espiritual a fim de tornar esta ideologia algo de divinamente necessário. Quem passa a levantar a voz contra ela é, como se pode ver, facilmente taxado de obstrutor dos "planos de Deus", que se resumiriam à implantação da sociedade socialista, chamada pelos teólogos da libertação de "Reino de Deus" (5).
Note-se que isto é exatamente o que Gramsci pensou, ou seja, tornar a necessidade de construção da utópica e "paradisíaca" sociedade socialista um verdadeiro "imperativo categórico" com força de mandamento divino. Algo pelo que teríamos a obrigação moral de lutar.

Uma heresia singular

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, em 1984 disse que "a teologia da libertação é uma heresia singular" (6). Uma heresia é tanto mais perigosa quanto mais elementos de verdade engloba. Eis como o Cardeal Ratzinger explica a mistura de elementos de verdade do cristianismo com a ideologia marxista:

"Na minha opinião, aqui se pode reconhecer muito claramente a mistura entre uma verdade fundamental do Cristianismo e uma opção fundamental não cristã, que torna o conjunto tão sedutor: o sermão da montanha é, na verdade, a escolha por parte de Deus a favor dos pobres. Mas a interpretação dos pobres no sentido da dialética marxista da história e a interpretação da escolha partidária no sentido da lula de classes é um salto ´eis allo genos´ (grego: para outro gênero), no qual as coisas contrárias se apresentam como idênticas". (7)

A Congregação para a Doutrina da Fé não silenciou sobre a Teologia da Libertação. Em 6 de agosto de 1984 lançava a "Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação" - Libertatis nuntius (8). Dois anos depois, em 22 de março de 1986 lançava outro documento, desta vez uma "Instrução sobre a liberdade cristã e a libertação" - Libertatis conscientia (9). Em ambos os casos a intenção era alertar sobre os perigos da Teologia da Libertação.

Porém o problema é que já estamos, no Brasil, imersos em uma cultura, uma educação e uma mídia tão marcadamente marxista e esquerdista que para muitos é incompreensível que a Teologia da Libertação seja um desvio, uma deturpação da fé, pelo simples fato de que realmente acreditam que a sociedade socialista é o "paraíso", o "Reino de Deus" na terra. Uma sociedade em que tudo seria de todos, e em que não haveria mais pobres: eis sua utopia, jamais alcançada pelos países que se aventuraram a construí-la.

Socialismo ou capitalismo?

Muitos creem que o capitalismo é que é intrinsecamente mau, enquanto o socialismo-comunismo é o "paraíso". Na verdade, o socialismo-comunismo é que é intrinsecamente mau, enquanto o capitalismo é mau em seus "acidentes", ou seja, devido ao fato de que pessoas com má intenção realmente se aproveitam de sua estrutura para explorar os trabalhadores e enganar a sociedade. Mas o sistema em si não é intrinsecamente mau, de modo que, se as pessoas se utilizarem dele para fazer o bem, uma sociedade solidária poderá ser construída.

Aqui se faz necessário recorrer ao solene Magistério da Igreja a fim de entender porque o socialismo-comunismo é intrinsecamente mau. Recomendo a leitura de alguns documentos da Igreja, já listados no indispensável "Dossiê" preparado pelo Dr. Rafael Vitola Brodbeck, aqui do Veritatis Splendor. (10) Retiro algumas passagens de apenas um destes documentos, Divini Redemptoris, a fim de ilustrar a posição da Igreja sobre o socialismo-comunismo:
"Perigo tão ameaçador, vós já o compreendestes, Veneráveis Irmãos, é o comunismo bolchevista e ateu, que visa subverter a ordem social e abalar os próprios fundamentos da civilização cristã". (Pio XI, Divini Redemptoris, 1937) (11)

"Ademais, o comunismo despoja o homem da liberdade, princípio espiritual de conduta moral, tira à pessoa humana toda a dignidade e qualquer freio moral contra os assaltos dos cegos instintos". (idem)

"Intrinsecamente perverso é o comunismo, e não se pode admitir, em campo algum, a colaboração recíproca, por parte de quem quer que pretenda salvar a civilização cristã". (idem)

Sobre a ilusão da sociedade socialista-comunista também nos fala mais recentemente nosso querido Papa Bento XVI, em suas duas Encíclicas até o presente momento lançadas, Deus Caritas Est e Spe Salvi:

"O marxismo tinha indicado, na revolução mundial e na sua preparação, a panacéia para a problemática social: através da revolução e conseqüente coletivização dos meios de produção - asseverava-se em tal doutrina - devia dum momento para o outro caminhar tudo de modo diverso e melhor. Este sonho desvaneceu-se. Na difícil situação em que hoje nos encontramos por causa também da globalização da economia, a doutrina social da Igreja tornou-se uma indicação fundamental (...)". (Bento XVI, Deus Caritas Est, 2005) (12)"Ele (Marx) supunha simplesmente que, com a expropriação da classe dominante, a queda do poder político e a socialização dos meios de produção, ter-se-ia realizado a Nova Jerusalém. (...)sabemos também como depois evoluiu, não dando à luz o mundo sadio, mas deixando atrás de si uma destruição desoladora. Marx não falhou só ao deixar de idealizar os ordenamentos necessários para o mundo novo; (...) O seu erro situa-se numa profundidade maior. Ele esqueceu que o homem permanece sempre homem. Esqueceu o homem e a sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal. Pensava que, uma vez colocada em ordem a economia, tudo se arranjaria. O seu verdadeiro erro é o materialismo: de fato, o homem não é só o produto de condições econômicas nem se pode curá-lo apenas do exterior criando condições econômicas favoráveis". (Bento XVI, Spe Salvi, 2007) (13)
Enquanto o indivíduo não se convencer que a idealizada sociedade socialista-comunista não passa de uma ilusão, não poderá crer que a Teologia da Libertação é uma deturpação, um milenarismo (cf. Catecismo da Igreja Católica, §676) que reduz a religião aos aspectos sociais, prometendo (em vão) o céu "já aqui nesta terra", o "Reino de Deus", que seria nada mais nada menos que a ilusória sociedade socialista-comunista.

Não se trata, porém, de fazer aqui uma apologia do capitalismo. Os efeitos nefastos do consumismo e da "mercadorização" das pessoas e das relações também têm sido fortemente denunciados pela Igreja:

"Ora a experiência histórica dos Países socialistas demonstrou tristemente que o coletivismo não suprime a alienação, antes a aumenta, à medida que a ela junta ainda a carência das coisas necessárias e a ineficácia econômica. A experiência histórica do Ocidente, por sua vez, demonstra que, embora sejam falsas a análise e a fundamentação marxista da alienação, todavia esta, com a perda do sentido autêntico da existência, é também uma experiência real nas sociedades ocidentais. Ela verifica-se no consumo, quando o homem se vê implicado numa rede de falsas e superficiais satisfações, em vez de ser ajudado a fazer a autêntica e concreta experiência da sua personalidade". (João Paulo II, Centesimus annus, 1991) .
Mas o capitalismo não é intrinsecamente mau, como o socialismo-comunismo. O capitalismo sem a avareza de alguns pode, sim, dar espaço para uma sociedade mais justa e para a ação caritativa e solidária. Com o socialismo-comunismo não pode acontecer isso, pois sua proposta, por mais que pareça à primeira vista bela e "romântica", tolhe a liberdade do ser humano e o direito de usufruir os bens conquistados com o próprio trabalho (propriedade privada).

Parte da estratégia

A Teologia da Libertação é uma ramificação, como que um "departamento" entre outros da estratégia marxista e gramscista de controle cultural e de mudança de valores para a construção da sociedade socialista-comunista. Assim como existe a Teologia da Libertação, existe a "Psicologia da Libertação", do Padre jesuíta Martin-Baró (no campo da Psicologia); existe a "Pedagogia da Libertação", ou "Pedagogia do Oprimido", de Paulo Freire (no campo da Educação). Todas estas teorias são aplicações práticas da idéia gramsciana da revolução cultural. Não se trata de dizer que não exista nada de positivo nelas, bem entendido. Porém há muitos erros e distorções, e há, por trás de tudo, um claro objetivo, o qual tenta-se mostrar aqui.

Para a Teologia da Libertação o "Reino de Deus é a sociedade utópica socialista-comunista. Jesus foi um revolucionário que veio para ensinar aos "oprimidos" (os pobres) a maneira de se "libertar" do jugo dos "opressores" (os ricos e poderosos), e essa maneira é a revolução, a "luta de classes".

Marx, a partir da dialética do filósofo Hegel, havia traçado o que seriam, segundo ele, as "leis" de funcionamento das sociedades ao longo do tempo. Grosso modo, a dialética hegeliana diz que a cada tese contrapõe-se uma antítese. O resultado da contraposição dialética entre tese e antítese é a síntese. Seguindo este raciocínio, e aplicando-o às sociedades, Marx disse que ao capitalismo e à hegemonia da burguesia (tese) se oporia a classe dos oprimidos, proletários e operários (antítese). Então os oprimidos, através da revolução e da luta de classes se libertariam do jugo dos opressores (dos burgueses) e consolidariam a sociedade socialista-comunista (síntese). Para ele, a história marcharia inexoravelmente para este fim.

Consequências nefastas

Os países que se lançaram na construção desta utopia puderam sentir na pele suas conseqüências: milhões de mortos pela fome (só na China foram mais de 65 milhões), perseguição aos cidadãos contrários aos regimes revolucionários (como ainda hoje acontece em Cuba), matança em série em campos de extermínio (p. ex. os "gulags" russos) (15). A pobreza, ao invés de acabar, se alastrou. O ateísmo reinante levou a uma vida sem sentido e fez proliferar a corrupção, o tráfico e consumo de drogas e a prostituição. Basta procurar fontes segurar de informação para se inteirar do que aconteceu e ainda acontece na Rússia, na China, na Coréia do Norte, no Vietnam, em Cuba e nos países do Leste Europeu. Realmente é preciso procurar, opis a nossa mídia infelizmente omite muitas dessas informações, quando não as deturpa em favor dos regimes comunistas. Em muitos países ainda hoje se perseguem e assassinam cristãos pelo simples fato de serem... cristãos! (16).

Por Daniel Pinheiro



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