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domingo, 17 de abril de 2011

A televisão Brasileira

Não preciso aqui dissertar sobre o perigo que a TV brasileira representa hoje para os nossos filhos. Tudo aquilo que procuramos dar a eles de formação moral, cristã e humana, a TV, muitas vezes, elimina com uma enxurrada de imoralidade e violência, que invade os nossos lares como um mar de lama.

Na tela eletrônica a censura foi praticamente extinta; e nós pais estamos à mercê do sexualismo, do consumismo e da violência. Deus foi abolido, o Evangelho desprezado, a moral católica enterrada e o respeito às pessoas não existe.

A única alternativa que nos resta é "resistir" e criar em nossos jovens o "senso crítico" frente a tudo que é exibido na tela da TV. Os pais precisam, urgentemente, assistir os programas junto com os filhos, e desvendar-lhes a "malícia" da programação, apontando"lhes os erros, desmascarando a farsa.

Um grande amigo, psicólogo, já falecido, Franz Vitor, dizia-me que a TV brasileira tornou-se "uma pregação sistemática de anti-valores". Nunca achei uma definição melhor do que essa. De fato ela prega uma escala de valores invertida, e com toda a sofisticação que a tecnologia põe a seu alcance.

Em duas oportunidades, 13/01/93 e 27/01/93, o Cardeal Primaz do Brasil, D. Lucas Moreira Neves, Arcebispo de Salvador (BA), publicou no JORNAL DO BRASIL, dois famosos artigos sobre a televisão brasileira. No primeiro, cujo título é J"ACCUSE! (Eu acuso), o Cardeal afirma:

"Eu acuso a TV brasileira pelos seus muitos delitos. Acuso"a de atentar contra o que há de mais sagrado, como seja, a vida..."

"Acuso-a de disseminar, em programas váriados, idéias, crenças, práticas e ritos ligados a cultos os mais estranhos. Ela se torna, deste modo, veículo para a difusão da magia, inclusive magia negra, satanismo, rituais nocivos ao equilíbrio psíquico."

"Acuso a TV brasileira de destilar em sua programação e instalar nos telespectadores, inclusive jovens e adolescentes, uma concepção totalmente aética da vida: triunfo da esperteza, do furto, do ganho fácil, do estelionato. Neste sentido merece uma análise à parte as telenovelas brasileiras sob o ponto de vista psicossocial, moral, religioso...

Qual foi a novela que propôs ideais nobres de serviço ao próximo e de construção de uma comunidade melhor? Em lugar disso, as telenovelas oferecem à população empobrecida, como modelo e ideal, as aventuras de uma burguesia em decomposição, mas de algum modo atraente".

"Acuso, enfim, a TV brasileira de instigar à violência: A TV brasileira terá de procurar dentro de si as causas da violência que ela desencadeou e de que foi vítima... Quem matou, há dias, uma jovem atriz ? (referência a Daniela Perez). Seria ingenuidade não indicar e não mandar ao banco dos réus uma coautora do assassinato: a TV brasileira. A própria novela "De Corpo e Alma".

No segundo artigo, de 27/01/93, sob o título de "Resistir, Quem Há de? o Cardeal primaz do Brasil afirma:

"Opino que a Família deve estar na linha de frente de resistência: os pais, os filhos, os parentes, os agregados " toda a constelação familiar. Ela é a primeira vítima, torpemente agredida dentro da própria casa; deve ser também a primeira a resistir. É ela quem dá IBOPE, deve ser também quem o negue, à custa de fazer greve ou jejum de TV. Cabe, pois, às famílias, "formar a consciência crítica" de todos os seus membros frente à televisão; velar sobre as crianças e os adolescentes com relação a certos programas; mandar cartas de protesto aos donos de televisão; chamar a atenção dos anunciantes, declarando a decisão de não comprar produtos que financiam programas imorais ou que servem de peças publicitárias ofensivas ao pudor, exigir programas sadios e sabotar os mórbidos para que não se diga que o público quer uma TV licenciosa, violenta e deseducativa".

Quero destacar que o Cardeal não é "contra" a TV brasileira; ele retira da sua acusação o canal dedicado à Educação e Cultura e os programas, nos diferentes canais, que contribuem para o bem da população. Ele acusa a má TV.

O próprio Walter Clark, falecido em 1997, fundador e ex"diretor da TV GLOBO, também deu o seu testemunho contra essa situação, através do jornal ESTADO DE MINAS, de 07/01/93, pg 13, afirmando, entre outras coisas, que:

"A TV brasileira está vivendo um momento autofágico. Lamento ter contribuído, de alguma forma, para que ela chegasse onde chegou".

"A emissora está nivelando por baixo: existem traições, incestos, impulsos sexuais incontidos, cobiça, ódio, tudo isso existe, mas não é só isso".

"A sociedade, que já está violenta, acaba tendo no seu registro mais forte de comunicação, que é a TV, só violência".

"A TV GLOBO, apelando para a fórmula fácil, está acabando com a TV brasileira. Há uma absoluta falta de responsabilidade e vergonha na maneira de fazer televisão no Brasil".

Eis um testemunho insuspeito daquele que foi um dos criadores do chamado "padrão GLOBO de qualidade".

Chega de crimes, violência, pornografia, satanismo, ostentação, luxo e prazer derramados todos os dias sobre os nossos filhos. Não podemos assistir impacíveis a tudo isto, num imobilismo culpável, pois as vítimas serão os nossos próprios filhos queridos. É preciso resistir, é preciso protestar, é preciso denunciar, é preciso dizer não a tudo isto, como sugere o Cardeal.

Nossa sociedade é cínica e cruel. De um lado libera todas as formas de provocação sexual, e por outro lado, se lamenta de que vários milhões de adolescentes fiquem grávidas, a cada ano, na faixa dos 13 aos 15 anos. "Aquele que planta ventos colhe tempestades" . Assistimos nos diversos programas para crianças e jovens, as mais absurdas cenas de sexismo, que podemos chamar de doentio, acompanhadas de músicas com letras ascintosas e despudoradas. É um verdadeiro convite aos jovens para que vivam o sexo de qualquer forma, e sem qualquer responsabilidade; depois, se assusta, ao se verificar o número incrivel de meninas grávidas! Maldosa hipocrisia!

Igualmente se destila no sangue dos jovens, especialmente dos rapazes, a mais sofisticada violência, praticada por atores e atrizes atraentes, tornando"os "fascinantes" para os jovens, mesmo quando estão derramando sangue e matando...

O que resta a esses jovens, ainda inconstantes, senão imitar o comportamento bárbaro dos musculosos artistas dos filmes? Pobre juventude!

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