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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Novo site de relacionamentos é dedicado a quem deseja trair os parceiros

A internet já ajudou muita gente a encontrar um grande amor. Agora, o que pretende uma rede social bastante peculiar é ajudar as pessoas a encontrar um segundo amor, sem, contudo, abrir mão do primeiro. É essa a proposta do Second Love, um site de relacionamentos que acaba de chegar ao Brasil. Fundada na Holanda, a página já tem mais de 200 mil usuários, atraídos por uma proposta simples: garantir um ambiente seguro para quem quer ter um caso fora do relacionamento, sem botá-lo em risco por isso. A iniciativa, no entanto, reabriu as discussões sobre até onde vão as cada vez mais populares redes sociais e quais os limites éticos da internet.

A proposta do site é garantir sigilo e segurança para aquelas pessoas que querem, digamos, "sair da rotina conjugal", sem botar seu relacionamento em risco por causa disso. "Às vezes, temos uma aventura com alguém do nosso trabalho ou no nosso círculo de amigos. E isso é um grande inconveniente, pois cerca de 35% dos casamentos terminam por esse motivo", afirma a fundadora do site, em texto que tenta explicar a rede social. "Esse foi o motivo pelo qual comecei o site. Ter uma aventura em segurança é possível, e digo isso porque eu própria já a experimentei", admite o texto, que é assinado pelo pseudônimo "Charlie", identificado como de uma mulher.

Não é de hoje que redes sociais relacionadas a assuntos de moral, no mínimo, duvidosa criam polêmica no meio virtual. No ano passado, desembarcou no Brasil a Beautiful People, rede onde ser bonito é condição necessária para ingresso de novos usuários. Antes de ter seu perfil aprovado, o site submete uma foto dos postulantes a uma vaga à votação dos outros usuários, que permitem ou não o novo membro. Há ainda o pouco conhecido no Brasil Line for heaven (Linha para o paraíso, em tradução livre). Nele, os usuários podem discutir formas de se autopenitenciar dos pecados que acreditam cometer e, assim, conseguir uma "vaga" no paraíso.

Reflexo

Segundo o sociólogo e professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra, por mais que, em um primeiro momento, algumas redes sociais possam abrigar um conteúdo eticamente duvidoso, em geral, elas trazem mais avanços do que danos para a sociedade. "Ferramentas sociais têm um período de existência limitado, mas a discussão que elas provocam, não: trazem benefícios permanentes", afirma o especialista. "Nenhuma pessoa vai passar a trair unicamente porque surgiu uma rede social que permite isso, ou vai passar a ter preconceito com pessoas que considera "feias" porque há um site que as exclui. Todas essas questões que se apresentam na internet, e agora nos sites de relacionamentos, já existem na sociedade há bastante tempo, independentemente do mundo virtual.

De acordo com Barra, esse tipo de conteúdo virtual acaba tendo um efeito positivo, à medida que provoca o debate. "O que essas redes fazem é trazer para a discussão assuntos que muitas vezes ficam restritos ao íntimo, ao individual", opina. Seguindo a lógica proposta pelo sociólogo, quando um site específico surge, automaticamente as pessoas falam mais sobre o assunto, o que leva a sociedade a lidar melhor com ele. "No caso do Second Love, por exemplo, seu surgimento possibilita que matérias como essa sejam feitas, que casais discutam suas relações. Claro que sempre haverá quem trai, mas, com as redes, há mais debate sobre o assunto, o que é invariavelmente positivo, do ponto de vista social", diz.

Para a especialista em redes sociais Camila Terra, o processo de surgimento de sites de relacionamento verticais %u2014 como são chamados aqueles que tratam de assuntos específicos ou direcionados a um público bastante restrito %u2014 não deve fazer com que as já tradicionais páginas gerais sejam suplantadas. Ela avalia que esse tipo de dispositivo costuma trazer efeitos tanto positivos quanto negativos. "O interessante da internet é que ela funciona como uma espécie de alto-falante, amplificando tudo o que se fala. Isso quer dizer que, quando alguma questão eticamente duvidável é proposta e difundida, ao mesmo tempo, um número cada vez maior de pessoas pode rechaçar essa idéia", opina.

FONTE ELETRÔNICA:

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