O fundamento principal da fé protestante chamado "Sola Scriptura" (somente as Escrituras) é muitas vezes apresentado às pessoas cristãs como um Axioma (1), isto é, como algo que se tem como verdadeiro sem a necessidade de prova. Existe um ditado da sabedoria popular que diz: "gota mole em pedra dura tanto bate até que fura"; e, portanto não é difícil encontrar o aceite da Sola Scriptura também em meios católicos.
Muitas vezes assumimos algo como verdadeiro sem a necessidade de uma análise crítico-científica, mas tão somente pelo fato de fazer sentido ao nosso raciocínio dedutivo. Nosso raciocínio dedutivo pode ser construído de forma certa levando-nos à deduções corretas (silogismo) ou o contrário (sofisma). Neste artigo analisaremos a Sola Scriptura por este prisma, verificando se suas deduções são resultado de silogismos ou sofismas.
O que são Silogismos e Sofismas?
Aristóteles elaborou uma teoria do raciocínio como inferência. Inferir é tirar uma proposição como conclusão de uma outra ou de várias outras proposições que a antecedem e são sua explicação ou sua causa. O raciocínio é uma operação do pensamento realizada por meio de juízos e enunciada lingüística e logicamente pelas proposições encadeadas, formando um silogismo.
O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva. Na sua forma padronizada é constituído por três proposições: As duas primeiras denominam-se premissas e a terceira conclusão. O silogismo só é verdadeiro se as premissas forem verdadeiras e levarem à uma conclusão também verdadeira segundo certas regras de inferência.
O sofisma, é um falso silogismo, é a mentira que parece verdade. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentado-a sob esquemas que parecem seguir as regras da lógica. Normalmente é resultado de um raciocínio viciado -utilizado intencionalmente para induzir ao erro- resultante da não observância das regras de inferência (sofisma formal) ou quando suas premissas são falsas (sofisma material).
Analisando a proposição da Sola Scriptura
Vejamos a proposição abaixo:
1a. proposição
"Arão é um Levita.
Somente os Levitas podiam servir no Templo de Deus.
Logo, somente Arão podia servir no Templo de Deus."
Veja que a estrutura desta proposição obedece fielmente a estrutura do raciocínio dedutivo: duas premissas e uma conclusão.
A primeira premissa é: "Arão é um Levita". Sabemos que esta premissa é verdadeira conforme (Êxodo 4,14).
A segunda premissa é: "Somente os Levitas podem servir no Templo de Deus". Também sabemos que esta premissa é verdadeira conforme Nm 8,24 .
No entanto a conclusão "Logo, somente Arão pode servir no Templo de Deus" é uma conclusão falsa, embora as premissas sejam verdadeiras.
Temos aí um caso clássico de um falso silogismo, ou melhor, sofisma. O que levou então à conclusão errada? O Tipo de sofisma que encontramos nesta primeira proposição chama-se "sofisma da falsa analogia". Consiste em tirar conclusões baseadas apenas em analogias (comparações) parciais ou simples, transferindo inconsistentemente conclusões de um contexto para o outro. Ora, o fato de Arão ser Levita, não exclui o fato de outras pessoas também o serem (cf. Nm 8,24 1 Cr24,5 2Cr 20,14), o que invalidada a conclusão tomada, já que estas pessoas também podiam servir no Templo de Deus.
Exposto isso, vejamos a segunda proposição.
2a. proposição
"A Bíblia é Palavra de Deus.
A Palavra de Deus é a única regra de fé para o Cristão.
Logo, a Bíblia é a única regra de fé para o Cristão."
A estrutura desta proposição também está em conformidade com a as regras do raciocínio dedutivo: duas premissas e uma conclusão.
A primeira premissa é: "A Bíblia é Palavra de Deus". Premissa verdadeira, aceita tanto por católicos quanto por protestantes.
A segunda premissa é: "A Palavra de Deus é a única regra de fé para o Cristão". Premissa também verdadeira e aceita também por católicos e protestantes.
No entanto a conclusão "Logo, a Bíblia é a única regra de fé para o Cristão" é tão falsa quanto à conclusão da primeira proposição, embora não seja tão evidente.
O caso que encontramos aqui é o mesmo da primeira proposição: sofisma da falsa analogia. O fato de a Bíblia Sagrada ser Palavra de Deus, não exclui o fato de a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério também o serem, invalidando a conclusão de que somente a Bíblia é a norma de fé e prática para o Cristão.
Alguém poderia objetar: "Você está analisando a segunda proposição com base em uma outra que é bem questionável: que a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério são Palavra de Deus".
Ao contrário da apologética protestante, a apologética católica não se baseia em suposições, mas em Verdades que podem ser verificadas na história da Igreja e na própria Bíblia.
Um fato é um evento que realmente ocorreu e que pode ser objetivamente verificado através de uma análise científica (histórica, arqueológica, etc) sem depender de suposições ou conjecturas.
Da mesma maneira como estudos em sítios arqueológicos, a verificação de documentos históricos e até mesmo uma investigação na Bíblia confirmam que existiam outros Levitas além de Arão, transformando isto em um fato, em uma verdade; os mesmos meios confirmam que a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério também são Palavra de Deus ao lado da Sagrada Escritura.
Conclusão
Quantas vezes, não fomos levados à reflexão e à emoção estudando as Letras Sagradas? A Sagrada Escritura é Luz, é Verdade e tem aproximado muitas pessoas do Amor à Jesus Nosso Senhor. Deve o Cristão amá-la e tê-la em alta estima. No entanto é um grande perigo transformar o amor à Sagrada Escritura em Sola Scriptura.
A Sola Scriptura é um paradigma que falta com a Verdade, não pode ser encontrada na fé dos cristãos primitivos e nem na própria Bíblia. É uma grande mentira com aparência de Verdade, que sobrevive ainda em nossos dias devido à falta de memória cristã existente entre os cristãos auxiliada pelo ódio ao Catolicismo que é cultivado pelas seitas pentecostais e neo-pentecostais.
(1) Axioma: O termo axioma é originado da palavra grega αξιωμα (axioma), que significa algo que é considerado ajustado ou adequado, ou que tem um significado evidente. A palavra axioma vem de αξιοειν (axioein), significando considerar digno, que por sua vez vem de αξιος (axios), significando digno. Entre os filósofos dos gregos antigos, um axioma era uma reivindicação que podia ser vista para ser verdade sem nenhuma necessidade de prova. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma).
Muitas vezes assumimos algo como verdadeiro sem a necessidade de uma análise crítico-científica, mas tão somente pelo fato de fazer sentido ao nosso raciocínio dedutivo. Nosso raciocínio dedutivo pode ser construído de forma certa levando-nos à deduções corretas (silogismo) ou o contrário (sofisma). Neste artigo analisaremos a Sola Scriptura por este prisma, verificando se suas deduções são resultado de silogismos ou sofismas.
O que são Silogismos e Sofismas?
Aristóteles elaborou uma teoria do raciocínio como inferência. Inferir é tirar uma proposição como conclusão de uma outra ou de várias outras proposições que a antecedem e são sua explicação ou sua causa. O raciocínio é uma operação do pensamento realizada por meio de juízos e enunciada lingüística e logicamente pelas proposições encadeadas, formando um silogismo.
O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva. Na sua forma padronizada é constituído por três proposições: As duas primeiras denominam-se premissas e a terceira conclusão. O silogismo só é verdadeiro se as premissas forem verdadeiras e levarem à uma conclusão também verdadeira segundo certas regras de inferência.
O sofisma, é um falso silogismo, é a mentira que parece verdade. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentado-a sob esquemas que parecem seguir as regras da lógica. Normalmente é resultado de um raciocínio viciado -utilizado intencionalmente para induzir ao erro- resultante da não observância das regras de inferência (sofisma formal) ou quando suas premissas são falsas (sofisma material).
Analisando a proposição da Sola Scriptura
Vejamos a proposição abaixo:
1a. proposição
"Arão é um Levita.
Somente os Levitas podiam servir no Templo de Deus.
Logo, somente Arão podia servir no Templo de Deus."
Veja que a estrutura desta proposição obedece fielmente a estrutura do raciocínio dedutivo: duas premissas e uma conclusão.
A primeira premissa é: "Arão é um Levita". Sabemos que esta premissa é verdadeira conforme (Êxodo 4,14).
A segunda premissa é: "Somente os Levitas podem servir no Templo de Deus". Também sabemos que esta premissa é verdadeira conforme Nm 8,24 .
No entanto a conclusão "Logo, somente Arão pode servir no Templo de Deus" é uma conclusão falsa, embora as premissas sejam verdadeiras.
Temos aí um caso clássico de um falso silogismo, ou melhor, sofisma. O que levou então à conclusão errada? O Tipo de sofisma que encontramos nesta primeira proposição chama-se "sofisma da falsa analogia". Consiste em tirar conclusões baseadas apenas em analogias (comparações) parciais ou simples, transferindo inconsistentemente conclusões de um contexto para o outro. Ora, o fato de Arão ser Levita, não exclui o fato de outras pessoas também o serem (cf. Nm 8,24 1 Cr24,5 2Cr 20,14), o que invalidada a conclusão tomada, já que estas pessoas também podiam servir no Templo de Deus.
Exposto isso, vejamos a segunda proposição.
2a. proposição
"A Bíblia é Palavra de Deus.
A Palavra de Deus é a única regra de fé para o Cristão.
Logo, a Bíblia é a única regra de fé para o Cristão."
A estrutura desta proposição também está em conformidade com a as regras do raciocínio dedutivo: duas premissas e uma conclusão.
A primeira premissa é: "A Bíblia é Palavra de Deus". Premissa verdadeira, aceita tanto por católicos quanto por protestantes.
A segunda premissa é: "A Palavra de Deus é a única regra de fé para o Cristão". Premissa também verdadeira e aceita também por católicos e protestantes.
No entanto a conclusão "Logo, a Bíblia é a única regra de fé para o Cristão" é tão falsa quanto à conclusão da primeira proposição, embora não seja tão evidente.
O caso que encontramos aqui é o mesmo da primeira proposição: sofisma da falsa analogia. O fato de a Bíblia Sagrada ser Palavra de Deus, não exclui o fato de a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério também o serem, invalidando a conclusão de que somente a Bíblia é a norma de fé e prática para o Cristão.
Alguém poderia objetar: "Você está analisando a segunda proposição com base em uma outra que é bem questionável: que a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério são Palavra de Deus".
Ao contrário da apologética protestante, a apologética católica não se baseia em suposições, mas em Verdades que podem ser verificadas na história da Igreja e na própria Bíblia.
Um fato é um evento que realmente ocorreu e que pode ser objetivamente verificado através de uma análise científica (histórica, arqueológica, etc) sem depender de suposições ou conjecturas.
Da mesma maneira como estudos em sítios arqueológicos, a verificação de documentos históricos e até mesmo uma investigação na Bíblia confirmam que existiam outros Levitas além de Arão, transformando isto em um fato, em uma verdade; os mesmos meios confirmam que a Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério também são Palavra de Deus ao lado da Sagrada Escritura.
Conclusão
Quantas vezes, não fomos levados à reflexão e à emoção estudando as Letras Sagradas? A Sagrada Escritura é Luz, é Verdade e tem aproximado muitas pessoas do Amor à Jesus Nosso Senhor. Deve o Cristão amá-la e tê-la em alta estima. No entanto é um grande perigo transformar o amor à Sagrada Escritura em Sola Scriptura.
A Sola Scriptura é um paradigma que falta com a Verdade, não pode ser encontrada na fé dos cristãos primitivos e nem na própria Bíblia. É uma grande mentira com aparência de Verdade, que sobrevive ainda em nossos dias devido à falta de memória cristã existente entre os cristãos auxiliada pelo ódio ao Catolicismo que é cultivado pelas seitas pentecostais e neo-pentecostais.
(1) Axioma: O termo axioma é originado da palavra grega αξιωμα (axioma), que significa algo que é considerado ajustado ou adequado, ou que tem um significado evidente. A palavra axioma vem de αξιοειν (axioein), significando considerar digno, que por sua vez vem de αξιος (axios), significando digno. Entre os filósofos dos gregos antigos, um axioma era uma reivindicação que podia ser vista para ser verdade sem nenhuma necessidade de prova. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma).
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