Demonstrando algum conhecimento de mitologia ela me trouxe recortes de uma revista esotérica que comparava Osíris, o senhor do submundo e da vida eterna e Jesus, o Senhor dos mundos e da via eterna. Segundo a mitologia egípcia, Osíris tornou-se importante depois que ressuscitou. Fazia par com a deusa Isis, sua irmã e sua esposa. Nos dias de hoje seria um incestuoso. Segundo o mito todos os faraós se tornariam Osíris depois da morte. A superação de Osíris que também foi esquartejado e remendado inspirou os mortais a desejarem a vida eterna.
Deixou o texto e foi embora. Dois dias depois me telefonou para saber o que eu achava das semelhanças. Falei-lhe de outras semelhanças em todas as mitologias e disse que o texto em nada mudava minha convicção de que Jesus é Deus. Falei de Cronos, o deus tempo que engoliu os filhos que mais tarde foram vomitados por interferência de Zeus ou Júpiter e por Métis, a deusa prudência. Falei de Vivasvat e Saranya, Vishnu e Shiva, Odin que sacrificou um olho em troca de sabedoria, porque toda sabedoria tem um preço. Falei de Ometeotl, de Huracan, de Viracocha e Mamacocha, de Tupã, de Tangaroa, de Thor, de Urano e de Hera, de Gaia, Poseidon, de Hades. Acentuei que cada povo tinha nomes e funções diferentes para seus deuses e deusas. Todos profundamente ligados à natureza e seus fenômenos e à busca do imanente e do transcendente. Lembrei que os povos contavam a história do universo endeusando o que viam, mas não compreendiam: chuva, tempestade, astros, ventos e luzes no céu. No caso dos gregos o Deus Cronos (tempo) engoliu alguns valores (filhos), mas a deus Prudência ou Métis e Zeus os devolveu à vida.
Falei-lhe de Prometeu, Epimeteu e Pandora, de Narciso, de Eco de deus vaidosos e superficiais que não percebiam o extremo grau de sua vaidade. Falei de Pandora e de Eva e da tentação de mexer nos segredos do infinito. Mostrei que também lia mitologia. Sabia das deusas, ninfas de musas, dos semideuses, dos gigantes e de como os gregos e latinos explicavam a vida, a dor, a alegria, a morte, as paixões com histórias e atribuições aos deuses.
Ouviu-me e perguntou como eu, sabendo tudo isso, ainda afirmava que Jesus é diferente. Respondi que poderia escolher o caminho da comparação como o sujeito que compara estradas e não viaja por nenhuma, compara computadores mas escreve a mão e compara veículos mas escolhi ir a pé. A fé supõe conhecimento, mas também supõe adesão. Mostrar cultura qualquer um pode. Informar-se sobretudo nos dias de hoje está ao alcance de qualquer um. Mas escolher e assumir é questão de atitude. O mundo tem muitos rios e estradas, mas se decidi aonde quero ir escolho os que me deixariam lá ou o mais perto possível de onde quero ir. Eu escolhi não ficar apenas nas comparações. Escolhi continuar crendo em Jesus, mesmo sabendo que antes dele houve histórias um pouco semelhantes às dele.
Conclui dizendo que sabia distinguir entre mito e realidade, entre símbolo e mistério e entre crença e fé.
Semanas depois veio falar comigo e quis saber mais sobre Cristologia. Indiquei cinco livros de católicos e dois de evangélicos que poderiam ajudá-la. Mas decidir, só ela poderia! Pelo que sei está lendo e comparando. Um dia desses ela decidirá se fica apenas no conhecimento ou se adere... Se aderir será por convicção dela. Não puxo ninguém para Jesus. Tenho sérias restrições ao marketing da fé. Deixo que a pessoa se informe e decida. O que decidir estará bom para mim. Não me tornei padre católico para encher os bancos dos nossos templos e arrastar milhões de almas para o Cristo e, sim, para revelar da melhor forma que conheço o rosto de Jesus Cristo. Tento seguir o jeito de Paulo:
Porque convosco falo e, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério, para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. (Rm 11, 13- 14)
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. (I Cor 9, 22)
Não quero que ninguém me siga. Mas se alguém quiser caminhar comigo iremos juntos. E não faço questão de ser madrinha de tropa ou de ir à frente segurando a seta. Descobri a importância das palavras outro e juntos. Para ser ouvido não preciso estar acima do meu povo. Às vezes um barco bastava para Jesus.
Posso até levar a Jesus, mas na maioria dos casos, sei que bastará apontar. Eles já o procuram há muito tempo. Até porque Jesus mandou duvidar dos que se dispõem a levar até ele agindo como quem sabe o caminho. (Mt 24,24-26) Pregador não é aeronave: é seta. E se for piloto terá que obedecer as rotas e os limites da aeronave!
Deixou o texto e foi embora. Dois dias depois me telefonou para saber o que eu achava das semelhanças. Falei-lhe de outras semelhanças em todas as mitologias e disse que o texto em nada mudava minha convicção de que Jesus é Deus. Falei de Cronos, o deus tempo que engoliu os filhos que mais tarde foram vomitados por interferência de Zeus ou Júpiter e por Métis, a deusa prudência. Falei de Vivasvat e Saranya, Vishnu e Shiva, Odin que sacrificou um olho em troca de sabedoria, porque toda sabedoria tem um preço. Falei de Ometeotl, de Huracan, de Viracocha e Mamacocha, de Tupã, de Tangaroa, de Thor, de Urano e de Hera, de Gaia, Poseidon, de Hades. Acentuei que cada povo tinha nomes e funções diferentes para seus deuses e deusas. Todos profundamente ligados à natureza e seus fenômenos e à busca do imanente e do transcendente. Lembrei que os povos contavam a história do universo endeusando o que viam, mas não compreendiam: chuva, tempestade, astros, ventos e luzes no céu. No caso dos gregos o Deus Cronos (tempo) engoliu alguns valores (filhos), mas a deus Prudência ou Métis e Zeus os devolveu à vida.
Falei-lhe de Prometeu, Epimeteu e Pandora, de Narciso, de Eco de deus vaidosos e superficiais que não percebiam o extremo grau de sua vaidade. Falei de Pandora e de Eva e da tentação de mexer nos segredos do infinito. Mostrei que também lia mitologia. Sabia das deusas, ninfas de musas, dos semideuses, dos gigantes e de como os gregos e latinos explicavam a vida, a dor, a alegria, a morte, as paixões com histórias e atribuições aos deuses.
Ouviu-me e perguntou como eu, sabendo tudo isso, ainda afirmava que Jesus é diferente. Respondi que poderia escolher o caminho da comparação como o sujeito que compara estradas e não viaja por nenhuma, compara computadores mas escreve a mão e compara veículos mas escolhi ir a pé. A fé supõe conhecimento, mas também supõe adesão. Mostrar cultura qualquer um pode. Informar-se sobretudo nos dias de hoje está ao alcance de qualquer um. Mas escolher e assumir é questão de atitude. O mundo tem muitos rios e estradas, mas se decidi aonde quero ir escolho os que me deixariam lá ou o mais perto possível de onde quero ir. Eu escolhi não ficar apenas nas comparações. Escolhi continuar crendo em Jesus, mesmo sabendo que antes dele houve histórias um pouco semelhantes às dele.
Conclui dizendo que sabia distinguir entre mito e realidade, entre símbolo e mistério e entre crença e fé.
Semanas depois veio falar comigo e quis saber mais sobre Cristologia. Indiquei cinco livros de católicos e dois de evangélicos que poderiam ajudá-la. Mas decidir, só ela poderia! Pelo que sei está lendo e comparando. Um dia desses ela decidirá se fica apenas no conhecimento ou se adere... Se aderir será por convicção dela. Não puxo ninguém para Jesus. Tenho sérias restrições ao marketing da fé. Deixo que a pessoa se informe e decida. O que decidir estará bom para mim. Não me tornei padre católico para encher os bancos dos nossos templos e arrastar milhões de almas para o Cristo e, sim, para revelar da melhor forma que conheço o rosto de Jesus Cristo. Tento seguir o jeito de Paulo:
Porque convosco falo e, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério, para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. (Rm 11, 13- 14)
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. (I Cor 9, 22)
Não quero que ninguém me siga. Mas se alguém quiser caminhar comigo iremos juntos. E não faço questão de ser madrinha de tropa ou de ir à frente segurando a seta. Descobri a importância das palavras outro e juntos. Para ser ouvido não preciso estar acima do meu povo. Às vezes um barco bastava para Jesus.
Posso até levar a Jesus, mas na maioria dos casos, sei que bastará apontar. Eles já o procuram há muito tempo. Até porque Jesus mandou duvidar dos que se dispõem a levar até ele agindo como quem sabe o caminho. (Mt 24,24-26) Pregador não é aeronave: é seta. E se for piloto terá que obedecer as rotas e os limites da aeronave!
padre zezinho
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