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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Problema do “dom de línguas” PARTE 1

Vamos analisar o texto de Marcos 16.17,18:

Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.

O texto fala de cinco sinais. Como segue:

1) Expelir demônios;

2) Falar novas línguas;

3) Pegar em serpentes;

4) Beber coisa mortífera;

5) Dom de cura.

Os pentecostais usam somente o verso 17. Por quê? O texto não fala de dois sinais, mas de cinco sinais que acompanharão aqueles que crêem.

Os pentecostais dizem que os sinais 1,3,4 e 5 podem acontecer “ocasionalmente” (sem que a pessoa deseje). Somente o sinal 2 é que pode acontecer “desejando”.

Onde o texto diz isso? Onde no texto Marcos faz diferença entre os cinco sinais? Onde no texto, Marcos separa os cinco sinais em “sinais que podem se desejados” e “sinais que podem acontecer ocasionalmente”? Os cinco sinais estão alinhados um após o outro, initerruptamente, de tal forma que o que for dito de um, será dito dos outros.

Se o sinal 2 é para a igreja hoje e os crentes têm que desejarem, então é lícito e bíblico aplicar estas características nos sinais 1,3,4 e 5.

Pergunto: alguém está disposto a tocar em serpente? Alguém está disposto a beber veneno? Alguém está disposto a impor as mãos sobre os enfermos para serem curados? Mas por quê todos estão dispostos a falar em línguas? Os que defendem a contemporaneidade dos dons alegam que esses cinco sinais não acontecem necessariamente em todos os casos de se falar em línguas. Eles alegam que os acontecimentos de Marcos 16.17,18 são sinais se ocorrerem e não se forem irresponsavelmente buscados.

Bom, a teologia pentecostal é bem clara ao exortar o crente pentecostal a “buscar” o dom de línguas. Todos eles exortam a outros crentes a “orar” e a “buscar” pelo dom de línguas. Mas, por que neste texto as pessoas não querem defender uma “busca desenfreada” pelo dom de línguas? Será que é porque o texto apresenta uma dificuldade inerente aos pentecostais? Por que em outros textos se exorta a buscar o dom e no texto de Marcos alertam contra uma “busca desenfreada”? Mas, se os cinco sinais podem acontecer ocasionalmente, por que nas igrejas pentecostais só acontece o dom de línguas? Por que só o sinal do dom de línguas acontece “ocasionalmente”? A prática revela a incoerência daqueles que falam!

Outra coisa, dos cinco sinais que devem ocorrer “ocasionalmente”, não há nenhum registro sequer no Novo Testamento dos sinais “pegar em serpentes e viver” e “beber coisa mortífera” (beber veneno). Nenhum caso, nenhuma menção sequer!

O texto, mesmo que longe de provar o cessacionismo, também não serve para provar a contemporaneidade dos dons.

Depois de analisar o texto de Mc 16.17,18, vou me deter agora no livro de Atos, onde nós encontramos apenas quatro ocasiões onde se fala sobre o batismo do Espírito Santo. O primeiro relato está em Atos 2.4:

…de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. (Atos 2.2-4).

O texto nos apresenta três sinais que mostravam aos presentes que Deus havia derramado seu Espírito naquela ocasião:

1.um som como de um vento;

2.línguas como de fogo sobre cada um dos presentes;

3.falaram em outras línguas.

Os três sinais juntos (e não apenas as línguas) constituem o tripé que caracteriza o ocorrido como um derramamento do Espírito nesta ocasião. Isso é bastante claro no verso 33: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis”. Alguns defensores do continuísmo alegam que esta passagem é o padrão. Ora, então podemos concluir que os três sinais acontecem nas igrejas pentecostais? Claro que não! Por quê só deve acontecer o sinal 3 e não os outros dois?

No restante do capítulo 2, não há provas de que o batismo do Espírito é acompanhado pelo falar em línguas. No verso 38 Pedro diz: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”.

Dizer que receber o dom do Espírito do verso 38 é o mesmo que falar em línguas é um argumento desprovido de provas concretas, porque não é dito que os 3.000 convertidos falaram em línguas. Querer dizer o que o texto não diz é muita pretensão!

Pelo contrário, o texto diz aquilo que os pentecostais rejeitam. Pedro está dizendo que o arrependimento é suficiente para o recebimento do batismo do Espírito Santo. Ou seja, quando é que se recebe o batismo do Espírito? Pedro diz que é no momento do arrependimento, e não numa ocasião futura. Quando alguém se arrepende e crê recebe o Espírito Santo, e não algum tempo depois. O texto não está dizendo mais nada além do que já diz!

Depois de analisarmos a primeira ocorrência do B.E em Atos, vamos analisar a segunda ocorrência do batismo do Espírito Santo em Atos 8.14-17. É o relato de Felipe pregando na cidade de Samaria.

Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; os quais, descendo para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus. Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo. (Atos 8.14-17).

Provavelmente houve a manifestação das línguas, visto que houve uma evidência visível. Mas essa conclusão não deve ser final, visto que há outras manifestações visível do batismo do Espírito Santo: profecia e dons de cura.Não tenho muita coisa a dizer sobre este texto, a não ser para frisar um detalhe bem claro: foi preciso que dois apóstolos fossem à Samaria para impor as mãos sobre os samaritanos para, desta maneira, receber o batismo do Espírito. Neste caso, por que não esperar pela presença de um “apóstolo” para que, impondo-lhes as mãos, os crentes falem em línguas? Estarei sendo exagerado em dizer que é necessário a presença de uma apóstolo? Mas o texto não diz isso? Há outras ocorrências em Atos da presença de apóstolos na ocasião do falar em línguas, mas vou trata-las de acordo com a necessidade.

Parece-me que há uma evidência do argumento pentecostal neste texto. Os samaritanos receberam o Espírito após a sua conversão. Mas, como alguns sensatos pentecostais, não existe nenhum padrão, nenhum método, nenhuma condição na qual a pessoa precise se colocar para receber o dom de línguas. E de fato, os registros da descida do Espírito Santo em Atos não obedecem a um padrão, mas todos eles apresentam elementos únicos e variados, o que torna difícil estabelecermos um padrão para o recebimento do Espírito.

Então, posso descansar e relaxar pois, o que aconteceu em Samaria foi um caso isolado e excepcional. Aliás, não estou fugindo desta questão, é que a Bíblia não mostra nenhuma outra ocorrência, além de Samaria, de que crentes só receberam o Espírito após a conversão (diga-se de passagem que Atos é um livro histórico, não podemos criar uma doutrina em cima de um fato histórico relatado em um único texto!).

É bom destacar também a importância desta descida do Espírito entre o samaritanos. Os judeus cristãos tinham preconceito para com os samaritanos. Os judeus cristãos eram hostis aos samaritanos. Eles não suportavam conviver, falar ou até mesmo passar por perto dos samaritanos. Diante do relato bíblico, vemos este preconceito e esta hostilidade sendo derrubada, pois deixava claro para os judeus cristãos que Deus também aceitou samaritanos para que façam parte, juntamente com os judeus, da salvação. Judeus e samaritanos agora podem conviver uns com os outros pois todos eles participavam da mesma graça.

Este fato é cheio de características únicas e peculiares dentro de um contexto particular onde viviam os judeus preconceituosos e os samaritanos desprezados. Diante disso, não podemos racionalizar que esta ocasião deva ser repetido várias vezes por todas as gerações, visto que serviu para um propósito único e exclusivo.

Depois de termos visto a respeito da segunda ocorrência do B.E em Atos , passemos agora para a terceira ocorrência do batismo do Espírito em At 10.44-46. A passagem descreve a descida do Espírito sobre Cornélio e os que estavam com ele:

Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus.

No capítulo 11, versos 15-17, encontramos Pedro relatando estes acontecimentos aos irmãos de Jerusalém. Pedro, então, trata o ocorrido como um batismo do Espírito Santo. Pedro ainda estabelece uma semelhança com o que ocorreu em Atos 2: “Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?”(At 11.17).O texto, ao que parece, não dá suporte à teologia pentecostal do batismo do Espírito, visto que o texto deixa claro que a descida do Espírito se deu juntamente com o exercício da fé dos gentios: “sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo” (v. 45).

Temos aqui um caso raro e improvável que se aconteça novamente. Os judeus tinham preconceito com os gentios, ao ponto dos judeus evitarem levar a verdade de Deus aos gentios. Esta descida do Espírito mostrou aos judeus que os gentios também fazem parte da família de Deus.
A barreira entre os judeus e gentios eram muito maior do que a barreira entre os judeus e samaritanos. O batismo do Espírito entre os samaritanos e entre os gentios revela aos judeus que Deus também demonstra sua salvação aos outros povos e não a eles somente.

A descida do Espírito aos gentios é uma clara demonstração de que os gentios poderiam ser salvos e que os judeus cristãos não tinham razão para hesitar em receber os gentios convertidos em sua comunhão.

Essa é uma outra extensão do pentecostes (além de Samaria) em Cesaréia, entre os gentios. Não podemos ter dúvida disso pois Pedro disse: “Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós, no princípio… Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?” (11.15,17).

A recepção dos dons extraordinários do Espírito colocava estes gentios em igualdade com os cristãos samaritanos e com os cristãos judeus. Porém, o texto não prova que cada crente deve receber este dom; ou ainda, o texto não prova que os crentes devem desejar receber este dom pois o texto não dá nenhum indício de que os gentios estavam buscando por este dom. Mesmo que a entrega dos dons pelo Espírito seja um ato soberano de Deus, como dizem alguns pentecostais menos insensatos, eles ainda afirmam que o crente deve desejar o dom. Mas eu vejo o contrário em At 11. Alguém se levantaria para dizer que os gentios estavam desejando receber o batismo do Espírito?
Depois de vermos a terceira ocorrência do B.E em Atos, passemos para a quarta e última ocorrência do batismo do Espírito que se encontra em At 19.1-7. Se trata da descida do Espírito Santo em Éfeso:

Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam. Eram, ao todo, uns doze homens.

Precisamos nos deter, por um instante, na estrutura grega em que esta passagem se apresenta. Isso por que há algumas versões que traduzem assim a pergunta de Pedro: “Recebeste o Espírito Santo depois que crestes?”. Quando a pergunta é lida desta maneira, dá a impressão que a interpretação pentecostal de que alguém deve receber o batismo após a conversão está correta. Mas temos que pergunta se a estrutura da pergunta no grego permite tal conclusão.
No grego esta pergunta se encontra assim: “Ei pneúma hágiom elábete pisteúsantes”. Temos um verbo no tempo aoristo (elábete) seguido por um particípio aoristo (pisteúsantes). O particípio expressa uma ação contemporânea “ao crerem”, isto é, “quando vocês se tornaram cristãos”. Já o aoristo denota uma ação que ocorreu no passado e que não se repete. Neste caso, o “recebeste” (elábete) é uma ação única, ocorrida uma única vez. O recebimento (elábete) do Espírito junto com a fé (pisteúsantes) são simultâneos, de acordo com a construção da pergunta no grego. O particípio aoristo coincidente é doutrinariamente importante.

Para os pentecostais o recebimento do Espírito deve acontecer somente depois da conversão, nunca ao mesmo tempo. Se esta fosse a intenção de Lucas, ele poderia ter feito outra construção para a pergunta.

A resposta dos doze discípulos é reveladora: “Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo”. O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal do texto diz que os crentes efésios não haviam ouvido falar sobre o derramamento do Espírito, mas que tinham algum conhecimento do Espírito. Ora, o que a Bíblia de Estudo Pentecostal quer defender é que eles já conheciam o Espírito, mas que não sabiam ainda sobre o derramamento no Pentecoste.

É isso mesmo que o texto diz? No grego está literalmente assim: “Pelo contrário, nem temos ouvido que existe um Espírito Santo”. Isso é importante saber pois a teologia pentecostal afirma que o crente deve buscar pelo batismo do Espírito. O texto diz que eles não tinham a menor idéia do que era o Espírito Santo. Não há nada que indique no texto que eles tinham algum conhecimento do Espírito. Nada. Ora, como os efésios poderiam buscar algo de que não conhecem?

Continuando com o texto, o relato diz que Paulo lhes impôs as mãos para receberem o Espírito e falaram em línguas e profetizaram.

O texto não prova que todo crente deve receber o batismo do Espírito Santo após sua conversão evidenciando as línguas. Algumas características que encontramos no texto é a seguinte:

1.Os eféios não conheciam o Espírito Santo;

2.Os efésios não estavam buscando pelo Batismo do Espírito;

3.O texto mostra que eles receberam mediante a imposição das mãos de um apóstolo, no caso Paulo.

Deixo uma pergunta: se é verdade que eu devo receber o batismo do Espírito para falar em línguas, onde está um apóstolo para impor as mãos sobre mim?

Precisamos fazer uma análise adicional com relação às quatro ocorrências do batismo em Atos. As únicas ocorrências do batismo do Espírito em Atos se encontram em Atos 2,4; 8, 14-17; 10, 44-46 e 19, 1-7Todas as ocasiões apresentam situações bem parecidas, bem semelhantes, o suficiente para concluirmos que, se o batismo do Espírito com a manifestação do dom de línguas é válido para a igreja de hoje, então todas as situações que envolveram o batismo do Espírito em Atos também devem se repetir na igreja hoje.

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