“Se você já passou por
divisão na igreja, está bastante familiarizado com o terrível turbilhão de
emoções e o inconsolável sofrimento que acompanha essa descida ao inferno. Se
você não tem familiaridade com a experiência, um grande choque o aguarda: grupos
de cristãos outrora bondosos e unidos se separarão em facções para se oporem uns
aos outros. De repente manifestarão calúnia, ira, engano, medo, amargura, ódio,
maledicência, falta de perdão, contenda, orgulho e rebelião”. Francis Frangipane Pastor protestante
americano
Há mais de 20 anos que estudo o protestantismo, seitas
e heresias, confesso que fiquei chocado ao ler na revista protestante Eclésia,
nº 129, p. 4, a seguinte matéria:
“O Brasil é um país de desviados. Mais
de 50 milhões de pessoas que já passaram pela Igreja Evangélica – tendo ou não
nascido em “berço” cristão – atualmente perambulam pelo mundo. É um exército de
afastados, um rebanho inteiro de decepcionados, frustrados, “sem-religião”,
“sem-igreja”. Muitos, um dia, com cargos e chamados ministeriais. O que assusta
nas estatística é que entre os que engrossam o coro dos desviados estão filhos
de pastores. As matérias “Cem horas que não explicam tanta agonia” e “Herdeiros
do Púlpito” mostram uma triste realidade. Famílias e igrejas perdendo seus
jovens para o mundo”.
Segundo o censo do IBGE do ano 2000, o Brasil têm
15,45% de evangélicos, isso corresponde a 26,1 milhões de crentes. Atualmente,
de acordo com o Instituto Datafolha, os evangélicos já chegam a 22% da
população, ou seja, cerca de 40 milhões de pessoas.
Segundo estudos de
cientistas políticos e da religião, o protestantismo sofrerá redução
vertiginosamente como aconteceu na Europa. No Brasil, a prova é o número de
desviados, cismas, seitas e heresias.
É óbvio, que, tudo isso deixa um
estrago terrível para a Igreja Católica e o cristianismo.
O maior
escândalo do protestantismo é a divisão e o outro é a multidão dos
desviados.
Daí o crescimento do sem-igreja, sem-religião e
sem-Deus.
Essa gente passa a criticar injustamente os verdadeiros
cristãos, uns conscientes, outros tomados pelo ódio, vingança e corações
despedaçados. O pastor Sinfrônio Jardim Neto, do Ministério Jesus Não Desistiu
de Você, descobriu que uma igreja que tenha atualmente 200 membros, viu passar
por seus bancos nos últimos dez anos outras 400 pessoas, agora fora de qualquer
denominação.
“As
igrejas estão contaminadas com a ideia do sucesso numérico e financeiro. Não
importa quem esteja nos bancos e, sim, que fiquem cheias”, afirma a pastora Daria Tiyoko,
esposa do pastor Sinfrônio e também líder do
ministério(1).
FALSO
CRESCIMENTO
“A divisão é um sistema de
vida maligna, um falso crescimento autorizado pela ira, pelo orgulho e pela
ambição, em vez da mansidão e paciência de Cristo. É uma guerra na qual o diabo
é o único que realmente vence”,
diz o pastor Francis Frangipane
(2).
Dentro do contexto do crescimento protestante, tem que levar
em conta: o inchamento, a falta de qualidade moral e dogmática, o interesse
financeiro de certos líderes, os membros, ou ‘clientes’, em busca tão somente de
soluções para seus problemas materiais, a onda gospel como entretenimento
liberal e barato e a falta de compromisso social.
Dividir para crescer
em rebelião é uma atitude diabólica. Tal prática torna-se inimiga do Evangelho
de Cristo.
Fica muito difícil delinear o crescimento do atual
protestantismo, na sua dimensão tradicional, pentecostal, neopentecostal,
renovado, liberal e fundamentalista.
“A igreja evangélica
brasileira é caracterizada mais pelas divergências do que pela
união”, escreve Mark Carpenter,
diretor-presidente da editora protestante Mundo Cristão
(3).
“Séculos de influência européia e norte-americana fez da
igreja evangélica brasileira uma espécie de saco de gatos teológico e
eclesiológico” (4).
No contexto político o vexame é terrível, vejamos o
que diz Carpenter: “No Brasil os evangélicos são percebidos por muitos
internautas como reacionários, inflexíveis, ultrapassados e intransigentes.
Infelizmente esta noção é reforçada diariamente por televangelistas e políticos
evangélicos, e pelas ações de líderes e denominações oportunistas”.
O
vereador protestante por São Paulo, Carlos Alberto Bezerra Jr. Disse: “O exemplo
que as bancadas evangélicas deram nas câmaras brasileiras não nos enche de
orgulho. Pelo contrário, em vez de bancadas, atuaram como cambadas. O que está
sendo questionado é esse modelo de espiritualidade ufanista, prepotente, falso
moralista e antiético de parte do movimento evangélico” (5).
Os
evangélicos, principalmente os pentecostais, não só no Brasil, mas em boa parte
do planeta, tem pouca dogmática cristã, e muito ensino de auto-ajuda,
sincretismo, misticismo e teologia da prosperidade.
O
neo-protestantismo, ou protestantismo da pós-modernidade está vivendo o
inatismo, pelagianismo e o pragmatismo. Vive-se uma “fé líquida” nos movimentos
protestantes.
A crise é catastrófica e requer humildade para voltar às
fontes, que não é nada fácil.
“O pentecostalismo vem
perdendo prestígio pela imagem que se passa através dos escândalos, das
promessas não cumpridas e por não produzir transformações sociais. Em função do
institucionalismo cujas pressões levam a se fazer qualquer coisa antes do Reino
de Deus e da pressão do mercado religioso, com suas demandas e desejos, o que se
detecta é que a igreja evangélica perdeu o ensino e a ação ética. Portanto, a
igreja evangélica brasileira tem um grande desafio ético pela frente, porque sem
ensino não há transformação”, afirma o
sociólogo protestante Paul Freston (6).
LUTERO
O
famoso concílio protestante que aconteceu em 1 de Outubro de 1529, na cidade de
Marburg, na Alemanha. Organizado pelo príncipe Philip de Hesse, que queria
formar uma frente política unida entre os protestantes contra as forças
católicas unidas no restante da Europa, o concílio contou com a presença da
maioria dos reformadores alemães e suíços: Martinho Lutero e Philip Melanchthon,
do lado luterano, e Ulrich Zwínglio, Martin Bucer e Johanes Oecolampadius, do
lado reformado suíço.
No final do concílio, houve uma acirrada
discordância sobre a Ceia do Senhor (Eucaristia), Lutero se recusou a dar a
destra de comunhão a Zwínglio e disse a Martin Bucer: “é evidente que não temos
o mesmo espírito”. A partir daí, adeus união política, teológica e eclesiológica
dos protestantes.
Esse foi o maldito exemplo dos reformadores para
gerações posteriores em: divisões e desviados.
O princípio subjetivo do
“livre exame das Escrituras”, ou seja, cada um interpreta a Bíblia á seu modo,
ensinado por Lutero, produziu um esfacelamento sem precedentes na história do
cristianismo pela multiplicação de nova “igrejas”. Dá para entender o remorso, o
drama de Lutero no final de sua vida por ser o mentor desta divisão pela
frase: “Há tantos
credos quantas cabeças há”.
Lutero não foi humilde para amar e
viver a unidade da Santa Igreja de Deus. Lutero sofria de muitas
incompatibilidades... Lutero não aprendeu com Cristo e com santo Agostinho sobre
a unidade e o tempo que cura todos os males. Medite profundamente nesse
pensamento: “Todos os grandes problemas na Igreja foram criados pelos que, mesmo
sendo membros dela, não a amaram suficientemente e preferiram a si mesmos,
projetaram a si mesmos aproveitando-se da Igreja”, assim escreve o preclaro Frei
Francisco Battistini, em seu excelente livro ‘Por que amo a
Igreja’.
CONCLUSÃO
O
protestantismo sofre pelas divisões e pela agonia dos desviados devido à
desfiguração de seus múltiplos movimentos e alguns obscuros.
Em seu
âmago surgem seitas cada vez mais traidoras dos ensinos de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Fica difícil de evangelizar o mundo, por causa da confusão e fanatismo
das seitas. O povo está temeroso do interesse financeiro desses movimentos
sectários. É de causar assombro em qualquer banqueiro à máquina capitalista
dessas novas seitas.
Cada vez mais novas denominações ficam distante da
Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição e longe da unidade
católica.
O
ensino de Cristo:
“A fim de que todos sejam
um. Para que seja perfeito em unidade”, é pisoteado pelo
denominacionalismo. Para um coração sincero, com a graça de Cristo, com estudos,
oração e humildade, deve-se retornar com amor a verdadeira Igreja de Deus que é
UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA. Para o bom Deus nada é
impossível.
Pe. Inácio José do Vale Pároco da Paróquia São Paulo
Apóstolo
Professor de História da Igreja Faculdade de Teologia de Volta
Redonda e-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com
NOTAS E
BIBLIOGRAFIA:
(1) Eclésia, nº 129, p.40.
(2) Impacto, nº 51,
p.5.
(3) Ultimato, nº 315, p.51.
(4) Revista Teológica, nº 0, setembro
de 2005, p.3.
(5) Eclésia, nº 129, pp.17.18.
(6) Jornal Batista Luz nas
Trevas, novembro de 2008, p.10.
BATTISTINI, F. Porque Amo a Igreja, São
Paulo: Ave-Maria, 2007.
GARCIA-Villoslaba, Ricardo. Lutero, Madri:
Biblioteca de Autores Cristianos, 1976.
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de.
Falsas Doutrinas – Seitas e Religiões, Lorena: Cleofas, 2006.
Fonte Eletrônica;
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