Pergunta de um leitor ao blog VOZ DA IGREJA.
Recebemos do leitor Marcelo Mattos a
seguinte mensagem:
"Olá, pessoal do
Voz!
É com muito prazer
que recorro a vocês, que muitas vezes foi fonte de esclarecimento acerca das
doutrinas da Única e Verdadeira Igreja de Cristo, para me esclarecer sobre um
trecho da bíblia.
Certa vez, vi uma
citação de um irmão protestante, sobre o sacerdócio, a qual dizia: "E a ninguém chameis de pai sobre a terra, porque um só é
vosso Pai, aquele que está nos céus". (São Mateus 23, 9)
Ele dizia que não
podemos chamar o sacerdote de "padre", e que sequer devíamos ter padre, baseado
nesse versículo. Poderiam me ajudar a sanar essa duvidazinha?
Agradeço a
atenção, e parabenizo o excelente trabalho de vocês.
Abraços!"
Prezadíssimo Marcelo Mattos, em primeiro
lugar agradecemos a confiança em nosso modesto apostolado. Para facilitar o
nosso trabalho, o valoroso Bispo Auxiliar de Aracaju, Dom Henrique Soares da
Costa, já respondeu à mesma pergunta em sua web página, a qual, devidamente
autorizados, reproduzimos abaixo. Que seja útil.
“Papa” pode ser traduzido por "pai". O termo “padre”, de origem latina, também significa "pai". A Igreja estaria, na prática, desobedecendo ao preceito de Jesus constante no Evangelho segundo S. Mateus, de não chamar ninguém de pai sobre a terra? Vejamos...
A primeira coisa que é muito importante ter em
mente é que o Evangelho nunca poderá ser reduzido à letra: "A letra mata, o
Espírito dá a vida". É extremamente perigoso tomar uma palavra (ou frase) de
Jesus fora de seu contexto e de sua intenção. Quase sempre, erraremos e
trairemos a intenção do Senhor. A Escritura somente poderá ser compreendida
corretamente no mesmo Espírito na qual foi escrita, e esse Espírito é Dom do
Senhor à sua Igreja. Chamo atenção para esta atitude de fundo, porque sem
ela, a Escritura será pura fonte de erros e confusão. Basta ver onde a loucura
do livre exame da Bíblia, apregoado por Lutero, levou o protestantismo: hoje são
milhares de seitas protestantes, das mais radicais em fechamento e fanatismo
fundamentalista às mais liberais, de casar homossexuais e admiti-los, declarados
e assumidos, como "pastores", "bispos" e "bispas"...
(Além disso, se a Bíblia afirma que é Deus o
nosso Pai maior, igualmente enfatiza que nosso 'Pastor' é Jesus Cristo, conforme
lemos no Evangelho segundo S. João [10, 12]. Se o questionamento em questão
parte de um protestante, que tem a Bíblia como única regra de fé e prática, já
começa totalmente descabido, pois quem acusa pratica exatamente a mesma coisa,
chamando seu líder espiritual de 'pastor'.)
Dito isso, vamos à resposta. Quando Jesus faz a
afirmação acima citada, está polemizando com os escribas e fariseus, que
assumiam ares de pais da comunidade judaica. O Senhor deseja, então, afirmar que
a Paternidade radical, fontal, princípio e modelo de toda paternidade, brota do
seu Deus e Pai. Ninguém pode ser pai a não ser em referência ao Pai de Jesus:
"Dele procede toda paternidade no Céu e na Terra" (Ef 3,14). Qualquer um que se
considere pai (espiritual) sem reconhecer Jesus como o Filho do Pai verdadeiro,
pleno e perfeito, trai o sentido da paternidade e como que usurpa e deforma a
paternidade que vem de Deus! É o mesmo caso de quando Jesus disse: “Ninguém é
bom a não só Deus” (Mc 10,18). Será que Jesus não é bom? Será que não há ninguém
bom? Não! O que Jesus quer dizer é que toda bondade provém do Pai e toda bondade
que não for imagem e expressão da bondade do Pai, não é verdadeira bondade!
Ora, na Comunidade cristã sempre houve alguns
que foram chamados de pai no sentido espiritual, exatamente porque expressão da
paternidade do Pai de Jesus, paternidade que deve sempre exprimir amor,
providência, carinho, misericórdia, cuidado. Eis alguns exemplos: os cristãos
sempre chamaram os pais humanos de "pai" (cf. Ef 6,1); São Paulo diz-se pai dos
fiéis que ele converteu: "Eu vos escrevo como a filhos bem-amados. Ainda que
tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais, pois fui eu quem
pelo Evangelho vos gerou em Cristo Jesus" (1Cor 4,14-15); “Meus filhos, por quem
eu sofro de novo as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl
4,19). São João, na sua Epístola, chama todo o tempo os cristãos de "filhinhos"
- o que supõe, certamente, que ele se considera pai da comunidade a que se
dirige.
Então, toda e qualquer paternidade na
comunidade cristã deve ter como fonte, modelo e expressão a Paternidade de Deus.
Qualquer outro tipo de paternidade espiritual é idolátrica e sacrílega, é uma
blasfêmia contra o nome de Pai, que Jesus revelou vivendo como Filho perfeito.
Além do mais, ainda que alguns exerçam na comunidade uma função de paternidade,
essa função tem como alicerce e fundamento uma outra: a relação de fraternidade:
"Todos sois irmãos!" Por exemplo: o padre tem sim uma paternidade espiritual em
relação aos fiéis, mas, antes é irmão em Cristo; antes de ser padre é cristão.
Esta é a relação fundamental! A dignidade primordial nossa é ser cristão, irmãos
em Cristo Jesus. Antes de qualquer paternidade em Cristo, vem a fraternidade
recebida como Graça no santo Batismo.
Uma observação do Apostolado Voz da Igreja -
Além das claras e precisas explicações do honrado bispo, reproduzidas acima,
lembramos ainda que a própria Escritura chama Abraão de "Pai de uma nação"; no
hebraico bíblico, o nome do Patriarca tem esse exato significado. Mais ainda, o
Mandamento divino determina honrar pai e mãe. É o próprio Deus Todo-Poderoso,
diretamente, ordenando que honremos nossos pais segundo a carne! Ora, será
honroso para algum pai que seu próprio filho se negue a chamá-lo de pai? Por
esses fatos se percebe, de maneira clara e evidente, que o conselho de Jesus, no
contexto da passagem de Mateus (23,9), refere-se aos que se colocavam como pais
espirituais daquela comunidade; no caso, fariseus hipócritas que não reconheciam
o Evangelho do Senhor.
Fonte Eletrônica;
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