Me entristeço cada vez mais quando troco email com irmãos protestantes acerca das coisas da fé. Os argumentos deles continuam baseados em "achismos", teses fantásticas, ginásticas mentais e outros tantos recursos que uma mente obscurecida da razão se utiliza para fundamentar o infundamentável e defender e o indefensável.
Vejamos alguns exemplos desta loucura:
- Embora os cristãos que ouviram a pregação do Evangelho da boca dos próprios Apóstolos, foram seus seguidores e discípulos, tenham deixado para nós o testemunhho da fé da Igreja Primitiva, eles preferem o testemunho dos Reformadores que nasceram 1500 anos depois e que nem conheceram os Apóstolos.
- Embora mostremos através de documentos históricos, escritos antigos, que a Igreja Católica sempre teve autoridade para definir questões de fé e moral para todos os cristãos (um exemplo são as definições dos Concílios Ecumênicos) , eles dizem que somente a Bíblia possui esta autoridade, como podem dizer isto, quando sabem que foi a Igreja Católica que definiu a Bíblia através da autoridade que eles dizem que a Igreja não tem?
- Todos já ouviram falar sobre os Concílios Ecumênicos (eram as reuniões dos Bispos do mundo inteiro para tratar de alguma divergência doutrinária surgida no ceio da Igreja) e sabem que a Igreja Antiga utilizava dos Concílios para resolver questões de fé e moral. No entanto alegam que a Igreja não tem qualquer autoridade para defnir questões de fé e moral, que isto é papel da Bíblia, sabendo que esta foi definida nos Concílios Ecumênicos pela Autoridade que dizem que a Igreja não tem.
- Alegam (de forma totalmente arbitrária) que a Igreja Católica definiu a Bíblia nos Concílios para fazer dela a única Regra de fé e não aceitam 7 livros do AT que constam na Bíblia que a Igreja definiu.
- Para os protestantes históricos, as confissões protestantes históricas possuem autoridade para definir seu corpo doutrinário, mas a Igreja Católica que sempre definiu questões de fé e moral para todos os cristãos, como foi muito bem registrado na história dos Concílios, não tem esta autoridade.
- Consideram a Igreja Católica traídora do Evangelho e quando vivem dentro do Protestantismo uma verdadeira Babel Bíblica.
- Alegam que a Igreja deve ser sempre legitimada pela Bíblia quando sabem que a legitimação da Bíblia dependeu da Igreja.
- Sabem que desde o Concílio Regional de Hipona (393 d.C) e do Concílio Ecumênico de Cartago (431 dC) a Igreja Católica reconhece os livros 7 livros deuterocanônicos do AT como canônicos, mas continuam afirmando que a Igreja incluiu estes livros na Bíblia durante o Concílio de Trento.
- Sabem que os 7 livros deuterocanônicos do AT constam na Bíblia de Guttember (primeiro livro impresso da história. 1460 dC) que é anterior à Reforma, e dizem que estes livros nunca estiveram na Bíblia e que foram incluídos pela Igreja durante o Concílio de Trento.
- Embora alguns tenham a oportunidade de conhecer os escritos dos primeiros cristãos e que 90 % destes escritos dêem testemunho de que a Tradição dos Apóstolos e o Magistério da Igreja sempre foram considerados também como Palavra de Deus, preferem ficar com os 10% que aparentam fundamentar a fé na Sola Scritpura.
- Embora demonstremos que qualquer ponto doutrinário da fé católica apresenta seu paralelo na fé da Igreja Primitiva (mostrando a fé Primitiva através dos escritos dos primeiros Cristãos), preferem ficar com o que entenderam da Bíblia e ainda alegam que este entendimento é a autência fé Primitiva.
Quem lê os itens acima vai pensar que é coisa de doido, mas eu acho isso náo é doidice não... é bem mais grave. Me lembra algo que aconteceu no tempo do Profeta Isaías:
"O boi conhece o seu possuidor, e o asno, o estábulo do seu dono; mas Israel não conhece nada, e meu povo não tem entendimento." (Is 1,3)
Algo fechou o entendimento de nossos irmãos protestantes para a Verdade. Faz-se oportuno aqui transcrever um trecho de uma bela obra:
"A naja é uma serpente terrível. Ela cospe seu veneno a dois metros de distância. Apontando para os olhos da vítima, cega-a, temporária ou definitivamente, e assim essa se torna presa fácil.
Desde as nossas origens, a serpente tem o triste privilégio de representar o demônio, em razão da malícia e da mordida mortal que a caracteriza. Parece no entanto que, passados alguns séculos, a técnica demoníaca evoluiu. Não contente em nos morder o calcanhar, como a víbora, descobriu um veneno que nos cega. A víbora tornou-se naja. Vejamo-lo.
No início do Cristianismo, o demônio atacava a fé suscitando heresias. Mas a Igreja valeu-se dessas negações fazendo delas ocasiões para proclamar seus dogmas, ainda com mais clareza. "Oportet haeresses esse", é preciso [conveniente] que haja heresias (1 Cor. 11, 19). Para fazer surgir almas e uma Igreja negadoras do objeto da fé, seria preciso cegar a inteligência humana, tornar-lhe impossível qualquer contato com o verdadeiro. Assim fazendo, a fé se diluiria no relativismo, as almas se perderiam sem o saber.
Como é fácil de constatar, o atentado obteve êxito.
Quem nunca fez a seguinte experiência: falar durante uma hora com uma pessoa com o propósito de levá-la de volta à Igreja; argumentar com toda a sabedoria; responder claramente a todas as suas objeções; e, no entanto, ouvi-la dizer ao desperdir-se: "Tudo o que você disse é interessante, mas é a sua verdade. O que importa é estar bem onde nos encontramos"? Ou: "Muito bem... tudo isso é verdade... no passado".
Essas reflexões revelam um mal profundo e universal. De fato, dizer que a verdade é subjetiva é atentar contra a nossa própria inteligência, na sua estrutura íntima e nos seu exercício natural. É interditar qualquer conhecimento verdadeiro.
Nesta análise, seguiremos o Papa S. Pio X na sua Encíclica Pascendi (8 de dezembro de 1907). Sua Santidade enxergou numa falsa teoria do conhecimento - o agnosticismo - o ponto de partida do modernismo (§6). E assim resume suas causas: "Trata-se da aliança da falsa filosofia com a fé [cega], as quais, ao se misturarem, formam uma massa [densa, opaca, gigantesca e mostruosa] cheia de erros, danificando o sistema da fé" (§58).
Entre os remédios contra o modernismo, S. Pio X destaca, como "o melhor", "o ensino da filosofia que nos legou o Doutor Angélico" (Santo Tomás). E advertiu os professores "de que desprezar Santo Tomás, sobretudo nas questões metafísicas, traz prejuízos graves" (§63). ".
(A VERDADE , Ir. Jean-Dominique, O.P., Edições Santo Tomás, 2003.)
Aí está, meus irmãos, o drama moderno que nós vivemos. Como falar a alguém que está lesado no seu "DNA da inteligência"?
Mais uma vez, tenho que dar razão ao meu amigo e professor Carlos: "Onde não há virtudes naturais a graça não pode operar".
FONTE ELETRÔNICA;
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