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domingo, 6 de março de 2011

A Sagrada Tradição é igual à Sagrada Escritura?

Temos escritos vários artigos falando sobre a Sagrada Tradição, que é o veículo oral da Revelação de Cristo. Os Santos Apóstolos receberam a pregação do Senhor Jesus e depois foram difundindo esta pregação por todo o mundo conhecido. A pregação dos Apóstolos, foi transmitida na Igreja de Deus de duas formas: por via oral e por escrito.

Temos também publicado vários testemunhos primitivos(1) que mostram que tanto a Sagrada Escritura quanto a Sagrada Tradição sempre foram guardados pela Igreja de Deus como verdadeira Palavra de Deus.

No séc. XVI com o movimento da “Reforma Protestante”, os “reformadores” pregavam que a Palavra de Deus é somente a Sagrada Escritura, contrariando é claro a fé antiga que a Igreja recebeu dos apóstolos.

Nossos artigos têm provacado verdadeiro tumulto no mundo protestante, pois a maioria das pessoas que estão em suas fileiras não sabiam da existência da Sagrada Tradição. Em contra-partida os apologistas protestantes têm afirmado que a Tradição a que se refere os primitivos cristãos não se refere a algo que está fora das Sagradas Escrituras. Dos muitos artigos que se encontram na Internet defendendo esta tese, transcrevo abaixo o trecho de um que muito bem apresenta tal argumento:

A Tradição de Que Paulo Trata Não É Extra bíblica. Em Gálatas 1: 13 e 14 Paulo fala que perseguia os cristãos seguindo a tradição de seus pais pela qual tinha grande zelo. Em Colossenses 2:8 ele recomenda cuidar-se contra os que ensinavam ‘sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens’. E quando o apóstolo dos gentios refere-se à tradição cristã, ele de modo algum está falando de algo derivado do pensamento popular mas do que ele mesmo ensinou: ‘Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa’.

Certos autores católicos citam esta passagem para dar a entender que além do texto escrito, haveria tradições relevantes não registradas nas páginas sagradas. Contudo, a própria passagem ressalta aos leitores primários do apóstolo a importância de se aterem ao que lhes fora ensinado, ‘seja por palavra, seja por epístola nossa’. Que o ‘seja por palavra’ não difere do que foi dado ‘por epístola’ é a conclusão mais lógica a se tirar. Ou será que algum tema fundamental, básico para a fé e prática cristãs, ficaria sem registro? Iria Paulo ser tão omisso em suas 13 ou 14 epístolas, deixando de fora de seu repertório de ensinos teológicos, práticos e admoestações individuais ou coletivas algum tema de fato vital para a comunidade cristã? O que ele expressou ‘por palavra’ certamente não destoaria do que fez ‘por epístola’.” (Artigo “A fonte de verdade e salvação: Sola Scriptura ou Bíblia e Tradição?“. Autor: Azenilto G. Brito. Fonte: http://www.azenilto.com/34dVERDSALVA.html)

O autor das linhas acima conclui que quando São Paulo se refere ao que ele ensinou “seja por palavra” o Santo Apóstolo está se referindo ao que ele ensinou “por epístola nossa.”. Para ele essa “é a conclusão mais lógica a se tirar“, pois “Iria Paulo ser tão omisso em suas 13 ou 14 epístolas, deixando de fora de seu repertório de ensinos teológicos, práticos e admoestações individuais ou coletivas algum tema de fato vital para a comunidade cristã?“.
Desta forma, o apologista protestante defende a Sola Scriptura alegando que o que São Paulo ensinou por palavra não vai além daquilo que ele ensinou por Escrito. E como ele chega a esta “conclusão mais lógica a se tirar”? Partindo do princípio de que o Apóstolo escreveu tuda a sua doutrina. Ora, mas não é exatamente isto que se quer provar? Como pode ele defender a Veracidade da Sola Scritpura assumindo como premissa exatamente aquilo que está sendo questionado?

Aqui está o problema da “petição de princípio”. Ora, quando se quer provar a veracidade de um argumento, não se pode assumir como premissa aquilo que se quer provar. E esse é exatamente o recurso da “brilhante” apologética protestante que infelizmente consegue atrair para o erro os mais simples.

O que ensina a Sagrada Escritura?

A Sagrada Escritura dá testemunho de que os Apóstolos não deixaram por escrito toda a sua teologia.

“Tenho muito a vos escrever, mas não quero fazê-lo com papel e tinta. Antes, espero ir ter convosco e falar face a face, para que nossa alegria seja completa” (2Jo 1,12).

“Tenho muitas coisas que te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face” (3Jo 1,13-14)

Os dois trechos acima mostram que o Apóstolo São João não deixou por escrito tudo aquilo que comunicou aos crentes, tendo comunicado outras coisas somente de viva vóz.

“[Jesus] depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao reino de Deus.” (At 1,3)

Veja que o que o Senhor Ressucitado comunicou aos Apóstolos durante os 40 dias em que permaneceu ainda na terra antes de ir ao Céu, não foi colocado por escrito por nenhum dos Apóstolos. Outro fato interessante é que a grande maioria dos apóstolos nada escreveu, não deixou nada por escrito, tramitindo sua teologia somente por

via oral.

A Sagrada Escritura dá testemunho de instruções que foram transmitidas somente por via oral

“E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tg 5,10). Aqui São Tiago faz referência a uma das instruções que não se encontram nos Evangelhos ou nas espístolas dos Apóstolos.

“Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: É maior felicidade dar que receber!” (At 20,35). Aqui o Santo Apóstolo faz referência a palavras de Cristo que não se encontram em nenhum dos Evangelhos.

Testemunhos dos Primitivos Cristãos

Mostramos acima que a Sagrada Escritura dá testemunho da existência de outro “veículo” da Revelação Divina, que trasmitiu esta Revelação por via meramente oral. A este “veículo” os antigos chamavam de Sagrada Tradição, que ao contrário do que imagina a apologética protestante, é algo bem distinto da Sagrada Escritura. Transcreveremos abaixo alguns trechos de uma famosa e grandiosa obra do Período Patrístico, obra muito estimada na antiguidade Cristã e que serviu como referência para a Igreja Antiga definir no Concílio de Constantinopla o dogma da Divindade do Espírito Santo. Vejamos agora o testemunho que ela dá do pensamento primitivo quanto à Verdade Revelada que não constra na Sagrada Escritura:

“Entre as verdades conservadas e anunciadas na Igreja, umas nós as recebemos por escrito e outras nos foram transmitidas nos mistérios, pela Tradição apostólica. Ambas as formas são igualmente válidas relativamente à piedade. Ninguém que tiver, por pouco que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De fato, se tentássemos rejeitar os costumes não escritos, como desprovidos de maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões essenciais. Antes, transformaríamos o anúncio em palavras ocas. ” (Tratado sobre o Espírito Santo. Cap 66. São Basílio de Cesaréia (Bispo). 380 D.C.).

“Um dia inteiro nao nos bastaria se quiséssemos expor os mistérios da Igreja que não constam das Escrituras. Deixando de lado tudo mais, pergunto de quais passagens retiramos a profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Se a extraímos da tradição batismal, de acordo com a piedade (pois devemos crer segundo a maneira como fomos batizados), para entregarmos uma profissão batismal, essencial ao batismo, conseqüentemente nos seja permitido também glorificar conforme nossa fé. Mas, se esta forma de dar glória nos é recusada, por não constar das Escrituras, sejam-nos mostradas provas escritas da profissão de fé e de todo o restante, que enumeramos. Desde que há tantas coisas que não foram escritas, e coisas tão importantes para o mistério da piedade, ser-nos-á recusada uma só palavra, proveniente dos Pais, que nós vemos persistir por um uso espontâneo nas Igrejas isentas de desvios, uma palavra muito razoável, e que muito contribui para a força do mistério?” (Tratado sobre o Espírito Santo. Cap 67. São Basílio de Cesaréia (Bispo). 380 D.C.).

Outra obra célebre da Antiga Igreja que é bem anterior a obra de São Basílio de Cesaréia, também dá testemunho da distinção que há entre a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura:

“Quando são [os gnósticos] vencidos pelos argumentos tirados das Escrituras retorcem a acusação contra as próprias Escrituras, (…) E quando, por nossa vez, os levamos à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõem à tradição.” (Contra as Heresias 2,1-2 Livro III. Santo Ireneu de Lião (Bispo). 220 D.C).

Portanto, o nosso argumento de que São Paulo ao se referir às tradições ensinadas “por palavra” refere-se a algo distinto daquilo que fora ensinado “por epístola”, não vem de nossa imaginação, mas da Antiga Fé que a Igreja recebeu dos Apóstolos. Se a Sagrada Tradição não fosse algo distinto da Sagrada Escritura, São Paulo em sua epístola aos Tessalonicenses não precisaria fazer referência “às tradições que foram transmitidas por palavra”. No entanto ele faz referência a ambas tradições, tanto as “ensinadas seja por palavra, seja epístola nossa”, exatamente por se tratar de algo distinto um do outro, conforme dá testemunho dos antigos Cristãos.

Esta é a doutrina que está no ceio da Igreja Católica desde os tempos apostólicos. Tendo Ela recebido este Evangelho jamais poderá aliar-se a um Evangelho diferente daquele recebido dos Apóstolos (Gl 1,8). Mas infelizmente muitos por falta de conhecimento e fé no Magistério da Igreja (cf. 1Tm 3,15) acabam de bom grado acolhendo outro “evangelho” (cf. 1Cor 11,3-4).

Já nos tempos mais remotos a Igreja combatia aqueles que incentivavam o esquecimento da Sagrada Tradição, conforme podemos a testar no testemunho de São Basílio de Cesaréia (o Magno):

“Meta comum de todos os adversários, inimigos da sã doutrina, é abalar o fundamento da fé em Cristo, arrasando, fazendo desaparecer a Tradição apostólica.

Por isso, eles, aparentando ser detentores de bons sentimentos, recorrem a provas extraídas das Escrituras, e lançam para bem longe, como se fossem objetos vis, os testemunhos orais dos Padres.” (Tratado sobre o Espírito Santo, Cap 25).

Como vemos o incentivo de se esquecer a Sagrada Tradição de forma alguma é algo que surgiu com a Reforma Protestante.

Na verdade os antigos erros surgidos na Cristantade cada qual em seu próprio tempo e que a Igreja de Deus tanto lutou para combater e enterrar; depois de muitos séculos esquecidos em suas tumbas, foram ressucitados de uma só vez com o movimento da Reforma Protestante. Este fato me parece ser o cumprimento da seguinte visão profética do Santo Apóstolo:

“Vi, então, descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande algema. Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, para que já não seduzisse as nações, até que se completassem mil anos. Depois disso, ele deve ser solto por um pouco de tempo.” (Ap 20,1-3)

Autor: Prof. Alessandro Lima

Fonte: Veritatis Splendor





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