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sexta-feira, 4 de março de 2011

A estrela que guiou os Magos - EB

Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 3, Ano 1958, p. 116

"A estrela que guiou os magos ao presépio não constitui um fenômeno milagroso?"

1. Primeiramente, alguns dados sobre os magos de Mt. 2

O nome "mago" vem do sânscristo mahat, grande, dando em pehlvi a forma mogh, sacerdote. Conforme Heródoto e Xenofonte, os magos constituíam entre os medos e persas uma casta sacerdotal muito conceituada, que se ocupava principalmente de adivinhação, astrologia e medicina. É bem possível que os magos dos quais fala o Evangelho fossem realmente sábios sacerdotes da Pérsia (alguns exegetas preferem a Caldeia, por ser esta a terra clássica dos astrólogos e matemáticos; outros, a Arábia, visto que a palavra "Oriente", empregada pelo Evangelista, costumava na geografia palestinense da época designar a Arábia).

Os magos terão tido conhecimento da expectativa dos judeus referente à vinda de um grande Rei ou do Messias, já que os israelitas após o exílio (séc. VI a.C.) haviam espalhado por todo o Oriente a sua fé no Salvador vindouro; esse Salvador era mesmo simbolizado por uma estrela, conforme a profecia de Balaão:

"Uma estrela que sai de Jacó, torna-se Chefe;

Um cetro se levanta, procedente de Israel ".

(Num 24, 17)

Tão difusa era a expectativa israelita que Tácito (+ 120) chegou a escrever apesar de todo o seu garbo romano:

"Os homens estavam geralmente persuadidos, à luz da fé de antigos profetas, de que o Oriente ia tomar a vanguarda, e, dentro em breve, se veriam sair da Judéia aqueles que governariam o universo" (Histor. V 23).

Compreende-se, à luz destes precedentes, que sábios pagãos orientais tenham reconhecido, no aparecimento de um novo sinal luminoso no céu, a vinda de grande Personagem aguardado como Renovador do mundo.

2. Pergunta-se agora em que consistia precisamente esse sinal luminoso.

O termo grego áster de Mt 2, 2 podendo significar tanto estrela como astro, como também fenômeno astronômico, os exegetas tem proposto as mais variadas opiniões para o interpretar:

a) durante muito tempo esteve em voga a sentença de Kepler (+ 1630), que explicava o sinal luminoso como sendo o resultado da conjunção dos planetas Júpiter e Saturno no signo zodiacal dos Peixes; esta conjunção se deu de fato no ano 747 de Roma (7 a.C.). Tal sentença levaria a recuar o nascimento de Jesus até o ano 8º a.C. (746 de Roma). A hipótese, porém, está hoje muito desprestigiada, pois. Se vê que não corresponde suficientemente aos dados do texto evangélico (o fenômeno de conjunção de astros por si não indica roteiro sobre a terra; não teria, pois, apontado aos magos o caminho de Belém).

b) Outros autores apelam para o aparecimento de um cometa; assim Orígenes, já no séc. III, e em nossa época o famoso Pe. Lagrange. A passagem do cometa de Halley, que em 1910 foi visível em sua rota do Oriente para o Ocidente, corroborou em muitos estudiosos a opinião de Orígenes. Sabe-se, porém, que o cometa de Halley passou sobre as terras do Oriente e do Ocidente no ano 12 a.C., e não em 6 a.C.: os chineses assinalam, sim, o aparecimento de outros cometas em 4 e 3 a.C., os quais, porém, parecem não ter sido observados no Ocidente. Além disto, objeta-se que os cometas só podem ser observados à noite e, por seu roteiro muito longínquo no firmamento, não indicam senão vaga direção, insuficiente para se localizar tal pontinho preciso que é uma casa sobre a terra.

c) Não resta, portanto, senão a opinião que realmente parece corresponder à mente do Evangelista e à dos antigos Padres da Igreja: trata-se em Mt de um fenômeno milagroso (quanto ao modo como foi produzido), ou seja, de um meteoro que Deus quis servisse especialmente aos magos de ponteiro e guia para a viagem que deviam empreender, à semelhança da coluna luminosa que precedia os israelitas na travessia do deserto (cf. Ex 13, 21): o astro, por disposição divina, mostrou-se aos magos e desapareceu estritamente segundo as exigências do caso. Vão, por conseguinte se torna procurar explicação meramente natural para fenômeno. - É esta a sentença dos melhores comentadores católicos contemporâneos (Benoit, Buzy, Ricciotti...).

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