Revista "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 422, Ano 1997, p. 328
Em síntese: O Livro de Urantia, do qual são apresentados textos em brochura difundida no Brasil, pretende revelar uma cosmologia nova, com universos numerosos sobrepostos em três degraus. O nosso planeta se chamaria Urantia e seria cenário da vida de Micael, que neste mundo é conhecido como Jesus de Nazaré. O livro narra uma pretensa viagem de Jesus, anterior ao seu ministério público na Palestina, pelas regiões do Mediterrâneo, e propõe a expectativa de uma nova e mais ampla revelação de Jesus depurada de dogmas religiosos. - Tal obra é expressão de alta fantasia descontrolada e foge aos trâmites de um trabalho sério, de índole cientifica, que mereça consideração.
Está sendo difundida no Brasil uma obra intitulada "Trechos de O Livro de Urantia", sem indicação de data de edição, sob a responsabilidade da Urantia Foundation, que tem sua sede central em Chicago (EE. UU.); essa entidade se ramifica na Inglaterra, França, na Espanha, na Finlândia e na Austrália. Visto que tal obra tem impressionado vários leitores, segue-se breve resenha da mesma.
O Conteúdo da Obra
Urantia, segundo se depreende do texto, é o planeta Terra. Este se acha localizado, junto com muitos outros planetas, no chamado "Universo local de Nebadon". Este, por sua vez, juntamente com outros similares, constitui o Supremo Universo de Orvonton, cuja capital é Uversa. Há "sete superuniversos evolucionários do tempo e do espaço que circulam a criação sem princípio e sem fim da perfeição divina - o universo central de Havona. No coração deste universo eterno e central encontra-se a estacionário ilha do Paraíso, o centro geográfico da infinidade e a morada do Deus eterno". - Estes dizeres, que se encontram logo no início da obra em foco, são um espécimen de como é complexo e difícil ou obscuro o pensamento de quem confeccionou o livro; tem uma concepção cosmológica altamente fantasiosa, que a ciência não comprova e que não tem respaldo em nenhum dado objetivo.
As demais especulações ou teorias de ordem filosófico-religiosa que o livro propõe, são do mesmo estilo: recorrem a muitos adjetivos, que pouco significam, e apresentam-se em frases que carecem a muitos adjetivos, que pouco significam, e apresentam-se em frases que carecem de nexo lógico entre si, de modo que formam o que se poderia chamar uma "verborragia" (efusão de palavras vazias), sem conteúdo apreciável. Eis mais duas amostras deste traço característico:
"Os Ajustadores são a realidade do amor do Pai encarnado nas almas dos homens; são a verdadeira promessa da carreira eterna do homem, aprisionada dentro da mente mortal; são a essência da personalidade aperfeiçoada do homem, a qual ele pode pressentir no tempo à medida que domina progressivamente a técnica divina de chegar a viver a vontade do Pai, passo a passo, através da ascensão de universo a universo até que realmente alcance a presença divina de seu Pai do Paraíso...
Todo mortal que tenha visto um Filho Criador viu ao Pai Universal, e o mortal que é habitado por um Ajustador divino é habitado pelo Pai do Paraíso" (p. 71).
A brochura intitulada "Trechos de O Livro de Urantia", com suas 101 páginas, 150 x 220mm, apresenta trechos de um livro mais amplo dito "Livro de Urantia". Este consta de quatro partes: 1) 0 Universo central e os Superuniversos; 2) O Universo local; 3) A História de Urantia; 4) A Vida e os Ensinamentos de Jesus. As três primeiras partes têm em vista descrever o ambiente no qual se diz que Jesus apareceu, ou seja, pretendem preparar a quarta parte da obra, que é a principal.
O que pode chamar a atenção nesta quarta parte, é a descrição de uma imaginária viagem de Jesus pelas regiões do mar mediterrâneo e pelo Oriente próximo (o texto chega a insinuar que Jesus esteve na Índia; ver p. 68),... viagem anterior ao ministério público de Jesus. Nessa viagem Jesus terá aprendido muitas coisas, que Ele apregoou na Palestina por ocasião de seus ensinamentos aos Apóstolos e às multidões.
O ministério público de Jesus não é relatado nos "Trechos de O Livro de Urantia". Todavia, como se lê à p. 97 desta obra, o Livro tenciona apresentar "a vida e os preceitos de Jesus em sua forma original, livres de tradições e dogmas"; esperava-se "uma nova revelação de Jesus", "uma ressurreição de Jesus, que sairá do sepulcro da teologia tradicional e será apresentado como o Jesus vivo à igreja que carrega seu nome e a todas as outras religiões". Isto tudo é afirmado sem o mínimo comprovante ou em tom absolutamente gratuito.
2. Comentando...
Os trechos do Livro de Urantia fogem às normas da seriedade literária e científica. Nada dizem que mereça consideração mais atenta. O que se refere à viagem de Jesus anterior ao seu ministério público, é romance, e romance altamente imaginoso. Jesus vem apresentando como "soberano do nosso universo local; seu nome é Micael, o Filho de Deus e o Filho do Homem, conhecido neste mundo como Jesus de Nazaré" (cf. p. 96). A expectativa de nova revelação de Jesus é arbitrária e infundada. Não há por que nos detenhamos sobre o assunto.
Quanto à parte filosófico-religiosa especulativa da obra, é tão sem nexo que dificilmente se pode depreender o que o texto quer dizer, como se percebe através da leitura dos trechos atrás transcritos.
O Livro de Urantia vem a ser mais uma expressão dos anseios do homem contemporâneo, que deseja uma renovação do mundo e da história. Circulam atualmente numerosos escritos, de índole esotérico-ocultista ou não, que apregoam uma intervenção de Deus no curso dos acontecimentos. O fim de um milênio sugere, quase inconscientemente, a quem está insatisfeito, uma entrada drástica de Deus na história da humanidade a fim de pôr termo à perversão e inaugurar uma fase de paz e bonança sobre a terra. Esta expectativa é uma espécie de consolação para quem não vê solução a partir dos recursos convencionais (ciência, ética, educação...) do gênero humano,.. consolação precária, porém, porque não se pode crer que os problemas da humanidade se resolverão pondo-se de lado o raciocínio, o bom senso e o espírito crítico, para dar expansão à fantasia romancista descontrolada.
É de estranhar que a Fundação Urantia tenha seus núcleos em países do Primeiro Mundo, países em que o grau de cultura costuma ser elevado, ou países nos quais os cidadãos estão acostumados a usar da sua inteligência para estudar e trabalhar. Tem-se a impressão de que, no tocante à filosofia de vida e a cosmovisão, toda a humanidade está hesitante; tão ingentes são os problemas da hora atual que qualquer "profeta", anunciando "'Boas Novas" a partir de uma fonte oculta e inédita, encontra audiência.
Somente a fé no Evangelho como é guardado e proclamado pela Igreja que Cristo fundou e entregou a Pedro, pode trazer uma solução para os problemas da humanidade. Muito a propósito escreveu o S. Padre João Paulo II na sua Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente:
"36. Numerosos Cardeais e Bispos desejaram que se fizesse um sério exame de consciência, principalmente sobre a Igreja de hoje. No limiar do novo milênio, os cristãos devem pôr-se humildemente diante do Senhor, interrogando-se sobre as responsabilidades que lhes cabem também nos males do nosso tempo. Na verdade, a época atual, a par de muitas luzes, apresenta também muitas sombras.
Como calar, por exemplo, a indiferença religiosa, que leva tantos homens de hoje a viverem como se Deus não existisse ou a contentarem-se com uma religiosidade vaga, incapaz de se confrontar com o problema da verdade e com o dever da coerência? A isto, há que ligar também a difusa perda do sentido transcendente da existência humana e o extravio, no campo ético, até mesmo de valores fundamentais como os da vida e da família. Impõe-se, pois um exame aos filhos da Igreja: em que medida estão eles também tocados pela atmosfera de secularismo e relativismo ético? E que parte de responsabilidade devem eles reconhecer, quanto ao progressivo alastramento da irreligiosidade, por não terem manifestado o genuíno rosto de Deus, pelas deficiências da sua vida religiosa, moral e social?
Realmente não se pode negar que, em muitos cristãos, a vida espiritual atravessa um momento de incerteza que repercute não só na vida moral, mas também na oração e na própria retidão teologal da fé. Esta, já posta à prova pelo confronto com o nosso tempo, vê-se às vezes ainda desorientada por posições teológicas errôneas, que se difundem também por causa da crise de obediência ao Magistério da Igreja".
Estas palavras do papa João Paulo II são aptas a suscitar a genuína resposta que os fiéis católicos hão de dar às fantasiosas divagações do Livro de Urantia e a escritos congêneres.
O FUTURO..............
ResponderExcluirO cristianismo de fato prestou um grande serviço a este mundo, mas agora é Jesus que se faz mais necessário. Muitas pessoas sinceras, que de bom grado ofereceriam a sua lealdade ao Cristo do evangelho, acham bastante difícil sustentar, com entusiasmo, uma igreja que demonstra tão pouco do espírito da vida e dos ensinamentos dele, a qual, lhes foi ensinado erroneamente, que ele teria fundado. Jesus não fundou a chamada igreja cristã, mas, de todos os modos coerentes com a sua natureza, ele fomentou-a como sendo o melhor expoente existente do trabalho da sua vida na Terra.
Se a igreja cristã apenas ousasse esposar o programa do Mestre, milhares de jovens, aparentemente indiferentes, apressar-se-iam a alistar-se em um tal empreendimento espiritual, e eles não hesitariam em ir até o fim nessa grande aventura.
A cristandade se defronta seriamente com a condenação que está incorporada em um dos seus próprios slogans: “Uma casa dividida, contra si própria, não poderá sobreviver”. O mundo não-cristão dificilmente render-se-á a uma cristandade dividida em seitas. O Jesus vivo é a única esperança de uma unificação possível da cristandade. A verdadeira igreja – a fraternidade de Jesus – é invisível, é espiritual e é caracterizada pela unidade, não necessariamente pela uniformidade.( LIVRO DE URANTIA )
É o que fala no Livro de Urantia, desde que a Igreja Católica se separou da política se compactuou com ela e se cala.Cada um pra si, foi a secularização da Igreja que fez com que a força religiosa se intimidasse, e funcionou, pois se tornou omissa e escandalosamente pedófila.
ExcluirMesmo que segundos e terceiros comentem, você que agora lê minhas humildes palavras é livre para buscar a informação que quizer ... Só há uma forma de se conhecer a Bíblia, lendo-a por inteiro ... Só há uma forma de se conhecer o Livro de Urântia, lendo-o por inteiro.
ResponderExcluirConheça a verdade e ela lhe libertará
www.alemdoveu.info
Não entendo como podem dizer que o Livro de Urântia é algo como um romance fantasioso e sem nexo.... A igreja não foi fundada por Cristo, ela FALA sobre Cristo. Estejamos aberto à verdade e não nos atenhamos a idéias fixadas e já estabelecidas.
ExcluirPassei a crer em Deus e na vinda de Cristo depois de ler um livro que foi considerado apócrifo pela Igreja Católica pelo Papa Constantino, nos idos de 1200 1300 intitulado O Testamento de Sáo Joáo, cujo novo apocalipse guarda muita rela;áo com o que é revelado em O Livro de Urantia.
ResponderExcluirLeiam Os Anjos de Yaveh e O Testamento de Sáo Joáo, e tirem as suas conclusóes.
Argumentos curtos, esfarrapados e pobres sobre um Livro de 2100 páginas. A sentença é tão breve quanto eram as sentenças na Idade das Trevas. Fogueiras aos que tivessem outra opinião que não fôsse a da Igreja Católica. Busque no Google por: A verdadeira história da Igreja Católica Romana. Ou então veja em: "Instrumentos, tortura e morte na santa inquisição". Que moral tem a Igreja Católica em querer dizer o que é certo ou não? Hipócritas...
ResponderExcluirDiscordo totalmente da opinião de d Estevão, o Livro de Urantia é bem mais interessante do que a biblia porque no livro não tem nenhuma influencia dos dogmas da I Católica, é direto, sem simbolismos infantis como a história de Adão e Eva, a má interpretação das palavras de Jesus que no fundo dizia:viva a sua própria experiencia como vivi as minhas, enfim é um livro espetacular e que enaltece a fé em Deus pautada no Auto Conhecimento e não só nas palavras de Jesus e sim na sua real mensagem de entregar totalmente e viver conforme a vontade do Pai e não a minha.
ResponderExcluirCom certeza voces ainda não estão preparados pra a leitura do L. de Urantia, eu estava, voces ainda tem as suas plataformas religiosas e não espirituais baseadas nas crenças, dogmas, culpa e medo.Ao contrário do que o Antonio L Garmus disse, foi justamente na Idade das Trevas que a I Católica lavou a égua, perseguições, vendas de santinhos e fogueiras foi lá e é página negra do Catolicismo, se é que pode se chamar disso.2100 páginas de puro conhecimento, aprofundamento, sabedoria, daí sabemos como estamos ainda embotados na 3a dimensão, mas o que nos espera no futuro é uma Terra baseada em Luz e vida qdo avançarmos nos estágios evolucionários do tempo e do espaço, como diz com muita propriedade o belissimo Livro de Urantia.
ResponderExcluirCada um escolhe viver como quer, com medo do Deus fogo devorador da Biblia, ou o Deus amoroso do Livro de Urantia...Os cristaos vivem uma vida religiosa movida pelo medo do inferno, mais do q por amor a Jesus.
ResponderExcluirA influencia histórica da Santa Igreja Católica, não e exatamente (ciência, ética, educação...)
ResponderExcluirA influencia histórica da Santa Igreja Católica, não é exatamente (ciência, ética, educação...)
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