Cada religião tem seus profetas. E a maioria dos profetas não correu atrás de Deus nem da profecia. Deus se manifestou a cada um e a primeira reação de quase todos eles foi, ou de medo, ou de pavor ou de rebeldia.
Moisés cobriu o rosto porque temeu olhar para Deus. ( Ex 3,6) Jonas fugiu de Nínive para Tarsis ( Jonas 1,3) Não queria profetizar. Jeremias chegou a sofrer desmaios. Não tinha queda para o profetismo. (Jr 1,6) Maomé jogou-se no colo da mulher Cadija pedindo que cobrisse contra a presença divina. Paulo ficou cego.(At 9,8) Maria assustou-se.(Lc 1,30) Os discípulos se apavoraram ante o brilho de Jesus no Tabor (Mt 17,1-6). A revelação doeu em todos eles. Nenhum brincou de achar Deus. Deus os achou e segundo suas narrativas não estavam esperando sua visita.
Para os hebreus era “Ouve: shemah” . Para Moisés foi “Tire as sandálias” Para Pedro foi “Toma e come” Para Agostinho foi “Lê”, Para Maomé foi “Kuran: recita”. Atrás de “ouve, toma, come, lê, recita” estava a perplexidade. Tinham medo de ser profetas e depois que aceitaram tinha receio de não ser bons intérpretes. Uma das características da veracidade de um profeta é sua preocupação em não dar o recado errado. Diferente dos que inventavam visões e profecias ( Jr 14,14) e se passavam por profetas para ganhar status e projeção, eles, os verdadeiros profetas sofreram a vida inteira por serem profetas. Amós deixou claro não se profeta nem filho de profeta. Não era do ramo, mas fora chamado a falar e falaria. (Amós 7,14 )
Ao fiel que ouve alguém profetizar e declarar que Jesus está lhe falando, ou que um anjo lhe deu um recado cabe questionar. Cabe ao profeta ou vidente provar que não inventou o que diz que o céu lhe disse.
Sobre eles Jesus alerta: Pelos frutos os conhecereis.(Mt 7,6) Cuidado com os falsos profetas ( Mt 7,15; 24,11) Pedro alerta os fiéis do futuro contra falsos profetas e falsos doutores.( 2 Pd 2,1) Paulo escreve a Timóteo sobre os impostores que dirão ao povo o que o povo quer ouvir e passarão por homens de fé. (2 Tm 4,1-5) Jesus alerta contra os prodígios espetaculares que eles operarão. (Mc 13,22)
Conhecer a história dos profetas que não queria ser profetas e a dos que queriam e descobriram um jeito de ganhar os holofotes ajuda a discernir. Uma das grandes perplexidades dos crentes sinceros é não saber quem é e quem não é profeta. Espertos como são muitos conduzem um discurso que parece profecia. E sua postura é a de quem vive em direto contato com Deus. Jesus questiona exatamente isso nos fariseus das esquinas do seu tempo.
E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. (Mt 6, 5)
Por ser difícil perceber na hora se alguém de fato é profeta ou não milhões vão atrás de promessas de milagres e profecias. Não admitem que tenham sido enganados, embora Jesus tenha avisado que falsos profetas falariam bonito, garantiriam falar com Ele e que saber levar aonde Ele estivesse. E avisou que fariam prodígios tão impressionantes que enganariam até os eleitos.
Quanto cristãos leram estas passagens? Quantos são capazes de discernir entre o profeta que vive o que prega e o que apenas prega bonito? E não somos esse tipo de profeta? Todo pregador deve se examinar e pedir perdão por seus deslizes e falhas do passado ou do presente. Mas quem deve se preocupar é o impostor contumaz que usa de engano após engano para seus fins pessoais e até enriquece com a pregação da fé. A eles Jesus avisa que receberão castigo mais duro por brincarem com a fé do povo. ( Mc 12,40).
Que não pediu para ser profeta tem mais chance de o ser do que aquele que procurou os holofotes e agora posa de profeta e taumaturgo que não é. A palavra de Deus não é nada branda com relação a estes pregadores.
Padre Zezinho.
FONTE ELETRÔNICA;
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