Hoje, o "evangelho" da promessa do sucesso
financeiro, da casa própria, do carro novo, do apartamento, da conta bancária,
da empresa próspera, do casamento feliz, da saúde e da libertação de todos os
problemas, atrai milhares, por ser estrategicamente direcionado a uma clientela
de homens E mulheres, velhos e jovens, de todas as raças e classes sociais que,
cada vez mais, buscam soluções rápidas e imediatas para os seus problemas, e
esses problemas são intrínsecos à vida de todo habitante desta Terra.
Poderíamos citar aqui dezenas de lideranças ou
donos de “igrejas” que possuem patrimônio financeiro superior ao de muitos
grandes empresários brasileiros. Seus bens chegam a incluir mansões, iates,
helicópteros, aviões, redes de telecomunicações, editoras, contas no exterior e
empresas que atuam nas mais diversas áreas. Correndo por fora, milhares de
"pastores" sonham e alcançar o mesmo sucesso. Esses verdadeiros mercadores da fé
trabalham por metas de arrecadação de dízimos e ofertas com tamanha competência
que deixariam qualquer gerente comercial sonhando em ter uma equipe tão focada e
eficaz.
Evidentemente, nada temos contra o
empreendedorismo, a competência no gerenciamento, a habilidade para a
comunicação e outras qualidades inatas nessas pessoas, e nem mesmo negamos a
importância do dinheiro em todos os setores da sociedade, inclusive os
religiosos: sem dinheiro não se mantém as estruturas, não se pagam os espaços,
os recursos necessários... Como se dizia antigamente, "ninguém vive de brisa". O
problema é quando o dinheiro, a prosperidade financeira e os prazeres deste
mundo tornam-se o foco principal da pregação e da doutrina. O problema começa
quando tais pregadores, que se dizem "cristãos", esquecem que a plenitude da
vivência cristã passa pelo Crucificado, implica tomar cada um a sua cruz e
seguir o Caminho, que é o Cristo.
Jesus veio ao mundo para salvar o homem, visto
que, até o momento da encarnação do Verbo, a eternidade não era uma realidade
para o povo: nos tempos do Antigo Testamento, vivia-se o aqui e agora. Do alto
da cruz, o Senhor estabeleceu a Nova e Eterna Aliança entre Deus e os homens, na
qual é preciso haver um relacionamento de amor, aceitação, coragem,
desprendimento, perseverança e renúncia para segui-lo.
Jesus jamais prometeu benefícios nem favores
individuais, a não ser espirituais, aos que o seguiam (ver a história dos
Apóstolos e dos santos: as perseguições, as injúrias, os martírios...). Mas o
Senhor promete vida eterna, que é o centro e o objetivo de toda a vida cristã
neste mundo. Não negamos com isso os milagres operados na vida de tantos, nem as
graças e benefícios que recebemos de Deus diariamente, nem queremos com isso
dizer que a vida do cristão deva ser uma vida somente de dores, sacrifícios,
sofrimentos... Ser membro da Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo, do qual é
Ele próprio a Cabeça, é motivo de grande alegria, de constante exultação na
Ressurreição. Mas toda a benção, toda a consolação, todas as graças e milagres
de Deus, sempre são concedidos em virtude a salvação da alma do
indivíduo.
Queremos, com este artigo, apenas refletir e
lançar luz sobre a atitude mercadológica, sectária, perversa e direcionada a
comprar e vender aquilo que não se compra com dinheiro, pois é Dom gratuito de
Deus. Viemos denunciar o que nunca foi, e jamais será o verdadeiro cristianismo
pregado nesses dois mil anos de história e vivido em plenitude por tantos santos
de Deus, declarados ou não formalmente pela Igreja de Cristo, que é Una, Santa
Católica e Apostólica.
Somente o conhecimento e a verdadeira conversão do
coração poderão, libertar os filhos de Deus dessa lógica de mercado, desses
balcões de negociação que levam os corações humildes a crer que, doando uma
grande quantia financeira, obrigarão Deus a devolver-lhes em dobro, várias vezes
mais... A pensar que, com seu dinheiro, moverão a mão de Deus em seu favor, ou
poderão, de alguma forma, comprar ou negociar a Graça divina. Perdoai-os, Pai,
eles não sabem o que fazem!
É dever de cada autêntico cristão denunciar
esse crime contra o Sagrado, de mentes astuciosas, demoníacas e maquiavélicas,
que, como lobos, arrebanham almas simples e criam um ambiente de alienação e
manipulação de gente necessitada, - e muitas vezes egoísta, mesquinha e
materialista, reforçando esses vícios, - gente carente de verdadeiro auxílio
espiritual, que necessita de um encontro com o verdadeiro, único e soberano
Senhor Jesus Cristo por meio de sua obra e instituição: a Igreja
Católica.
________
Adaptado do artigo "Cristianismo Moderno" (Apostolado Veritatis Splendor), disponível em:
http://veritatis.com.br/doutrina/meditacoes/1128-qcristianismo-modernoq
Acesso 16/8/013
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