Recebemos de dois leitores anônimos, em
nossa postagem "Palmas, dança e euforia na Santa Missa", duas perguntas que
julgamos conveniente publicar em forma de post, pois nos deram a oportunidade de
responder e esclarecer dúvidas que podem ser também de outras pessoas. Que seja
útil a todos.
Leitor 1
disse: "Sou católico e aprendi diversas coisas
nesse santo blog,mas eu ao afirmar que a bíblia é contraditória estou eu
afirmando que Deus é contraditório ?! E em relação ao terço,como devo explicar
que não estou no erro de repeti as palavras Mateus
6,7"
- Nossa resposta
Leitor anônimo, com muita humildade e caridade,
aconselho-o a fazer um profundo exame de consciência antes de responder
sinceramente, para si mesmo, à seguinte pergunta: você é um católico fiel ou é
um católico protestantizado?
Quanto às suas perguntas:
1) Onde é que você viu, neste post, a afirmação de que "a Bíblia é contraditória"? Ao
contrário, estamos demonstrando que a Bíblia é um conjunto de livros que, como
um só, convergem coerentemente. Dentro dessa coerência, uma coisa é o contexto
do Antigo Testamento, e outra coisa é o contexto do Novo Testamento, que é o
cumprimento e a consumação de toda a Escritura.
2) Essa ideia de relacionar o Terço com
as vãs repetições de Mateus 6,7 é uma acusação 100% protestante, que
infelizmente "colou" na mentes de muitos católicos.
Se dizemos que recitar orações prontas é "vã
repetição", então estamos condenando como “vãs repetições” os Salmos e o Pai
Nosso, ensinado diretamente pelo próprio Jesus Cristo.
Além disso, se rezar várias vezes a mesma
oração fosse usar "vãs repetições", então o Senhor mesmo fez isso, pois no
Evangelho segundo Marcos vemos como Ele rezava no jardim de Getsêmani, antes de
Judas o trair: "E, afastando-se de novo, orava dizendo novamente a mesma
coisa..." (Mc 14, 39)
Mais do que isso, observe o Salmo 135/6 (na
tradução protestante de João Ferreira de Almeida):
"Louvai ao
SENHOR, porque ele é bom;
Porque a sua benignidade dura para
sempre.
Louvai ao Deus dos
deuses;
Porque a sua benignidade dura para
sempre.
Louvai ao
Senhor dos senhores;
Porque a sua benignidade dura para
sempre.
Aquele que só
faz maravilhas;
porque a sua benignidade dura para
sempre.
Aquele que por
entendimento fez os céus;
Porque a sua benignidade dura para
sempre.
Aquele que estendeu a terra sobre as águas;
Porque a sua benignidade dura para
sempre.
Aquele que fez
os grandes luminares;
Porque a sua benignidade dura para
sempre..."
E assim prossegue até o final, repetindo sempre
a mesma fórmula, de novo e de novo. A tradução católica da fórmula que se repete
é "sua misericórdia é eterna", ou "seu amor é para sempre".
Percebe porque não há nenhum sentido em nos
basearmos única e exclusivamente naquilo que está escrito, literalmente, na
Bíblia? Somos católicos, não somos fariseus e nem protestantes: nós não seguimos
a "religião do livro", e sim buscamos adorar a Deus em Espírito e em
Verdade.
Aviso: se você se identifica com esta pessoa, você não é católico... |
Leitor 2 disse: "Acho que bater palmas com respeito
não tem nada de mais, inclusive vi na tv outro dia uma missa que os fiéis batiam
palmas. Em APOCALIPSE 7,9 uma multidão estavam com vestes brancas e palmas nas
suas mãos. SE NO CÉU PODE POR QUE NÃO NA TERRA?"
- Nossa resposta
Para arrematar o assunto palmas na Missa, lembramos que a postagem que estamos discutindo refere-se principalmente aos vivas, parabenizações, homenagens e comemorações com aplausos eufóricos que desviam a atenção e atrapalham o sentido litúrgico e contemplativo da celebração mais sagrada dos cristãos. Isso posto, impressiona-me constatar como o pensamento dos católicos está cada vez mais e mais protestantizado! Chegamos perto do caos!
Leitor anônimo, muito cuidado com a leitura literal da Bíblia! Veja bem o tipo de confusão que isso acaba sempre provocando: as "palmas nas mãos" dos santos, citadas no Livro do Apocalipse, não tem absolutamente nada a ver com bater palmas! Vejamos...
“…Vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão.” (Ap 7,9)
Atenção: as "palmas", aí, são folhas de
palmeira, como as que haviam entalhadas no Templo de Salomão (IRs 7; Ez
41,17-1), e na simbologia das Escrituras representam vitória, honra e saudação.
O mesmo se dá na passagem de Jo 12,12-13, quando Jesus entrou triunfalmente em
Jerusalém.
Os romanos usavam também a folha de palmeira
como símbolo de vitória, e assim podemos pensar que Israel comemorasse sua
vitória e libertação do jugo romano com o próprio símbolo romano (as palmas)
pois era o “Rei dos judeus” que entrava na cidade santa (Jo 12,12-13).
As palmas ou ramos de palmeiras são citados,
ainda, em caráter cerimonial e festivo, como símbolo de alegria, na Festa dos
Tabernáculos (Lv 23,40).
No texto do Apocalipse, as palmas são dadas em
lugar de coroas, para simbolizar a vitória dos fiéis e a paz que desfrutarão no
Céu. O texto fala que tinham "palmas nas mãos", e não que "batiam palmas", ou
que "aplaudiam"...
Muitos santos e santas, e também Nossa Senhora, são por vezes representados com a palma na mão, isto é, segurando uma folha de palmeira, como estas, de Nossa Senhora da Vitória ou da Palma |
Exortamos a todos os nossos leitores a fugirem da cilada de interpretar a Bíblia literalmente, cada um à sua maneira, sem procurar antes a orientação do Magistério da Santa Igreja, que é nossa mãe e mestra por determinação do próprio Senhor Jesus Cristo. A Igreja é "a coluna e o sustentáculo da Verdade" (1Tm 3,15), e "As portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18).
Fonte Eletrônica;
Fonte
igreja.blogspot.com
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