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domingo, 15 de abril de 2012

A Revelação Divina parte1

O que é?

REVELAR é remover um véu, isto é, fazer conhecer algo obscuro, oculto ou desconhecido. O homem pode revelar o que sabe. Deus pode revelar tudo o que quiser deixar conhecido.

A REVELAÇÃO DIVINA é a manifestação de Deus feita para nós de uma verdade que ilumine as nossas mentes de uma forma sobrenatural (S. Th. 2,2 q. 173 a. 3).

Com esta iluminação da mente, Deus nos comunica a verdade. Ele nos fala não apenas colocando conceitos na mente humana ou atingindo exteriormente nossos sentidos, mas também julgando com a luz divina conceitos que são apreendidos naturalmente.

Esta revelação é algo sobrenatural, enquanto supera a essência, as exigências e as forças da natureza humana e não lhe é devida.

Supera:

A) A essência. Posto que Deus quis dar-lhe a existência, o homem na sua essência, isto é, naquilo que é, tem direito aos bens inerentes à sua natureza humana (alma e corpo), mas não tem direito de ter em si uma vida divina, como a revelação lhe promete.

B) As exigências. O fim do homem é chegar a Deus, mas, segundo a simples natureza humana, poderia chegar, na medida do possível, com a inteligência e a vontade. Entretanto, a revelação lhe promete a visão de Deus face a face.

C) As forças. A simples razão humana pode conhecer as coisas divinas de uma forma muito limitada. Entretanto, com a revelação qualquer um conhece coisas que antes lhe eram desconhecidas e que então compreende, e outras coisas - os mistérios - dos quais não compreende a profundidade e a íntima substância, mas que, pela palavra de Deus, conhece pelo menos de algum modo.

Assim também nos meios para atingir seu fim sobrenatural, a natureza humana não tem forças suficientes, mas as encontra no que lhe dá a revelação.

A revelação se diz PÚBLICA quando é dirigida ao bem de todos homens, como aquela feita por meio dos patriarcas, dos profetas, e, finalmente, por meio de Jesus Cristo. Diz-se PARTICULAR quando é dirigida ao indivíduo, ainda que para o bem de muitos, como as revelações feitas a alguns santos.

Diz-se IMEDIATA quando Deus se revela diretamente por si ou por um anjo sem a assistência de um homem; diz-se MEDIATA quando nos manifesta a verdade por meio de um homem, como se fez através dos profetas (de modo mais exato, também seria mediada quando Deus usa o ministério de um anjo, mas aqui nós preferimos esta divisão da revelação feita diretamente do alto a partir daquela entregue por um homem, a quem Deus falou ou um ser enviado por Deus).

Erros contra a Revelação

Cada tese que tentaremos demonstrar tem uma conexão lógica com as outras. A verdade religiosa se apresenta como um edifício harmonioso em todas suas partes e uma não pode estar sem a outra.

Cada tese, no entanto, é diretamente contra os erros e por isso é necessário conhecê-los para que nos apareça seu sofisma e inconsistência frente à beleza e à verdade do ensinamento católico. Por isso, exporemos brevemente cada um tratado. Assim, a força da argumentação contra eles se destacará melhor.

OS PRINCIPAIS ERROS CONTRA A REVELAÇÃO se encontram em doutrinas que têm exagerado em dois sentidos opostos, enquanto que, às vezes, uma resulta da outra: a) ou com um pseudossobrenaturalismo negando toda capacidade e toda possibilidade da razão humana; b) ou com naturalismo absoluto admitindo apenas o que pode ser conhecido pela razão em si.

A) PSEUDOSSOBRENATURALISMO

I - O TRADICIONALISMO nega a capacidade da razão humana de conhecer a verdade religiosa e estabelece como único critério de verdade e de certeza a tradição oral do gênero humano.

Argumenta-se da seguinte forma:

No princípio era "a Palavra" (Jo 1:1), isto é, a Revelação. Sem esta "Palavra", não seria possível nenhum conhecimento acerca de Deus. Por isso, Deus a comunicou a Adão e foi transmitida até nós. Lamennais, um dos principais autores desta teoria (+ 1854), que se manteve, diferentemente de outros como De Bonal (+ 1840), Bautain (+ 1867), Bonnety (+ 1789), Ventura (+ 1861), que se submeteram e retrataram o erro depois da condenação da Igreja, considera a razão individual incapaz de chegar ao conhecimento natural de Deus. Entretanto, vê no consenso geral de todos povos uma confirmação da revelação à ideia de Deus. Este tradicionalismo rígido foi condenado pela Igreja (D.B. 1617).

O TRADICIONALISMO MITIGADO (Beelen, Schanz, Laforet, etc.), entretanto, não foi condenado. Ele não nega a capacidade da razão de conhecer a Deus, mas sustenta que ela precisa estar preparada para isso por meio da instrução. Na prática, todos povos, descendendo de uma única origem, à qual Deus fez a revelação, mesmo se enganando nas suas religiões, trouxeram estes conceitos da revelação primitiva.

Enquanto se mantêm dentro desses limites, desde que não afirmem que a revelação seja absolutamente necessária para alcançar o conhecimento natural de Deus (caso que seria contra o Concílio Vaticano I), não se opõem ao ensinamento católico. Ademais, é fácil distinguir se de fato traços da Revelação alcançaram todas as nações. Se por acaso não tivesse chegado a ninguém nada desta revelação, seria possível chegar ao conhecimento natural de Deus apenas com a razão.

II - O FIDEÍSMO exagera o papel da fé no conhecimento da verdade, negando que o objeto da Apologética seja a credibilidade, uma vez que seria impossível a demonstração: "é preciso acreditar sem provas", se diz.

Este erro de protestantes antigos foi reproposto e recolocado novamente em nossos dias com o existencialismo de Severino Kierkegaard e com a teologia dialética de Carlos Barth. Com grande desconfiança nas forças da inteligência humana, desconfia-se das provas racionais do Cristianismo, ou, pelo menos, tenta-se reduzi-las ao mínimo. Alguns católicos também sentiram o influxo dessas teorias. Daí a referência da encíclica "Humani Generis" (1950), que reafirma a possibilidade de "provar com certeza a origem divina da religião cristã com a única luz da razão" e que acusa de erros aqueles que "não aceitam o caráter racional dos sinais de credibilidade da fé cristã."

III - O LUTERANISMO também segue o fideísmo com um pseudossobrenaturalismo individual. Na verdade, ele admite a Bíblia como única fonte para conhecer as verdades da religião, interpretada individualmente com iluminação divina.

No lado oposto estão os erros do:

B) NATURALISMO ABSOLUTO

Podemos classificar os principais em:

1º RACIONALISMO. É um sistema que afirma o supremo e absoluto domínio da razão humana em todas áreas, submetendo ao seu controle todo fato e toda autoridade, incluindo o mundo sobrenatural e a própria autoridade de Deus. Este sistema tende a humanizar o divino quando não o elimina, ou a naturalizar o sobrenatural quando não o nega. Já nos primeiros séculos da Igreja, eunomianos, nestorianos e pelagianos seguiram este caminho, mas esse racionalismo estreito e exclusivo se desenvolveu no Humanismo com a valorização do homem e de sua razão acima de toda autoridade; concretizou-se no naturalismo de Bernardino Telesio, de Giordano Bruno, de Tommaso Campanella, e passou à construção subjetiva de Descartes até a Enciclopédia do século XVIII. O racionalismo nega, então, a Revelação e admite apenas o que a razão alcança.

2º AGNOSTICISMO. Nega a possibilidade ou a capacidade de conhecer alguma verdade: ignoramus, ignorabimus (não sabemos, não saberemos) é o seu lema. A palavra "agnosticismo" foi usada pela primeira vez pelo inglês Huxley.

O Agnosticismo se afirmou em correntes filosóficas:

a) Agnosticismo positivista (Conte, Littré, Spencer), que restringe o âmbito do conhecimento humano ao fenômeno e ao fato experimental. Fecha-se aos fatos e experiências, sem ir à origem das coisas, a Deus e à revelação, os quais julga incognoscíveis.

b) Agnosticismo kantiano, segundo o qual a única realidade objetiva para nós é o fenômeno (aquilo que aparece) que impressiona os nossos sentidos; a coisa em si (o númeno, aquilo que a coisa é) nos escapa e a razão a substitui com as suas formas, como Kant as chama: categorias a priori, que são subjetivas, isto é, antecedentes, independentes da experiência e inatas. Muito menos podemos com razão atingir a Deus, que transcende toda a natureza.

Kant diz: tenho a ideia de Deus, mas não posso demonstrar a realidade fora de mim (a crítica da razão pura). Mas, como um bom protestante, queria admitir a Deus, e então ilogicamente concluía que se pode e se deve admitir Deus por meio da vontade, como um postulado. (Crítica da razão prática) (Cf. PARENTE PIOLANTI - GAROFALO: Dizionario di Teologia per i laici - Ed. Studium, Roma 1949).

Na mesma linha de Kant se encontram Hegel, Fichte, e mais perto dos italianos Croce e Gentile, que em seu idealismo reduzem toda a verdade a um subjetivismo imanente a nós, excluindo a realidade objetiva das coisas. Portanto, para eles, Deus existe à medida que nós o pensamos, e não realmente em si mesmo.

3° MODERNISMO. Síntese de todas heresias, como chamou Pio X (cf. Encíclica "Pascendi" e decreto "Lamentabili", 1907). Partindo dos pressupostos filosóficos do positivismo kantiano, afirma que a revelação é a compreensão por parte do homem de sua relação com Deus. O Cristianismo não é mais um complexo de dogmas imutáveis, ​​de valor objetivo absoluto, que nos vêm de uma revelação objetiva externa e ao qual damos assentimento individual. Isso não é senão o sentimento do divino que surge do nosso subconsciente. Assim, o dogma é apenas a expressão provisória da nossa subconsciência e está sujeito a uma contínua evolução.

O crítico, como tal, pode negar aquilo que admite como crente.

O Modernismo teve como principais autores na França Leroy e Loisy; Tyrrell na Inglaterra; na Alemanha, Scheli; na Itália, os autores do "Programa dos modernistas" e Bonaiuti.

4° ONTOLOGISMO. Diz que podemos alcançar essas verdades com a nossa intuição.

Contra esses erros, eis as teses que se seguem:

Possibilidade da Revelação

TESE - É possível, e aliás conveniente, a Revelação Divina não apenas das verdades naturais, mas também das verdades sobrenaturais, até mesmo dos próprios mistérios.

FILOSOFICAMENTE É CORRETO

TEOLOGICAMENTE É DE FÉ

(Veremos em seguida o que significa de fé; a partir daqui, enquanto estudando à luz da razão humana, examinaremos qual é o pensamento católico frente a essas verdades.)

PROVA I

A) É POSSÍVEL POR PARTE DE DEUS, já que Deus pode revelar,

a) fisicamente. Sendo infinitamente sábio e onipotente, pode manifestar ao homem coisas que estes não sabem, tanto com imagens internas como atingindo externamente nossos sentidos. Pode fazê-lo imediatamente por si, bem como servindo-se de um homem.
b) moralmente. A revelação não anula sua majestade. Ao contrário, é conveniente, pois ilumina o homem para atingir seu fim, que é Deus; por fim a revelação é direta à glória de Deus.

B) POR PARTE DO HOMEM. Este, para praticar a religião, como é seu dever, poderá fazê-lo melhor enquanto conhece mais o que Deus ensina e quer. Com a revelação, conhece com maior perfeição e exatidão aquilo que Deus quer dele.

Também não se diga que submetendo-se a Deus, o homem diminui a dignidade e a autonomia de sua razão, que aliás é enobrecida, porque recebe o ensinamento daquele que é a Suma Sabedoria. A sua palavra veraz dá a garantia máxima da verdade. Assim, com a liberdade de fazer uma escolha, é preciso saber o que escolher. Perante dois baús fechados, não sei qual contém um tesouro, ou coisas inúteis. Quanto mais sei, melhor poderei escolher, sendo ainda livre para pegar o baú sem valor, se quisesse. Mas eu seria um tolo se recusasse o tesouro.

Assim, a razão, se iluminada por aquele que é a luz que ilumina todo homem, escolherá livremente com maior sabedoria e, portanto, com maior dignidade.

II - ALGUMAS VERDADES NATURAIS. O homem, na limitação de sua inteligência, tem um campo muito estreito também no conhecimento das verdades de ordem natural. Muitas vezes também comete muitos erros na busca de tais verdades! Por isso, não é nem um pouco incompatível que Deus as manifeste a ele para a realização mais fácil de seu fim. Através do conhecimento seguro delas, o homem chega a conhecer melhor a Deus também naquelas coisas que alcançaria com apenas as forças da inteligência humana.

III - TAMBÉM ALGUMAS VERDADES SOBRENATURAIS, OU MELHOR, ALGUNS MISTÉRIOS.

Mistério é algo arcano, secreto. Existem também muitos mistérios na natureza. Por exemplo, sabemos que movendo um dínamo se produz eletricidade. Sabemos quais são os efeitos da luz, do calor, do movimento. Mas nós sabemos o que é a eletricidade? É um mistério da natureza, e há incontáveis. Muito mais na revelação. "Em sentido amplo se chama mistério uma verdade conhecida apenas pela Revelação, e compreensível, depois dela, por parte da razão. Por exemplo: a criação do universo no tempo." (M.J. Scheeben: I Misteri del Cristianesimo, Trad. Gorlani, Morcelliana 1949, p. 9).

Em sentido estrito, o mistério é uma verdade, cuja existência, sem fé na palavra de Deus, a criatura não pode ter certeza, ou melhor, não pode representar e compreender o conteúdo diretamente, mas apenas indiretamente, comparando-o com coisas de outra natureza (PARENTE - PIOLANTI - GAROFALO op. cit.).

Geralmente, outros autores definem, com expressão mais fácil, o mistério como uma verdade que é sabida existir, mas não se sabe como existe. Mas preferimos a definição mais difícil em sua linguagem técnica por ser mais exata e completa. De fato, a obscuridade do mistério não consiste apenas em não saber como seja, mas, antes que nos seja revelado, não sabemos nem que existe.

A Igreja estabeleceu o significado da palavra mistério no Concílio Vaticano I (Sess. III. 4): "Os mistérios divinos por sua própria natureza transcendem de tal modo o intelecto criado que, embora revelados e cridos, ficam contudo velados e obscuros durante a vida mortal."

Por isso, na definição se diz que a criatura não pode representar e compreender o conteúdo diretamente, mas apenas de forma indireta, comparando-a a algo de outra natureza. Isso se diz conhecer por analogia.
Quando anos atrás um viajante trouxe do Oriente a planta de lótus com os seus frutos que o povo comumente chama de "caqui", se ele tivesse falado antes que os ocidentais a tinham visto podia lhes dizer: "o tronco daquela árvore é feito de tal modo e se assemelha a tal planta; as folhas são semelhantes àquelas das tais plantas, o fruto na cor e forma é quase como uma laranja, mas a casca é muito mais suave e o interior mais polposo, etc." O que teriam entendido? Se faria uma ideia aproximada, comparando-o à planta de outro gênero, mas não teriam tido a ideia precisa. Então um dia falando sobre cores com um cego nato, essa pessoa me disse que pensava o vermelho como um som forte de trombeta. Ele, sempre cego de nascença, não podia ter a ideia exata da cor: somente com as notícias que ele pôde apreender, comparando com coisas de outra natureza, os sons, que ele conhecia, formava uma ideia de que no vermelho, diferentemente de outras cores, havia algo forte que atingia com maior intensidade no olho de quem podia ver, como o som de uma trombeta atinge com maior intensidade o ouvido, mais do que o som de um violino ou de uma flauta

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