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domingo, 30 de janeiro de 2011

A Data do Nascimento de Jesus - EB Parte 2

A fidelidade dos Evangelhos

Conforme o citado número de VEJA, p. 79, "a reconstituição da história de Jesus através dos textos dos Evangelhos, resulta imperfeita. "A figura ali descrita não é a de Jesus como ele era em si mesmo, mas aquilo que significava para as primitivas comunidades cristãs, para as quais os Evangelhos foram escritos", explica o pesquisador bíblico paulista Armando Tambelli".

Esta afirmação é inspirada pelo "Método da História das Formas" tal como foi cultivado por M. Dibelius e Rudolf Bultmann. Funda-se no princípio de que os traços teológicos do Evangelho tendentes a realçar a Divindade de Jesus e o caráter transcendental de sua obra não partiram dos lábios ou da pessoa de Jesus, mas resultam da interpretação subjetiva, quiçá arbitrária, que as primeiras gerações cristãs deram à figura de Jesus. O Jesus concebido pela fé não seria o Jesus que viveu outrora na Palestina; este terá sido uma figura mais pobre em predicados do que o Jesus "reconstruído" pela fé. Ora tal premissa racionalista é gratuita; nega de antemão a irrupção do transcendental neste mundo.

As escolas católicas de exegese admitem, sim, que no Evangelho se exprime a mentalidade teológica dos evangelistas e da Igreja (São João foi mesmo denominado "o Teólogo"). Jesus foi sendo mais e mais compreendido, como Ele mesmo predissera ao prometer o Espírito Santo (cf. Jo 14,26; 16,13-15)¹; todavia esse aprofundamento das palavras e dos gestos de Jesus Cristo não significa desvio ou "re-criação" da realidade histórica; antes transmite-nos a própria realidade histórica penetrada mais a dentro ou, com outra imagem, significa o desabrochamento da semente lançada pela pregação e pelos feitos de Jesus. Há, pois, identidade e continuidade entre Jesus histórico e o Jesus compreendido pela reflexão dos discípulos. - Ademais sob a inspiração do Espírito a fé católica ensina que os Evangelhos foram escritos sob a inspiração do Espírito Santo - o que implica isenção de erros ou deturpações no seu texto.

A propósito das principais datas da vida de Cristo e do respectivo contexto histórico, existe a exaustiva obra de URBAN HOLZMEISTER, Chronologia Vitae Christi. Romae 1933, obra da qual muito nos valemos na redação destas páginas.

¹ Para não falar de documentos cristãos, observamos que existem testemunhos de autores romanos (Tácito, Suetônio e Plínio o Jovem do início do século II) e de rabinos (Talmud), que atestam não somente a existência de Jesus, mas também a sua pregação e sua morte. Ver a propósito "Curso de Iniciação Teológica por Correspondência", módulo 3 (Caixa Postal 1362, 20001 - Rio, RJ).

¹ Isto não quer dizer que os Apóstolos negligenciassem a história (a qual é de importância capital para o Cristianismo); todavia não queriam ser cronistas, mas arautos da Boa-Nova de Jesus Cristo.

¹ O articulista de VEJA, nº citado, p. 78, afirma o seguinte: "O monge Dionísio partiu de uma premissa errada. Tibério já governava desde o ano 11, dividindo o poder com seu antecessor, Augusto, por este se encontrar doente. No ano 14 ele apenas assumiu integralmente o poder".

A teoria de que os anos de reinado de Tibério devem ser contados a partir de 11 ou 12 d.C. é contraditada pelos melhores autores. Baseia-se na analogia com o início do Império de Augusto, que pode ser calculado de diversas maneiras, pois Augusto foi fundado aos poucos a monarquia (fez parte de um Triunvirato a partir de 711, foi cônsul em 712, tomou a cidade de Alexandria em 724, recebeu o título de Augusto em 727...). Ao contrário, Tibério já encontrou a monarquia estabelecida; verdade é que foi associado a Augusto no fim do reinado de Tibério, segundo os antigos (quase unanimemente) é de 22 anos, 22 anos e meio ou 23, não mais; em outros termos: Tibério morreu em 37 após 22 ou 23 anos de governo, segundo os antigos - o que nos obriga a assinalar no ano 15 o início do governo de Tibério.

¹ a.U.c. = ab Urbe condita, desde a fundação da cidade (de Roma).

¹ Há mesmo passagens em que os evangelistas notam o progresso dos Apóstolos na compreensão dos dizeres e feitos de Jesus:

Jo 2,19-22:"Respondeu Jesus aos judeus: "Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei". Disseram-lhe então os judeus: "Quarenta e seis anos foram precisos para se construir este Templo, e tu o levantarás em três dias?" Ele, porém, falava do templo do seu corpo. Assim, quando ele ressuscitou dos mortos, seus discípulos lembraram-se de que dissera isso, e creram na Escritura e na palavra dita por Jesus".

Jo 12,14-16: "Jesus, encontrando um jumentinho, montou nele, como está escrito: "Não temas, filha de Sião! Eis que vem o teu rei montado num jumentinho!" Os discípulos, a princípio, não compreenderam isso; mas, quando Jesus foi glorificado, lembraram-se de que essas coisas estavam escritas a seu respeito e que elas tinham sido realizadas".



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