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domingo, 23 de janeiro de 2011

Arqueólogos israelitas pensam ter descoberto primeira igreja cristã na Terra Santa

Ao escavar numa prisão, arqueólogos israelitas fizeram uma descoberta "única". Uma "igreja de meados do século III ou princípio do IV", quando os cristãos eram perseguidos, que "pode ser a primeira até agora encontrada" na Terra Santa, resumiu ao PÚBLICO Yotam Tepper, o director da equipa.

Prisioneiros israelitas limpam o mosaico que pode ser do século III,ao centro vê-se o símbolo dos peixes (Ariel Schalit/AP)

Pietro Sambi, embaixador do Vaticano em Israel, considerou o achado "uma grande descoberta".

As mais antigas igrejas da região são o Santo Sepulcro, na Cidade Velha de Jerusalém, e a Basílica da Natividade, em Belém, com vestígios do século IV, depois do imperador romano Constantino ter tornado o cristianismo religião oficial, em 324. Do mesmo período datam ruínas no Monte das Oliveiras. Anteriores, só se conhecem documentos, não restos arqueológicos.

A descoberta - anunciada anteontem pela Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI), o organismo oficial a que pertence a equipa de Tepper - foi feita na prisão de alta segurança de Megiddo, no Norte de Israel, junto ao lugar bíblico de Harmaguedon (ver caixa).

Os serviços prisionais queriam construir uma nova ala e pediram aos arqueólogos do AAI que pesquisassem o terreno. Ao longo de 18 meses, Tepper e os seus peritos trabalharam com a ajuda de "mais de 60 prisioneiros" de Megiddo e outra prisão.

A mais importante revelação, nas últimas semanas, foi uma estrutura de seis por nove metros com um chão de mosaicos que mostra três inscrições gregas, padrões geométricos e um medalhão decorado com desenhos de peixes.

Uma inscrição menciona um benfeitor de nome Akaptos, "amante de Deus, que contribuiu para o altar ao deus Jesus Christos, como um memorial". Outra é dedicada a um oficial chamado Gaianos que financiou os mosaicos. E a última é em memória de quatro mulheres: Frimilia, Kiriaka, Dorothea e Karasta.
A referência explícita ao nome de Cristo, a referência a um altar (que no original grego é "mesa" como os primeiros cristãos terão usado) e o desenho dos peixes (o símbolo de Cristo para os cristãos que se escondiam da repressão romana) parecem ser evidências de um lugar de culto cristão dos primórdios.

Que pensam arqueólogos cristãos a trabalhar na Terra Santa? O dominicano Jean-Baptiste Humbert, da Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém, diz que o mais provável é o achado ser posterior, "do fim do século IV, do V, ou VI", tendo em conta a falta de vestígios arqueológicos anteriores na Terra Santa. "Depois do bing bang em Jerusalém, o nascimento do cristianismo desenvolve-se na Grécia, em Cartago, em Roma, na Síria, no sul da Turquia. É preciso esperar por Justiniano, no século VI, para que a Palestina seja convertida".

Mas Michele Piccirillo, do Instituto Bíblico Franciscano, acha possível que a descoberta seja "do século IV em diante". Diz que "pode mesmo ser anterior ao Santo Sepulcro".

Este arqueólogo, que viu as inscrições e vai visitar o local amanhã, menciona documentos que falam na existência de edifícios sagrados na Terra Santa no século III e antes - como a ordem romana para "queimar livros, cortar a cabeça de "bispos" e destruir edifícios sagrados" no século III, e uma casa em Cafarnaum que foi transformada em lugar de oração no século II.

Piccirillo considera, contudo, que "o anúncio foi prematuro", porque "há poucas provas, eles escavaram muito pouco, a estrutura encontrada pode ser parte de uma igreja, de um mosteiro, de tudo".

Ressalvando que "a pesquisa está no princípio", o israelita Tepper defende a solidez das provas. Cita a perita que traduziu as inscrições, Leah di Segni (Universidade Hebraica de Jerusalém, considerada uma autoridade na matéria), segundo a qual "as letras, os nomes e a forma apontam para antes de Constantino". Diz que a cerâmica encontrada - potes de cozinha, jarras de vinho - é "do fim do período romano", tal como os motivos desenhados. "A decoração é romana, não bizantina. E não temos nenhuma cruz no chão, temos peixes."

Tepper considera que o conjunto representa uma "estrutura única e significante para a compreensão do desenvolvimento do primeiro cristianismo numa religião oficial e reconhecida".

A pesquisa prossegue esta semana. "Vamos escavar à volta da estrutura e levar vários peritos ao local. Depois temos que falar com os serviços prisionais. Ainda não sabemos se será um museu dentro da prisão, se tiramos a descoberta dali."O ministro israelita do Turismo disse que se a descoberta for "devidamente alimentada um grande número de turistas poderá vir a Israel".

FONTE:

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