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terça-feira, 7 de abril de 2015

O Vaticano decretou o "fim" do Limbo?


Recentemente um de nossos leitores nos enviou uma acusação que o amigo protestante seu fez em um grupo no facebook, a acusação diz que:
 “A Igreja Romana Fez Milhares De Fieis Católicos Acreditarem Na Existência Do Limbo Durante Séculos Para Depois Decretarem Definitivamente A Extinção Do Conceito De Limbo”
 Logo depois, o protestante completa:
 “Os católicos, em suma maioria, defendiam o limbo com unhas e dentes nos debates com evangélicos até poucos anos atrás. No famoso site católico “Montfort”, você pode ver uma defesa enérgica da existência do limbo feita por eles, com várias citações de papas e de documentos da Igreja papal ao longo da história. Pois bem. Para o desespero dos católicos montfortianos, o Vaticano decretou o fim do limbo, notícia esta que saiu no mundo todo. É isso mesmo. “Galera, não existe mais, beleza?Acabou, gente!”. Simplíssimo. E não se fala mais nisso. Dane-se os “dois mil anos de tradição”, os documentos oficiais da Igreja que falavam do limbo, os vários papas que assinalaram a sua existência e a multidão de idiotas úteis que defendiam este lugar nos debates contra os evangélicos. Agora não existe mais, e “nunca existiu”, vejam só! [http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL24736-5602,00.html]”
Será mesmo que a igreja “decretou” (como se isso fosse possível) a inexistência do limbo? É o que veremos.
REFUTAÇÃO

O mais engraçado disso tudo é que o protestante cita um site[1] católico para dizer que os católicos defendiam o limbo com “unhas e dentes” (sic!), mas para dizer que a Igreja disse que o limbo não mais existia, usa o que? Usou o site do Vaticano? Usou algum site católico? Usou algum discurso do papa? Usou algum documento da Igreja? Não! Usou o G1 como fonte. Sensacional! Agora o G1 é a fonte onde aprendemos as doutrinas da Igreja! Parabéns ao grande pesquisador do catolicismo que usa o G1 como fonte de conhecimento sobre as doutrinas católicas.
 
Seria interessante que o inteligentíssimo estudioso da doutrina católica, mostrasse um documento, pronunciamento ou qualquer coisa do tipo vindo de Roma que decrete o “fim do limbo”.
Em nenhum lugar o Vaticano disse que “o Limbo não existe mais” não tem nada do Vaticano, do Papa, ou de qualquer bispo sobre isto.  Se o autor desta peripécia lesse a matéria que ele mesmo cita, em nenhum lugar da matéria citada existe alguma citação do papa ou da comissão bíblica internacional dizendo que o limbo não existe mais.
Se soubesse alguma coisa sobre teologia católica, saberia que o limbo é uma teoria, nunca foi aceita como doutrina e nunca foi posta em debate pelo magistério, era apenas aceita como explicação sobre as crianças que morriam sem batismo, e esta teoria é aceita até hoje, nunca foi descartada, então mesmo que algum papa ou o Vaticano dissesse que o Limbo não existia, isso não implicaria em nada, porque nunca foi doutrina católica, apenas teoria formulada e aceita desde a idade média para explicar o destino de crianças sem batismo. O que a meu ver é bem plausível e sensata, embora seja apenas uma teoria.
Nem no catecismo de São Pio X, nem no Catecismo de 1951, nem no atual catecismo da Igreja católica o limbo é mencionado, então como é que poderia o limbo ser uma doutrina católica e com Bento XVI deixar de existir, se os catecismos onde existem a compilação de toda a doutrina católica, o limbo das crianças sequer é mencionado?
 
ENTÃO, DE QUE FALA O G1?

O que o G1 e por conseguinte o protestante inteligente estão tendo como “o vaticano decreta o fim do limbo” é apenas uma frase da Comissão Teológica Internacional que foi assinada por Bento XVI, e que está no Site de Vaticano e diz:
É conhecido que o ensinamento tradicional recorria à teoria do limbo, entendido como estado no qual as almas das crianças que morrem sem Batismo não mereciam o prêmio da visão beatífica, por causa do pecado original, mas não sofriam nenhuma punição, dado que não tinham cometido pecados pessoais. Essa teoria, elaborada por teólogos a partir da Idade Média, nunca entrou nas definições dogmáticas do Magistério, mesmo que o próprio Magistério a mencionasse no seu ensinamento até o Concílio Vaticano II. Esta permanece, portanto, uma hipótese teológica possível.Contudo, no Catecismo da Igreja Católica (1992) a teoria do limbo não é mencionada e, ao contrário, tem ensinado que, quanto às crianças mortas sem o Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus, como, exatamente, faz no rito específico dos funerais para elas. O princípio de que Deus quer a salvação de todos os seres humanos permite esperar que exista uma via de salvação para as crianças mortas sem Batismo (cf. Catecismo, 1261). Tal afirmação convida a reflexão teológica a encontrar uma conexão teológica e coerente entre os diversos enunciados da fé católica: a vontade salvífica universal de Deus, a unicidade da mediação de Cristo, a necessidade do Batismo para a salvação, a ação universal da graça em relação aos sacramentos, a relação entre pecado original e privação da visão beatífica e a criação do ser humano “em Cristo”.” [http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_con_cfaith_doc_20070419_un-baptised-infants_po.html]
Onde é que o Vaticano, o papa ou a Comissão Teológica internacional disseram que o Limbo não existe mais?  Gostaria de pedir, por favor, que me mostrem em qual documento, livro, texto, discurso do Vaticano, papa ou porta voz do Vaticano é dito que “O limbo não existe mais”? Por favor, estou curioso, porque mesmo depois de ter frequentado cursos e mais cursos de teologia, inclusive a faculdade católica de Salvador, ainda não descobri onde é que o limbo foi retirado do ensinamento católico ou que dito não existir mais.  A frase Esta permanece, portanto, uma hipótese teológica possível.” Por si só já refuta toda a alegação protestantes sem noção.
 
O QUE É O LIMBO?

Limbo vem do latim"limbus” que quer dizer orla, borda ou margem. Na teologia católica é usado para significar a um local ou estado onde os patriarcas do Antigo testamento de encontravam antes de Cristo, e depois de Cristo o local onde crianças sem batismo se encontram após a morte.
O limbo dos patriarcas ou limbus patrum na teologia católica era um lugar provisório para onde iam os justos do Antigo Testamento antes de Jesus vir a terra. Este local também é chamado “sheol”, “Hades” ou “Seio de Abraão”. Depois da sua morte redentora,Jesus Cristo, desceu à "mansão dos mortos", ou seja, ao "limbo dos patriarcas", para conceder às almas que o habitavam, mortas antes de Jesus morrer na cruz, "os benefícios do seu sacrifício expiatório; estas almas foram, então, alcançadas pelo sangue do Cordeiro”(Romanos 3,25), podendo assim serem salvos.
A prova clara vemos em Efésios:
"Mas a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo, pelo que diz: Quando subiu ao alto, levou muitos cativos[ou cativeiro], cumulou de dons os homens (Sl 67,19). Ora, que quer dizer ele subiu, senão que antes havia descido a esta terra?Aquele que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas." (Efésios 4, 7-10)
O limbo infantil ou limbus puerorum, ao contrário do limbo dos patriarcas, não é uma doutrina, é uma mera hipótese teológica. A teoria tradicional do limbo infantil ensina que as crianças que morrem sem o batismo, vivem neste lugar, ou seja, na “borda do céu”, mas privadas da visão beatífica de Deus, já que sem o batismo não podem entrar no céu, e também não podem ir para o inferno já que não tem pecados pessoais. Quem primeiro teorizou isto foi Santo Agostinho de Hipona, e na idade média os teólogos tentando explicar como se daria a salvação das crianças que morrem sem batismo, adotaram a teoria Agostiniana.
 
PADRES DA IGREJA SOBRE O LIMBO

Em sua Obra sobre o pecado original e o Batismo infantil Santo Agostinho diz basicamente que:
Pode, portanto, está corretamente afirmado, que tais crianças quando deixam seu corpo sem serem batizadas serão envolvidas em uma condenação mais suave de que todos. A pessoa, por isso, engana muito a si mesmo e os outros, que ensinam que elas não vão estar envoltas na condenação; Considerando que o apóstolo diz: “a falta de um só teve por consequência um veredicto de condenação” (Romanos 5,16) e novamente um pouco depois: “pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os homens.” (Romanos 5, 18) Quando, na verdade, Adão pecou por não obedecer a Deus, em seguida, seu corpo-embora fosse um corpo-natural e mortal, perdeu a graça pelo qual ele é utilizado em cada parte dela para ser obediente à alma.” (Sobre o Mérito do Perdão dos Pecados e do Batismo Infantil, Livro I, capítulo 21)
A teoria de Santo Agostinho é que uma criança sem batismo não pode entrar no céu, e receberá uma ‘condenação’ só que mais branda do que o resto das pessoas condenadas por seus pecados. Essas crianças receberão a condenação pelo pecado de Adão que trouxe a morte ao mundo.
Em sua carta contra Juliano novamente ele fala sobre a questão do destino das crianças mortas sem o batismo:
Os pais atribuíram o desejo de ter filhos, eles ignoram o mal que pode acontecer a eles um dia. Eu não estou dizendo que as crianças que morrem sem o batismo de Cristo são punidas com uma pena de tal ordem que seria melhor não terem nascido; porque o Senhor não disse essas palavras a qualquer pecador, mas ao próprio criminoso e perverso. Se a sentença pronunciada sobre Sodoma não foi entendida apenas aos sodomitas, pois, no dia do juízo devem ser punidos mais severamente do que outros, quem pode duvidar que as crianças não batizadas que morrem sem pecado pessoal, apenas com o original, tem que sofrer menor dor de que todos?
 Eu não sei qual a natureza e magnitude dessa pena. No entanto, não me atrevo a dizer que era melhor para eles não nasceram do que viverem no estado em que se encontram. Mas você que os consideram livres de culpa não querem pensar sobre o tipo de punição as que os condenam privando da vida e do reino de Deus a tantas de suas imagens e separando-os dos seus pais tementes a Deus, aos que tão claramente exortam a procriar. É injusto que as crianças sofram punição se não tem pecado; mas se a sua punição é justa, devemos reconhecer neles a existência do pecado original.”. (Contra Juliano, Livro 5, 44)
Antes de Santo Agostinho também São Gregório de Nazianzo ensinava a mesma coisa:
Isso vai acontecer, eu acredito... que esses últimos mencionados[crianças que morrem sem batismo] não serão nem admitidos pelo justo julgamento a glória do Céu, nem condenados a sofrer punição, uma vez que, embora não sejam selados [pelo batismo], eles não são maus.... Pois do fato de que não merecem punição não se seguem que são digno de serem honrados, mais do que se segue que aquele que não é digno de uma certa honra merece por conta disso que ser punido.”(Oração 40, 23)

CONCLUSÃO

Tudo isso serve para mostrar quão grande é a ignorância de protestantes que querem se meter a falar de catolicismo. O sujeito sequer leu algum livro, catecismo, ou manual de teologia dogmática católicos na vida, mas acha que sabe tudo sobre catolicismo, a ponto de tecer comentários estúpidos sobre algo que ele não faz ideia do que seja. 
O problema, como sempre, digo, costuma aumentar, quando outros incautos leem estas bobagens e as propagam sem fazer qualquer filtro, tentando fazer um amontado de textos sem o menor critério, tal qual um atirador cego (parafraseando são Jerônimo), atirando para todos os lados, dizendo asneiras com sua língua barulhenta e terminando sem ferir ninguém, a não ser a si próprio.
NOTAS

[1]O próprio site que o “estudioso” do catolicismo cita como defensor do limbo, também já havia comentado a questão, mas como ao ilustre conhecedor do catolicismo só importa o que ele que quer ler, é claro que passou ao largo disso. O link do site da Montfort pode ser visto aqui [http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=doutrina&artigo=20070502115547&lang=bra]
PARA CITAR

RODRIGUES, Rafael. A Igreja decretou o fim do Limbo? Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/doutrina-teologia/escatologia/786-a-igreja-disse-que-o-limbo-nao-existia> Desde: 01/04/2015

Por que o Catolicismo permite e encoraja a devoção à Virgem Maria?

O texto abaixo elucida a verdadeira posição católica sobre a virgem Maria, bem como, desvenda o grande erro pregado por aqueles que, sem entender as verdadeiras doutrinas católicas, criticam nossa reverencia à Santa mãe de Deus.
TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM – por São Luís Maria Grignion de Montfort

Necessidade da devoção à Santíssima Virgem

14. Confesso com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à Majestade infinita ela é menos que um átomo, é, antes, um nada, pois que só ele é “Aquele que é” (Ex 3, 14) e, por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não tem nem teve jamais necessidade da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e a manifestação de sua glória. Basta-lhe querer para tudo fazer.
Jesus Cristo é o fim último da devoção à Santíssima Virgem
61. Primeira verdade. – Jesus Cristo, nosso salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas. Jesus Cristo é o Alfa e Omega, o princípio e o fim de todas as coisas.
Nós só trabalhamos, como diz o apóstolo, para tornar todo homem perfeito em Jesus Cristo, pois é em Jesus Cristo que habita toda a plenitude da Divindade e todas as outras plenitudes de graças, de virtudes, de perfeições; porque nele somente fomos abençoados de toda a bênção espiritual; porque é nosso único mestre que deve ensinar-nos, nosso único Senhor de quem devemos depender, nosso único chefe ao qual devemos estar unidos, nosso único modelo, com o qual devemos conformar-nos, nosso único médico que nos há de curar, nosso único pastor que nos há de alimentar, nosso único caminho que devemos trilhar, nossa única verdade que devemos crer, nossa única vida que nos há de vivificar, e nosso tudo em todas as coisas, que deve bastar-nos.
Abaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos. Deus não nos deu outro fundamento para nossa salvação, nossa perfeição e nossa glória, senão Jesus Cristo. Todo edifício cuja base não assentar sobre esta pedra firme, estará construído sobre areia movediça, e ruirá fatalmente, mais cedo ou mais tarde. Todo fiel que não está unido a ele, como um galho ao tronco da videira, cairá e secará, e será por fim atirado ao fogo. Fora dele tudo é ilusão, mentira, iniqüidade, inutilidade, morte e danação. Se estamos, porém, em Jesus Cristo e Jesus Cristo em nós, não temos danação a temer; nem os anjos do céu, nem os homens da terra, nem criatura alguma nos pode embaraçar, pois não pode separar-nos da caridade de Deus que está em Jesus Cristo. Por Jesus Cristo, com Jesus Cristo, em Jesus Cristo, podemos tudo: render toda a honra e glória ao Pai, em unidade do Espírito Santo e tornar-nos perfeitos e ser para nosso próximo um bom odor de vida eterna.
62. Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à Santíssima Virgem, teremos contribuído para estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de achar Jesus Cristo. Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio. Mas é tão o contrário, que, como já fiz ver e farei ver, ainda, nas páginas seguintes, esta devoção só nos é necessária para encontrar Jesus Cristo, amá-lo ternamente e fielmente servi-lo.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

432. O nome de Jesus significa que o próprio nome de Deus está presente na pessoa do seu Filho feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. Ele é o único nome divino que traz a salvação e pode desde agora ser invocado por todos, pois a todos os homens Se uniu pela Encarnação, de tal modo que «não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos» (Act 4, l2).
480. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina; por essa razão, Ele é o único mediador entre Deus e os homens.
2084. Deus dá-Se a conhecer lembrando a sua acção omnipotente, benevolente e libertadora, na história daquele a quem se dirige: «Sou Eu […] que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão» (Dt 5, 6). A primeira palavra encerra o primeiro mandamento da Lei: «Ao Senhor, teu Deus, adorarás, a Ele servirás […]. Não ireis atrás de outras divindades» (Dt 6, 13-14). O primeiro apelo e a justa exigência de Deus é que o homem O acolha e O adore.
2096. A adoração é o primeiro acto da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-Lo como tal, Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, Amor infinito e misericordioso. «Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto» (Lc 4, 8) – diz Jesus, citando o Deuteronómio(Dt 6, 13).
2097. Adorar a Deus é reconhecer, com respeito e submissão absoluta, o «nada da criatura», que só por Deus existe. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-Lo, exaltá-Lo e humilhar-se, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que o seu Nome é santo. A adoração do Deus único liberta o homem de se fechar sobre si próprio, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo.
2099. É justo que se ofereçam a Deus sacrifícios, em sinal de adoração e de reconhecimento, de súplica e de comunhão: «Verdadeiro sacrifício é todo o acto realizado para se unir a Deus em santa comunhão e poder ser feliz».
2110. O primeiro mandamento proíbe honrar outros deuses, além do único Senhor que Se revelou ao seu povo: e proíbe a superstição e a irreligião. A superstição representa, de certo modo, um excesso perverso de religião; a irreligião é um vício oposto por defeito à virtude da religião.
A SUPERSTIÇÃO
2111. A superstição é um desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Também pode afectar o culto que prestamos ao verdadeiro Deus: por exemplo, quando atribuímos uma importância de algum modo mágica a certas práticas, aliás legítimas ou necessárias. Atribuir só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem, é cair na superstição.

A IDOLATRIA

2112. O primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige do homem que não acredite em outros deuses além de Deus, que não venere outras divindades além da única. A Sagrada Escritura está constantemente a lembrar esta rejeição dos «ídolos, ouro e prata, obra das mãos do homem, que «têm boca e não falam, têm olhos e não vêem…». Estes ídolos vãos tornam vão o homem: «sejam como eles os que os fazem e quantos põem neles a sua confiança» (Sl 115, 4-5.8). Deus, pelo contrário, é o «Deus vivo» (Js 3, 10), que faz viver e intervém na história.
2113. A idolatria não diz respeito apenas aos falsos cultos do paganismo. Continua a ser uma tentação constante para a fé. Ela consiste em divinizar o que não é Deus. Há idolatria desde o momento em que o homem honra e reverencia uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demónios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc., «Vós não podereis servir a Deus e ao dinheiro», diz Jesus (Mt 6, 24). Muitos mártires foram mortos por não adorarem «a Besta», recusando-se mesmo a simularem-lhe o culto. A idolatria recusa o senhorio único de Deus; é, pois, incompatível com a comunhão divina.
2114. A vida humana unifica-se na adoração do Único. O mandamento de adorar o único Senhor simplifica o homem e salva-o duma dispersão ilimitada. A idolatria é uma perversão do sentido religioso inato no homem. Idólatra é aquele que «refere a sua indestrutível noção de Deus seja ao que for, que não a Deus».

ADIVINHAÇÃO E MAGIA

2115. Deus pode revelar o futuro aos seus profetas ou a outros santos. Mas a atitude certa do cristão consiste em pôr-se com confiança nas mãos da Providência, em tudo quanto se refere ao futuro, e em pôr de parte toda a curiosidade malsã a tal propósito. A imprevidência, no entanto, pode constituir uma falta de responsabilidade.
2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demónios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenómenos de vidência, o recurso aos “médiuns”, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele.
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismoimplica muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia.
IV. «Não farás para ti nenhuma imagem esculpida…»
2129. Esta imposição divina comportava a interdição de qualquer representação de Deus feita pela mão do homem. O Deuteronómio explica: «Tomai muito cuidado convosco, pois não vistes imagem alguma no dia em que o Senhor vos falou no Horeb do meio do fogo. Portanto, não vos deixeis corromper, fabricando para vós imagem esculpida» do quer que seja (Dt 4, 15-16). Quem Se revelou a Israel foi o Deus absolutamente transcendente. «Ele é tudo», mas, ao mesmo tempo, «está acima de todas as suas obras» (Sir 43, 27-28). Ele é «a própria fonte de toda a beleza criada» (Sb 13, 3).
2130. No entanto, já no Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze a arca da Aliança e os querubins.
2131. Com base no mistério do Verbo encarnado, o sétimo Concílio ecuménico, de Niceia (ano de 787) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova «economia» das imagens.
2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, «a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original» e «quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada». A honra prestada às santas imagens é uma «veneração respeitosa», e não uma adoração, que só a Deus se deve:
«O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem».
AINDA SOBRE A SANTISSIMA SEMPRE VIRGEM MARIA…
Voltando ao TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM de São Luís Maria Grignion de Montfort:
15. Digo, entretanto, que, supostas as coisas como são, já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimentos.
29. Por meio de Maria, Deus Pai quer que aumente sempre o número de seus filhos, até a consumação dos séculos, e diz-lhes estas palavras: In Iacob inhabita – Habita em Jacob (Ecli 24, 13), isto é, faze tua morada e residência em meus filhos e predestinados, figurados por Jacob e não nos filhos do demônio e nos réprobos, que Esaú figura.
30. Assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há, na geração sobrenatural, um pai que é Deus e uma mãe, Maria Santíssima. Todos os verdadeiros filhos de Deus e os predestinados têm Deus por pai, e Maria por mãe; e quem não tem Maria por mãe, não tem Deus por pai. Por isso, os réprobos, os hereges, os cismáticos, etc., que odeiam ou olham com desprezo ou indiferença a Santíssima Virgem, não têm Deus por pai, ainda que disto se gloriem, pois não têm Maria por mãe. Se eles a tivessem por Mãe, haviam de amá-la e honrá-la, como um bom e verdadeiro filho ama e honra naturalmente sua mãe que lhe deu a vida.
O sinal mais infalível e indubitável para distinguir um herege, um cismático, um réprobo, de um predestinado, é que o herege e o réprobo ostentam desprezo e indiferença pela Santíssima Virgem17 e buscam por suas palavras e exemplos, abertamente e às escondidas, às vezes sob belos pretextos, diminuir e amesquinhar o culto e o amor a Maria. Ah! Não foi nestes que Deus Pai disse a Maria que fizesse sua morada, pois são filhos de Esaú.
17) Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est ut teneat de Maria firmam fidem (São Boaventura, Psalter. maius B.V., Symbol. Instar Symboli Athanasii).
31. O desejo de Deus Filho é formar-se e, por assim dizer, encarnar-se todos os dias, por meio de sua Mãe, em seus membros. Ele lhe diz: “In Israel hereditare – Possui tua herança em Israel” (Ecli 24, 13), como se dissesse: Deus, meu Pai, deu-me por herança todas as nações da terra, todos os homens bons e maus, predestinados e réprobos. Eu os conduzirei, uns com a vara de ouro, outros com a vara de ferro; serei o pai e advogado de uns, o justo vingador para outros, o juiz de todos; mas vós, minha querida Mãe, só tereis por herança e possessão os predestinados, figurados por Israel.Como sua boa mãe vós lhes dareis a vida, os nutrireis, educareis; e, como sua soberana, os conduzireis, governareis e defendereis.
32. “Um grande número de homens nasceu nela”, diz o Espírito Santo: Homo et homo natus est in ea. Conforme a explicação de alguns Santos Padres o primeiro homem nascido em Maria é o homem-Deus, Jesus Cristo; o segundo é um homem puro, filho de Deus e de Maria por adoção. Se Jesus Cristo, o chefe dos homens, nasceu nela, os predestinados, que são os membros deste chefe, devem também nascer nela, por uma conseqüência necessária. Não há mãe que dê à luz a cabeça sem os membros ou os membros sem a cabeça: seria uma monstruosidade da natureza. Do mesmo modo, na ordem da graça, a cabeça e os membros nascem da mesma mãe, e, se um membro do Corpo Místico de Jesus Cristo, isto é, um predestinado, nascesse de outra mãe que Maria, que produziu a cabeça, não seria um predestinado, nem membro de Jesus Cristo, e sim um monstro na ordem da graça.
“É “o amor até o fim” que confere o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao sacrifício de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua vida. “A caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram” (2 Cor 5,14). NENHUM HOMEM, AINDA QUE O MAIS SANTO, TINHA CONDIÇÕES DE TOMAR SOBRE SI OS PECADOS DE TODOS OS HOMENS E DE SE OFERECER EM SACRIFÍCIO POR TODOS. A existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo tempo, abraça todas as pessoas humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade, torna possível seu sacrifício redentor por todos.”(Catecismo da Igreja Católica Parágrafo 616)
Literatura usada: Tratado da verdadeira devoção da Santíssima Virgem e Catecismo da Igreja Católica
Autor: André Silva – Livre divulgação mencionando-se o autor

Por que sofremos, se Deus é bom?

Um comentário enviado ao blog afirmava que somente o Espiritismo Kardecista explica o sofrimento humano de forma satisfatória: Ou seja, aquele que sobre na Terra aprimora seu espírito por conta dos males cometidos em vidas passadas. Reencarna para crescer espiritualmente.  De acordo com esse argumento, o catolicismo não oferece nenhuma explicação aceitável sobre o tema.
Abaixo, o texto de Cristiano Rangel, mais novo colaborador do Blog, busca discutir esta questão sobre a ótica Cristã Católica.
A Paz de Cristo irmãos católicos e à irmã espírita que nos enviou a pergunta.
Muito bom o questionamento de nossa irmã, pois essas dúvidas não afligem somente a curiosidade de hoje em dia, mas há longos e longos tempos. Se optássemos por uma resposta seca e breve –  obviamente não a teremos, pois isso tiraria o brilho, o amor e o mistério de Deus, seria como se um carro enguiçasse e já soubéssemos qual a peça a ser trocada. Entretanto, o Kerigma de Deus e o seu propósito vão muito além da nossa imaginação, segundo S. Agostinho: “ Se nós pudéssemos   descrever Deus e conhecer o seu mistério Ele não seria Deus”. Contudo, vou explicar à luz da teologia, baseada nos pilares da Igreja, fundamento e sustentáculo da verdade ( 1 Tm 3,15), a qual se fundamenta na Tradição, Magistério e na Bíblia (feita por e para Católicos):
Sofrimento – Deficiência física ou mental:
Para ilustrar o argumento, vamos equiparar deficiências ao sofrimento, para isso teremos que voltar ao Antigo Testamento (AT) para entendermos a mentalidade da época à luz da Palavra de Deus através do pensamento humano, pois é rotineiro questionarmos por que Deus permite o sofrimento se Ele é amor.
O povo escolhido sofreu na escravidão do Egito, no caminho à Terra prometida, nos cativeiros e etc. Era comum que o povo quisesse uma resposta para tanto sofrimento. Sendo assim, feita a aliança com Moisés e, conseqüentemente, com a introdução da Lei, o povo procurava na Lei a explicação para o sofrimento. Em Dt 27,26 o hagiógrafo (tradição Javista) coloca que o não cumprimento da Lei acarretava em maldição. Do mesmo modo no Decálogo  lemos que Deus puniria pelo erro dos pais nos filhos até  a terceira e quarta gerações ( Dt 5,9).
Desse modo, Deus atribuiria a cada indivíduo uma paga condizente com o que ele faz: aos bons, Deus daria saúde, alegria, bênçãos, etc; aos pecadores não arrependidos (Ez 18, 20-29) Deus daria castigos, desgraças e sofrimentos. Essa era a concepção teológica do AT  que acompanhou o povo até o Novo Testamento (NT) (Jo 9,2ss). Mas sabemos que a misericórdia de Deus ultrapassa o nosso pensar, como vemos no grande livro de sabedoria de Jo, à parte da controvérsia de sua existência ser real ou de se tratar  apenas de uma grande parábola:
O autor imagina uma reunião no céu entre Deus, anjos e Satanás. Deus elogia o humilde ( de coração) e justo servo Jó, que é contestado pelo acusador alegando que ele era virtuoso porque era rico e tinha saúde, pois se ele a tudo perdesse, as suas virtudes também seriam perdidas. Jó perde tudo: bens, família e saúde – pois ele ficou leproso. Sua mulher questiona a Deus o motivo do homem bom sofrer. Então o povo começa a dizer que seu sofrimento era por ele ter pecado ou estar pagando o pecado dos seus antecedentes e seus três amigos quando o visita deram suas opiniões: Um diz que ele devia se converter a Deus, o outro (Elifás 5,8-11) diz a mesma coisa. O terceiro, Sofar, diz que Deus é bom, e se sofre é porque ele merece. Outro amigo ainda, Eliú, diz que Deus tem razão no que faz, pois até no sofrimento
Ele é bom, pois o sofrimento é amargo e cura o pecador (34,12). Jó não aceita nenhuma das opiniões, e, sobre o seu questionamento Deus o responde sobre a sabedoria divina (38-41). Ao ouvi-lo  Jó entende a sua limitação como homem e reconhece que  não é capaz de  ultrapassar os mistérios de Deus: “Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram. É por isso que me retrato, e arrependo-me no pó e na cinza ( Jó 42,5-6).
Com isso, o autor ensina que cada um de nós deve dar sua resposta diante dos problemas da vida à luz da fé. Não devemos pois, agir pelo o que os outros dizem, não ficar no ouvi dizer, mas entender e fazer a própria imagem de Deus e construir a própria idéia a partir da sua própria experiência.
Em refutação ao argumento espírta, com respeito, isso se perdurou por muito tempo, inclusive à época de Jesus, e até mesmo hoje onde podemos ver claramente em Jo9,1ss: “Caminhando,viu Jesus um cego de nascença. Os seus discípulos indagaram dele: “Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?Jesus respondeu: Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus.”
Segundo os espíritas, no E.S.E. (o Evangelho segundo o espiritismo p.63), a passagem acima quer dizer que os judeus acreditavam na reencarnação, uma interpretação errônea que os pode levar à ruína (2 Pd 3,16), pois a Bíblia não é de interpretação individual (2 Pd 1,20),  ou seja, à parte da sabedoria da Igreja. Como já apresentei, os judeus do AT criam que uma outra pessoa pudesse pagar pelo erro de outra e não o mesmo espírito, o qual podemos confirmar em (Ez 18) que cada um é responsável pelo mal que faz bem como Jeremias (Jr 31,29ss). No caso aqui relatado, Jesus desmente essa teoria mostrando-nos que nem o cego nem o seus pais pecaram, mas sua cegueira era para que as obras de Deus se manifestassem nele.
Sem me estender muito, concluo em  São Paulo que nos afirma que a maldição atormentava aqueles que se preocupavam em seguir à risca a Lei, pois ninguém é justificado por ela, mas pela fé (Gl 3,10-11), por isso ele nos diz que na sua carne ele completa as aflições de Cristo através da Sua Igreja (Cl 1,24). Por ‘aflições’ entenda-se toda sorte de sofrimento e provações humanas.
Portanto, poderíamos questionar a irmã espírita da seguinte forma: Quando cometemos um crime e somos julgados e condenados sabemos o motivo da prisão; se fecharmos os olhos à Deus sabemos que não contemplaremos a sua Glória. Ora, se reencarnamos para purificação haja vista um mal anterior, qual seria o mal, como nos purificaremos se não sabemos o que fizemos? Ao contrário, no cristianismo Católico vemos que há um propósito divino até mesmo no sofrimento pelo qual Deus nos permite passar. O catecismo (par. 1501) lemos que “A doença pode levar à angústia, ao fechar-se em si mesmo e até, por vezes, ao desespero e à revolta contra Deus. Mas também pode tornar uma pessoa mais amadurecida, ajudá-la a discernir, na sua vida, o que não é essencial para se voltar para o que o é. Muitas vezes, a doença leva à busca de Deus, a um regresso a Ele.”
POBREZA/RIQUEZA/OPORTUNIDADE:
Podemos abordar este tema em dois aspectos: social e espiritual. Quanto ao primeiro, com o livre-arbítrio que temos, inteligência, controle e economia podemos ministrar nossos bens de acordo com a nossa necessidade e expectativa futura, bem como ser bem auxiliados, por exemplo, pelo nosso cônjuge, que pode nos erguer e nos derrubar, diante também é claro, dos meios que nos cercam, pois muitas vezes nascemos e herdamos bens, outrora conquistamos. Podemos ver isso quando fixamos o nosso olhar em duas pessoas que têm o mesmo salário e função numa empresa: independente de fé, cada uma terá a sua vida individual, um frutificará mais que o outro. Se buscarmos resposta na fé podemos ver a diferença na personalidade e no propósito de cada um. Podemos observar na parábola dos talentos (Mt 24,14ss). Não há nenhuma novidade aí.
Do ponto de vista espiritual, a riqueza não tem valor nenhum perante Deus, somente aos homens. Essa concepção também vale para o AT. A riqueza para o AT é um bem relativo, e ao decorrer dos tempos, riqueza e poder começam a ser bens cobiçados. Para justificar tal concepção aparece no AT a idéia de que os bens, poder,  riqueza são sinais da benção de Deus. Associava-se então a riqueza à religiosidade pessoal (Gn13,2;24,35; Dt6,10).  Essa idéia levava ao homem procurar a riqueza para demonstrar que era abençoado, homem temente a Deus (o que acontece com a teologia da prosperidade hoje). Mas isso não era verdade, pois o AT também mostra que há valores maiores do que a riqueza (Pr 3,13-16; 10,22). Se essa concepção foi criada pela cultura daquele tempo, não se espelha verdade teológica. Deus não faz, de fato, distinção de pessoas ( 1 Pd 1,17). Ademais, as riquezas não valem nada para Deus, não são critérios de justiça para Deus. Contudo, o desapego à  riqueza pode tonrar-se uma manisfestação da graça de Deus e do crescimento da alma que busca as «riqueza do Reino de Deus» ao invés dos bem perecíveis do mundo. O desapego proporciona uma oportunidade para o exercício da caridade e da compaixão para com que sofrem, por exemplo, de carência material. O apego , como visto na história de Lázaro e o homem rico, tem o efeito oposto e nos afasta da vontade de Deus.
O problema da riqueza é discutido pela literatura sapiencial, que é literatura  nascida da sabedoria popular. Nela mostra-se que a riqueza traz certos benefícios (amigos, honra, poder, prazeres…) doutro lado traz com certeza dificuldades, problemas e aborrecimentos (insatisfação crescente, preocupações, medo de perder o que tem, o orgulho, a avareza, o pecado). Compare Pr 14,20 com 15,16. Assim as equações: vida virtuosa = riqueza, vida ímpia= pobreza, não são teológicas. Existem outros valores muito mais procurados e estimados do que as riquezas como a piedade e o temor de Deus (Sl 34,10-11; 37,16).
Contudo não podemos dizer que a riqueza seja pecado ou mal entre si. Os meios pelas quais a riqueza foi adquirida e o uso dos bens é que são os critérios de valorização moral das riquezas e do rico. A riqueza no AT e não foi condenada por Jesus, mas sim o mau uso dos bens e Ele alertou para o perigo da riqueza, que pode impedir à entrada do Reino de Deus (Mt 19,24).  É um equívoco acharmos que os ricos injustos são sinais de bênçãos de Deus, pois se enriquecem à custa do pobre, do roubo e tantos outros meios ilícitos.
Do mesmo modo não é maldição de Deus permitir que haja a pobreza, pois foi para eles que Jesus se manifestou na plenitude do temo (Gl 4,4) e foi perseguido até a morte. Deus olha o coração do homem (1 Sm 16,7), bem como nos impulsiona a repartir e enxergar os pobres também como filho de Deus (Dt 15,4-11) e isso que vemos no Novo Testamento quando os discípulos vendiam os seus bens e os depositavam aos pés dos apóstolos para serem repartidos com os necessitados (At 4,34-35). O problema não é a riqueza, mas não querer se desprender dos bens em prol dos necessitados (Mt 19,21) o que caracteriza uma autêntica idolatria (Cl 3,5), na qual o amor ao dinheiro é o princípio de todos os males (1 Tm 6,10).

Entenda o que é a Missa e nunca mais deixará de participar dessa Santa Celebração

Adapatado da aula de Pe Paulo Ricardo – Publicado em Grupo de Oração São José.
Em sua encíclica Mediator Dei, o venerável Papa Pio XII presenteou todo o povo cristão com um verdadeiro tesouro doutrinal, explicando com precisão e eloquência o que é a sagrada liturgia e em que consiste o sacrifício da Santa Missa.
É na segunda parte deste documento, de modo particular, que Sua Santidade, a partir das sentenças dogmáticas do imortal Concílio de Trento, desenvolve o seu Magistério sobre a celebração eucarística.
Ele começa por explicar a sua natureza: “O augusto sacrifício do altar não é (…) uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima”01. Substancialmente, o sacrifício do Calvário e o sacrifício eucarístico são o mesmo sacrifício. Quando o sacerdote sobe ao altar e, emprestando a Cristo a sua língua e a sua mão02, oferece a Santa Missa por todos os homens, está fazendo não só a mesma coisa que Jesus fez naquela ceia derradeira03, mas também aquele ato de entrega realizada no madeiro da Cruz. A diferença é que, enquanto no Calvário Jesus se entregou de modo cruento, isto é, derramando o Seu sangue, na última ceia e nos altares de nossas igrejas este sacrifício é oferecido sem derramamento de sangue (“incruentamente”). Preleciona Pio XII:
“Na cruz, com efeito, ele se ofereceu todo a Deus com os seus sofrimentos, e a imolação da vítima foi realizada por meio de morte cruenta livremente sofrida;no altar, ao invés, por causa do estado glorioso de sua natureza humana, ‘a morte não tem mais domínio sobre ele’ (Rm 6, 9) e, por conseguinte, não é possível a efusão do sangue; mas a divina sabedoria encontrou o modo admirável de tornar manifesto o sacrifício de nosso Redentor com sinais exteriores que são símbolos de morte. Já que, por meio da transubstanciação do pão no corpo e do vinho no sangue de Cristo, têm-se realmente presentes o seu corpo e o seu sangue; as espécies eucarísticas, sob as quais está presente, simbolizam a cruenta separação do corpo e do sangue. Assim o memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar, porque, por meio de símbolos distintos, se significa e demonstra que Jesus Cristo se encontra em estado de vítima.”04
Assim, é importante explicar: durante a celebração da Santa Missa, Jesus não está, por assim dizer, “sofrendo de novo” o Calvário, experimentando a agonia da coroa de espinhos ou carregando novamente todo o peso da cruz. A entrega feita no sacrifício eucarístico, no entanto, é a mesma: o oferente é o próprio Jesus – “é Ele mesmo quem preside invisivelmente toda Celebração Eucarística”05 – e trata-se da mesma vítima: “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”06. A diferença de modo entre as duas é apenas acidental, não muda a substância do sacrifício.
Pela transubstanciação, estão presentes debaixo das espécies do pão e do vinho Jesus Cristo em corpo, sangue, alma e divindade. Por força do sacramento, no pão está o Seu corpo e, no vinho, o Seu sangue; mas, pela realidade dos fatos, Jesus todo está presente tanto no pão quanto no vinho. É assim porque, estando Ele ressuscitado e no Céu em corpo glorioso, não pode mais ser separado. O uso do pão e do vinho como matéria deste sacramento, no entanto, significa esta “cruenta separação” do Seu corpo e do Seu sangue, ocorrida na Cruz.
Pio XII também indica que não só o ministro e a vítima dos dois sacrifícios são “idênticos”, mas também os fins.
O primeiro deles é a glorificação de Deus (latrêutico). Trata-se da “adoração”. A típica atitude de adoração consiste em pôr-se de joelhos diante de Deus, rebaixando-se diante d’Ele e reconhecendo-se um nada. Na Cruz, Jesus adorou o Pai de modo perfeitíssimo. “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de um escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”07.

Durante a Santa Missa, por mais que se tenha um sacerdote ou uma assembleia indigna, Jesus está oferecendo a mesma adoração perfeita que ofereceu no madeiro da Cruz. Ainda que todos os seres humanos e todos os anjos juntos cultuassem a Deus, não conseguiriam jamais superar o valor desta oferta do próprio Deus. Por esse motivo, é impossível comparar o augusto Sacrifício do altar com as chamadas “celebrações da Palavra”. Se por um lado estas celebrações comunitárias são importantes em lugares com carência de padres, por outro, é realmente muito triste que a sua frequência indevida acabe por obscurecer as diferenças substanciais entre a Missa e uma simples “reunião fraterna”. Na Missa, o padre age in persona Christi; na celebração da Palavra, ao invés, ainda que a comunidade faça parte do Corpo Místico de Cristo, não há como ocorrer a consagração do pão e do vinho, uma vez que “o povo (…) não pode de nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais”08.
A segunda finalidade da Missa é eucarística, ou seja, dar a Deus ação de graças. O homem, que tudo recebe de Deus, tem-lhe uma dívida de ação de graças que não poderia jamais pagar, a menos que o Senhor mesmo não se fizesse homem e sanasse esta dívida por ele. “A Eucaristia é um sacrifício de ação de graças ao Pai, uma bênção pela qual a Igreja exprime seu reconhecimento a Deus por todos os seus benefícios, por tudo o que ele realizou por meio da criação, da redenção e da santificação. (…) Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo: Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de sorte que o sacrifício de louvor é oferecido por Cristo e com ele para ser aceito nele”09.
O terceiro fim deste memorial é propiciatório, isto é, oferecer uma expiação pelos nossos pecados. Com o pecado, o homem ofende a Deus e Este, por sua vez, espera do homem, além do arrependimento, a reparação de sua ofensa. Se os sacrifícios oferecidos pelos antigos “simplesmente devolviam a Deus as coisas que Ele mesmo havia criado: touros, ovelhas, pão e vinho”, na Santa Missa, “irrompe um elemento novo e maravilhoso: pela primeira vez e todos os dias, a humanidade pode já oferecer a Deus um dom digno dEle: o dom do seu próprio Filho, um dom de valor infinito, digno de Deus infinito”10. Só desta forma os crimes cometidos pelo homem contra Deus podem ser plenamente satisfeitos.
Por fim, a quarta finalidade da Missa é impetratória: Jesus “nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade”11. Nos altares de nossas igrejas, Jesus continua colocando-se entre a humanidade e o Pai e pedindo a Ele as graças necessárias para nossa salvação.
Para lograr os efeitos da redenção de Jesus, no entanto, é preciso que o homem se abra a Deus. Por isso, ensina Pio XII, “é necessário que depois de haver resgatado o mundo com o elevadíssimo preço de si mesmo, Cristo entre na real e efetiva posse das almas”12. Para ilustrar que, mesmo oferecendo o Santo Sacrifício por todos os homens, apenas alguns muitos verdadeiramente aproveitam de sua eficácia, o Santo Padre faz uma bela analogia: “Pode-se dizer que Cristo construiu no Calvário uma piscina de purificação e de salvação e a encheu com o sangue por ele derramado; mas se os homens não mergulham nas suas ondas e aí não lavam as manchas de sua iniquidade, não podem certamente ser purificados e salvos”13.
Para tanto, urge que os fiéis participem “do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contato íntimo com o sumo sacerdote (…), oferecendo com ele e por ele, santificando-se com ele”14.
O protagonista da Sagrada Liturgia é Jesus, que oferece ao Pai o dom precioso de Si mesmo. Não é a comunidade que está no centro da Missa; a ação principal não está sendo realizada nem pelo sacerdote nem pela assembleia, mas por Jesus. Para participar ativamente da Santa Missa, os fiéis devem ser motivados a perscrutar o que se passa no altar, e não inventar jograis, danças ou outras coisas que, em última instância, acabam desviando o foco de toda a ação litúrgica da Cruz.

Artigo recomendado

  1. “Christus Passus” nella dottrina eucarística di San Tommaso d’Aquino
Referências
  1. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 61
  2. Cf. São João Crisóstomo, In Joan. Hom., 86, 4
  3. Cf. Mt 26, 1-16; Mc 14, 1-11; Lc 22, 7-23
  4. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 63
  5. Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1348
  6. Jo 1, 29
  7. Fl 2, 6-7
  8. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 76
  9. Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 1360 e 1361
  10. Trese, Leo John. A fé explicada. Trad. Isabel Perez. 7. ed. São Paulo: Quadrante, 1999. P. 320
  11. Hb 5, 7
  12. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 70
  13. Ibidem
  14. Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, n. 73
Fonte Eletrônica;
 

Saiba tudo sobre o Batismo: o sacramento que nos proporciona renascer em Cristo

O Blog Ecclesia Militans tem o prazer de publicar o primeiro de uma série de posts didáticos a cerca dos sacramentos Cristãos. O texto de hoje aborda especificamente o Batismo, também chamado pela Igreja de o sacramento dos mortos – pois é aquele que nos proporciona nascer de novo em Cristo – e marca o início da caminhada na vida Cristã. Esperamos que o texto abaixo seja elucidativo e possa sanar as dúvidas mais comuns concernentes a esse santo sacramento. Pedimos ao leitores que o divulguem em suas redes sociais e ajudem-nos em nossa missão evangelizadora!

O BATISMO CATÓLICO

- Por Cristiano Rangel - autor convidado e colaborador do blog
    Como todo Sacramento, é o sinal sensível e eficaz da Graça de Deus, no qual invocamos a Deus Uno revelado em três pessoas, o derramamento de suas bençãos como fonte de reconhecimento de seu pleno poder sobre nós. No batismo, nós recebemos o dom do Espírito Santo e nos tornamos filhos de Deus e participantes da Igreja, que é a imagem do Reino de Deus na terra. Através do batismo que recebemos, Deus nos dá a semente que nós, durante nossas vidas, devemos regar e cultivar para que produza os frutos do Espírito Santo.
    Todas as prefigurações da antiga aliança encontram sua realização em Jesus Cristo, pois Deus ao se revelar ao homem sempre buscou uma maneira de implantar uma forma de aliança, como demonstração de sua bondade e fidelidade, como foi o arco-íris do tempo de Noé, a circuncisão em Abraão, as tábuas da lei com Moisés e por fim o batismo sob forma de nova e eterna aliança através de Jesus Cristo, o qual convoca a sua Igreja a ir a todo o mundo e batizar em nome da Santíssima Trindade (Mt 28,19).
    O batismo é a porta de entrada da iniciação cristã, instituído pelo próprio Jesus Cristo, para nos tornarmos uma nova criatura (2 Cor 5,17),  na qual assumimos o compromisso de acolher e ensinar as virtudes cristãs. Imprime na nossa alma o caráter de cristão e herdeiros do Paraíso e nos torna capazes de receber os outros Sacramentos.
    Neste Sacramento, diferente do batismo penitencial de João Batista (capaz apenas de apagar os pecados – como uma preparação para o caminho do Senhor), temos uma verdadeira regeneração espiritual, um renascimento (Jo 3,5), onde somos perdoados do pecado original (um pecado não contraído, mas propagado pela falta de um homem, Rm 5,12.19) e dos pecados arrependidos. O Batismo nos dá a graça santificante, que é a amizade e a presença de Deus no nosso coração. Junto com a graça recebemos o dom da Fé, da Esperança e da Caridade, assim como todas as demais virtudes, que devemos procurar proteger no nosso coração.

O BATISMO PREFIGURADO NA ANTIGA ALIANÇA

    Já nos tempos de Noé, a água (matéria), elemento essencial ao batismo, foi canal da misericórdia de Deus para com o seu povo. Ou seja, as águas do grande dilúvio inundaram a terra, lavando-a do pecado. Com efeito, oito pessoas, pela graça de Deus, salvaram-se por ocasião da construção da arca, emergindo do dilúvio para uma vida limpa do pecado e aprazível a Deus. Esse evento bíblico correspondente ao batismo cristão, no qual, pelos méritos de Cristo, nos tornamos herdeiros da vida eterna (1 Pd 3,20-21) (CIC 1219).
  Do mesmo modo, como forma de aliança carnal realizada em Abraão, são Paulo traça um paralelo entre a circuncisão feita por mãos humanas e o batismo feito pelo derramamento do Espírito Santo: Nele também fostes circuncidados com circuncisão não feita por mão de homem, mas com a circuncisão de Cristo, que consiste no despojamento do nosso ser carnal (Cl 2,11).
 É sobretudo na travessia do Mar Vermelho, marco da libertação de Israel da escravidão do Egito, que são Paulo nos diz que “nossos pais” estiveram sob a nuvem e nela e no mar foram batizados em Moisés, nutrindo-se de uma rocha espiritual que os acompanhava, e que esta rocha espiritual era o próprio Cristo (1 Cor 10, 2-5).
 

O BATISMO DE CRISTO

    Nosso Senhor Jesus Cristo submeteu-Se voluntariamente ao batismo de João, que era destinado aos pecadores como de forma a preparar o caminho do Senhor (Mt 3,3ss), para que fosse cumprida toda a justiça, apresentando-Se a nós como modelo de humildade, de forma a se identificar com os pecadores, despojando-Se do direito de ser tratado como Deus, sob forma de escravo para se fazer semelhante aos homens (Fl 2,7), de modo a nos conduzir ao batismo dos cristãos, pelo poder do Espírito Santo. É nesse contexto que através da sua Páscoa, escorre do Seu lado traspassado pela lança do soldado Romano, a água e o sangue (símbolos que nos remetem ao Batismo e à Eucaristia), sacramento de uma vida nova, na qual pelos méritos de Cristo somos redimidos de todos os pecados (Gl 1,4).

BATISMO NA IGREJA

    É a partir do pentecostes, no cumprimento da promessa do envio do Espírito Santo, que a igreja administra o sacramento do batismo. No início da era cristã o batismo era ministrado àqueles que se arrependiam dos pecados, face à descrença do povo em crer que Jesus era o verdadeiro Messias bem como aqueles que já tinham recebido o batismo penitente de João e recebia o batismo da regeneração espiritual de Cristo(At 19,3ss). Pedro estendeu o batismo não só ao povo eleito, mas a seus filhos e todos aqueles que estavam longe, ou seja, por quem Deus chamasse (At 2,38s). Foi neste cenário que Pedro, nessa atitude imaginável para aquela época, demonstra  a  sua  primazia sobre os apóstolos introduzindo o batismo a todos os povos, inclusive aos pagãos, pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10,34-48).
    É no batismo, segundo são Paulo, que o crente comunga na morte, é sepultado e ressuscita em Cristo: Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova (Rm 6,3-4).
    Não há uma “fórmula fixa” para o batismo, mas uma necessidade de consagrar a água (matéria) a ser utilizada e que seja realizado na invocação trinitária (forma) que indique claramente o ato de batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo… Com efeito, se alguém recebe o batismo por imersão ou por infusão, com água corrente ou não (desde que verdadeira), em nome de cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade, o sacramento é tido por válido pela Igreja Católica, ainda que tenha sido conferido por outras comunidades cristãs (ortodoxas, protestantes, etc.), pouco importando, inclusive, uma eventual fé insuficiente do ministro em relação ao batismo (cf. Diretório Ecumênico, nº 95).
Pode ser por infusão (derrama d’água) ou por imersão (mergulha n’água), pois assim explica o direito canônico:
“Cân. 854 – O batismo seja conferido por imersão ou por infusão, observando-se as prescrições da Conferência dos Bispos”. Nesse sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estipulou o seguinte:”Quanto ao cân. 854: Entre nós continua a praxe de batizar por infusão; no entanto, permite-se o batismo por imersão, onde houver condições adequadas, a critério do Bispo Diocesano”.
Como observa o canonista pe. Jesús Hortal, em seu comentário ao cân. 854, “o rito de imersão demonstra mais claramente a participação na morte e na ressurreição de Cristo, mas o rito de infusão  é plenamente legítimo”.
Tal legitimidade provém, com certeza, desde as primitivas comunidades cristãs. Por exemplo, no séc. I d.C., já é explicitamente registrado na “Didaqué”, o primeiro catecismo de que temos notícia na História da Igreja: “Na falta de uma (=água corrente) ou outra (=água parada) [para imersão], derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Did. VII, 3).

QUEM PODE RECEBER O BATISMO?

    Toda pessoa ainda não batizada que tenha o desejo dele e é instruída a respeito da sua importância, pois uma vez batizado não o poderá extingui-lo ou aperfeiçoá-lo, pois há Um só Senhor, Uma só fé e Um só Batismo (Ef 4,5). Batismo não é evento social nem tampouco emblema ou estandarte de igreja ou denominação.
    Caso a pessoa não se recorde de ter sido batizada, seja pelo fato de falta de comunicação ou enfermidade, ela poderá ser batizada sob condição, segundo o que prescreve o direito canônico:
“Cân. 869:
Parágrafo 1 – Havendo dúvida se alguém foi batizado ou se o batismo foi conferido validamente, e a dúvida permanece depois de séria investigação, o batismo lhe seja conferido sob condição.
Parágrafo 2 – Aqueles que foram batizados em comunidade eclesial não-católica não devem ser batizados sob condição, a não ser que, examinada a matéria e a forma das palavras usadas no batismo conferido, e atendendo-se à intenção do batizado adulto e do ministro que batizou, haja séria razão para duvidar da validade do batismo.
Parágrafo 3 – Nos casos mencionados nos parágrafos 1 e 2, se permanecerem duvidosas a celebração ou a validade do batismo, não seja este administrado, senão depois que for exposta ao batizando, se adulto, a doutrina sobre o sacramento do batismo; a ele, ou aos pais, tratando-se de criança, sejam explicadas as razões da dúvida sobre a validade do batismo.”

QUEM PODE BATIZAR?

    Os ministros ordinários do Batismo, o Bispo, os presbíteros e os diáconos (Igreja Latina), bem como qualquer pessoa que de bom coração e com a intenção e fórmula trinitária, o faça na perspectiva da vontade salvífica universal de Deus (1 Tm 2,4) e necessidade para a salvação (Mc 16,16) (CIC 1256).

QUEM SÃO OS BATIZADOS?

    Desde sempre a igreja mantém firme a convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, mesmo sem receber o batismo, são batizadas Por e Com Cristo, sendo este o batismo de sangue, ou seja, toma posse  dos frutos do batismo (CIC 1258).
    Aqueles que na preparação do batismo morrem sem o receber, mas o seu desejo em recebê-lo, juntamente com o seu arrependimento, garantem a sua salvação, ainda que não tenha recebido o mesmo (CIC 1259).
 Tendo Cristo morrido por todos e que a vocação última do homem é uma só, a saber, a divina, estamos convictos que o Espírito Santo oferece a todos, sob a forma que só Deus conhece, a possibilidade de inserção no mistério pascal. Todo o homem que desconhecendo o evangelho de Cristo e sua Igreja, mas procura a verdade e pratica a vontade de Deus segundo o seu conhecimento dela pode ser salvo, pois acreditamos que se o conhecessem teriam o desejado explicitamente (CIC 1260).
    Por último, quanto às crianças que morrem sem o batismo, a igreja confia na misericórdia de Deus, que quer que todos os homens sejam salvos (1 Tm 2,4) e evidencia a ternura que Jesus tinha para com elas (Mc 10, 13-16).

PODEMOS BATIZAR AS CRIANÇAS?

    Aos que buscam por uma resposta breve: SIM, pois quando somos vencidos pela ignorância em achar que tudo tem que estar escrito, abrimos mão da sabedoria inata ao homem, pois tomados pelo discernimento sabemos que não podemos cobiçar, porque há em nós um sentimento gerado pela Lei (Rm 7,7). Ademais, onde há uma ordem contrária ao batismo infantil e/ou  que Jesus  faz acepção de idade? Nele não há cronologia. Se não há lei, o pecado está morto (Rm 7,8b).
    Deus não faz acepção de pessoas, tão pouco de idade, pois somos todos pequeninos para Deus (Mc 9,42; Mt 18,14), pois na plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho para que nos tornemos filhos adotivos (Gl 4,4-5).
    A igreja nos mostra ao longo do plano da salvação a manifestação de Deus e o desejo de salvar a todos e é nessa dinâmica que são Paulo faz o paralelo da circuncisão que era conferido sob a forma da lei a todos os meninos no 8º dia de nascido através da remoçãode um tecido carnal. Mas em Cristo temos a circuncisão espiritual que é o batismo (Cl 2,11) e não uma prescrição sob quaisquer característica físicas ou cronológicas.
    Se por um lado somos questionados pela necessidade de fé para sermos batizados, conforme Mc 16,16: “Aquele que crer e for batizado será salvo; e aquele que não crer será condenado.”, me pergunto como ficaria a situação da criança que não pode crer… Ela está condenada por não crer, já que Marcos não fala que a falta de batismo condena?
    Claro que não, são Paulo nos aponta que o homem cristão (que tem fé) santifica a mulher não cristã (que não tem fé) e vice-versa, para que os seus filhos sejam santos (1 Cor 7,14). Da mesma forma, os pais podem pedir o batismo para os seus filhos, no desejo de querer e saber o melhor para eles. Ninguém espera o filho doente tenha o discernimento se dever pedir aos pais para ser levado ao médico, mas o levamos porque temos conciência do melhor para a sua vida.
    Jairo pede pela sua filha e Jesus a cura pela fé do pai, sem questionar se a filha tinha fé para ser curada ( Lc 8,50); bem como uma mulher estrangeira, que não fazia parte do povo de Israel, pede pela sua filha e tem a misericórdia de Jesus ( Mt 15,28) nos mostrando que Ele veio para todos e derramar sua Graça a todos, porque Ele haveria de negar a sua benção através do batismo às crianças?  Será que temos o direito de impedir as crianças de irem a Jesus? Os discípulos também tentaram impedir a benção de Jesus, o que o deixou INDIGNADO  e disse: “ Deixai vir a mim todas as criancinhas e não as impeçais…” (Mc 10, 13-14).
    Se procurarmos levar tudo ao pé da letra e dissermos que devemos batizar após a idade da razão, pergunto: onde está a idade da razão na Bíblia? Em cultura de qual país, na lei civil, criminal ou eleitoral? Tomemos cuidado, pois Cristo nos tornou aptos para sermos ministros de uma aliança nova, não da letra, e sim do Espírito, pois a letra mata, mas o espírito comunica a vida (2 Cor 3,6).
    São Paulo em paralelo com os israelitas nos diz que todos os batizados em Moisés, cuja travessia do Mar Vermelho havia adultos e crianças e que em Cristo, a rocha espiritual, foram alimentados (1 Cor 10,2-3).
    Se tomarmos como comparação a dureza do coração que imperava no povo da antiga aliança (Mc 10,5), que transmitia um Deus que vingava as crianças (1 Sm 15,3; Ex 12,29) pelo simples fato que não haveria justos naqueles locais (Gn 18, 23-32), como não ver um Deus que  se revela misericordioso, justo e fiel para não comunicar a sua Graça a uma criança? Será que Deus não ama as crianças, será que os evangelhos apócrifos estão certos? Longe de mim… Satanás!
    Ademais, sabemos que por cultura e associado a intervenção Divina, era sinal para os judeus terem uma família grande, além de estarmos convictos que não existiam cirurgias ou métodos contraceptivos, de modo que as famílias não procriassem, ter muitos filhos era considerado uma benção de Deus. É nesse contexto que vemos famílias inteiras sendo batizadas, como a de Cornélio (At 10,44), a família de Lídia (At 16,14), a do carcereiro (At 16,32s), a família de Estéfanas (1 Cor 1,16). Será que essas famílias não tinham crianças ou eram estéreis? São Paulo não diz que excetuou as crianças e/ou que devemos excluí-las.
    A conscientização dos primeiros cristãos em relação ao batismo era tão grande, bem com a esperança da ressurreição dos corpos, que muitos em Corinto se faziam batizar pelos mortos, atitude que, de acordo com o argumento protestante evangélico morderno, deveria ser criticada por são Paulo e não foi. Se batizavam pelos mortos, porque não batizar as crianças vivas?

PODE HAVER RE-BATISMO?

    Como mencionado, Só há um Senhor, uma só fé e UM SÓ BATISMO (Ef 4,5). Não podemos fazer das nossas concepções, individualidades, presunções e etc. um meio de propagar um batismo à moda da casa, como forma de satisfação de ego, fazendo do batismo adaptações como se faz com receitas de bolo. Batismo não é emblema de Igreja, não é julgar que o Meu Deus é Maior ou Melhor, por isso são Paulo nos questiona se  acaso Cristo é dividido? Se é batizado em nome da igreja ou denominação (1 Cor 1,13)? O batismo deve ser uma conscientização da Graça a ser derramada a todos!
        Aquele que julga por motivos pessoais que Deus não derramou o seu Espírito  por qualquer conveniência concorre para o único pecado que não posui perdão, o pecado contra o Espírito Santo (Mt 22,30), fazendo da sua interpretação individual uma possibilidade de ruína junto a impiedade dos homens (2 Pd 3,16s).
 
Fonte Eletrônica;