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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Brasil: Aumenta confiança na Igreja Católica

Instituição ocupa segundo lugar, atrás apenas das Forças Armadas

SÃO PAULO, quinta-feira, 18 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Uma pesquisa divulgada nessa quarta-feira no Brasil mostra que a Igreja Católica saltou do sétimo para o segundo lugar no ranking de confiança da população nas instituições.

A pesquisa, realizada pela Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, tinha como objetivo primeiro medir o Índice de Confiança na Justiça (ICJ Brasil).

De acordo com os dados, o Judiciário ficou em oitavo lugar, empatado com a polícia e à frente apenas do Congresso e dos partidos políticos.

Já a confiança na Igreja aumentou 60% do segundo para o terceiro trimestre deste ano, passado de 34% para 54%.

Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJ Brasil, considera que a controvérsia sobre o aborto nas eleições presidenciais pesou para o aumento do índice de confiança na Igreja.
"A Igreja estava em um grau baixo de avaliação quando foi feita a apuração no segundo trimestre, muito perto da crise envolvendo a instituição com denúncias de pedofilia", disse Luciana ao jornal O Estado de S. Paulo.
"A última fase da coleta coincidiu com a discussão sobre o aborto nas eleições presidenciais. Isso fez a diferença", afirmou.

"A Igreja só perde para as Forças Armadas e ganha de longe do governo federal e, inclusive, das emissoras de TV, que normalmente são instituições consideradas confiáveis pela população", disse a pesquisadora.

FONTE:
http://www.zenit.org/article-26573?l=portuguese







domingo, 28 de novembro de 2010

O que Significa a Coroa do Advento?

A vela sempre teve um significado especial para o homem, sobretudo porque antes de ser descoberta a eletricidade ela era a vitória contra a escuridão da noite. À luz das velas São Jerônimo traduzia a Bíblia do grego e do hebraico para o latim, nas grutas escuras de Belém onde Jesus nasceu.

Em casa, a noite, quando falta a energia, todos correm atrás de uma vela e de um fósforo, ainda hoje.

Acender velas nos faz lembrar também a festa judaica de “Chanuká”, que celebra a retomada da Cidade de Jerusalém pelos irmãos macabeus das mãos dos gregos do rei Antíoco IV.

Antes da era cristã os pagãos celebravam em Roma a festa do deus Sol Invencível (Dies solis invicti) no solstício de inverno, em 25 de dezembro. A Igreja sabiamente começou a celebrar o Natal de Jesus neste dia, para mostrar que Cristo é o verdadeiro Deus, o verdadeiro Sol, que traz nos seus raios a salvação. É a festa da luz que é o Cristo: “Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 12, 8). No Natal desceu a nós a verdadeira Luz “que ilumina todo homem que vem a este mundo” (Jo 1, 9).

Na chama da vela estão presentes as forças da natureza e da vida. Cada vela marca um ano de nossa vida no bolo de aniversário. Para nós cristãos simbolizam a fé, o amor e o trabalho realizado em prol do Reino de Deus. Velas são vidas que se imolam na liturgia do amor a Deus e ao próximo. Tudo isso foi levado para a liturgia do Advento. Com ramos de pinheiro uma coroa com quatro velas prepara os corações para a chegada do Deus Menino.
Nessas quatro semanas somos convidados a esperar Jesus que vem. É um tempo de preparação e de alegre espera do Senhor. Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Nas duas últimas, a Igreja nos faz lembrar a espera dos Profetas e de Maria pelo nascimento de Jesus.

A Coroa é o primeiro anúncio do Natal. O verde é o sinal de esperança e vida, enfeitada com uma fita vermelha que simboliza o amor de Deus que se manifesta de maneira suprema no nascimento do Filho de Deus humanado.
A Coroa é composta de quatro velas nos seus cantos presas aos ramos formando um círculo. O círculo não tem começo e nem fim, é símbolo da eternidade de Deus e do reinado eterno do Cristo. A cada domingo acende-se uma delas.

As quatro velas do Advento simbolizam as grandes etapas da salvação em Cristo. No primeiro domingo do Advento, acendemos a primeira vela que simboliza o perdão a Adão e Eva. Cristo desceu a Mansão dos mortos para dar-lhes o perdão. No segundo domingo, a segunda vela, acesa como primeira, representa a fé dos Patriarcas: Abraão, Isaac, Jacó, que creram na Promessa da Terra Prometida, a Canaã dos hebreus; dali nasceria o Salvador, a Luz do Mundo. A terceira vela, acessa com as duas primeiras, simboliza a alegria do rei Davi, o rei que simboliza o Messias porque reuniu sob seu reinado todas as tribos de Israel, assim como Cristo reunirá em si todos os filhos de Deus. É o domingo da alegria. Esta vela têm uma cor mais alegre, o rosa ou roxo claro. A última vela simboliza os profetas, que anunciaram um reino de paz e de justiça que o Messias traria. É a vela branca.
Tudo isso para nos lembrar o que anunciou o profeta:

“Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor”. (Is 11,1-2)

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz. Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos. 3. Porque o jugo que pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes, como no dia de Madiã. Porque todo calçado que se traz na batalha, e todo manto manchado de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão presa das chamas; porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Eis o que fará o zelo do Senhor dos exércitos” (Is 9,1-6).

Professor Felipe Aquino

É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de Aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: “Escola da Fé” e “Trocando Idéias”.



A Doutrina Católica do Batismo Infantil

Karl Keating, Catholic Answers

Tradução: Rondinelly Ribeiro


Algumas igrejas protestantes, principalmente as fundamentalistas, criticam a prática da Igreja Católica de batizar crianças. Para eles, o batismo é reservado apenas para adultos e crianças mais crescidas, pois este deve ser administrado apenas após a evidência do “nascer de novo” – isto é, após a pessoa “aceitar Jesus como único Senhor e salvador”. No instante desta “aceitação”, a pessoa “nasce de novo” e se torna cristão, um dos eleitos, e sua salvação está garantida, para sempre. Só então se segue o batismo, já que este não possui poder salvífico algum. Na verdade, quem morre antes que seja batizado, mas depois de ter “aceitado” Jesus, vai para o paraíso de qualquer forma.

Da forma como estes protestantes entendem, o batismo não é um sacramento (no real sentido da palavra) mas um ordenança. De forma alguma transmitiria a graça que está simbolizando. Para eles, é apenas um manifestação pública da conversão de alguém. Pelo fato de somente adultos ou crianças maiores poderem se converter, o batismo é negado às crianças que ainda não alcançaram a “idade da razão” (em torno dos sete anos). A maioria destes fundamentalistas bíblicos afirmam que durante os anos anteriores à idade da razão, os bebês e as crianças menores estão automaticamente salvas. Assim que determinado indivíduo alcança a tal idade, deve “aceitar” Jesus para alcançar o paraíso.

Desde os tempos do Antigo Testamento, a Igreja Católica entendeu o batismo de forma diferente, ensinando que este é um sacramento que traz consigo diversas coisas, a primeira das quais é a remissão dos pecados, tanto o pecado original como o pecado atual – apenas o pecado original no caso dos bebês e crianças pequenas, pois são incapazes de pecado atual – quando o batizado for adolescente ou adulto.

Pedro explica o que no ocorre no batismo quando diz, arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo (At 2,38). Porém, ele não faz restrição a este ensinamento apenas aos adultos. Ele acrescenta, pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus (v.39). E também lemos, Levanta-te. Recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome (At 22,16). Este mandamento é universal, não restrito a adultos. Além do mais, estes versículos tornam clara a necessária conexão entre o batismo e a salvação, uma conexão explicitamente mencionada por Pedro, que diz, esta água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela ressurreição de Jesus Cristo (1Pd 3,21).
Cristo chama todos ao batismo

Apesar de os protestantes fundamentalistas modernos serem os principais opositores do batismo de crianças, esta heresia não é nova. Na idade média, alguns grupos começaram a rejeitar o pedobatismo, como os Cátaros e Valdenses. Mais tarde, os Anabatistas (re-batizadores) deram prosseguimento a esta corrente doutrinária, afirmando que crianças são incapazes de receber o batismo validamente. Porém, a Igreja Cristã historicamente sempre sustentou que as leis de Cristo se aplicam às crianças da mesma forma como aos adultos, pois Cristo disse que ninguém poderá entrar no céu a menos que tenha renascido pela água e pelo Espírito (Jo 3,5). Suas palavras devem ser aplicadas a todos aqueles que desejem ter direito ao seu reino. Ele também defendeu este direito mesmo às crianças, deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham (Mt 19,14).

Lucas nos dá mais detalhes sobre esta bela passagem das Escrituras. Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam. Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas (Lc 18,15-16).
Os protestantes afirmam que estas passagens não se aplicam a crianças mais jovens e a bebês pois a passagem implica que as crianças a que Cristo está se referindo são aquelas que podem ir até ele por si mesmas (algumas traduções trazem “soltem as criancinhas para que venham a mim”, o que dá a entender que elas poderiam fazer isso por si próprias). Os fundamentalistas, então, concluem que a passagem se aplica somente às crianças que são capazes de andar, e, presumivelmente, capazes de cometer pecados. Mas o texto de Lc 18,15 diz Trouxeram-lhe também criancinhas (do grego proseferon de auto kai ta brephe). A palavra grega brephe significa “bebês, crianças nos primeiros anos de vida” – crianças completamente incapazes de chegar até Cristo por si mesmas e que não possuem a capacidade de fazer uma decisão consciente de “aceitar Jesus como seu Senhor e salvador”. Este é precisamente o problema. Os fundamentalistas refutam a possibilidade de conceder o batismo a crianças por que elas não possuem ainda a capacidade de fazer uma escolha consciente, como esta, por exemplo. Mas notem que Jesus diz porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas [referindo-se justamente a estas crianças que estavam sendo levadas a ele por suas mães/responsáveis]. O Senhor não exigiu que elas fizessem uma escolha consciente. Disse que elas são precisamente o tipo de pessoa que pode vir até Ele e receber o reino. Então com que bases, pergunta-se aos protestantes fundamentalistas, os bebês e as crianças jovens deveriam ser excluídas do sacramento do batismo? Se Jesus disse Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque impedi-las negando-as o batismo?
Em lugar da Circuncisão

Além disso, Paulo nota que o batismo substitui a circuncisão (cf. Cl 2,11-12). Nesta passagem, ele se refere ao batismo como “circuncisão de Cristo” e “circuncisão não feita por mão de homem”. Usualmente, somente crianças eram circuncidadas sob a Antiga Lei; a circuncisão de adultos era rara, pois eram poucos os convertidos ao judaísmo. Se Paulo quisesse excluir as crianças, não teria escolhido a circuncisão como paralelo do batismo.
Esta comparação entre quem poderia receber o batismo e a circuncisão é muito apropriada. No Antigo Testamento, se alguém quisesse se tornar judeu, deveria crer no Deus de Israel, e ser circuncidado. No Novo Testamento, se alguém quisesse se tornar cristão, deveria crer em Deus e em Seu Filho Jesus, e ser batizado. No Antigo Testamento, aqueles nascidos em lares judeus poderiam ser circuncidados em antecipação à fé judaica na qual iriam crescer e praticar. Da mesma forma, no Novo Testamento, aqueles nascidos em lares cristãos poderiam ser batizados em antecipação à fé cristã na qual iriam crescer e praticar. O caminho é o mesmo: se alguém é adulto, deverá proclamar a fé para ser aceito entre os membros; porém se este alguém é uma criança que ainda não possui faculdades para proclamar a fé, a ele será conferido o rito para aceitação entre os membros sabendo que será nesta fé que irá crescer. Esta é a base da referência de Paulo ao batismo como sendo uma “circuncisão de Cristo” – ou seja, o equivalente cristão da circuncisão.
Somente adultos eram batizados?

Os fundamentalistas relutam em admitir que a Escritura em lugar algum restringe o batismo a adultos, mas quando pressionados, acabam admitindo. Eles concluem que mesmo que o texto não explicite esta idéia, existem significados que suportam esta visão. Naturalmente, as pessoas cujos batismos são lidos na Escritura (e alguns são identificados individualmente) eram adultos, mas porque foram convertidos como adultos. Isto faz muito sentido, pois o cristianismo estava apenas em seu começo. Não existia ainda uma “população cristã”, com crianças educadas em lares cristãos, etc.

Mesmo nos livros do Novo Testamento escritos mais tardiamente no primeiro século, nós nunca – nem mesmo uma vez – vemos uma criança crescida em lar cristão sendo batizada apenas após fazer a tal “decisão” por Cristo. De preferência, sempre se assumiu que as crianças nascidas em lares cristãos já eram cristãs, pois já haviam sido “batizadas em Cristo” (Rm 6,3). Se o batismo de crianças não fosse o costume, deveriam haver referências de filhos de pais cristãos sendo aceitos na Igreja apenas após chegarem à idade da razão, mas não há nenhuma referência a isso na Bíblia.
Referências Bíblicas?

Mas, alguém poderia perguntar, a Bíblia diz que bebês e crianças menores podem ser batizadas? As evidências são claras. No Novo Testamento lemos que Lídia foi convertida pela pregação de Paulo e que foi batizada juntamente com a sua família (At 16,15). O carcereiro a quem Paulo e Silas converteram foi batizado naquela noite juntamente com sua família, então, naquela mesma hora da noite, ele cuidou deles e lavou-lhes as chagas. Imediatamente foi batizado, ele e toda a sua família (v. 33). Em sua saudação aos coríntios, Paulo recorda, aliás, batizei também a família de Estéfanas (1Cor 1,16).

Em todos estes casos, lares e famílias inteiras foram batizadas. Isto significa mais do que apenas o cônjuge, pois as crianças também estavam incluídas. Se o texto de Atos fizesse referências apenas ao carcereiro e à sua esposa, porque não lemos “foi batizado, ele e sua esposa”? Portanto, suas crianças também deveriam estar incluídas. O mesmo se aplica aos demais batismos semelhantes citados na Escritura.
Devemos admitir que é impossível conhecer a idade exata das crianças; poderiam ser crianças que já passaram da idade da razão, mas também poderiam ser bebês ou crianças menores, mais jovens. É mais provável que habitassem tanto crianças mais novas como mais velhas, e certamente haveriam crianças que ainda não alcançaram a idade da razão nestes e tantos outros lares que foram batizados, especialmente se considerarmos que a sociedade da época não se preocupava com métodos de controle de natalidade. Além do mais, dado o caminho para o entendimento de batismo em lares inteiros, se houvesse exceção a esta regra (as crianças), deveria estar explícita.
Padres e Concílios

A doutrina da Igreja Católica de hoje sempre foi a mesma adotada desde o início do cristianismo. Orígenes, por exemplo, escreveu no terceiro século que “de acordo com o costume da Igreja, o batismo é conferido às crianças” [Homilia a Leviticus 8:3:11, (244 d.C.}]. O Concílio de Cartago, em 253, condenou a doutrina de que o batismo das crianças deveria ser adiado até os oito anos de idade. Mais tarde, Santo Agostinho ensinou que “O costume da madre Igreja de batizar crianças certamente não deve ser zombado…nem que esta tradição seja algo que não dos apóstolos” [Interpretação Literal do Gênesis 10:23:39 (408 d.C.)]
Sem chance para “invenção”

Nenhum dos pais ou Concílios da Igreja disse que esta prática era contrária às Escrituras ou à Tradição. Concordavam que o batismo de crianças era uma prática costumeira e apropriada desde os tempos da Igreja primitiva; a única incerteza parecia ser quando – exatamente – a criança deveria ser batizada. Mais evidências de que o batismo de crianças era uma prática aceita na Igreja primitiva é o fato de que se o batismo infantil fosse contrário às práticas religiosas dos primeiros cristãos, porque não possuímos nenhum documento, nenhum, de escritores cristãos que reprovem esta prática?

Entretanto os protestantes fundamentalistas buscam ignorar os escritos dos primitivos cristãos que claramente legitimam o batismo infantil. Tentam se refugiar apelando para a história de que o batismo requer fé e, pelo fato de as crianças serem incapazes de terem fé, não podem ser batizadas. É verdade que Cristo deu instruções sobre a fé atual de adultos convertidos (Mt 28,19-20), mas a sua lei geral sobre a necessidade do batismo (cf. Jo 3,5) não coloca restrições aos sujeitos ao batismo. Apesar de as crianças estarem incluídas na lei que Ele estabeleceu, existem exigências da lei que elas ainda não podem cumprir por causa de sua idade. Não se pode esperar que sejam instruídos e tenham fé se ainda são incapazes de receber alguma instrução ou manifestar a fé. O mesmo é verdadeiro para a circuncisão, a fé em Deus era necessária para que o adulto a recebesse, mas não se fazia necessária aos filhos dos judeus.

Além do mais, a Bíblia nunca diz “a fé em Cristo é necessária à salvação, com exceção das crianças”, mas simplesmente diz “a fé em Cristo é necessária à salvação”. Mesmo os protestantes fundamentalistas devem admitir que aqui há uma exceção às crianças a menos que desejem condenar todas as crianças automaticamente ao inferno. Desta forma, os próprios protestantes fazem uma exceção às crianças em relação à necessidade da fé para alcançar a salvação. Eles, dessa forma, criticam o católico por fazer a mesma exceção para o batismo, especialmente se, como cremos, o batismo for um instrumento para a salvação.

Torna-se aparente, então, que a posição fundamentalista acerca do batismo infantil de fato não é conseqüência de críticas bíblicas, mas da idéia protestante da salvação. Na realidade, a Bíblia indica que as crianças podem, e devem, ser batizadas, pois elas também podem herdar o Reino dos Céus. Além disso, o testemunho e a prática das primeiras comunidades devem silenciar de uma vez por todas os que criticam a prática da Igreja Católica de batizar crianças. A Igreja apenas dá continuidade à tradição estabelecida pelos primeiros cristãos, que atenderam as palavras de Jesus, Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas (Lc 18,16)

Só a Escritura?

2TIM 3,16-17 E A “SOLA SCRIPTURA”
Os defensores do princípio protestante da “Sola Scriptura” (“somente a Bíblia basta”) estão com problemas…

James Akin (The Nazareth Resource Library)

Tradução: Carlos Martins Nabeto


Se a doutrina da “Sola Scritura” fosse verdadeira, então seria possível provar todas as doutrinas baseando-se unicamente nas Sagradas Escrituras. Dessa forma, também seria possível provar que a “Sola Scriptura” encontra-se registrada na mesma Bíblia. Se isso, contudo, não puder ser feito, então a doutrina da “Sola Scriptura” estará refutada por si mesma.

Por essa razão, há um grande interesse de se encontrar na Bíblia versículos que possam ser usados para provar a teoria da “Sola Scriptura“. Essas tentativas geralmente são feitas por dois tipos de defensores da referida doutrina: os descuidados e os cuidadosos. O primeiro tipo, entretanto, parece ser a grande maioria…

Os defensores da “Sola Scriptura“, assim como muitos outros “defensores de meras idéias”, não tomam o devido cuidado com o modo de fundamentar suas posições, e pressionam para que as coisas mais insignificantes lhe sirvam para provar que suas teorias são verdadeiras. Em outras palavras, os defensores descuidados da “Sola Scriptura” citam todo gênero de passagens irrelevantes como se estas fossem prova da referida doutrina.

Citam, por exemplo, passagens dos Evangelhos onde Jesus, ao ser interrogado por seus inimigos sobre certo ponto doutrinário, lhes responde com alguma passagem do Antigo Testamento. Entretanto, essa classe de versículos só pode ser usada para provar que o Antigo Testamento possui autoridade doutrinária, mas não que seja prova da “Sola Scriptura“, uma vez que Jesus nunca disse que apenas o Antigo Testamento possui autoridade doutrinária (neste caso, teríamos que admitir a doutrina do “‘Solo’ Antigo Testamento”).

Ora, quando Jesus cita o Antigo Testamento para provar certa doutrina, está apenas querendo mostrar que essa doutrina poderia ser provada por tal passagem do Antigo Testamento. Não significa, assim, que Ele tenha considerado que todas as doutrinas poderiam ser provadas pelo Antigo Testamento ou pela Bíblia em geral. Por isso, não surpreende ver Jesus respondendo aos seus inimigos apelando para a sua própria autoridade ou ainda para outras fontes extra-escriturísticas.

A idéia de que Jesus – Palavra viva de Deus que veio trazer-nos uma nova revelação por meio de suas pregações e ensinamentos – praticava e cria na proposição de que toda a doutrina deveria ser provada apenas pela Palavra escrita de Deus é absurda em si mesma. Apesar disto, os defensores descuidados da “Sola Scriptura” não deixam de citar os exemplos onde Jesus usa a Escritura para provar uma doutrina individual, como se provassem assim que a Escritura é capaz de dar validade à todas as doutrinas.

De outro modo, os defensores cuidadosos da “Sola Scriptura” – aqueles que tentam limitar os versículos usados para fundamentar essa doutrina, deixando somente aqueles que têm como mais relevantes – são mais raros que “dentes de galinha”. Só alguns reconhecem que deixam de lado um grande número de passagens irrelevantes… Na verdade, reconhecem que só uma ou duas passagens poderiam mesmo ser usadas para fundamentar a doutrina da “Sola Scriptura“.

A maior esperança estaria em 2Tim 3,16-17, que declara: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para convencer, para corrigir e para educar na justiça. Assim o homem de Deus se encontra perfeito e preparado para toda boa obra”.
Quem recorre a esta passagem afirma que a primeira parte (“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar”) é suficiente para fundamentar a “Sola Scriptura“. Algumas vezes a discussão ganha a forma de um apelo mais emotivo, ou seja, de que a expressão “Toda Escritura é inspirada por Deus” poderia ser melhor traduzida por “É exalada por Deus”, passando a idéia de que os católicos não crêem que a Bíblia tenha sido escrita por inspiração verbal de Deus.

Mas o uso desta primeira parte do versículo é infrutífero pois diz apenas que a Escritura é “útil” (“ophelimos” em grego) para ensinar, e não que seja obrigatória para ensinar cada ponto teológico. Exemplificando, o martelo é útil para pregar, mas isso não significa que todos os pregos só possam ser pregados com um martelo.

Um apelo mais cuidadoso para esta passagem buscaria outras partes da mesma, como por exemplo, a última parte, cuja idéia central é que “o homem de Deus se encontra perfeito e preparado para toda boa obra”.

Certa vez, um anti-católico que conheço centralizou seu discurso sobre as palavras gregas usadas nessa expressão, “perfeito” (=artios) e “preparado” (=exartizo), que ele interpretava como “suficiente”. Ele foi até capaz de citar um dicionário que aceitava a palavra “suficiente” como uma tradução possível para “artios” e um outro dicionário que apresentava “suficiente” também como possível tradução para “exartizo“. Porém, algumas observações devem ser feitas quanto a este argumento:

Os dicionários que aceitam o termo “suficiente”, citam-no como terceira ou quarta opção de tradução para os termos “artios” e “exartizo“. Nunca são tidos, porém, como a tradução preferencial, de maneira que não se pode recorrer a esse possível significado como prova final de que esse é o significado do texto, principalmente porque ainda existem mais três ou quatro possibilidades de tradução.

Todas as versões protestantes da Bíblia (publicadas em inglês – KJV, NKJV, RSV, NRSV, NIV, etc.) mostram que “suficiente” não é a tradução perfeita para os vocábulos “artios” e “exartizo“, isto é, nenhuma dessas Bíblias traduz a referida passagem para “Que o homem de Deus seja suficiente, suficiente para toda boa obra”. Nenhuma delas usa “suficiente” como tradução dos termos gregos citados…

Ocorre no texto uma hipérbole (exagero objetivando certa expressividade; ex: “chorou rios de lágrimas”), algo muito comum no pensamento hebraico e traço distintivo das cartas de São Paulo. Por exemplo, em Col 1,20, Paulo afirma que Deus quis reconciliar todas as coisas consigo mesmo em Cristo. Obviamente ele não quis dizer “absolutamente todas as coisas”, pois senão estaria dizendo que Deus teria reconciliado consigo mesmo em Cristo também a Satanás e os demais condenados (cf. 2Cor 5,19, Ef 1,10). Logo, a sentença de Paulo que afirma que a Escritura torna um ministro perfeito pode ser compreendida como mais uma hipérbole hebraica.

Se aceitarmos esse mesmo princípio de interpretação de 2Tim 3,16-17 e aplicarmos a outros textos, obteremos resultados absurdos. O princípio é: “Se X te faz perfeito, então não precisas nada mais que X”. A partir deste raciocínio temos: “Se a Escritura te faz perfeito, então somente precisas da Escritura”. Se aplicarmos este princípio a Tg 1,4 que afirma: “A constância vai acompanhada por obras perfeitas, para que sejais perfeitos, irreprováveis, sem deixar nada que desejar”, teremos que dizer que não necessitamos de qualquer outra coisa – o que inclui a Escritura – a não ser a constância. Alguém, porém, pode objetar que Tg 1,4 não emprega as palavras gregas “artios” e “exartizo“. É verdade, pois as palavras desta passagem são “teleios” e “holokleros“… Contudo, são termos ainda mais fortes que aqueles! Além disso, tal objeção também seria uma falácia pois afirmar que uma diferença de termos implica sempre em diversidade de conceito, não pode ser tido como verdadeiro. Seja como for, ninguém poderia ser capaz de elaborar uma teoria (baseada em estudos sobre o Novo Testamento) para afirmar que “artios” ou “exartizo” devem ser traduzidos para “suficiente” já que o primeiro termo aparece somente uma única vez e o segundo aparece duas vezes (o outro caso está em At 21,5 e não possui esse significado).
Os dois termos se referem ao homem de Deus e não à Escritura. 2Tim 3,17 diz que a Escritura ajuda a fazer o homem perfeito e preparado e não que a Escritura é completa (perfeita) e preparada. Para provar que a Escritura é suficiente, os defensores da “Sola Scriptura” precisam retroceder em seus argumentos partindo da suficiência de um homem até a suficiência de uma coleção de documentos. Isto acaba agregando o argumento e portanto agrega também uma exegese incerta.

Essa agregação de incertezas aumenta ainda mais os problemas para os defensores da “Sola Scriptura” porque, admitindo que algo possa ajudar a fazer um homem perfeito e preparado, deve-se pressupor que ele já tenha antes algumas outras “peças do equipamento”. Por exemplo, se um escoteiro possui todo o equipamento necessário para a sua exploração, com exceção do cantil, e vai até uma loja de material de camping e o compra, então poderá afirmar que “agora estou completo, pronto para a minha aventura”; note que isto não significa que o cantil foi o único equipamento que ele necessitava para estar pronto; na verdade, o cantil foi somente a última peça do equipamento… a certeza de que estava pronto pressupunha que ele já tinha todo o resto do equipamento necessário. Da mesma forma, a sentença que afirma que a Escritura torna o homem de Deus perfeito também pressupõe que este homem de Deus detém alguns outros artigos que pertencem à doutrina, como por exemplo, o ensinamento oral dos Apóstolos.

E mesmo quando uma pessoa adquire todo o equipamento necessário de uma mesma loja, esta não ensina como tal equipamento deve ser usado. Por isso precisa ser instruído, para saber como usá-lo. Novamente exemplificando, o fato de uma pessoa possuir todo o equipamento necessário para sobreviver numa selva ou suportar uma longa caminhada não significa que saiba usá-lo. Assim, ainda que a Escritura fornecesse a alguém todo o conhecimento básico para se fazer teologia, ela pode ser tão obscura em certos pontos que pode tornar necessário o uso da Tradição Apostólica para se chegar a uma correta interpretação. Não é possível afirmar que a Bíblia é tão clara que não seja necessária a Tradição Apostólica ou o Magistério da Igreja para interpretá-la (posição conhecida como suficiência formal da Escritura, idêntica à doutrina protestante da “Sola Scriptura“). Portanto, ainda que a Bíblia ofereça toda a base necessária para a teologia, ela não nos ensina todos os detalhes.

E ainda que alguém consiga provar que as palavras “artios” ou “exartizo” de 2Tim 3,16-17 significam “suficiente” e mostre que se aplicam, direta ou indiretamente, à Bíblia, na verdade estaria provando que a Bíblia é suficiente materialmente falando, e isto qualquer católico pode admitir, felizmente. Porém, nunca seria possível provar sua suficiência formal (isto é, a doutrina da “Sola Scriptura“).

Realmente o texto diz que a Escritura tornará o homem de Deus perfeito, mas esta perfeição não é dada ao leigo, mas ao clérigo, que recebe um treinamento especial como, por exemplo, o conhecimento da Tradição Apostólica, que o faz capaz de interpretar corretamente as Escrituras. Assim, o texto pressupõe o conhecimento que o homem de Deus já deve ter antes de tomar contato com as Escrituras.

Porém, além destas considerações (que levam em conta as traduções dos termos “artios” ou “exartizo“), há razões positivas pelas quais esta passagem (pouco importando a tradução dos referidos termos gregos) não pode ser usada para provar a teoria da “Sola Scriptura“, a começar nas primeiras palavras do v.16: a frase “Toda Escritura” é normalmente entendida pelos protestantes como “Toda a Bíblia”, ou seja, se refere a todo o cânon bíblico (AT+NT). A isto soma-se o desejo protestante de fazê-la normativa para a teologia cristã. Assim, é natural para um protestante pensar que o termo “Escritura” no singular refere-se à Bíblia por inteiro e nada mais além da Bíblia. Todavia, não é assim que a mesma Escritura compreende… A Bíblia, como obra unificada é invenção de certo período histórico e, por isso, esteve sujeita a alterações no decorrer dos tempos. Antes da existência da imprensa, a Escritura foi, extraordinariamente, uma coleção de livros individuais, agrupados em volumes. No séc. I, quando São Paulo escreveu, esta era uma coleção de uns doze rolos. Portanto, naquela época, não havia como considerar a Escritura um trabalho literário unificado como o é atualmente. Assim, como resultado de um estudo sobre o modo em que o Novo Testamento usa o termo “Escritura”, nos é revelado que esse termo, quando usado no singular – Escritura – se refere sempre a um livro específico da Bíblia ou a uma determinada passagem dentro de um livro da Bíblia; nunca se refere, portanto, à totalidade do trabalho, ao que atualmente chamamos de “Escrituras” (isto é, a Bíblia). Quando a Bíblia quer referir-se à totalidade (todas as Escrituras), usa sempre o termo no plural (As Escrituras) e nunca no singular (Escritura). Sabendo disto, poderíamos indicar a presença de uma má tradução no início da passagem de 2Tim 3,16. O termo singular de “Escritura” é usado sempre para uma passagem em particular ou para um livro da Bíblia; a frase “Toda Escritura” significaria então: “todo livro individual da Bíblia” ou “toda passagem particular da Bíblia”; em nenhum momento se faz referência ao seu sentido gramatical. Ao confrontar com o original grego de 2Tim 3,16, nos encontramos verdadeiramente diante de uma má tradução. A frase traduzida como “Toda Escritura” é um parágrafo que significa “Cada Escritura”, sendo a palavra chave “Cada” e não “Toda”. Esta é uma distinção importante e constitui o sentido gramatical da frase, dando-nos a conhecer o que significa o termo singular de “Escritura” (porque certamente cada livro e cada passagem em particular da Bíblia possui um sentido gramatical). Quando Paulo quis referir-se à totalidade das Escrituras usou uma frase diferente em grego – algo assim como “hai pasai graphai” (“a totalidade das Escrituras”) e não “pasa graphe“, a qual significa simplesmente “cada Escritura” (fato este que um dos maiores defensores do uso de 2Tim 3,16-17, o anti-católico James White, teve que admitir publicamente). Isto é importante porque impossibilita totalmente o uso desta passagem para provar a teoria da “Sola Scriptura” já que, se alguém tentar usá-la, a única coisa que conseguirá provar será apenas o modo. Desta forma, se a passagem que diz “Cada Escritura é inspirada por Deus é útil para o ensinamento, etc.” prova a suficiência da Escritura, provaria realmente a suficiência que cada passagem da Escritura – ou ao menos cada livro da Bíblia – possui para a teologia. Em outras palavras, isto significaria que somente a Bíblia não é suficiente para provar cada ponto da teologia, mas que seria suficiente cada passagem ou livro em particular. Assim poderíamos fazer teologia não somente com toda a Bíblia, mas também apenas com Mateus, Marcos, Lucas ou ainda recorrer a apenas um dos livros mais breves da Escritura, como Judas ou 3João… Isto seria um completo absurdo já que nenhuma passagem ou livro em particular da Bíblia contém o que necessitamos saber para fazer teologia. Vemos então que 2Tim 3,16-17 não pode ser usado para provar a “Sola Scriptura“. Se fosse assim, mais que a “Sola Scriptura“, provaria o modo utilizado. Paulo simplesmente está dizendo que cada escritura em particular contribui para que o homem de Deus seja preparado para todas as suas tarefas ministeriais, só isso… Não diz que cada Escritura em particular é suficiente para se fazer toda a teologia.

Se formos ainda mais além, perceberemos que sempre que os protestantes citam 2Tim 3,16-17, acabam por excluir da citação os dois versículos anteriores. Isto não é bom – para eles. Se abrirmos a Bíblia nos versículos imediatemente precedentes, leremos o seguinte:

“14. E tu, permaneça fiel ao que tens aprendido e de que estás firmemente convencido, sabendo de quem o aprendeste.

15. E que desde a infância conheces as Sagradas Escrituras, que podem dar-te a sabedoria que leva à salvação mediante a fé em Cristo Jesus.

16. Cada Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para convencer, para corrigir e para educar na justiça,

17. assim o homem de Deus pode ser perfeito e preparado para toda boa obra”.

Paulo exorta a Timóteo a permanecer fiel àquilo que está firmemente convencido, citando duas bases para essa crença:

Timóteo sabe de quem aprendeu tudo isso: foi através do ensinamento oral do mesmo apóstolo Paulo. Nós, igualmente, temos a mesma crença de Timóteo, baseada na Tradição Apostólica.

Desde a infância, Timóteo se familiarizou com as Santas Escrituras, constituindo esta a segunda base para a sua crença.

Assim, é justamente aqui, em 2Tm 3,14-17, onde temos um duplo recurso: a Tradição Apostólica e a Escritura Apostólica. Portanto, quando os protestentes citam os versículos 16 e 17, estão citando somente a última parte de uma dupla apelação que faz referência à Tradição e à Escritura, coisa que evidentemente não prova a “Sola Scriptura“.
Finalmente, temos que concluir que todos os argumentos que apresentamos constituem uma ajuda contra aqueles que, baseados em 2Tim 3,16-17, defendem a “Sola Scriptura“. A razão pela qual se distingue a “Sola Scriptura” da opinião católica de suficiência material é a seguinte: a “Sola Scriptura” reclama que não apenas a Escritura tem toda a base de dados necessária para se fazer teologia, como também é suficientemente perspicaz (ou seja, bem clara), de maneira que não se necessita de outras informações externas (como as que provêm da Tradição Apostólica ou do Magistério) para se interpretar corretamente a Bíblia. O fato de mencionar muitos fatores que minam o uso de 2Tim 3,16-17 – cada um dos quais é fatal para se tentar usar a passagem – nos mostra que esta não é suficientemente clara para provar a doutrina da “Sola Scriptura“. Se alguém não estiver convencido do que dissemos, mas considerar como opinião válida qualquer um dos pontos que apresentamos, então restará provado que 2Tim 3,16-17 não é suficientemente clara para se provar a doutrina da “Sola Scriptura” de forma que tal citação não poderá ser usada para essa finalidade.

E assim, tendo demonstrado desde o princípio que a passagem de 2Tim 3,16-17 (que parecia ser a mais oportuna e favorável) não é suficientemente clara para provar a doutrina da “Sola Scriptura“, podemos afirmar, sem medo de errar, que nenhuma outra passagem estará apta para provar essa doutrina. Isto, então, nos mostra que a Bíblia não é suficientemente clara quanto a “Sola Scriptura“, nem que possa ser tida como verdadeira.





27 razões para não ser católico

Em síntese: O presente artigo responde ao questionamento apresentado por um irmão protestante, que nada de novo diz. As respostas dadas ao irmão poderão ser úteis a quantos fiéis católicos se vêem assediados por objeções – às vezes caluniosas – de irmãos separados.
Eis o que escreve o interlocutor anônimo:
1. “Ele me salvou”

“1. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, primeiramente porque Jesus Cristo salvou-me de meus pecados (Mt 1, 21), garantindo-me a remissão por Sua graça (Ef 1, 7), ao arrepender-me (Lc 13, 3; At 3, 19; 11.18) e crer em seu sacrifício na Cruz do Calvário (At 20, 21; Rm 3, 26). Assim o Senhor me fez uma nova criatura (Jo 3, 3-6; 2 Co 5, 17; Ez 36, 26) e seu filho (Jo 1, 12; Rm 8, 14-17; 1 Jo 3, 1), para que hoje eu pudesse glorificá-lo através da minha vida e testemunhar aos outros acerca de tão grande salvação que me foi concedida pelo Filho de Deus (ver Gl 2, 20; Ef 2, 10; Hb 13, 15-16; 1Pd 2. 5, 9-10; Mc 16, 15; Rm 10, 13-15)”.

Nesta passagem chama-nos a atenção o caráter individualista da locução: as partículas “eu, me, a mim” voltam constantemente como se o Cristianismo fosse algo do foro privado. – Ora tal atitude é profundamente antibíblica; sim, Jesus fala da “minha Igreja” com sua hierarquia (cf. Mt 16, 16-19; 18, 18). Ser cristão é ser membro do Corpo de Cristo Cabeça (cf. 1Cor 12, 12-21), é ser ramo do tronco de videira, que é Cristo (cf. Jo 15, 1-5).
O protestantismo põe de lado o sacramento da Igreja, fazendo do indivíduo autor do seu Credo em conseqüência do princípio do livre exame da Bíblia. Esse subjetivismo redunda no relativismo que tanto caracteriza o pensamento contemporâneo.

2. Somente a Escritura

“2. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque creio na Suprema Autoridade das Escrituras, como única regra de fé e prática (Sl 19, 7-8; Sl 119, 105; ls 8, 20; Mt 22, 29; Lc 16, 29; Jo 5, 39; 10, 35; Jo 17, 17; Rm 15, 4; At 15, 15; 17, 11; 24, 14; 2Tm 2, 15; 3, 15-17; 2Pd 1, 19-21). Esta autoridade das Escrituras deriva de sua divina inspiração (2Tm 3, 16) e de sua revelação que “não foi dada por vontade humana” (2Pd 1, 21), o que lhe garante evidente proeminência”.

Os católicos também seguem a Bíblia, e a seguem mais fielmente do que seus irmãos protestantes. Sim, aceitam a Bíblia quando ela diz que nem tudo o que Jesus fez está consignado no Livro Sagrado; ver Jo 20, 30s; 21, 24s. A própria Bíblia manda seguir a mensagem transmitida por via oral (cf. 2Tm 2, 2) sem restrição que subordine a palavra oral à escrita. Como se compreende, não se trata de qualquer tradição, mas de Tradição divino-apostólica, que começa com Jesus e os Apóstolos. Sem o acompanhamento dessa Palavra oral, a Bíblia se torna um livro que os homens estraçalham, dele deduzindo as mais contraditórias e estranhas teorias, como acontece no Protestantismo dividido e subdividido por falta de um referencial na leitura das Escrituras. Tenha-se em vista, por exemplo, o seguinte conjunto de palavras sem pontuação (como era praxe entre os antigos):
RESSUSCITOU NÃO ESTÁ AQUI
Estas palavras podem ser lidas em dois sentidos:

RESSUSCITOU. NÃO ESTÁ AQUI.

RESSUSCITOU? NÃO! ESTÁ AQUI.

É o tom de voz ou a palavra oral que vai definir o significado da escrita.

Donde se vê que a Bíblia não pode ser lida independentemente da Tradição oral, que lhe é anterior, a berçou e a acompanha através dos séculos. Entende-se que, para distinguir das muitas tradições a autêntica Tradição, haja uma instância abalizada, que, no caso, é o magistério da Igreja, a quem Jesus prometeu sua assistência infalível (cf. Mt 28, 19-20; 18, 18; Lc 22, 31s).
3. Calvário e Eucaristia

“3. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque eu creio na plena consumação do Sacrifício de Cristo. Isto significa dizer que eu creio que Cristo morreu pelos nossos pecados de uma vez por todas (1Cor 15, 3; 1Pd 2, 24; Hb 10, 10; cf. 9, 11-12); não sendo necessário (Hb 7, 27; 9, 26; 10, 14.18) e nem mesmo possível (Hb 9, 27-28) renovar ou perpetuar este sacrifício irrepetível, segundo a pretensão a que se realizam as missas católicas”.

O irmão protestante tem razão ao lembrar que Cristo morreu uma vez por todas e já não pode morrer. Por isto a Missa não repete nem renova o sacrifício do Calvário, mas o torna presente ou o perpetua. E isto, para que a Igreja ou os fiéis possam tomar parte na entrega de Cristo ao Pai. Ser cristão não é apenas seguir um Mestre, mas é comungar com a vida de Cristo Cabeça – o que se faz mediante os sacramentos, dos quais a Eucaristia é o principal. Foi assim que as gerações cristãs durante quinze séculos entenderam as palavras de Cristo, que na última ceia entregou aos discípulos o seu corpo e o seu sangue “para a remissão dos pecados”. Segundo o protestantismo, tal entendimento terá sido falso, de modo que só após Lutero no século XVI se entende corretamente a intenção de Jesus na última ceia. Ora dizer isto equivale a acusar o Senhor de haver esquecido a sua Igreja a quem prometeu perpétua assistência (cf. Mt 28, 20). Será lícito acusar de negligência Jesus e seu Santo Espírito? Pergunta-se: quem errou – Jesus ou Lutero e o protestantismo?

4. Fé e obras
“4. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Sagradas Escrituras nos ensinam repetidas vezes que a salvação é pela graça e exclusivamente por meio da fé (Jo 1, 12; 3, 15-16; 36; 5, 24; 6, 28-29, 39-40, 47; 11, 25-26; 20, 31; At 10, 43; 13, 39; 15, 11; 16, 31; Rm 1, 16-17; 3, 22-26, 28, 30; Rm 4, 5-8; 5, 1-2; 5, 15-21; 6, 23; 10, 10-11; 1Cor 1, 21; Gl 2, 16; Gl 3, 8; 11; Fp 3, 9; Ef 1, 6-7, 13-14; 2, 8-9; 2Tm 1, 9; 3, 15; 1Pd 2, 6; 1Jo 5, 13; Ap 21, 6; 22, 17) e que as boas obras apenas evidenciam a fé salvífica (Gl 5, 6; 22-23; Tt 2, 14; 3, 8; Tg 2, 18; Ef 2, 10), sendo conseqüência e não causa de salvação. Além disso, as Sagradas Escrituras encerram dentro de uma impossibilidade a hipótese estapafúrdia de que a salvação poderia vir em parte pela graça e em parte pelas obras – como desejaria o Romanismo -, pois o apóstolo Paulo afirma que “Se é pela graça, já não é pelas obras do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11, 6; compare com Ef 2, 9; Tt 3, 5-7).
Na tentativa de amenizar a contradição existente entre a doutrina bíblica e a teologia papista, os católicos romanos, mediante uma interpretação débil e que despreza a exegese bíblica, normalmente citam Tg 2, 18-26 em contraposição a Rm 3-5, como se a verdade das Sagradas Escrituras fosse auto-refutante. Porém, eles é que estão equivocados em sua deturpação (2Pd 3, 16) por omitirem o fato de que o apóstolo Paulo está se referindo unicamente à justificação diante de Deus (ver Gl 3, 11), enquanto o apóstolo Tiago está se referindo à justificação diante dos homens (cf. Tg 2, 18: “…mostra-me a tia fé… te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”), cujo significado é vindicar e na qual as obras testificam diante dos homens a existência da fé verdadeira (cf. Tg 2, 14-18), sendo [meramente] frutos da mesma – algo coerente com as demais Escrituras (cf. Ef 2, 10 Gl 5, 6)”.

Não se pode ler São Paulo sem ler também São Tiago.

São Paulo tem em vista a entrada na graça ou a passagem do estado de pecado para o de amigo de Deus; é o que se chama “justificação”, fazer justo, amigo de Deus. Isto ocorre gratuitamente, sem que o homem o mereça por suas obras boas.
São Tiago considera uma comunidade que foi justificada e tem fé, mas é inerte, não praticando os ditames que a fé recomenda; esses cristãos têm uma fé morta, como a do demônio, que crê, mas estremece, porque a sua fé sem obras correspondentes não o salva. Por conseguinte. São Tiago exige boas obras da parte dos crentes não apenas como manifestação da fé, mas como o necessário desabrochamento da fé.

Com outras palavras: São Paulo tem em mira a entrada na vida cristã, ao passo que São Tiago visa a perseverança na mesma. Distingam-se uma da outra justificação e salvação. Alguém pode ser justificado, mas não será salvo se não perseverar na graça recebida ou se na última hora não estiver na graça de Deus que frutifica em boas obras.

Como se vê, as boas obras não são efetuadas independentemente da graça divina, mas são o efeito desta, de tal modo que S. Agostinho podia dizer: “Deus em nós coroa os seus méritos”.

5. Cristo e os Santos

“5. MÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Sagradas Escrituras enfatizam que apenas o Soberano e Eterno Senhor – que não divide a Sua glória (Is 42, 8; 48, 11: ‘A minha glória não darei a outrem’) – deve ser cultuado. O Senhor Jesus Cristo disse e está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto’ (Mt 4, 10 e Lc 4, 8; veja também Ap 4, 11; 5, 12; 14, 7; 19, 10; 22, 9; 1Cr 16, 29; Sl 96, 9). Perante estas palavras do Senhor e tal ensinamento bíblico referente ao culto exclusivo a Deus, que os cristãos bíblicos preservam e devem preservar, certamente eu jamais poderia concordar com a Mariolatria (devidamente refutada por Jesus em Lc 11, 27-28; veja também Mt 12, 48-50; Mc 3, 33-35) e o culto aos santos, o qual foi recusado até mesmo pelos apóstolos (At 3, 12ss; 10, 25-26; 14, 14-15)”.

É certo que Deus Eterno e Absoluto não pode tolerar outro Eterno e Absoluto ao seu lado; isto seria ilógico. Mas Ele pode – e quer – dar às suas criaturas a graça de ser carnais ou instrumentos da sua ação santificadora; tais são os Santos; por sua intercessão junto ao Pai colaboram com Cristo na salvação dos irmãos, sem diminuir de modo algum a grandeza do ministério de Cristo Sacerdote. Esta verdade pode ser ilustrada pela imagem do professor, que não guarda egoisticamente o seu saber, mas o comunica aos discípulos; assim tem origem muitos sábios sem que o professor perca algo da sua sabedoria. Tal gesto não empobrece, mas, ao contrário, nobilita o professor – Ora algo de análogo se dá com Cristo e os Santos. Estes são venerados e não adorados, como venerados são pai e mãe, como venerado (não adorado) é Tiradentes no dia 21 de abril.
De resto, já os judeus no Antigo Testamento tinham consciência de que os justos no além intercedem por seus irmãos militantes na terra; cf. 2Mc 15, 12-15. É de notar que Lutero, adotando o catálogo bíblico de Jâmnia, retirou da Bíblia, entre outros, os dois livros dos Macabeus.

Em Lc 11, 27 Maria SSma. Não é excluída da bem-aventurança proclamada por Jesus, mas incluído porque ouviu a Palavra de Deus e a pôs em prática por excelência.
6. As imagens

“6. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Sagradas Escrituras ensinam de uma forma evidente acerca da proibição divina no que tange ao culto prestado às imagens”.

Já se tem abordado freqüentemente este assunto. A Bíblia proíbe as imagens feitas para a adoração ou idolatria; cf. Ex 20, 4-6. Não as proíbe, porém, quando servem ao fiel para se elevar até as realidades transcendentais, passando do visível ao Invisível, de acordo com a índole própria do psiquismo humano. Tenham-se em vista os numerosos querubins que o próprio Javé mandou esculpir no Templo de Salomão; cf. 1Rs 6, 29.

7. Fora da Igreja não há salvação

“7. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque, sabendo que a Palavra de Deus não nos diz que é necessário ser um católico romano para ser salvo (Jo 3, 16-18, 36; 10, 1-11, 27-30; 14, 6; At 16, 31; Rm 10, 9; 1Jo 4, 9; 5, 12). Eu jamais poderia aceitar a pretensão romanista expressa na afirmação de que não há salvação fora da Igreja Católica Romana. Na realidade, quem acrescenta este tipo de condição espúria para a salvação do pecador está pregando um outro Evangelho, ao qual devemos rejeitar (Sl 1, 8)”.

Quem é de Cristo, é também da Igreja de Cristo; não há Cabeça sem corpo, não há tronco de videira sem ramos. O Cristianismo é vivido em comunidade.

Dentre as muitas “Igrejas” cristãs hoje existentes só uma foi fundada diretamente por Cristo, com a promessa da assistência indefectível do Fundador: a Católica, confiada a Pedro e seus sucessores. Esta conserva a sucessão apostólica fiel ao seu primaz, o sacerdócio válido e a Eucaristia.
A pertença à Igreja de Cristo pode ser visível ou invisível. É visível, quando os fiéis professam o mesmo Credo, recebem os mesmos sacramentos e obedecem à mesma hierarquia, como se dá no caso dos católicos praticantes. – A pertença invisível ocorre quando alguém professa e vivencia candidamente um Credo errôneo, acreditando que é o verdadeiro. Deus não revela a fé cristã, mas faz-se presente a tal pessoa mediante a voz da consciência sincera; quem segue fielmente a sua consciência sincera, segue a Deus e pertence invisivelmente à Igreja de Cristo. Quantos são os que assim vivem, só Deus o sabe.

É neste sentido que os católicos entendem o axioma: “Fora da Igreja Católica não há salvação”.
8. O Purgatório

“8. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque as Sagradas Escrituras testemunham acerca da eficácia do sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é capaz de nos purificar de ‘todo pecado’ (cf. 1Jo 1, 7). A doutrina bíblica enfatiza que, mediante seu sacrifício vicário, Jesus Cristo a si mesmo se deu por nós, a fim de ‘remir-nos de toda a iniqüidade’ (Tt 2, 14; cf. Hb 9, 28; 10, 14; 1Jo3, 5). Tendo sido transpassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades, ao levar sobre si o castigo que nos era devido (Is 53, 5; 1Pd 2, 24 compare com Mt 1, 21; Lc 1, 77; 2Cor 5, 20-21; Jo 1, 29). Por isso, creio que nossos irmãos – aqueles que já estão gozando da presença do Senhor – não estão no céu por terem sido purificados pelo fogo de um suposto purgatório, como supõe os católicos romanos”.

Jesus Cristo, por sua Paixão, morte e ressurreição, nos mereceu o ingresso na vida eterna. Todavia Ele não impõe a salvação; espera, antes, que a criatura a aceite livremente. Esta aceitação tem por termo final a visão de Deus face-a-face. Ora, para chegar a tal termo, requer-se que a criatura elimine da sua alma todo resquício de pecado, pois qualquer sombra de pecado é incompatível com a santidade de Deus… Daí a necessidade que incumbe a cada cristão de eliminar do seu coração toda desordem que nele fica mesmo depois de perdoado o pecado; têm que desaparecer as raízes da impaciência, da maledicência, da preguiça… Esta purificação se faz ou na vida presente mediante a ascese vigilante ou na vida póstuma (no purgatório).
Dir-se-á: mas Cristo já não satisfez por nós, obtendo-nos o perdão dos pecados? – Respondemos que Cristo já nos obteve o perdão, que é dado a quem o pede sinceramente; mas o perdão no foro religioso difere do perdão no foro civil. Neste, quando o juiz declara absolvido o réu, o indivíduo absolvido não deve mais nada à Justiça; continuará sua vida portador das mesmas paixões que o levaram ao crime. No foro religioso o perdão implica o total apagamento das raízes do pecado perdoado,… apagamento que fica a cargo da pessoa absolvida porque a visão de Deus face-a-face o exige. Com outras palavras: o perdão de Deus exige uma renovação ontológica e não fica apenas no foro jurídico.
O purgatório não é um lugar de fogo ardente, mas é um estado de alma, em que o indivíduo se arrepende radicalmente de qualquer desordem cometida no seu relacionamento com Deus. A crença na existência desse estado já era professada pelo povo judeu, do qual passou para os cristãos; ver 2Mc 12, 38-45. Lutero rejeitou tal livro, que se encontrava na Bíblia tradicional.
Conclusão
O panfleto em fico apresenta 19 outras razões para não ser católico; são quase todas iguais entre si e baseiam-se na pretensão de que o protestante segue somente a Bíblia; aceita unicamente argumentos bíblicos para dirimir dúvidas ocorrentes. Peça-se-lhe então que responda pela Bíblia uma questão fundamental de criteriologia: onde é que a Bíblia responde à pergunta: os livros sagrados são 66 (como dizem os protestantes) ou 73 (como dizem os católicos)? Onde é que a Bíblia define o seu catálogo?

Caso não possa responder pela Bíblia, reconheça o irmão que está enganado e deixe de formular objeções contra os católicos “somente a partir da Bíblia”.
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, Osb.

Nº 523, Ano 2006, Página 43.





Do Homem

Qual é a Criatura mais Nobre que Deus colocou sobre a Terra?

A criatura mais nobre que Deus colocou sobre a terra, é o homem. Ele que é uma criatura racional, composta de alma e corpo.

Que é a Alma?

A alma é a parte mais nobre do homem, porque é substância espiritual, dotada de inteligência e de vontade, capaz de conhecer a Deus e de O possuir eternamente. E por ser espiritual, não se pode ver nem apalpar, porque é espírito.

Morre a Alma Humana com o Corpo?

A alma humana nunca morre; a fé e a mesma razão provam que ela é imortal.

É livre o homem nas suas ações?

Sim, o homem é livre nas suas ações; e cada qual sente, dentro de si mesmo, que pode fazer uma ação e deixar de fazê-la, ou fazer antes uma que outra. Se eu disser voluntariamente uma mentira, sinto que poderia deixar de dizê-la, e calar-me, e que poderia também falar de outro modo, dizendo a verdade.

Por que se diz que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus?

Diz-se que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, porque a alma humana é espiritual e racional, livre na sua ação, capaz de conhecer e de amar a Deus, e de gozá-Lo eternamente, perfeições que refletem em nós um raio da infinita grandeza de Deus.

Em que Estado Criou Deus os Nossos Primeiros Pais Adão e Eva?

Deus criou Adão e Eva no estado de inocência e de graça; mas depressa o perderam, pelo pecado.Além da inocência e da graça santificante, Deus concedeu aos nossos primeiros pais outros dons, que eles deviam transmitir, juntamente com a graça santificante, aos seus descendentes, e eram: a integridade, isto é, a perfeita sujeição dos sentidos à razão; a imortalidade; a imunidade de todas as dores e misérias; e a ciência proporcionada ao seu estado.

Qual foi o pecado de Adão?

O pecado de Adão foi um pecado de soberba e de grave desobediência. Adão e Eva perderam a graça de Deus e o direito que tinham ao céu, foram expulsos do Paraíso Terrestre, sujeitos a muitas misérias na alma e no corpo, e condenados a morrer.

FONTE:




O Símbolo dos Apóstolos

Por que chamamos ao Credo Símbolo dos Apóstolos?

O Credo chama-se Símbolo dos Apóstolos, porque é um compêndio das verdades da Fé, ensinadas pelos Apóstolos.
Quantos artigos tem o Credo e Quais são Eles?

O Credo tem doze artigos:

1) Creio em Deus Padre, todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

2) E em Jesus Crista, um só seu Filho, Nosso Senhor.

3) qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem.

4) Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.

5) Desceu aos infernos, ao terceiro dia ressurgiu doi mortos.

6) Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Padre todo-poderoso.

7) De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

8) Creio no Espírito Santo.

9) Na Santa Igreja Católica; na comunhão dos Santos.

10) Na remissão dos pecados.

11) Na ressurreição da carne.

12) Na vida eterna. Amém

Que quer dizer a palavra Credo, eu creio que dizeis no Começo do Símbolo?

A palavra Credo, eu creio quer dizer: eu tenho por absolutamente verdadeiro tudo o que nestes doze artigos se contém; e o creio mais firmemente do que se o visse com os meus olhos, porque Deus, que não pode nem enganar-Se nem enganar-nos, revelou estas verdades à Santa Igreja Católica, e por meio dEla eis revela também a nós.

Que Contêm os artigos do Credo?

Os artigos do Credo contêm tudo o que de mais importante devemos crer acerca de Deus, de Jesus Cristo e da Igreja, sua Esposa.
Que nos Ensina o Primeiro Artigo do Credo: Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra?

O primeiro artigo do Credo ensina-nos que há um só Deus, o qual é todo-

poderoso, e criou o céu e a terra e todas as coisas que no céu e na terra se contêm, isto é, todo o universo.


Como Sabemos Nós que há Deus?

Sabemos que há Deus, porque a nossa razão no-lo demonstra, e a fé no-lo confirma.  

Por que se dá a Deus o Nome de Pai?

Dá-se a Deus o nome de Pai:

1) porque é Pai, por natureza, da segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é, do Filho por Ele gerado;

2) porque Deus é Pai de todos os homens, que Ele criou, conserva e governa;

3) porque, finalmente, é Pai, pela graça, de todos os cristãos, os quais por isso se chamam filhos adotivos de Deus.

Por que o Pai é a primeira Pessoa da Santíssima Trindade?

O Padre é a primeira Pessoa da Santíssima Trindade, porque não procede de outra Pessoa, mas é o princípio das outras duas Pessoas, isto é, do Filho e do Espírito Santo.

Deus não pode pecar nem morrer; como é então que se diz que Ele pode fazer tudo?

Diz-se que Deus pode fazer tudo, embora não possa pecar nem morrer, porque o poder pecar ou morrer não é eleito de potência mas de fraqueza, a qual não pode existir em Deus, que é perfeitíssimo.

Que quer dizer Criador do céu e da terra?

Criar quer dizer fazer do nada; portanto, Deus diz-se Criador do céu e da terra, porque fez do nada o céu e a terra, e todas as coisas que no céu e na terra se contêm, isto é, todo o universo.

O mundo foi criado somente pelo Pai?

O mundo foi criado igualmente por todas as três Pessoas divinas, porque aquilo que uma Pessoa faz relativamente às criaturas, fazem-no com um só e o mesmo ato também as outras.
Por que então a criação se atribui particularmente ao Pai?

Atribui-se a criação particularmente ao Padre, porque a criação é efeito da onipotência divina a qual se atribui particularmente ao Padre, como se atribui a sabedoria ao Filho e a bondade ao Espírito Santo, embora todas as três Pessoas tenham a mesma onipotência, sabedoria e bondade.
Deus cuida do mundo e de todas as coisas que criou?

Sim, Deus cuida do mundo e de todas as coisas que criou, conserva-as e governa-as com a sua infinita bondade e sabedoria, e nada sucede no mundo, sem que Deus o queira, ou o permita.

Por que dizeis que nada sucede, sem que Deus o queira, ou o permita?

Diz-se que nada sucede no mundo, sem que Deus o queira, ou o permita, porque há coisas que Deus quer e manda, e outras que Ele não quer, porém, não impede, como o pecado.
Por que Deus não impede o pecado?

Deus não impede o pecado, porque até mesmo do abuso que o homem faz da liberdade que lhe concedeu, sabe tirar um bem, e fazer resplandecer ainda mais a sua misericórdia ou a sua justiça.

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