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domingo, 26 de maio de 2013

MAIS UM FIM DE CASAMENTO

Na fila de embarque discutiram feio diante de todos. Foi rompante incontrolado. Ela, cerca de 25 anos, ele pouco mais de 30. Motivo: a escolha do assento. Acentuaram tanto a questão do assento que um dos dois, no caso, ele, perdeu o controle. Mas não deve ter sido a primeira vez. Pareciam acostumados a tais rompantes.
Os adjetivos e os aumentativos eram tão cruéis que ela chorou e foi sentar-se amuada num banco. Ele achou que venceu, mas era visível quem perdera. Deu dó. Para ele faltou um adjetivo: canalha. Não hesitou em dizer para todos os estranhos na fila de embarque, que  ela fora quase uma prostituta. Jogou lama na esposa para derrotá-la, tudo porque ela reclamara do assento no fundo da aeronave. O macho descontrolado não aceitou a reclamação que fora feita baixinho, só entre os dois. Ampliou e superlativou.
Entrei no avião com vontade de enfrentá-lo e dizer umas quantas e boas, mas imaginei outra explosão dele. Sabendo que eu era padre desancaria sua fúria contra os 20 séculos da nossa fé. Pessoas com tamanho grau de descontrole não devem ser confrontadas em  público: não sabem perder. Estão no mundo para nocautear pai, mãe, esposa, filhos e quem mais vier. Egoístas ao extremo não conhecem a suavidade de um “desculpe, amor, foi descuido meu” Um beijo selaria aquela reclamação. Mas não: chamou-a de burra, de zero neurônio, de lerda, de enche-saco, de estrupício, incompetente e de outros nomes impublicáveis; tudo por conta da marcação de um acento no fim da aeronave.
São milhares os casamentos que terminam pelo egoísmo brutal de um dos dois. Quando um deles não pode perder e tem que mostrar diante da família e dos amigos quem detém o controle daquela casa, a casa já deixou de ser um lar. Virou ringue, no qual um bate o tempo todo e o outro se defende, mas sabe que mais dia menos dia, cairá fora. Os amigos e familiares acabarão entendendo quem estilhaçou aqueles vidros.
Começa com o desencanto e a falta de beijos, abraços e sexo. Não dá para entregar-se a um parceiro que humilha. Se o brutamontes e histérico é ele ela perde o gosto por sexo. Se a histérica é ela, ele parte para a indiferença, o que aumenta a histeria dela. É o desmonte da vida a dois, a cada piada de mau gosto e a cada humilhação infligida no parceiro.
Os conselheiros falam, mas não são ouvidos porque o agressor dará um jeito de  culpar na vítima. Agressor não perde nunca! É doença; agonia de um amor. Mais um casamento que acabou sem terminar…
 
Fonte Eletrônica;

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