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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A celebração Eucarística sobre o pano de fundo do Antigo Testamento

No presente texto o blog propõe um estudo sobre a Seia do Senhor, bem como uma reflexão sobre seu correto entendimento com base no pano de fundo do Antigo Testamento dentro do contexto do Evangelho. O objetivo desta análise é estabelecer também uma breve comparação entre a visão protestante, onde a Seia do Senhor possui um significado símbolo, e o entendimento católico onde é proclamada não com símbolo, mas como a realidade do Milagre concretizado pelo próprio Cristo no Novo Testamento.
Antes, contudo, de aprofundarmos nossa análise do tema da Seia do Senhor – a Eucaristia – sugiro uma reflexão importante:
Pintura da Seia do Senhor
Seia do Senhor
O Novo testamento é o cumprimento de tudo o que até então fora prefigurado no Antigo. Por exemplo: Jesus é o Novo Adão e o Novo Moisés do Novo Testamento, ao mesmo tempo é o Cristo, Filho do Deus vivo. Nele temos o cumprimento de tudo o que foi prometido por Deus através dos Profetas do Antigo Testamento. Sendo assim, se o Novo Testamento é o cumprimento do antigo, podemos tranquilamente ecoar aquilo que Santo Agostinho de Hippona afirmou;  ou seja, que o Novo Testamento está “oculto” no Antigo e o Antigo é desvendado no Novo.
Pois bem, da mesma forma que a Pessoa de Jesus e sua Missão Salvífica foram prefiguradas no Antigo Testamento, outras realidades do Antigo Testamento foram também desvendadas no Novo.
Façamos uma brevíssima síntese das principais ofertas de sacrifício relatadas na Bíblia, notando, obviamente, que quando Deus instituiu a religião judaica e estipulou as ordenanças a serem observadas pelo povo Judeu, na verdade, não o fez de modo que  elas mais tarde viessem a ser simplesmente esquecidas, mas sim substituídas por outras melhores, mais perfeitas, como veremos mais adiante.

Alguns fatos do Judaísmo Bíblico:

1-      Deus mandou que fosse construído um templo para seu povo, o templo de Salomão em Jerusalém.
2-      Deus também estabeleceu que a religião judaica seria uma religião sacerdotal.
3-      Deus estabeleceu o sacerdócio judeu e determinou que apenas aqueles descentes do clã de Arão, da tribo de Levi, seriam sacerdotes legítimos e poderiam oferecer sacrifício no templo.
4-      Deus determinou que os sacrifícios oferecidos para a expiação dos pecados do povo de Israel haveriam de ser oferecidos somente no templo em Jerusalém.
5-      Deus institui o Dia do Perdão, ou Yom Kippur, o evento mais santo para o povo judeu; quando o sacerdote oferece sacrifício no templo para o perdão dos pecados do povo de Deus. O dia do Yom Kippur é o único dia em que o sumo sacerdote judeu tem permissão para entrar no Santo dos Santos do templo, onde então invoca o nome de Deus e pede o Seu perdão.
Há muito simbolismos na celebração do Yom Kippur, e por isso não irei me estender muito neste aspecto. Contudo, uma peculiaridade importante para entendimento do Sacrifício de Jesus na Cruz deve ser mencionada; no Yom Kippur o sangue de um cordeiro sem mácula é o oferecido à Deus no  Santo dos Santos para o perdão dos pecados. Ou seja, a vida do inocente pela vida do pecador. Do mesmo modo, Jesus oferta Sua vida para a remissão dos pecados de todo o mundo.
Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.
Levítico 17:11

Outros Sacrifícios do Antigo Testamento:

Mesmo antes da construção do Templo vemos o Povo de Deus, quando ainda liderado por Moisés, ser livrado da morte pelo sangue de cordeiros sem mácula sacrificados à Deus. A Bíblia nos conta que, o povo hebreu em êxodo do Egito rumo à Terra prometida, sacrificou seus cordeiros à Deus (o Korban Pescha, em Hebreu),  aspergiu o seu sangue nas vergas de suas casas e depois consumiu sua carne. Assim, toda casa cuja marca do sangue do cordeiro estivesse presente seria preservada da morte (Cf. Exodo 12,17) – Esse evento inaugurou a Pesach, ou a Páscoa Judia. Porém, antes mesmo da Páscoa Judia, outros sacrifícios e ofertas podem ser vistos na história do povo judeu:

Pão e do Vinho

Vejamos os sacrifícios de Melquisede. Ele mostra-se misteriosamente , quase no início da Bíblia – em Gênesis 14 , depois de Abrão ( que logo se tornou Abraão ) resgatar muito de todos estes reis em guerra. Após o resgate , lá vem ele, Melquisedeque , rei de Jerusalém e ” Sumo Sacerdote do Deus Altíssimo ” ( esta é a primeira vez que a palavra sacerdote é usada na Bíblia !) . Ele abençoa Abraão (indicando uma posição de autoridade ) , que lhe deu um “dízimo de tudo”.  E o que esso Sumo Sacerdote do Deus Altíssimo , o Rei da Justiça , este homem que se digna a abençoar Abraão oferta? Pão e vinho. Uma oferta sacrificial incruenta, ou seja, em que não há sangue ou morte da vítima.
Melquisedeque não é mencionado mais no Antigo Testamento até o Salmo 110,4
O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque .
Mas sua oferta é mencionada na profecia de Malaquias :
Malaquias 1:10-11
Quem há também entre vós que feche as portas para nada ? Nem façais ascender o fogo no meu altar para nada. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei oferta da vossas mãos. Mas desde o nascente do sol até o pôr-do- mesmo o meu nome é grande entre as nações , e em todo o lugar incenso [" Sacrifício" na tradução Douay -Reims ] deve ser oferecido ao meu nome, e uma oblação pura, porque o meu nome será grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos.
Então, a Bíblia é mais uma vez fica em silêncio sobre Melquisedeque, até o livro de Hebreus, que nos diz que Nosso Senhor é um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque para sempre e , em Hebreus 7:11-12 , que ” se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico , ( pois sob o qual o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque , e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Pois o sacerdócio sendo mudado , não é feito de necessidade de uma mudança também da lei. ” Aqui podemos ver que o sacerdócio ainda existe – mas é alterada e é agora , segundo a ordem de Melquisedeque.  Sabemos que Melquisedeque ofereceu pão e vinho, e sabemos que sua oferta foi pura.
Agora vamos voltar novamente e ver mais um pouco como o Antigo Testamento prefigura a Seia do Senhor, ou a Eucaristia, como chamada pelos Católicos :
Levítico 23:12-13
[ E falou o SENHOR a Moisés, dizendo ...] 12. o mesmo dia em que o molho for agitado, oferecereis ao Senhor em holocausto um cordeiro de um ano, sem defeito, 13. ajuntando a ele uma oferta de dois décimos de flor de farinha amassada com óleo, como sacrifício pelo fogo de agradável odor ao Senhor, e mais uma libação de vinho, constando de um quarto de hin.
A oferta era para ser de farinha misturada com azeite, e era para ser oferecida com vinho.
Levítico 24:5-9
E tomarás flor de farinha, e asse doze pães; : duas décimas deve estar em um bolo. E põe -os em duas fileiras , seis em cada fileira, sobre a mesa pura , perante o SENHOR . E porás incenso puro em cima de cada linha, que pode ser o pão para um memorial, até mesmo uma oferta queimada ao SENHOR. Cada dia de sábado , isso se porá em ordem perante o SENHOR continuamente, pelos filhos de Israel por aliança perpétua . E será de Arão e de seus filhos , que os comerão no lugar santo, por serem coisa santíssima para eles, das ofertas queimadas do Senhor, preparada no fogo por estatuto perpétuo.
E assim foi :
1 Reis 7:48
E fez Salomão todos os vasos que pertencia a casa do Senhor : o altar de ouro , e a mesa de ouro, sobre o qual os pães da proposição foi
2 Crônicas 2: 4 2
[ E Salomão mandou dizer a Hirão, rei de Tiro , dizendo ... ] Eis que vou edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para dedicá-lo a ele, para queimar perante ele incenso aromático , e para os pães da proposição contínua , e para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, e nas luas novas , e nas festividades do Senhor nosso Deus. Este é um estatuto perpétuo para Israel.

Avançando novamente o período do templo

Como vimos, no templo era oferecido um sacrifício animal; um cordeiro sem mácula. Esse cordeiro era sacrificado à Deus e depois de sacrificado, sua carne era consumida pelo sacerdote e pelo fiéis. Isso era necessário para que cada um participasse oferta à Deus e recebesse também a expiação.
O problema com o Sacrifício animal é que, ao contrário do Sacrifício de Jesus,  ele tinha que ser renovado anualmente  e não durava. Assim, todo ano o Sacerdote e o Povo ofereciam um novo Sacrifício.

NOVO TESTAMENTO -

Jesus consolidou todos os Sacrifícios prefigurados no Antigo Testamento por meio de um único sacrifício na Cruz.
A Bíblia diz que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do Mundo. Ele tomou o lugar do animal, do cordeiro sem mácula, e é oferecido na Cruz como um sacrifício Eterno, de uma vez por todas que não precisa ser renovado todo ano. Pois Jesus é o cordeiro perfeito, infinitamente superior ao cordeiro animal oferecido no templo.
Jesus, o Cordeiro Perfeito, é também o Sumo Sacerdote Eterno ( Cf. Hebreus 7:26-8:2), e é enquanto o Sacerdote Eterno da Ordem de Melquisedeque, na Seia do Senhor, na Pescha ou Páscoa judia, Ele oferece Pão e Vinho. Jesus antecipa aquilo o que se passaria na Sexta-feira Santa, e declara:
Tomai, comei, isto é o meu corpo. Mateus 26:26 … E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Mateus 26:27-28
Neste sentido Jesus transcende e suplanta a oferta prefigurada por Melquisedeque, que ofertou Pão e Vinho. Cristo oferta  Pão e Vinho consagrados em Seu Sangue e Sua Carne.

A Eucaristia – Santa Comunhão

Tal e qual os Israelitas consumiam a carne do Cordeiro no Antigo Testamento, para os judeus – altamente familiarizados com os rituais e celebrações de sua religião – fica claro o que Jesus, o Cordeiro de Deus, quis dizer em João 6:
E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. João 6:35 … Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. João 6:54-56
Paulo e seus discípulos entenderam isso muito bem, pois para  eles essa não era uma ideia alienígena à sua tradição. O problema é que quando Jesus antecipou essa noção em João 6, sua mensagem foi rejeitada:
Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?… Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.
João 6:66
Porém, ainda na Seia do Senhor, ordenou os Seus Apóstolos tornando-os também sacerdotes. Isso foi importante porque, tal e qual prefigurado no Antigo Testamento, somente um sacerdote legítimo podia consagrar uma oferta e oferecer sacrifício a Deus. Desse modo, Jesus pôde então instruir a Seus discípulos: “Fazei isso em memória de mim”.
O entendimento desse mistério talvez não tenha sido imediato à todos, e foi revelado seguramente pelo Espirito Santo aos Santos Apóstolos depois da Ressurreição do Senhor. Contudo, já na era apostólica – bem como nos primeiros séculos do cristianismo, como comprovam os escritos dos Padres da Igreja – o  memorial da Seia do Senhor não era visto apenas como um símbolo, uma representação, mas a perpetuação do sacrifício consumado de uma vez por toda na Cruz.  A fração do Pão tem sido celebrada no Cristianismo desde o princípio da fé cristã.
Assim, S. Paulo diz ao Coríntios:
Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão. Vede a Israel segundo a carne; os que comem os sacrifícios não são porventura participantes do altar? 1 Coríntios 10:16-18
Notemos que São Paulo se refere ao cálice abençoado para a celebração da Fração do Pão – ou a Seia do Senhor – não de vinho, mas do sangue de Cristo. Do mesmo modo fala do corpo de Cristo. Pois era esse o entendimento apostólico, até hoje ensinado pela Igreja Católica.
A fração do Pão era e continua a ser, portanto, uma parte importantíssima da vida do Cristão de tradição apostólica da qual a Igreja Católica é embaixadora. Infelizmente, esse entendimento perdeu-se no  protestantismo e hoje há uma gama de argumentos contrários à crença dos apóstolos e dos cristãos primitivos.
Fonte Eletrônica;

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