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sábado, 17 de novembro de 2012

Conversão de Henrique Sebastião - parte 1

De todo mal, Deus tira sempre um bem maior. Foi a partir de uma provocação absurda, recebida em minha caixa de e-mails, na forma de um convite para abandonar a Igreja de Jesus Cristo, que finalmente consegui concluir um projeto que vinha protelando já há alguns anos: escrever o meu testemunho de fé, na forma de um resumo da história da minha vida e da minha conversão. O texto ficou grande, por isso vou publicá-lo em três partes. Espero que a minha história possa ser útil, e de alguma maneira inspirar outras pessoas; que motive aqueles que se encontram agora confusos, pensando em abandonar a fé católica e apostólica. Deus me ajude a ser testemunha fiel da verdade.

Conversão de Henrique Sebastião
Eu acredito que a maior parte das pessoas que participam de campanhas difamatórias contra a Igreja Católica, buscando desviar o maior número possível de católicos de sua fé e levá-los a alguma comunidade dita "evangélica", tem mesmo a intenção de "salvar almas para Cristo". Esse pessoal realmente pensa que está fazendo um grande bem. Sei disso porque eu também já fui o que chamam de "evangélico". Também por isso é que, penalizado, escrevi este meu depoimento, na esperança de ajudar essas pessoas bem intencionadas, porém totalmente iludidas. Esclareço que faço questão de usar sempre o termo "evangélico" entre aspas, pelo simples fato de que, na realidade, evangélicos são os católicos. Em documentos muito antigos da Igreja Católica, anteriores ao surgimento do protestantismo, o povo católico já era chamado, por Bispos e Papas, de "povo evangélico". Além disso, como eu sempre digo e repito por aqui, foi a Igreja Católica que redigiu, traduziu, canonizou e preservou os Evangelhos através dos séculos. Evangélico vem de Evangelho. Se nós temos os Evangelhos, hoje, é graças à Igreja Católica Apostólica Romana. Vamos à minha história.

Eu nasci numa família católica "não praticante". Fui batizado na Igreja Católica, mas meus pais não compreendiam bem as coisas da Igreja e da fé católica, e assim eu não fui à catequese, nem fui instruído conforme o catolicismo em minha infância e juventude. Mas eu sempre tive uma sede muito grande por Deus: desde a minha infância desejei ardentemente encontrar Deus, conhecer o caminho que leva a Ele.

Aos meus 14 anos de idade, depois de ler a Bíblia Sagrada pela primeira vez, senti aumentar em mim a necessidade de encontrar a Salvação, aproximar-me de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Voltei a frequentar a Igreja Católica -, até então a única que eu conhecia -, mas não conseguia encontrar ali as respostas que eu tanto buscava, nem a orientação que precisava. Ia à Missa, assistia a tudo sem nada entender... Para mim era um senta-levanta - ajoelha-levanta sem sentido. Voltava para casa vazio, desanimado...

Nessa fase de buscas e angústias, num belo dia encontrei, meio sem querer, ali numa rua de um bairro vizinho, uma casa pintada de branco com uma placa afixada em sua fachada: "Igreja Cristã Evangélica". Fiquei curioso em saber o que acontecia ali, saber como era a fé daquelas pessoas, achando que talvez eles tivessem as respostas que eu não conseguia encontrar na Igreja Católica. Resolvi conhecer aquela comunidade e a doutrina que seguiam.

Diferente do que acontecia na Igreja Católica, naquele lugar eu fui muito bem acolhido; desde as primeiras vezes em que lá estive, todos me trataram como um irmão querido, me convidaram a voltar outras vezes, me desejaram bênçãos... Eu, que era um jovenzinho de 16 anos, carente de atenção, cheio de problemas existenciais e conflitos internos, ansioso por conhecer pessoas que compartilhassem do mesmo grande interesse que eu (no caso, Deus)... fiquei encantado.

Não demorou e eu comecei a frequentar assiduamente a “igreja evangélica”. Todos ali eram sempre muito solícitos e amigáveis, e a pregação do "pastor" era clara, objetiva e fundamentada na Bíblia (ao menos na interpretação que o ‘pastor’ fazia da Bíblia). Os cantos eram muito mais próximos daquilo que um garoto como eu queira ouvir, com guitarra, bateria, teclados... Muito diferente dos cantos litúrgicos católicos aos quais eu estava acostumado. E nos cultos, juntamente com os louvores e pregações, não faltavam acusações e ataques pesados à Igreja Católica. Rapidamente aprendi que era a Igreja Católica a prostituta do Apocalipse, o Papa era a besta, Maria uma "mulher como outra qualquer" e todos os fiéis católicos eram hereges, idólatras... Aprendi também que verdadeiros cristãos eram somente os "evangélicos". Só eles é que sabiam interpretar a Bíblia para conhecer a Vontade de Deus. Aliás, a Bíblia era “a única regra de fé e prática para o cristão”, e os católicos não entendiam nada de Bíblia.

Mesmo que, lá no fundo, eu soubesse que havia muita coisa errada no meio daquele discurso todo, a verdade é que eu queria acreditar, porque queria fazer parte daquele grupo de pessoas ardorosas e unidas entre si, tão diferentes dos católicos. Assim, aos poucos, fui me deixando convencer. Quando vi, já me deixara levar, completamente. Com o passar do tempo, estava também abominando os católicos e acusando-os de todos aqueles crimes os quais todo “evangélico” conhece muito bem. No dia 12 de Outubro, aproveitávamos o feriado de Nossa Senhora Aparecida para sairmos às ruas a "evangelizar"(sic) o povo nas ruas... Distribuíamos folhetinhos com passagens da Bíblia (totalmente fora de contexto) e tentávamos convencer os católicos de que eles estavam perdidos, que seriam condenados ao fogo do inferno se não procurassem a "igreja evangélica" mais próxima e "aceitassem Jesus como seu único e suficiente Salvador"...

Logo fui "batizado" na “igreja evangélica”(sic novamente) e, a partir daí, cada vez mais, desprezava a Igreja Católica. Tudo que o Papa ou qualquer padre dizia era imediatamente rejeitado. Eram todos traidores de Cristo, apóstatas e corruptores da Palavra de Deus.

O tempo passou e eu, que sempre fui uma pessoa dada aos estudos e questionador por natureza, comecei a encontrar inconsistências tremendas entre o que o "pastor" pregava e o que a Bíblia realmente dizia. Na Escritura, Jesus Cristo funda sua Igreja neste mundo sobre o Apóstolo Pedro, isso é claríssimo e categórico no Evangelho segundo Mateus (Mt 16, 16-19). O "pastor" dizia que Jesus estava falando era dEle mesmo, que era Ele a Pedra, e não Pedro. Mas, ora, simplesmente não era isso que o texto dizia, e se fosse, o Senhor diria claramente "Eu sou a Pedra", como sempre fez, quando disse "Eu sou o Caminho", "Eu sou o Pão da Vida", "Eu sou a Porta", "Eu sou o Bom Pastor", etc, etc... Além disso, o Senhor mudou o nome de Simão para Pedra (Pedro) naquele exato momento, e a seguir lhe deu as Chaves do Reino do Céu! Ora, como se pode negar uma passagem tão clara e categórica quanto esta? E depois de aprender a ler o texto no original, em grego koiné, aí eu não tinha mais nenhuma dúvida de que o "pastor" estava distorcendo o texto para tentar provar uma ideia contrária àquilo que a Bíblia realmente diz.

Hoje sou teólogo e pesquisador das Escrituras e das Ciências da Religião, há mais de 20 anos; mas desde aquele tempo, quanto mais estudava, mais e mais eu comprovava aquilo de que comecei a desconfiar: os "evangélicos" acreditam que entendem a Bíblia, mas na verdade entendem somente a interpretação particular que os "pastores" fazem da Bíblia. Posso citar uma infinidade de exemplos nesse sentido, de deturpações grosseiras do sentido das Escrituras, mas não há espaço para tanto. Importante, por ora, é dizer que, quanto mais eu estudava, mais compreendia que a "igreja evangélica" que eu frequentava não era aquele caminho de sabedoria que eu imaginara no início. Comecei a travar com o "pastor" e com meus "irmãos" de fé uma série de debates. Nesse momento, mesmo sendo ainda muito jovem, eu já começava a entender melhor a Bíblia e a História do Cristianismo do que o próprio "pastor". Eu o colocava em situações das quais ele não sabia como sair. Um dia, ele perdeu a paciência comigo e me ameaçou, dizendo que eu tinha que "aceitar pela fé" o que ele dizia, ou então iria perder a minha alma imortal!

Foi então que comecei a viver uma fase que muitos "evangélicos" conhecem bem: a fase de ficar mudando de "igreja" para "igreja", por não conseguir encontrar a Verdade em nenhuma delas. Tentavam me convencer de que não importavam os erros do "pastor" nem os dos "irmãos", mas sim perseverar em alguma "igreja evangélica"... O "pastor" é humano, sujeito ao erro, as pessoas são falhas e pecadoras, mas não podemos abandonar a "igreja" por causa disso. Engraçado é que essas mesmas pessoas são as primeiras a atacar duramente a Igreja Católica quando surge algum escândalo envolvendo um padre. São rápidos em condenar toda a Igreja por causa do erro de um homem, mas quando o erro é do "pastor", aí eles sabem separar as coisas muito bem.

Na visão de tais pessoas, qualquer "igreja" vale, pois para elas "’igreja’ não importa: o importante é Jesus". Também é muito curioso que pensem assim, pois foi Jesus mesmo quem nos deixou a sua Igreja, e até disse aos Apóstolos, líderes dessa mesma Igreja, que lhes entregava a autoridade para perdoar ou reter os pecados (João 20-23). Se Jesus mesmo confiou à sua Igreja o poder de perdoar os nossos pecados, como se pode dizer que a Igreja não importa? Além disso, a Bíblia afirma explicitamente, em ITimóteo 3,15, que a Igreja é a coluna e fundamento da Verdade para o cristão. E como dizer que a Igreja não importa, se o Apóstolo Paulo insistiu em dizer, várias vezes, que a Igreja é o Corpo de Cristo neste mundo? Eu via claramente que, neste sentido, só a Igreja Católica é que ensinava o mesmo que Paulo, plenamente de acordo com a Bíblia. Para os "evangélicos", porém, toda "igreja" era válida, menos a Católica, justamente a mais antiga, a única que vinha do tempo dos Apóstolos: por conhecer a História, eu sabia.

Além disso, por ter pessoas católicas na família, eu sabia que o catolicismo não era como descreviam na "igreja evangélica". A Igreja Católica, por exemplo, nunca ensinou ninguém a "adorar imagens", como os "pastores" tanto diziam: isso simplesmente não existe nem nunca existiu! E eu sentia cada vez mais intensamente que algo estava muito errado ali... Comecei a entrar numa série de debates com "pastores", "diáconos", "missionários"... E me assustava de perceber o quanto todos eles desconheciam aquilo que mais imaginavam entender: a Bíblia Sagrada.

Também me assombrava ler os escritos dos primeiros Padres da Igreja, aqueles primeiros cristãos, os verdadeiros membros da Igreja primitiva: estava claro que eles confessavam o catolicismo, e não as coisas que me ensinavam nas "igrejas evangélicas". Comecei a ver que o que haviam me ensinado sobre os católicos, naquelas comunidades tão acolhedoras, de gente de fé tão vibrante, não era a doutrina católica verdadeira, e sim aquilo que eles imaginam que é catolicismo. Muitos ali se diziam "ex-católicos", mas com cinco minutos de conversa era fácil perceber que jamais haviam sido católicos de fato, que nunca haviam conhecido a doutrina católica. O que me apresentaram, e tanto criticavam, não era a Igreja Católica verdadeira, e sim uma caricatura dela, e uma caricatura muito mal feita.

Diziam, por exemplo, que a Igreja Católica acrescentou livros "apócrifos" à Bíblia, mas eu, assim como meu amigo Alessandro Lima, do apostolado
Veritatis Splendor, comprovei que a Bíblia de Guttemberg, anterior ao protestantismo, já incluía todos os livros da Bíblia Católica de sempre! Os "pastores" estavam mentindo, para mim e para todos! O conteúdo dos folhetos e panfletos que eu distribuía, achando que estava ajudando a "salvar almas para Cristo", estavam a serviço do Pai da Mentira, pois espalhavam uma série de falsidades!

Foi assim que, com muita dor no coração, e me sentindo perdido, abandonei as "igrejas evangélicas". Mesmo assim, uma convicção eu tinha, naquele momento: jamais eu seria católico. A verdadeira lavagem cerebral que sofri durante meus anos de "evangélico" tinha sido realmente muito bem feita. Tinha aversão por catolicismo. Perdi a fé nas "igrejas evangélicas", mas certas coisas ficaram tão incutidas em minha mente, que não me permitiam pensar por mim mesmo. Enfim, tentei manter a fé em Deus, mas resolvi ficar distante de qualquer religião, por um tempo. Acreditava, como havia aprendido com os "evangélicos", que “religião não salva ninguém”, que “religião não importa”. Então, seguiria a Deus do meu jeito. Relaxei e fui viver um pouco a vida, sem me preocupar mais tanto com Bíblia, com doutrinas, com nada. Estava decepcionado.

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