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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sequelas da Heresia

Por. John Lennon J. da Silva
É quase que habitual aos católicos bons de “percepção” como diria o teólogo norte-americano Scott Rahn. Se defrontarem com a proclamação ou propagação de falsas doutrinas recheadas de heresias, ao ligar a televisão ou em conversas informais com não católicos e também na internet. Parece comum lermos ou escutarmos especulações ditas “teológicas” vindas de diversos grupos, movimentos e comunidades sejam protestantes ou não. Estes acontecimentos, digamos que corriqueiros têm encontrado enorme repercussão em nossos dias. Oriundas das sequelas deixadas pelas grandes heresias; a última delas historicamente remonta os tempos da Reforma Protestante do fim do século XVI.
 
O termo “heresias” provém etimologicamente do latim haerĕsis. Versado do grego αἵρεσις, [escolha, partido ou opção]. Existem várias designações para o que é heresia. Podemos enfim aludir a heresia “como desvio, equivoco e erro teológico oposto a ortodoxia¹ cristã, contrariando aos dogmas e preceitos da Igreja Católica, e que pode ter como centralidade a deturpação, má interpretação e propagação de falsa doutrina não alinhada a sã doutrina como deixada pelos apóstolos e mantida pelos cristãos antigos”.
O Catecismo com uma linguagem mais prática e objetiva diz que “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou dúvida pertinaz a respeito dessa verdade” (CIC 2089).
O adjetivo “heresia” aparece em citação de São Paulo aos Coríntios; “É necessário que entre vós haja partidos para que possam manifestar-se os que são realmente virtuosos” (I Cor 11,19). Originalmente a palavra “partido” em algumas traduções é versada para o termo “heresias”. O Apostolo Paulo Também enumerara entre as obras da carne a; “idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos²” (Gl 5,20).
As heresias sempre estiveram presentes ao longo dos séculos dentre o Cristianismo, consequentemente todas repelidas pela autoridade da Igreja Católica através de concílios êcumenicos e erforço de Papas, Bispos e teológos. Lembremos os vários movimentos que foram condenados por seus equivôcos, erros e pela promungação de falsas doutrinas como gnosticos, donatistas, arianos e outros. Sem esquecer os pseudo-movimentos encabeçados pelos Valdenses, Albigenses, Anabatistas e Reformadores Protestantes.
Já no I século levantavam-se homens que deturpavam a pregação apostolica e os evangelhos. Ensinavam e pronunciavam doutrinas não ortodoxas, por isto S. Paulo alertava “se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!” (Gl 1,9) constituía umas das primeiras medidas disciplinares da Igreja primitiva. Aos indivíduos que desviavam-se da pregação dos Apóstolos, tarefa mais tarde que será brilhantemente guardada pelos Padres Apostólicos em especial chamo a atenção S. Irineu de Lião.
"Suponhamos que se levante uma questão sobre algum importante ponto entre nós, e não possamos recorrer às mais primitivas comunidades com as quais os apóstolos mantiveram constante relacionamento, as quais aprenderam deles o que é certo e claro a respeito dessa questão. O que aconteceria se os próprios apóstolos não nos tivessem deixado escritos? Não seria necessário (nesse caso) seguir o curso da tradição que transmitiram àqueles aos quais entregaram às Igrejas?" (Irineu de Lião. Contra as Heresias III,4,1).
Ainda nos tempos apostólicos, João o Teólogo como é chamado no Oriente, o autor do quarto evangelho, exorta biblicamente “Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis” (II Jo 1,10) era mais uma atitude pastoral. Na antiguidade cristã, muitos falsos profetas e homens (cf. Jud 1,10-11); afastaram-se da Igreja, separavam-se da comunhão com as primeiras comunidades e fundavam partidos e difundiam suas ideias em algumas regiões causando conflitos com as Igrejas locais, por isto é memorável as palavras de S. João Evangelista “Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.” I Jo 2,19.
Os padres da Igreja mantiveram papéis essenciais na condenação de vários erros teológicos e heresias durante os VII primeiros séculos da Igreja, por intermédio dos concílios e da autoridade dos primeiros bispos de Roma. Desta forma lembra o historiador francês Geoges Duby “todo herético tornou-se tal por decisão das autoridades ortodoxas.” (DUBY, 1990, p. 177). Mesmo nestas condições as seitas como eram consideradas as correntes que mantinham estas posições, não coerentes com a doutrina católica penduravam-se e desenvolviam-se por longas décadas de forma isolada até que se extinguissem ou não. E outras seitas surgissem; a convivência com as heresias era estreita e vetada, versando as condições religiosas e jurídicas da época. No séc. XIII Tomás de Aquino exortava aos fieis católicos que não mantivessem relações algumas com os hereges, nem mesmo conversas para que não se corrompessem tomando com citação (I Co 15,33).
Atualmente verifica-se que as comunidades eclesiais surgidas da Reforma comungam das doutrinas heréticas dos primeiros reformadores como o heresiarca³ Martinho Lutero no séc. XVI. E ainda mais o neo pentecostalismo têm manifestado outros modismos teológicos nas novas “igrejas”, cercados comumente de aversão aos ensinamentos católicos e alguns outros fenômenos do anticatolicismo. Para enumerarmos existem hoje muitas crenças heréticas como a não consciência dos que já faleceram, o batismo pelos mortos, o milenarismo, o Espirito Santo desprovido de Divindade e etc. Além das crenças originadas na Reforma a solo fides, solo graça, solo escritura, livre exame e assim vai...
Interessante e que em nossos tempos estas doutrinas tem encontrado acessibilidade junto às pessoas como que em um rodízio, existem crenças e “igrejas” para todos os gostos e como é necessidade moderna a “novidade” esta se encontra em alta atualmente. Muitos tem se entregado as sagazes e falaciosas novidades “abandonando a lei santa que lhes foi ensinada” (II Pd 2,21). O Apostolo Pedro profetizou sobre as heresias, dizendo que “Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado” (II Pd 2,2). E como é difícil para os bons católicos hoje cercados de adversidades manterem-se intactos e ortodoxos; apegados a verdade revelada a Igreja “Coluna e sustentáculo da verdade” (II Tm 3,15); perante as atuais e corriqueiras consequências trágicas, reflexo das heresias como salientei no início do artigo. Que tornam os verdadeiros cristãos os personagens caluniados, injuriados e os vilões dos últimos séculos.
Notas:
Ortodoxia¹: Adjetivo povém do grego "orthós" (retos) e "dóxa", (opinião). Resultando na tradução “crença correta” como salientam alguns linguistas.
Partidos²: O termo corresponde a “heresias” como aparente em algumas versões da bíblia. Cf. I Cor 11, 19:
Heresiarca³: Significa mentor, iniciador ao melhor “pai” de uma doutrina ou pensamento herético, o termo pode ser endendido e usado para designar um chefe ou cabeça de uma seita herética.
Referencias;
DUBY, Georges. Heresias e Sociedades na Europa Pré-Industrial, séculos XI-XVIII in Idade Média – Idade dos Homens. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p.175-184 [original: 1988].
IRINEU DE LIÃO. Contra as Heresias III. 4,1.
 
FONTE ELETRÔNICA:
 

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