Perguntas: Gostaria que o Sr. respondesse:
-- Os protestantes acham que o Batismo das crianças não tem validade por serem crianças e por não ser Batismo por imersão. Como refutá-los?
-- Por que hoje em dia não se batiza mais por imersão, como São João batizava e como Cristo foi batizado?
Resposta: No que se refere à validade do Batismo das crianças, já respondemos a essa questão na última edição de Catolicismo.
Quanto ao Batismo ministrado por São João Batista, ao qual também se submeteu Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda não era o Sacramento do Batismo, tal como o conhecemos hoje, e que foi instituído pelo mesmo Nosso Senhor algum tempo depois de ter sido batizado por São João.
O Batismo de João era um rito penitencial, preparatório e prefigurativo do verdadeiro Batismo. O próprio Batista é explícito quanto a esse ponto: "Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas Aquele que virá depois de mim .... vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (São Mateus 3,11; São Marcos 1,8; São Lucas 3,16).
E os Apóstolos, depois de Pentecostes, batizavam todos os convertidos, sem perguntar se já haviam recebido o Batismo de João (Atos 2,38), o que não fariam se fosse o mesmo Batismo.
Seja como for, embora se possa deduzir que o Batismo de João tivesse sido por imersão, este fato não torna obrigatório que fosse realizado sempre dessa maneira o Batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tampouco está afirmado no Novo Testamento que os Apóstolos e os discípulos batizavam sempre por imersão.
Pelo que, se alguém quiser encontrar esse dado na Bíblia (como pretendem tê-lo feito os protestantes), de fato, em vão o procurará.
Já é mais difícil admitir que as três mil pessoas batizadas pelos Apóstolos no dia de Pentecostes (Atos 2,41), o tenham sido todas por imersão, parecendo mais plausível a administração do Sacramento mediante aspersão.
É ainda menos provável, dadas as circunstâncias de tempo e lugar, ter sido por imersão o Batismo noturno conferido por São Paulo, na prisão, ao carcereiro da cidade de Filipos e a toda sua família (Atos 16,33), podendo supor-se que tenha sido, com maior probabilidade, por infusão. O próprio Batismo de São Paulo por Ananias, na casa de um certo Judas (Atos 9,18; 22,16), é difícil imaginar que tenha sido por imersão.
Pelos testemunhos da Tradição (que os protestantes não aceitam, e com isso ficam muitas vezes sem saída), sabe-se que os três modos -- por infusão, imersão ou aspersão -- eram empregados na Igreja primitiva, de acordo com as circunstâncias.
Vejamos o que a tal respeito diz a Didaqué, também conhecida como Doutrina do Senhor através dos doze Apóstolos aos gentios ou, simplesmente, Doutrina dos Apóstolos. É um escrito que data de fins do século 1º de nossa era; portanto, bem próximo aos livros do Novo Testamento. Trata-se do mais antigo manual de religião ou catecismo da comunidade cristã primeva de que se tem conhecimento.
Ali se ensina a respeito do modo de batizar: "Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". (Didaqué, VII -- Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).
Como se vê, já no século 1º -- ou seja, quando ainda viviam muitos dos discípulos dos Apóstolos -- praticava-se o Batismo também por infusão, isto é, derramando água sobre a cabeça do neófito.
É certo que o rito da imersão era comum na Antiguidade, conforme se pode constatar pelos documentos da época e pelos próprios batistérios, construídos precisamente para tal fim. Porém não era exclusivo, sendo praticados também os outros ritos.
Aos poucos, na Igreja latina, o Batismo por infusão foi-se generalizando, por razões diversas, entre as quais a decência, pois a prática da imersão estava sujeita a abusos, sobretudo em relação às mulheres. Outra razão era a dignidade do próprio Sacramento, pois nem sempre era possível praticar a imersão sem os inconvenientes do prosaísmo inerente a ela (basta ver o caso de certas seitas protestantes que batizam em rios, lagoas ou mesmo piscinas).
No Oriente, entre os católicos, o Batismo por imersão continuou a prevalecer até nossos dias.
Quanto à aspersão, embora em teoria seja válido o Batismo assim conferido, e conste que tenha sido empregada, nunca chegou a ser uma prática generalizada na Igreja. Isto pelo risco de que a água lançada com as mãos, com o hissopo ou com ramos não atinja o corpo das pessoas e escorra por ele, mas apenas lhes molhe as roupas, o que tornaria inválido o Sacramento.
Pois, como explicamos em número anterior desta revista, o rito do Batismo consiste numa ablução externa do corpo com água, sob a invocação expressa das pessoas da Santíssima Trindade. A palavra ablução significa o ato de lavar. Assim, o Batismo, simbolicamente, lava a pessoa, limpa-a, purifica-a.
Portanto, o essencial é que a água realmente toque o corpo da pessoa e escorra por ele, como acontece quando alguém é lavado. E isto se obtém por qualquer dos três modos praticados: infusão, imersão ou aspersão, embora esta tenha os inconvenientes acima apontados.
Em outras palavras, o Batismo por infusão já era conhecido e praticado desde os primeiros séculos, sendo feito desse modo, conforme as necessidades das circunstâncias, o que sucedia com bastante freqüência. Pois como se podia imergir inteiramente na água um pobre homem doente, quiçá prestes a morrer? De que maneira um mártir, mantido em uma estreita prisão, teria podido achar água suficiente para imergir seus guardas, ou seu carcereiro, que se convertiam ao ver seus milagres ou ao contemplar sua capacidade de sofrer e valor?...
Em conclusão: a Bíblia geralmente não descreve o modo como batizavam os Apóstolos e os discípulos. E também não diz que o modo era sempre o mesmo. Podem fazer-se apenas conjecturas a partir do texto sagrado; porém, não é válido qualquer coisa com toda a certeza, a respeito do assunto. Pelo testemunho da Tradição, sabe-se que na Igreja primitiva, conforme o ensinamento dos Apóstolos, usavam-se as três formas acima referidas (infusão, imersão e aspersão).
Assim, carece de fundamento a objeção de certos protestantes (como os Batistas), que negam validade ao Batismo que não seja por imersão.
Leia artigo sobre os Os Sete Sacramentos e o Batismo de Crianças.
(Fonte: Revista Catolicismo, Novembro/1997)
-- Os protestantes acham que o Batismo das crianças não tem validade por serem crianças e por não ser Batismo por imersão. Como refutá-los?
-- Por que hoje em dia não se batiza mais por imersão, como São João batizava e como Cristo foi batizado?
Resposta: No que se refere à validade do Batismo das crianças, já respondemos a essa questão na última edição de Catolicismo.
Quanto ao Batismo ministrado por São João Batista, ao qual também se submeteu Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda não era o Sacramento do Batismo, tal como o conhecemos hoje, e que foi instituído pelo mesmo Nosso Senhor algum tempo depois de ter sido batizado por São João.
O Batismo de João era um rito penitencial, preparatório e prefigurativo do verdadeiro Batismo. O próprio Batista é explícito quanto a esse ponto: "Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas Aquele que virá depois de mim .... vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (São Mateus 3,11; São Marcos 1,8; São Lucas 3,16).
E os Apóstolos, depois de Pentecostes, batizavam todos os convertidos, sem perguntar se já haviam recebido o Batismo de João (Atos 2,38), o que não fariam se fosse o mesmo Batismo.
Seja como for, embora se possa deduzir que o Batismo de João tivesse sido por imersão, este fato não torna obrigatório que fosse realizado sempre dessa maneira o Batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tampouco está afirmado no Novo Testamento que os Apóstolos e os discípulos batizavam sempre por imersão.
Pelo que, se alguém quiser encontrar esse dado na Bíblia (como pretendem tê-lo feito os protestantes), de fato, em vão o procurará.
Já é mais difícil admitir que as três mil pessoas batizadas pelos Apóstolos no dia de Pentecostes (Atos 2,41), o tenham sido todas por imersão, parecendo mais plausível a administração do Sacramento mediante aspersão.
É ainda menos provável, dadas as circunstâncias de tempo e lugar, ter sido por imersão o Batismo noturno conferido por São Paulo, na prisão, ao carcereiro da cidade de Filipos e a toda sua família (Atos 16,33), podendo supor-se que tenha sido, com maior probabilidade, por infusão. O próprio Batismo de São Paulo por Ananias, na casa de um certo Judas (Atos 9,18; 22,16), é difícil imaginar que tenha sido por imersão.
Pelos testemunhos da Tradição (que os protestantes não aceitam, e com isso ficam muitas vezes sem saída), sabe-se que os três modos -- por infusão, imersão ou aspersão -- eram empregados na Igreja primitiva, de acordo com as circunstâncias.
Vejamos o que a tal respeito diz a Didaqué, também conhecida como Doutrina do Senhor através dos doze Apóstolos aos gentios ou, simplesmente, Doutrina dos Apóstolos. É um escrito que data de fins do século 1º de nossa era; portanto, bem próximo aos livros do Novo Testamento. Trata-se do mais antigo manual de religião ou catecismo da comunidade cristã primeva de que se tem conhecimento.
Ali se ensina a respeito do modo de batizar: "Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". (Didaqué, VII -- Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).
Como se vê, já no século 1º -- ou seja, quando ainda viviam muitos dos discípulos dos Apóstolos -- praticava-se o Batismo também por infusão, isto é, derramando água sobre a cabeça do neófito.
É certo que o rito da imersão era comum na Antiguidade, conforme se pode constatar pelos documentos da época e pelos próprios batistérios, construídos precisamente para tal fim. Porém não era exclusivo, sendo praticados também os outros ritos.
Aos poucos, na Igreja latina, o Batismo por infusão foi-se generalizando, por razões diversas, entre as quais a decência, pois a prática da imersão estava sujeita a abusos, sobretudo em relação às mulheres. Outra razão era a dignidade do próprio Sacramento, pois nem sempre era possível praticar a imersão sem os inconvenientes do prosaísmo inerente a ela (basta ver o caso de certas seitas protestantes que batizam em rios, lagoas ou mesmo piscinas).
No Oriente, entre os católicos, o Batismo por imersão continuou a prevalecer até nossos dias.
Quanto à aspersão, embora em teoria seja válido o Batismo assim conferido, e conste que tenha sido empregada, nunca chegou a ser uma prática generalizada na Igreja. Isto pelo risco de que a água lançada com as mãos, com o hissopo ou com ramos não atinja o corpo das pessoas e escorra por ele, mas apenas lhes molhe as roupas, o que tornaria inválido o Sacramento.
Pois, como explicamos em número anterior desta revista, o rito do Batismo consiste numa ablução externa do corpo com água, sob a invocação expressa das pessoas da Santíssima Trindade. A palavra ablução significa o ato de lavar. Assim, o Batismo, simbolicamente, lava a pessoa, limpa-a, purifica-a.
Portanto, o essencial é que a água realmente toque o corpo da pessoa e escorra por ele, como acontece quando alguém é lavado. E isto se obtém por qualquer dos três modos praticados: infusão, imersão ou aspersão, embora esta tenha os inconvenientes acima apontados.
Em outras palavras, o Batismo por infusão já era conhecido e praticado desde os primeiros séculos, sendo feito desse modo, conforme as necessidades das circunstâncias, o que sucedia com bastante freqüência. Pois como se podia imergir inteiramente na água um pobre homem doente, quiçá prestes a morrer? De que maneira um mártir, mantido em uma estreita prisão, teria podido achar água suficiente para imergir seus guardas, ou seu carcereiro, que se convertiam ao ver seus milagres ou ao contemplar sua capacidade de sofrer e valor?...
Em conclusão: a Bíblia geralmente não descreve o modo como batizavam os Apóstolos e os discípulos. E também não diz que o modo era sempre o mesmo. Podem fazer-se apenas conjecturas a partir do texto sagrado; porém, não é válido qualquer coisa com toda a certeza, a respeito do assunto. Pelo testemunho da Tradição, sabe-se que na Igreja primitiva, conforme o ensinamento dos Apóstolos, usavam-se as três formas acima referidas (infusão, imersão e aspersão).
Assim, carece de fundamento a objeção de certos protestantes (como os Batistas), que negam validade ao Batismo que não seja por imersão.
Leia artigo sobre os Os Sete Sacramentos e o Batismo de Crianças.
(Fonte: Revista Catolicismo, Novembro/1997)
Nenhum comentário:
Postar um comentário