Recentemente, foi dito em um comentário enviado ao blog que entre tantas contradiçoes da fé Cristã católica, o fato de que o Deus do Antigo testamento não parece ser o mesmo do Deus retratado no Novo talvez seja a maior. O argumento é que o Deus do Antigo testamento seja um Deus vingativo, severo e ameaçador. Enquanto que no Novo, claramente, Deus é retratado por sua misericórida e bondade. Deus, no Novo Testamento, é amor: ” Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” ‘ 1 João 4,8
Contudo, aquele que faz tal afirmaçao parece não compreender o contexto histórico no qual o relato da salvação foi concebido, do mesmo modo ignora a profundidade dos desiǵnios divinos… . Se olharmos para o principio da historia da salvação em Génesis, progredindo para o período de Moisés, vemos Deus a eleger um povo beduíno, não civilizado, vivendo como seja como nômades ou escravizados em meio a um mundo de povos pagãos, e transformá-lo em Seu Povo, Sua Nação: a nacão de Israel, guiada pela mão de Deus, por meio de Seus profetas e estatutos. Entretanto, assim como a Bíblia não é um relato cientiífico da criação do mundo, náo é tampouco um documento histórico da história do mundo. Embora sirva também como tal, no que toca à sua utilidade para nos recontar a progressão dos eventos importantes da fé judeo-cristã,
Sendo assim, quando Deus afirmou ter criado o mundo em sete dias, ou seja, fez a luz, a água, a terra, o homem e a mulher, etc. Não se pode, e felizmente a Igreja Católica assim o ensina, contemplar que esse relato seja um relato preciso e científico da criação, mas sim, o contar de Deus à uma humanidade que ao receber a revelação daqueles eventos ainda não estava equipada para compreender mais que aquilo que lhe fora revelado. Ou seja, a mensagem que Deus desejava passar é simples: Ele é o único Deus, criador de todas a coisas. Assim, Genesis pretende revelar com certeza que Deus criou o Universo e tudo nele contido, e não o modo como o universo foi criado por Deus. Imagine um pai a explicar científicamente para uma criança de cinco anos de idade, que mal conseguiu desenvolver o domíno completo da língua falada, como um bebé é concebido e formado no ventre. Imagine o pai a dizer que o sêmen onde estão contidos organismos vivos chamados espermatozóides, é introduzido na mulher por meio da relação sexual onde, mais tarde, se essa mulher se encontrar no momento propício do seu ciclo menstrual – fazendo uma pausa para explicar o que é a menstruação – fecunda o óvulo nao fertilizado e ocasiona a concepção do bebe!!! Não seria viável, havendo um grande risco da criança ficar confusa… Claro que tanto a linguagem adotada para se falar à uma criança, quanto o conteúdo e nível de esclarecimentos, devem ser simplificados de acordo com a maturidade da criança. Assim fez Deus. Falou-nos do modo como erámamos capazes de compreender naquele momento. Sabendo que, enquanto Deus, um dia o conhecimento científico por Ele nos permitido alcançar, trazer-nos-ia à luz do entendimento mais aprofundado sobre a história da criação. A pedagogia de Deus, da qual fala o Catecismo católico, está muito bem exemplificada no Antigo Testamento e nada mais é senão a prova do grande amor de Deus pelo homem:
Agora, consideremos a seguinte analogia: Todo pai (isso incluiu ambos, pai e mãe) disciplina aos próprios filhos, não porque os despreza, mas porque os ama. Assim fez e continua a fazer o Deus judeo-Cristão: Vós vos esquecestes da palavra de ânimo que ele vos dirige como a filhos: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”. – Hebreus 12:5-6 – Pois bem, se assim foi, assim continua a ser, pois Deus não muda, é o mesmo de sempre. Contudo, no Antigo testamento o conhecimento de Deus por Seu povo era primitivo. Deus estava gradualmente revelando-Se àqueles que escolheu. Era preciso ser severo porque disso dependia o estabelecimento da fé judaica. Era preciso fazer uma distinçao estrita daquilo que era seguir a Deus e o modo de vida dos gentios, não crentes e entregues à práticas pagãs. Por isso a necessidade da segregação (judeus não se misturavam aos gentios), da proibicão do casamento entre eles e outros povos – a fim de preservar a fé que gradualmente fora revelada ao povo de Hebreu. No Novo testamento, o povo de Deus já havia amadurecido e alcançado o entendimento da fé judaica, tanto a ponto que se desviaram dela. Deus então tenta resgatar a Seu povo com a prova sublime do Seu amor por eles: Foi deste modo que se manifestou o amor de Deus para conosco: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por intermédio dele. … 1 João 4:9,10
53. O desígnio divino da Revelação realiza-se, ao mesmo tempo, «por meio de acções e palavras, intrinsecamente relacionadas entre si» (4. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 2: AAS 58 (1966) 818.) e esclarecendo-se mutuamente. Comporta uma particular «pedagogia divina»: Deus comunica-Se gradualmente ao homem e prepara-o, por etapas, para receber a Revelação sobrenatural que faz de Si próprio e que vai culminar na Pessoa e missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.
Portanto, é lamentável que por vez não apenas não-cristãos, mas mesmo alguns católicos cheguem a acreditar que devamos desprezar ou questionar o Antigo Testamento, duvidando que o Deus nele relatado seja de fato um Deus amoroso e cheio de misericóridia, tal e qual àquele retratado nas passagens da Nova Aliança. Seria bom que o estudo da Bíblia, à luz daquilo que ensina a Santa Igreja em seu Catecismo – que aliás é uma ótima fonte de conhecimento sobre a fé Cristã ortodoxa e apostólica – fizesse parte da vida de todo católico praticante e observante da fé.
Fonte Eletrônica;
http://igrejamilitante.wordpress.com/2014/08/29/antigo-e-novo-testamento-um-mesmo-deus/
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