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domingo, 21 de março de 2010

Como lutar contra os pecados

O tempo da Quaresma é uma ocasião especial para a luta contra o pecado, a pior realidade para o homem, para a Igreja e para o mundo. Mas essa luta exige sabedoria.
É preciso ter paciência consigo, especialmente nas quedas e nos pecados. Calma e paciência e nada de ficar pisoteando a própria alma, demonstrando um orgulho escondido e refinado de quem não aceita a própria fraqueza. Somos fracos mesmo. Por isso Jesus nos deixou o maravilhoso sacramento da confissão.
É grande orgulho não aceitar a própria miséria. Deus é paciente conosco, como, então, não teríamos paciência com nós mesmos? Até quando, meu Deus, aguentarei os meus pecados?
São Francisco de Sales ensinava: “Considerai os vossos defeitos com mais dó do que indignação, com mais humildade do que severidade, e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno”.
Nunca podemos nos desesperar ou desanimar, mesmo que nossos pecados sejam numerosos. Não podemos permitir que, depois do pecado, entre o desespero em nosso coração. À mulher adúltera, Cristo perguntou: “Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vá e não peques mais”.
Depois do pecado, o demônio do desespero corre para nos dizer: “Tua alma está morta, está perdida, não incomodes mais o Mestre...” (Mc 5, 35-43).
Nesta hora temos de dizer como Jó: “Ainda que o Senhor me tirasse a vida, ainda assim esperaria n'Ele”.
Apesar dos nossos pecados, Jesus nos ama com um amor infinito. Santa Terezinha garante que “quanto mais pobre e miserável é nossa alma, tanto mais apta está para as operações do Amor que consome e transforma”.
Talvez você seja uma mãe que chore por seu filho estar na perdição deste mundo; não se desespere, confie e espere no Senhor. A viúva de Naim não podia imaginar que Jesus fosse aparecer quando o seu filho já estava morto e o devolvesse vivo...
Dizia São Martinho de Tours que “a intervenção da Providência Divina é tanto mais certa quanto menos prováveis os recursos humanos”. Quando tudo falha... Deus age.
Santa Mônica rezou longos 20 anos pela conversão do seu querido Agostinho, mas teve a alegria de vê-lo um dia convertido, e muito mais: sacerdote, bispo, santo, doutor da Igreja, um dos homens mais importantes que o mundo já viu. Tudo porque ela não desanimou de rezar.
São Francisco de Sales dizia que “a Providência Divina demora o seu socorro para provocar nossa confiança”. Deus firma a nossa confiança provando-a. Não tem outro jeito. Portanto, não se aflija durante a boa prova da confiança. Seja corajoso. Os méritos serão muito maiores.
Santa Terezinha gostava de lembrar que “a nossa desconfiança é o que mais fere o Coração de Jesus”. Na mesma linha de pensamento, São Bernardo, o grande santo doutor, afirmava: “Possuireis todas as coisas sobre as quais se estender a vossa confiança. Se esperais muito de Deus, Ele fará muito por vós. Se esperais pouco, Ele fará pouco”.
Portanto, alma querida, confia muito, espera bastante, e não tenha receio de pedir muito; isso não é falsa humildade.
O autor da obra “A Imitação de Cristo” ensina que o “que o homem não pode emendar em si ou nos outros, deve sofrê-lo com paciência, até que Deus disponha de outro modo.”
Caiu? Levante-se! Peça a Deus o perdão. Perdoe a si mesmo e continue a caminhada. Não é porque perdemos uma batalha que vamos perder a guerra contra o pecado.
As tentações não nos afastam de Deus quando não cedemos a elas, mas nos aproximam ainda mais do Senhor. Muitos santos foram tentados horrivelmente. Sentir não é pecado, pecado é consentir. Enquanto você não for conivente com o erro, não pecou, mesmo que tenha de conviver com ele.
As tentações contra a pureza nos tornam mais castos quando as superamos; as tentações contra a ira nos tornam mais mansos; as tentações da gula nos tornam mais fortes na temperança. O combate contra a tentações nos fazem mais fortes e mais vigilantes.
Em meio à tentação parece que o inferno está contra nós; muitas vezes, vem o desânimo, o desejo de blasfemar, de desesperar, de se revoltar contra Deus... Calma, paciência, fé e abandono em Deus são necessários.
Santa Catarina de Sena, uma das três doutoras da Igreja, depois de uma fortíssima tentação, perguntou a Jesus: “Onde estavas, meu Jesus, durante esta tempestade?” E Jesus lhe respondeu: “No meio do teu coração.”
Muitos santos sofreram tentações de fé terríveis: Santa Terezinha, São Vicente, Santa Margarida. A esta última Jesus disse: “Serás perseguida pelo demônio, pelo mundo, e por ti mesma; as tuas três cruzes.”
Santa Terezinha, na luta contra as tentações da fé, dizia: “Pronunciei mais atos de fé no espaço de um ano do que em toda a minha vida passada.”
“A cada nova ocasião de combater quando o inimigo me quer provocar, procedo com valor. Como sei que o duelo é covardia, não enfrento o adversário, dou-lhe sempre as costas e corro, pressurosa para Jesus... É tão doce servir o bom Deus na noite na prova! Só temos esta vida para viver de fé” (idem).
Conhecemos bem a história do paralítico cujos bons amigos o fizeram chegar até Jesus, descendo-o pelo teto da casa; por isso, quando os pecados nos impedirem de chegar a Jesus, deixemos que os bons amigos, o sofrimento, o confessor e a confissão nos levem até Ele.
Talvez nem Santo Agostinho, nem Santa Maria Madalena, nem muitos outros santos se tivessem santificado se não tivessem caído. Foram grandes no pecado e grandes na santidade. Tiveram de tocar o chão duro para experimentar a misericórdia de Deus.
Nossas faltas fazem-nos conhecer experimentalmente e tocar com os dedos a nossa miséria e impotência e nos dá a humildade. As quedas nos ajudam a desprezar-nos e a confiar em Deus. São remédios contra o nosso orgulho, contra o amor-próprio, a presunção, etc. Por isso, ao cair, não podemos ficar pisoteando a alma, sem querer aceitar, por refinado orgulho, a própria queda, mas, ao contrário, dizer como ensina São Francisco de Sales: “Ó minha alma, pobre alma, levante, é grande a misericórdia de Deus”.
O grande santo também afirmava que “entre a Misericórdia e a miséria há uma ligação grande que uma não pode se exercer sem a outra.”
A nossa miséria nos confere um direito sagrado de confiar na Misericórdia. Ou me salvo, confiando na Misericórdia, ou me condeno desesperado, sem ela.
Não é à toa que Jesus mandou Santa Faustina escrever no quadro da Misericórdia: “Jesus, eu confio em Vós!”
Diante de Deus tem mais direito quem mais necessita. Entre muitos doentes, qual deles é atendido primeiro? É o mais enfermo. Foi para socorrer a nossa miséria que a Misericórdia baixou à terra.
Santo Agostinho dizia que até os nossos pecados contribuem para a nossa santificação quando os aproveitamos bem. Portanto, coragem e confiança, alma humana, que vive a cair!
FELIPE AQUINO

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