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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Salvação dos não-cristãos: O que diz a Igreja?

No tema de hoje tratamos da questão da Salvação dos não cristãos sob o ponto de vista do Magistério da Igreja Católica. Antes, porém, de abordar a posição católica sobre o tema, proponho um breve olhar ao mundo cristão evangélico para uma comparação entre o entendimento das duas correntes cristãs. Esta introdução visa, de certo modo, não estabelecer um confronto ou uma refutação proativa da doutrina protestante da Salvação pela fé somente, mas sim salientar aos católicos que frequentam este blog a sabedoria do Magistério Católico frente às discrepâncias doutrinárias, cada vez mais comum no conturbado contexto teológico da modernidade, expondo aqui um exemplo de conclusão resultante deste contexto, que embora aceito pela vasta maioria dos cristãos evangélicos, infelizmente não condiz nem com os ensinamentos bíblicos ou com a Tradição Cristã.
O que dizem os Cristãos Protestantes:

Não há uma forma direta, ou um atalho, para expor o que todas a divisões dentro das igrejas protestantes ensinam, uma vez que, como acontece com muitos grupos evangélicos, tanto a igreja batista quanto a assembléia de Deus ou Metodistas, por exemplo, não possuem apenas uma fonte de informação sobre aquilo que ensinam e acreditam. Entretanto, a grosso modo, podemos dizer que para a maioria das “sub-denominações” dentro da denominação evangélica, a salvação de um não-cristão é impossível, mesmo que muitas dessas sub-denominações afirmem que o batismo do cristão é apenas um símbolo, e não um pré-requisito para a salvação daquele que crê em Cristo. Entretanto, as correntes teológicas mais conservadoras, insistem na visão da chamada Crença Restritiva, ou seja, aquela pela qual a maioria dos fundamentalistas e muitos outros grupos evangélicos sustentam a ideia de que a salvação pode ser obtida somente pelo cristão nascido de novo, ou regenerado. Via de regra, tais cristãos fazem parte do chamado grupo fundamentalista, ou seja, conferem a cada verso da Bíblia o sentido literal de texto. Eles são bastante influenciados por uma interpretação peculiar dos escritos principalmente de Paulo e João. Autores que, segundo eles, consistentemente pregam que o Céu só pode ser alcançado pelo crente e que todo não-crente irá para o inferno. Alguns grupos chegam ao extremo de fazer estimativas matemáticas do número de pessoas que eventualmente chegarão ao céu, diga-se os Batistas do Sul dos Estados Unidos.

Passagens Bíblicas usadas para a visão Restritiva:

Jesus respondeu: «Garanto-te: se alguém não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus». João 3,3

Assim, todo aquele que n’Ele acreditar, n’Ele terá a vida eterna». João 3,15

Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; porque não crê no nome do Filho único de Deus. João 3:18

Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:6

Todo aquele que não ouvir esse profeta será exterminado do meio do povo {Dt 18,15.19}. Atos 3:23

Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos. Atos 4:12

Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Romanos 10:9

…assim Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não porém em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que o esperam. Hebreus 9:28

Quem possui o Filho possui a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. 1 João 5:12

O que diz a Santa Igreja Católica:

O concílio Vaticano II produziu diversos documentos, entre eles a Constituição Dogmática da Igreja – Lumen Gentium. Onde, no capítulo 1, Secção 14 à 16 discute-se sobre a Salvação de católicos e não católicos. Em 5 ”Uma avaliação deste Concílio”, lê-se:

O não-cristão não pode ser responsabilizado por sua ignorância de Cristo e de sua Igreja, a salvação é aberta também a ele, se ele procura sinceramente a Deus e se segue os comandos da sua consciência, pois através deste meio o Espírito Santo atua sobre todos os homens, a ação divina não está confinada dentro das fronteiras limitadas da Igreja visível.

No ano 2000, Joseph Ratzinger, o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, atualmente Papa Bento XVI, escreveu o documento ‘Dominus Iesus’ sobre a unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e a Igreja.“, onde está declarado que a salvação é possível de ser obtida por aqueles fora da Igreja Católica ou da Igreja Ortodoxa Ocidental. O documento ensina ainda:

Assim, e em relação com a unicidade e universalidade da mediação salvífica de Jesus Cristo, deve crer-se firmemente como verdade de fé católica a unicidade da Igreja por Ele fundada. Como existe um só Cristo, também existe um só seu Corpo e uma só sua Esposa: « uma só Igreja católica e apostólica ».51 Por outro lado, as promessas do Senhor de nunca abandonar a sua Igreja (cf. Mt16,18; 28,20) e de guiá-la com o seu Espírito (cf. Jo 16,13) comportam que, segundo a fé católica, a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja, jamais virão a faltar.52 Os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica — radicada na sucessão apostólica53 — entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja Católica: « Esta é a única Igreja de Cristo [...] que o nosso Salvador, depois da sua ressurreição, confiou a Pedro para apascentar (cf.Jo 21,17), encarregando-o a Ele e aos demais Apóstolos de a difundirem e de a governarem (cf.Mt 28,18ss.); levantando-a para sempre como coluna e esteio da verdade (cf. 1 Tim 3,15). Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste [subsistit in] na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele ».54 Com a expressão « subsistit in », o Concílio Vaticano II quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro, a de que « existem numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua composição »,55 isto é, nas Igrejas e Comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja Católica.56 Acerca destas, porém, deve afirmar-se que « o seu valor deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja Católica ».57 17. Existe portanto uma única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.58 As Igrejas que, embora não estando em perfeita comunhão com a Igreja Católica, se mantêm unidas a esta por vínculos estreitíssimos, como são a sucessão apostólica e uma válida Eucaristia, são verdadeiras Igrejas particulares.59 Por isso, também nestas Igrejas está presente e actua a Igreja de Cristo, embora lhes falte a plena comunhão com a Igreja católica, enquanto não aceitam a doutrina católica do Primado que, por vontade de Deus, o Bispo de Roma objectivamente tem e exerce sobre toda a Igreja.60 As Comunidades eclesiais, invés, que não conservaram um válido episcopado e a genuína e íntegra substância do mistério eucarístico,61 não são Igrejas em sentido próprio. Os que, porém, foram baptizados nestas Comunidades estão pelo Baptismo incorporados em Cristo e, portanto, vivem numa certa comunhão, se bem que imperfeita, com a Igreja.62 O Baptismo, efectivamente, tende por si ao completo desenvolvimento da vida em Cristo, através da íntegra profissão de fé, da Eucaristia e da plena comunhão na Igreja.63 « Os fiéis não podem, por conseguinte, imaginar a Igreja de Cristo como se fosse a soma — diferenciada e, de certo modo, também unitária — das Igrejas e Comunidades eclesiais; nem lhes é permitido pensar que a Igreja de Cristo hoje já não exista em parte alguma, tornando-se, assim, um mero objecto de procura por parte de todas as Igrejas e Comunidades ».64 « Os elementos desta Igreja já realizada existem, reunidos na sua plenitude, na Igreja Católica e, sem essa plenitude, nas demais Comunidades ».65 « Por isso, as próprias Igrejas e Comunidades separadas, embora pensemos que têm faltas, não se pode dizer que não tenham peso no mistério da salvação ou sejam vazias de significado, já que o Espírito Se não recusa a servir-Se delas como de instrumentos de salvação, cujo valor deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja Católica ».66

A Igreja ensina, portanto, que embora a Igreja Católica seja a Igreja instituída por Cristo, as denominações protestantes, o rebanho separado, ou seja, aquelas fora da comunhão com a Igreja de Cristo, estão, todavia, unidas a ela, uma vez que pelos dons do Espírito Santo também são usadas por Deus em Seu plano na Economia da Salvação. A Igreja ensina ainda que Deus pode, por caminhos só d’Ele conhecidos, trazer à fé, «sem a qual é impossível agradar a Deus» (343), homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a Igreja tem o dever e, ao mesmo tempo, o direito sagrado, de evangelizar» (344) todos os homens. ( CIC 848)
Nós temos que ter uma compreensão adequada do que a Igreja quer dizer quando ensina que é possível, embora não preferível nem fácil, ser salvo sem ser membro de carteirinha da Igreja Católica. Será que isso significa que “eu estou bem, você está bem” e que podemos dispensar a tarefa “desconfortável” de evangelizar os não-católicos? Ou será que significa que todas as religiões são igualmente válidas uma vez que a verdade está nos olhos de quem a vê? Não é exatamente isso, de acordo com o Catecismo da Igreja Católica, que afirma: “Fora da Igreja não há salvação” (CIC 846).

Fora da Igreja não há Salvação – Deve crer-se firmemente que a « Igreja, peregrina na terra, é necessária para a salvação.

“Como devemos entender esta afirmação, muitas vezes repetida pelos Padres da Igreja?” o Catecismo continua. “Reformulada de forma positiva, isso significa que toda a salvação vem de Cristo, a Cabeça, através da Igreja, que é seu corpo: … Cristo é o único mediador e caminho de salvação, ele está presente para nós em seu corpo que é a Igreja . Ele próprio afirmou explicitamente a necessidade da fé e do batismo e, assim, afirmou, ao mesmo tempo a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pela porta do batismo. Como visto acima, «Muito embora Deus possa, por caminhos só d’Ele conhecidos, trazer à fé, «sem a qual é impossível agradar a Deus» (343), homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a Igreja tem o dever e, ao mesmo tempo, o direito sagrado, de evangelizar» (344) todos os homens. “(CIC 846-847).

Com a vinda de Jesus Cristo Salvador, Deus quis que a Igreja por Ele fundada fosse o instrumento de salvação para toda a humanidade (cf. Act 17,30-31). Esta verdade de fé nada tira ao fato de a Igreja nutrir pelas religiões do mundo um sincero respeito, mas, ao mesmo tempo, exclui de forma radical a mentalidade indiferentista «imbuída de um relativismo religioso que leva a pensar que “tanto vale uma religião como outra”». Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que objectivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação.

Salvação dos não-Cristãos

1260. «Com efeito, já que Cristo morreu por todos e a vocação última de todos os homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de Deus conhecido» . Todo o homem que, na ignorância do Evangelho de Cristo e da sua Igreja, procura a verdade e faz a vontade de Deus conforme o conhecimento que dela tem, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o Baptismo se dele tivessem conhecido a necessidade. ( II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes. 22: AAS 58 (1966) 1043; cf. In.. Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20; In. Decr. Ad gentes, 7: AAS 58 (1966)).

A Igreja fornece os meios para que todos sejam salvos

Esta afirmação não é voltada para aqueles que, não por culpa própria não conhecem o evangelho de Cristo em sua Igreja, mas que, no entanto, buscam a Deus com um coração sincero, e, movido pela graça, tentam em suas ações fazer a sua vontade, como eles a conhecem através dos ditames de sua consciência. Estes também podem alcançar a salvação eterna.

Este e outros ensinamentos divulgados Igreja no documento Dominus Iesus contradizem, portanto, a abordagem relativista como já foi dito, que alguns católicos e muitos outros têm adotado sobre salvação. Em outras palavras, a Igreja ensina que a salvação é somente através de Jesus Cristo e do seu corpo, a Igreja. No entanto, ao mesmo tempo, afirma que aqueles que são ignorantes de Cristo e / ou a Igreja não por culpa própria, o que a Igreja chama de “ignorância invencível”, podem ser salvos.

Algumas pessoas nunca ouviram falar de Jesus como o Filho de Deus ou talvez tenham crescido com um preconceito tremendo contra o cristianismo ou a Igreja Católica (por exemplo, um protestantes na Irlanda do Norte ou um muçulmano na Arábia Saudita, onde é proibido praticar outra religião, que não o Islão). Estes são muito diferentes daqueles que consciente e voluntariamente rejeitam a verdade à sua disposição ou recusam-se a aceitá-la ou abandonam-na mais tarde.

Todos os cristãos tradicionais concordam que a salvação é baseada unicamente na obra redentora de Cristo na cruz. O ponto de discordância entre o ensino católico e de muitas denominações protestantes é justamente se Deus aplica a redenção (concede a graça necessária para a salvação) fora da normativa significa (o batismo e os outros sacramentos) que ele estabeleceu.

Mas em 1 Pedro 1:20 e em outros lugares na Bíblia, lemos que a redenção de Cristo foi planejada antes mesmo da criação do mundo. Pedro observa que a revelação desta redenção não foi dada até “no final dos tempos,” para que haja uma extensão imensa de tempo entre a criação e o momento em que o plano de Deus de salvação seria plenamente revelado. Mas e aqueles que viveram antes desta revelação ser dada? Estariam simplesmente sem sorte, sem qualquer esperança de salvação, porque eles viveram antes da época de Cristo seria plenamente revelado?

Deus deu indicações desde o início que enviaria um Salvador (Gn 3:15), mas eram apenas sugestões e não revelação completa. Não haveria nenhuma razão para Ele dar essas pistas se a salvação não dependesse do trabalho futuro do Salvador. Entretanto, a salvação não dependia de uma fé explícita em Cristo, porque ele ainda não havia sido revelado a eles.

Num próximo post pretendo continuar a abordar o tema da Salvação antes e depois da Lei Mosaica e com isso tentar demonstrar biblicamente, que a Salvação antes da vinda de Cristo também fora ofertada àqueles fora da Aliança com Deus.

FONTE ELETRÔNICA;


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