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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Cânon de Jâmnia parte 1


o tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primeira
revolta aberta dos judeus da Palestina contra Roma (66-70). N
Tito, na primavera de 70, sitiou Jerusalém, a cidade inteira foi
saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de
agosto do mesmo ano. Os fariseus de Jerusalém16 se transferiram
para a cidade de Jâmnia, onde formaram próspera escola rabínica.
Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define
uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos
Judeus. O Cânon de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu
origem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete
livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester.
No tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primeira revolta aberta dos judeus da Palestina contra Roma (66-70). Tito, na primavera de 70, sitiou Jerusalém, a cidade inteira foi saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de agosto do mesmo ano. Os fariseus de Jerusalém (16) se transferiram para a cidade de Jâmnia, onde formaram próspera escola rabínica. Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos Judeus. O Cânon de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu origem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester.
Um cânon sagrado pré-existente?
Alguns afirmam que o Cânon de Jâmnia foi a confirmação de um Cânon Sagrado anterior e definido pela autêntica Tradição judaica.
Segundo esta tese, o fato de Jesus e os Apóstolos se referirem às Escrituras Sagradas disponíveis em seu tempo de forma geral (“Escrituras”), mostra que eles tinham em mente uma quantidade precisa de livros que estavam incluídos sob aqueles títulos gerais.
Apresenta-se como prova o registro do Evangelista Lucas ao diálogo entre Jesus e os discípulos na estrada de Emaús: ‘E começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.”(Lc 24,27). A expressão “todas as Escrituras” demonstraria que já no tempo de Cristo, uma lista de livros canônicos já estava fixada.
Cita-se ainda João 5,39, quando Jesus manda os Fariseus, que eram os legítimos intérpretes da Lei (cf. Mt 23,1), verificarem que Nele se cumpriram todas as profecias messiânicas. Jesus ao utilizar a expressão “Escrituras” estaria se referindo a um conjunto de livros bem conhecido, tanto por Ele quanto pelos Fariseus.
Chama-se ainda a atenção à expressão “Moisés e os Profetas” (cf. Lc 24,27). “Moisés e os Profetas” ou “A Lei e os Profetas” seria a estrutura de como este cânon judeu estaria organizado, sendo que na seção “Lei”, estariam contidos também os Salmos (cf. João 10,34). Assim, se quer defender a existência de um cânon bíblico, organizado em uma tríplice estrutura: a Lei, os Profetas e os Salmos. Também se costuma fazer referência a Lc 24,44, onde Jesus ao aparecer aos apóstolos e discípulos lhes disse: “(...) era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”.
Estes argumentos são bastante frágeis, pois em todas as referências apresentadas, Jesus está tentando demonstrar que Nele se cumprem todas as profecias messiânicas. E onde estão estas profecias? Estão justamente nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Desta forma, dentro do contexto em questão, é bem mais certo que Jesus esteja referenciando esta triplica estrutura, porque nela se encontram as profecias messiânicas, do que Ele esteja fazendo referência a um cânon sagrado existente em seu tempo.
Há também quem apresente como prova do suposto cânon, então confirmado pelo Cânon de Jâmnia, os testemunhos históricos de Flávio Josefo e Áquila (o qual criou uma nova versão grega das Escrituras hebraicas, que leva o seu nome).
O testemunho de Áquila é reconhecidamente posterior ao Cânon de Jâmnia, e por isso, também não pode ser aceito como prova; muito pelo contrário...
Por outro lado, reproduziremos abaixo o texto de Josefo, conforme consta em sua obra “Contra Apion”:
38. É, pois natural, ou melhor dizendo, necessário, que não exista entre nós uma multiplicidade de livros em contradição entre si, senão somente vinte e dois (17) que contém os registros de toda história e que com toda justiça são dignos de confiança. 39. Deles, existem cinco de Moisés, os quais contêm as leis e a tradição desde a criação do homem até a morte de Moisés. Compreende, mais ou menos, um período de três mil anos. 40. Desde a morte de Moisés até Artaxerxes (18), sucessor de Xerxes (19) como rei dos persas, aos profetas posteriores a Moisés foram deixados os feitos do seu tempo em treze livros, os quatro restantes contém hinos a Deus e conselhos morais aos homens. 41. Também desde Artaxerxes [tempo do Profeta Esdras] até nossos dias cada acontecimento tem sido registrado; embora estes não sejam dignos da mesma confiança dos anteriores, porque não havia uma sucessão rigorosa de profetas. 42. Os feitos provam com claridade como nós nos acercamos das nossas próprias escrituras: havendo já transcorrido tanto tempo, ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas “ (JOSEFO, 2006, p. 21-22).
Não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou posterior ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho.
Costuma-se dizer que “Contra Apion” foi terminada pelo ano 94; e o Cânon de Jâmnia, normalmente é referido pelos especialistas como sendo do ano 90. Entretanto, nenhuma destas datas é conclusiva; sabemos apenas que ambos são os últimos anos do séc I d.C.
Com efeito, não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou não ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho. Esta incerteza compromete por completo o testemunho de Josefo, pois não se sabe com certeza se o mesmo foi influenciado ou não pelo Cânon de Jâmnia. Porém, há indícios que sim.
Josefo era fariseu e os rabinos de Jâmnia também, assim possivelmente ele esteja simplesmente defendendo a posição de sua facção religiosa.
O prólogo da tradução Grega do Eclesiástico (ou Sabedoria de Sirac), livro escrito por volta de 130 a.C., portanto anterior ao testemunho de Josefo, parece contradizê-lo. Nele lemos:
Pela Lei, pelos Profetas e por outros escritores que os sucederam, recebemos inúmeros ensinamentos importantes (...) Foi assim que após entregar-se particularmente ao estudo atento da Lei, dos Profetas e dos outros Escritos, transmitidos por nossos antepassados [...]”.
Enquanto o testemunho de Josefo procura restringir o Cânon Sagrado ao tempo de Esdras, “porque [depois de Esdras] não houve uma sucessão precisa de profetas”, o Eclesiástico parece ser mais amplo e fiel à História ao afirmar que “por outros escritores que os sucederam [os profetas], recebemos inúmeros ensinamentos importantes”.
O testemunho do Eclesiástico refere-se a livros posteriores ao tempo dos Profetas.
Veja o que estudioso protestante Leonard Rost tem a dizer sobre isso:
Vê-se, pelo prólogo de Sirac [Eclesiástico ou Sabedoria de Sirac], que, além dos escritos assumidos no Cânon hebraico, traduziram-se também outros que parecem ter gozado de bastente estima como obras religiosas de edificação, em círculos mais ou menos amplos, até o final do século I d.C” (ROST, 1980, p.19).
Há ainda em Josefo um trecho bem polêmico, vejamos:
havendo já transcorrido tanto tempo, ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas [nas Escrituras]”.
Alguns entendem que neste trecho Josefo confirma que os livros escritos depois do tempo de Esdras não estavam dispostos num mesmo volume com os livros que foram escritos antes deste mesmo período (protocanônicos), pois isto configuraria um acréscimo nos primeiros.

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