RECEBEMOS DA LEITORA Raíssa de Alcântara a
seguinte mensagem:
“(...)Estou noiva de uma pessoa que cresceu em meio as tradições evangélicas e tem sido difícil fazê-lo entender as tradições católicas. Apesar de sempre irmos à missa e participarmos de grupos na igreja, ainda assim ele se encontra com muitas dúvidas. E pelo blog consigo mostrá-lo, com base na Bíblia que é o que mais pesa pra ele, e tenho conseguido fazer com que ele entenda muitas coisas. E graças a Deus já consegui até que ele se interessasse em fazer catequese para entender melhor e posteriormente receber os sacramentos. (...) Minha dúvida é com relação a Santa Missa. Qual é o significado do incenso na celebração? Aqui na minha paróquia eles utilizam, mas ainda não sei o porque e o que representa. Desde já agradeço muito por tudo. E peço a Deus que continue iluminando seus dons e que muitos possam partilhar desse conhecimento e despertar o discernimento."
Caríssima Raíssa, como você bem sabe, esta é
uma questão entre muitas outras semelhantes. Os líderes das novas e novíssimas
seitas neopentecostais, ditas "evangélicas", são pródigos em elaborar todo tipo
de barreira contra a primeira e única Igreja instituída diretamente por Nosso
Senhor Jesus Cristo. Qualquer detalhe é pretexto para caluniar os católicos, e
nada escapa às suas construções caluniosas.
Além das famigeradas questões das imagens, do
culto aos santos e uma série de outras que já esclarecemos por aqui (veja nesta lista as repostas para estas e outras acusações
protestantes/'evangélicas'), novos questionamentos não param de surgir a todo
instante. Um destes está relacionado ao uso do incenso, que na boca de alguns
teria algo a ver com "paganismo", "idolatria" ou coisa que o valha. Deixando de
lado as malucas teorias da conspiração, ou, ainda melhor, lançando-as no lixo,
que é o seu devido lugar, procuraremos esclarecer o verdadeiro significado do
incenso na liturgia católica, sua origem e finalidades.
A maioria de nós deve saber que o incenso é
composto de grãos de cor amarelo-acastanhada, e que é feito de resinas
aromáticas. Nem todos saberão que, normalmente, esta resina provém de árvores da
família das bosuélias (boswellias), originárias do Oriente.
Nas celebrações em que se usa o incenso, o
celebrante coloca-se em pé, dois coroinhas ou acólitos se aproximam; um traz o
turíbulo, onde estão as brasas e o outro traz a naveta, onde está o incenso.
Normalmente, o celebrante deposita três colherinhas de incenso sobre as brasas.
Em seguida, toma o turíbulo com a mão esquerda e com a mão direita faz o
movimento de incensação. Qual é o simbolismo do incenso?
A incensação, desde a mais longínqua antiguidade, exprime reverência e oblação, adoração e honra, como ficou registrado nas Sagradas Escrituras:
A incensação, desde a mais longínqua antiguidade, exprime reverência e oblação, adoração e honra, como ficou registrado nas Sagradas Escrituras:
“Suba minha prece como incenso em vossa Presença, minhas mãos erguidas como oferta vespertina."
(Sl 140,2)
“Outro anjo veio postar-se junto ao Altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe uma grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de todos os Santos, sobre o Altar de ouro que está diante do Trono."
(Ap 8,3)
“Escolhi-os entre todas as tribos de Israel para serem meus sacerdotes, subirem ao meu Altar, queimarem o incenso e se vestirem diante de Mim."
(lSm 2,28)
Para quem aceitou e assumiu como princípio a ideia equivocada de que o cristão só pode aceitar aquilo que esteja escrito literalmente na sagrada Bíblia, aí acima está a tão solicitada "prova bíblica" de que o incenso sempre foi usado no culto a Deus. Mas há ainda muito mais. O Livro do Êxodo descreve o uso do Incenso no Antigo Testamento e como entrava na composição dos perfumes usados no culto, segundo a orientação divina:
“O SENHOR disse a Moisés. 'Escolhe ingredientes, bálsamo, unha aromática, gálbano, diversos ingredientes e incenso puro em partes iguais. Farás com esta mistura um perfume composto segundo a arte de perfumista; misturado, será coisa pura e santa. Reduzi-lo-ás a um pó fino e colocá-lo-ás diante do testemunho na tenda da reunião, onde Me encontrarei contigo. Este perfume será para vós uma coisa santíssima. Não fareis para vosso uso outro perfume com a mesma composição. Considerá-lo-ás coisa sagrada, reservada ao SENHOR. Quem dela fizer uma imitação para aspirar o aroma, será excluído do seu povo."
(Ex 3,34-38)
O uso do incenso é apresentado também nos Livros dos Provérbios e do Cântico dos Cânticos:
“O perfume e o incenso alegram o coração."
(Pr 27,9)
“Que é isto que sobe do deserto como uma coluna de fumo, como aroma de mirra e de incenso?"
(Ct3,6)
“Antes que refresque o dia e desapareçam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso."
(Ct 4,6)
É necessário lembrar e deixar claro que o uso do incenso na liturgia
da Igreja Católica nada tem a ver com os "defumadores" usados nos cultos ditos
"afrobrasileiros", e nem com as varetas usadas nas religiões asiáticas e
orientais no geral. Para nós, católicos, o uso do incenso é o mesmíssimo que os
antigos sacerdotes em Jerusalém faziam diante da tenda da antiga Aliança, no
lugar chamado Santo dos santos, onde se encontrava o altar do incenso. Também a
primeira página da história da Nova Aliança foi escrita enquanto Zacarias, – pai
de São João Batista, – oferece sacrifício de incenso no Santuário do Templo (Lc
1,9).
Interessa notar que o uso litúrgico do incenso é
compartilhado com as igrejas ortodoxas e também com algumas comunidades
protestantes históricas. É uma riqueza litúrgica, no início das Missas solenes,
quando se rodeia o Altar onde se oferecerá o Sacrifício incruento, – renovação
do Sacrifício no Calvário, do Corpo e Sangue do Cordeiro de Deus, –
incensando-o. É glorificação e honra ao Rei e Senhor, pois o Altar da igreja
representa Cristo.
Já no Ato Penitencial o incenso se destina a
purificar, limpar, expiar os pecados.
No Evangelho que vai ser lido o incenso é
respeito e veneração ao Livro Sagrado, outra homenagem ao Cristo que nos
fala.
Note-sem que a incensação, em nossas celebrações, é feita também aos ministros e à assembleia, como um gesto de reverência, porque formam um só Corpo com Cristo.
Note-sem que a incensação, em nossas celebrações, é feita também aos ministros e à assembleia, como um gesto de reverência, porque formam um só Corpo com Cristo.
Quando se incensa as oferendas do pão e do
vinho, o Altar, o celebrante e outros sacerdotes presentes e/ou o povo de Deus,
meditamos dentro de nós: "Eleve-se Senhor, minha oração como este incenso à
vossa presença,e desça sobre nós a Vossa Misericórdia".
Quando no momento da consagração se incensa o
Corpo e Sangue do Senhor, elevados para adoração dos fiéis, recordamos a
Epifania:
“Ao entrar na casa viram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra."(Mt 2,11)
Vemos no Evangelho como esse material, que
segundo alguns "pastores" seria "símbolo de paganismo" foi o primeiro presente
entregue a Nosso Senhor, – e exatamente aquele pelo qual a Sagrada Escritura
identifica aquele Menino, – Jesus, – como Deus.
____
Fonte:
• Cap. 'Incensação' do Secretariado Nacional de Liturgia, disp. em:
http://www.liturgia.pt/documentos/incenso.php
Acesso 10/9/015
• ALDAZÁBAL, Jose. Gestos e símbolos, vol. I, São Paulo: Loyola, 2005, pp. 77-84
____
Fonte:
• Cap. 'Incensação' do Secretariado Nacional de Liturgia, disp. em:
http://www.liturgia.pt/documentos/incenso.php
Acesso 10/9/015
• ALDAZÁBAL, Jose. Gestos e símbolos, vol. I, São Paulo: Loyola, 2005, pp. 77-84
Nenhum comentário:
Postar um comentário