- Por Cristiano Rangel - autor convidado e colaborador do blog
Como todo Sacramento, é o sinal sensível e eficaz da Graça de Deus, no qual invocamos a Deus Uno revelado em três pessoas o derramamento de suas bençãos como fonte de reconhecimento de seu pleno poder sobre nós. No batismo, nós recebemos o dom do Espírito Santo e nos tornamos filhos de Deus e participantes da Igreja, que é a imagem do Reino de Deus na terra. Através do batismo que recebemos, Deus nos dá a semente que nós, durante nossas vidas, devemos regá-la para que produza os frutos do Espírito Santo.
Todas as prefigurações da antiga aliança encontram sua realização em Jesus Cristo, pois Deus ao se revelar ao homem sempre buscou uma maneira de implantar uma forma de aliança, como demonstração de sua bondade e fidelidade, como foi o arco-íris do tempo de Noé, a circuncisão em Abraão, as tábuas da lei com Moisés e por fim o batismo sob forma de nova e eterna aliança através de Jesus Cristo, o qual convoca a sua Igreja a ir a todo o mundo e batizar em nome da Santíssima Trindade (Mt 28,19).
O batismo é a porta de entrada da iniciação cristã, instituído pelo próprio Jesus Cristo, para nos tornarmos uma nova criatura (2 Cor 5,17), na qual assumimos o compromisso de acolher e ensinar as virtudes cristãs. Imprime na nossa alma o caráter de cristão e herdeiros do Paraíso e nos torna capazes de receber os outros Sacramentos.
Neste Sacramento, diferente do batismo penitencial de João Batista (capaz apenas de apagar os pecados – como uma preparação para o caminho do Senhor), temos uma verdadeira regeneração espiritual, um renascimento (Jo 3,5), onde somos perdoados do pecado original (um pecado não contraído, mas propagado pela falta de um homem, Rm 5,12.19) e dos pecados arrependidos. O Batismo nos dá a graça santificante, que é a amizade e a presença de Deus no nosso coração. Junto com a graça recebemos o dom da Fé, da Esperança e da Caridade, assim como todas as demais virtudes, que devemos procurar proteger no nosso coração.
O BATISMO PREFIGURADO NA ANTIGA ALIANÇA
Já nos tempos de Noé, a água (matéria), elemento essencial ao batismo, foi canal da misericórdia de Deus para com o seu povo. Ou seja, as águas do grande dilúvio inundaram a terra, lavando-a do pecado. Com efeito, oito pessoas, pela graça de Deus, salvaram-se por ocasião da construção da arca, emergindo do dilúvio para uma vida limpa do pecado e aprazível a Deus. Esse evento bíblico correspondente ao batismo cristão, no qual, pelos méritos de Cristo, nos tornamos herdeiros da vida eterna (1 Pd 3,20-21) (CIC 1219).
Do mesmo modo, como forma de aliança carnal realizada em Abraão, são Paulo traça um paralelo entre a circuncisão feita por mãos humanas e o batismo feito pelo derramamento do Espírito Santo: Nele também fostes circuncidados com circuncisão não feita por mão de homem, mas com a circuncisão de Cristo, que consiste no despojamento do nosso ser carnal(Cl 2,11).
É sobretudo na travessia do Mar Vermelho, marco da libertação de Israel da escravidão do Egito, que são Paulo nos diz que “nossos pais” estiveram sob a nuvem e nela e no mar foram batizados em Moisés, nutrindo-se de uma rocha espiritual que os acompanhava, e que esta rocha espiritual era o próprio Cristo (1 Cor 10, 2-5).
O BATISMO DE CRISTO
Nosso Senhor Jesus Cristo submeteu-Se voluntariamente ao batismo de João, que era destinado aos pecadores como de forma a preparar o caminho do Senhor (Mt 3,3ss), para que fosse cumprida toda a justiça, apresentando-Se a nós como modelo de humildade, de forma a se identificar com os pecadores, despojando-Se do direito de ser tratado como Deus, sob forma de escravo para se fazer semelhante aos homens (Fl 2,7), de modo a nos conduzir ao batismo dos cristãos, pelo poder do Espírito Santo. É nesse contexto que através da sua Páscoa, escorre do Seu lado traspassado pela lança do soldado Romano, a água e o sangue (símbolos que nos remetem ao Batismo e à Eucaristia), sacramento de uma vida nova, na qual pelos méritos de Cristo somos redimidos de todos os pecados (Gl 1,4).
BATISMO NA IGREJA
É a partir do pentecostes, no cumprimento da promessa do envio do Espírito Santo, que a igreja administra o sacramento do batismo. No início da era cristã o batismo era ministrado àqueles que se arrependiam dos pecados, face à descrença do povo em crer que Jesus era o verdadeiro Messias bem como aqueles que já tinham recebido o batismo penitente de João e recebia o batismo da regeneração espiritual de Cristo(At 19,3ss). Pedro estendeu o batismo não só ao povo eleito, mas a seus filhos e todos aqueles que estavam longe, ou seja, por quem Deus chamasse (At 2,38s). Foi neste cenário que Pedro, nessa atitude imaginável para aquela época, demonstra a sua primazia sobre os apóstolos introduzindo o batismo a todos os povos, inclusive aos pagãos, pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10,34-48).
É no batismo, segundo são Paulo, que o crente comunga na morte, é sepultado e ressuscita em Cristo: Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova (Rm 6,3-4).
Não há uma “fórmula fixa” para o batismo, mas uma necessidade de consagrar a água (matéria) a ser utilizada e que seja realizado na invocação trinitária (forma) que indique claramente o ato de batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo… Com efeito, se alguém recebe o batismo por imersão ou por infusão, com água corrente ou não (desde que verdadeira), em nome de cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade, o sacramento é tido por válido pela Igreja Católica, ainda que tenha sido conferido por outras comunidades cristãs (ortodoxas, protestantes, etc.), pouco importando, inclusive, uma eventual fé insuficiente do ministro em relação ao batismo (cf. Diretório Ecumênico, nº 95).
Pode ser por infusão (derrama d’água) ou por imersão (mergulha n’água), pois assim explica o direito canônico:
“Cân. 854 – O batismo seja conferido por imersão ou por infusão, observando-se as prescrições da Conferência dos Bispos”. Nesse sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estipulou o seguinte:”Quanto ao cân. 854: Entre nós continua a praxe de batizar por infusão; no entanto, permite-se o batismo por imersão, onde houver condições adequadas, a critério do Bispo Diocesano”.
Como observa o canonista pe. Jesús Hortal, em seu comentário ao cân. 854, “o rito de imersão demonstra mais claramente a participação na morte e na ressurreição de Cristo, mas o rito de infusão é plenamente legítimo”.
Tal legitimidade provém, com certeza, desde as primitivas comunidades cristãs. Por exemplo, no séc. I d.C., já é explicitamente registrado na “Didaqué”, o primeiro catecismo de que temos notícia na História da Igreja: “Na falta de uma (=água corrente) ou outra (=água parada) [para imersão], derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Did. VII, 3).
QUEM PODE RECEBER O BATISMO?
Toda pessoa ainda não batizada que tenha o desejo dele e é instruída a respeito da sua importância, pois uma vez batizado não o poderá extingui-lo ou aperfeiçoá-lo, pois há Um só Senhor, Uma só fé e Um só Batismo (Ef 4,5). Batismo não é evento social nem tampouco emblema ou estandarte de igreja ou denominação.
Caso a pessoa não se recorde de ter sido batizada, seja pelo fato de falta de comunicação ou enfermidade, ela poderá ser batizada sob condição, segundo o que prescreve o direito canônico:
“Cân. 869:
Parágrafo 1 – Havendo dúvida se alguém foi batizado ou se o batismo foi conferido validamente, e a dúvida permanece depois de séria investigação, o batismo lhe seja conferido sob condição.
Parágrafo 2 – Aqueles que foram batizados em comunidade eclesial não-católica não devem ser batizados sob condição, a não ser que, examinada a matéria e a forma das palavras usadas no batismo conferido, e atendendo-se à intenção do batizado adulto e do ministro que batizou, haja séria razão para duvidar da validade do batismo.
Parágrafo 3 – Nos casos mencionados nos parágrafos 1 e 2, se permanecerem duvidosas a celebração ou a validade do batismo, não seja este administrado, senão depois que for exposta ao batizando, se adulto, a doutrina sobre o sacramento do batismo; a ele, ou aos pais, tratando-se de criança, sejam explicadas as razões da dúvida sobre a validade do batismo.”
QUEM PODE BATIZAR?
Os ministros ordinários do Batismo, o Bispo, os presbíteros e os diáconos (Igreja Latina), bem como qualquer pessoa que de bom coração e com a intenção e fórmula trinitária, o faça na perspectiva da vontade salvífica universal de Deus (1 Tm 2,4) e necessidade para a salvação (Mc 16,16) (CIC 1256).
QUEM SÃO OS BATIZADOS?
Desde sempre a igreja mantém firme a convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, mesmo sem receber o batismo, são batizadas Por e Com Cristo, sendo este o batismo de sangue, ou seja, toma posse dos frutos do batismo (CIC 1258).
Aqueles que na preparação do batismo morrem sem o receber, mas o seu desejo em recebê-lo, juntamente com o seu arrependimento, garantem a sua salvação, ainda que não tenha recebido o mesmo (CIC 1259).
Tendo Cristo morrido por todos e que a vocação última do homem é uma só, a saber, a divina, estamos convictos que o Espírito Santo oferece a todos, sob a forma que só Deus conhece, a possibilidade de inserção no mistério pascal. Todo o homem que desconhecendo o evangelho de Cristo e sua Igreja, mas procura a verdade e pratica a vontade de Deus segundo o seu conhecimento dela pode ser salvo, pois acreditamos que se o conhecessem teriam o desejado explicitamente (CIC 1260).
Por último, quanto às crianças que morrem sem o batismo, a igreja confia na misericórdia de Deus, que quer que todos os homens sejam salvos (1 Tm 2,4) e evidencia a ternura que Jesus tinha para com elas (Mc 10, 13-16).
PODEMOS BATIZAR AS CRIANÇAS?
Aos que buscam por uma resposta breve: SIM, pois quando somos vencidos pela ignorância em achar que tudo tem que estar escrito, abrimos mão da sabedoria inata ao homem, pois tomados pelo discernimento sabemos que não podemos cobiçar, porque há em nós um sentimento gerado pela Lei (Rm 7,7). Ademais, onde há uma ordem contrária ao batismo infantil e/ou que Jesus faz acepção de idade? Nele não há cronologia. Se não há lei, o pecado está morto (Rm 7,8b).
Deus não faz acepção de pessoas, tão pouco de idade, pois somos todos pequeninos para Deus (Mc 9,42; Mt 18,14), pois na plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho para que nos tornemos filhos adotivos (Gl 4,4-5).
A igreja nos mostra ao longo do plano da salvação a manifestação de Deus e o desejo de salvar a todos e é nessa dinâmica que são Paulo faz o paralelo da circuncisão que era conferido sob a forma da lei a todos os meninos no 8º dia de nascido através da remoçãode um tecido carnal. Mas em Cristo temos a circuncisão espiritual que é o batismo (Cl 2,11) e não uma prescrição sob quaisquer característica físicas ou cronológicas.
Se por um lado somos questionados pela necessidade de fé para sermos batizados, conforme Mc 16,16: “Aquele que crer e for batizado será salvo; e aquele que não crer será condenado.”, me pergunto como ficaria a situação da criança que não pode crer… Ela está condenada por não crer, já que Marcos não fala que a falta de batismo condena?
Claro que não, são Paulo nos aponta que o homem cristão (que tem fé) santifica a mulher não cristã (que não tem fé) e vice-versa, para que os seus filhos sejam santos (1 Cor 7,14). Da mesma forma, os pais podem pedir o batismo para os seus filhos, no desejo de querer e saber o melhor para eles. Ninguém espera o filho doente tenha o discernimento se dever pedir aos pais para ser levado ao médico, mas o levamos porque temos conciência do melhor para a sua vida.
Jairo pede pela sua filha e Jesus a cura pela fé do pai, sem questionar se a filha tinha fé para ser curada ( Lc 8,50); bem como uma mulher estrangeira, que não fazia parte do povo de Israel, pede pela sua filha e tem a misericórdia de Jesus ( Mt 15,28) nos mostrando que Ele veio para todos e derramar sua Graça a todos, porque Ele haveria de negar a sua benção através do batismo às crianças? Será que temos o direito de impedir as crianças de irem a Jesus? Os discípulos também tentaram impedir a benção de Jesus, o que o deixou INDIGNADO e disse: “ Deixai vir a mim todas as criancinhas e não as impeçais…” (Mc 10, 13-14).
Se procurarmos levar tudo ao pé da letra e dissermos que devemos batizar após a idade da razão, pergunto: onde está a idade da razão na Bíblia? Em cultura de qual país, na lei civil, criminal ou eleitoral? Tomemos cuidado, pois Cristo nos tornou aptos para sermos ministros de uma aliança nova, não da letra, e sim do Espírito, pois a letra mata, mas o espírito comunica a vida (2 Cor 3,6).
São Paulo em paralelo com os israelitas nos diz que todos os batizados em Moisés, cuja travessia do Mar Vermelho havia adultos e crianças e que em Cristo, a rocha espiritual, foram alimentados (1 Cor 10,2-3).
Se tomarmos como comparação a dureza do coração que imperava no povo da antiga aliança (Mc 10,5), que transmitia um Deus que vingava as crianças (1 Sm 15,3; Ex 12,29) pelo simples fato que não haveria justos naqueles locais (Gn 18, 23-32), como não ver um Deus que se revela misericordioso, justo e fiel para não comunicar a sua Graça a uma criança? Será que Deus não ama as crianças, será que os evangelhos apócrifos estão certos? Longe de mim… Satanás!
Ademais, sabemos que por cultura e associado a intervenção Divina, era sinal para os judeus terem uma família grande, além de estarmos convictos que não existiam cirurgias ou métodos contraceptivos, de modo que as famílias não procriassem, ter muitos filhos era considerado uma benção de Deus. É nesse contexto que vemos famílias inteiras sendo batizadas, como a de Cornélio (At 10,44), a família de Lídia (At 16,14), a do carcereiro (At 16,32s), a família de Estéfanas (1 Cor 1,16). Será que essas famílias não tinham crianças ou eram estéreis? São Paulo não diz que excetuou as crianças e/ou que devemos excluí-las.
A conscientização dos primeiros cristãos em relação ao batismo era tão grande, bem com a esperança da ressurreição dos corpos, que muitos em Corinto se faziam batizar pelos mortos, atitude que, de acordo com o argumento protestante evangélico morderno, deveria ser criticada por são Paulo e não foi. Se batizavam pelos mortos, porque não batizar as crianças vivas?
PODE HAVER RE-BATISMO?
Como mencionado, Só há um Senhor, uma só fé e UM SÓ BATISMO (Ef 4,5). Não podemos fazer das nossas concepções, individualidades, presunções e etc. um meio de propagar um batismo à moda da casa, como forma de satisfação de ego, fazendo do batismo adaptações como se faz com receitas de bolo. Batismo não é emblema de Igreja, não é julgar que o Meu Deus é Maior ou Melhor, por isso são Paulo nos questiona se acaso Cristo é dividido? Se é batizado em nome da igreja ou denominação (1 Cor 1,13)? O batismo deve ser uma conscientização da Graça a ser derramada a todos!
Aquele que julga por motivos pessoais que Deus não derramou o seu Espírito por qualquer conveniência concorre para o único pecado que não posui perdão, o pecado contra o Espírito Santo (Mt 22,30), fazendo da sua interpretação individual uma possibilidade de ruína junto a impiedade dos homens (2 Pd 3,16s).
Fonte Eletrônica;
http://igrejamilitante.wordpress.com/2014/12/31/saiba-tudo-sobre-o-batismo-o-sacramento-que-nos-proporciona-renascer-em-cristo/
Desculpe não estar relacionado ao artigo, mas entendi ser de relevância.
ResponderExcluirDetalhes sobre o pedido de Putin para que a Rússia fosse consagrada ao Sagrado Coração de Maria, e muito mais...
Pe. Kramer
https://www.youtube.com/watch?v=WehqTwn600Q
E o Papa silencia e até diz que não quer mais tocar no assunto.
A Igreja que aí está, há décadas é a igreja da apostasia.
Bem disse o Pe. Marcel Lefebvre.