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domingo, 10 de julho de 2016

Lutero: A verdadeira história



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Lutero vivia uma autêntica religiosidade. Teve uma experiência pessoal de Deus, um autêntico sentido do pecado e da própria nulidade, a qual vencia por uma entrega total a Cristo e uma confiança cega nele e em sua redenção. Possuía um sentido trágico da miséria humana, um grande apego à oração e uma imensa confiança na graça. A tudo isso, unia um grande amor pelos pobres. Lutero tinha sido feito para inflamar as massas populares e convencer e agitar os ouvintes.
O dom de comando, nele, se unia a uma irradiação interior e grande sensibilidade pelos outros. Era dotado de caráter forte, unilateral, impulsivo e de forte subjetivismo. Autêntica e profunda era sua religiosidade, mas com tendência ao autoritarismo e violência. Mesmo reconhecendo nele toda a seriedade religiosa, faltou-lhe uma autêntica humildade, a capacidade de ouvir os outros e a Igreja. Lutero saiu da Igreja após séria luta e sem ter intenção de fazê-lo.
Tornou-se reformador na luta contra uma interpretação do catolicismo que de fato era cheia de deficiências. Deixou a Igreja para descobrir aquilo que é o centro da própria Igreja: o primado da graça. A Reforma foi provocada pelos católicos, pois Lutero era católico, monge sério e sincero, que nunca quis deixar de ser católico. Séculos de aversão a Roma, envolvida na política internacional, mergulhada no Humanismo, a decadência da própria vida católica alemã, fizeram com que boa parte da população alemã visse na pregação de Martinho Lutero o renascer do verdadeiro Cristianismo.
DADOS BIOGRÁFICOS DO REFORMADOR ALEMÃO
Martinho Lutero (Martin Luther) nasceu em 1483 em Eisleben, de pais camponeses. Vencendo as limitações econômicas da família, entre 1501-1505 estudou na Universidade de Erfurt. Em 18 de julho de 1505, após muitas dúvidas e reflexões, entrou no Convento dos Eremitas Agostinianos de Erfurt, onde foi ordenado padre em 1507. Lutero, em 1512, é superior do Convento Agostiniano de Wittenberg, doutor em teologia e em exegese bíblica, lecionando sobre as Cartas Paulinas aos Gálatas e aos Romanos.
Lutero, por uma formação religiosa deficiente, onde contava muito o peso e o medo da condenação eterna, sofria o pavor do inferno, era escrupuloso. Alcançou a paz interior entre 1512-1513, na famosa Experiência da Torre (Turmerlebnis): após muita oração, Deus lhe permitiu descobrir que a salvação é dada ao homem somente pela fé em Cristo, como puro dom, e não como recompensa pelas obras (Rm 1,17). Sentiu paz interior e nunca mais a perdeu, mesmo no ardor do combate reformador.
A PREGAÇÃO DAS INDULGÊNCIAS E O INÍCIO DA REFORMA
O príncipe Alberto de Brandenburgo, arcebispo de Magdeburgo e de Halberstadt, estava necessitando de grande soma financeira, pois, não satisfeito com as duas dioceses, queria uma terceira, a poderosa e rica Mogúncia (Mainz). Para adquirir o direito, o papa Leão X facultou-lhe a venda das Indulgências, pois também precisava de dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro. A Indulgência, na doutrina da Igreja, é a remissão das penas devidas pelos pecados já perdoados e podem ser alcançadas pela oração dos fiéis.
No clima do final da Idade Média, essa doutrina tinha-se corrompido e neurotizado, a ponto de se achar possível “comprar” a salvação mediante pagamento. Dizia-se: “Mal o dinheiro tilinta no cofre, uma alma respinga do purgatório”. Um horror para as almas sensíveis, como a de Lutero! Em 1515, o dominicano Johann Tetzel iniciou a pregação das Indulgências em Juterborg, com grande sucesso nas massas católicas, ansiosas por adquirirem a sua salvação e a de seus queridos. Lutero tomou contato com esse negócio e resolveu solicitar uma discussão com os teólogos e doutores.
Assim, em 31 de outubro de 1517 enviou a bispos e teólogos suas 95 Teses sobre as Indulgências, redigidas em latim (não é certo que as tenha afixado na capela do Castelo de Wittenberg). As Teses logo se espalharam pelo país, criando um clima amplamente favorável à insurreição religiosa. Surge grande movimentação popular, mas o papa Leão X não se preocupou, pois não queria desagradar ao príncipe eleitor Frederico da Saxônia, amigo de Lutero. Em 1518, em vão, o cardeal Caetano tentou convencer Lutero em Augsburg.
Em 1519, há uma discussão entre o teólogo católico J. Eck e o amigo de Lutero, Karlstadt, em Leipzig. Os dois lados consideraram-se vencedores, pois os dois campos não tinham mais um ponto de partida comum. Houve teólogos, humanistas e artistas que desejavam permanecer na fé católica, mas viam no movimento luterano um modo de renovar a fé cristã e os costumes eclesiásticos.
ROMPE-SE A COMUNHÃO ENTRE
ROMA E PARTE DA IGREJA ALEMÃ
O ano de 1520 marcou o ponto culminante da impossibilidade de um retorno à unidade eclesial. Lutero, influenciado pelos amigos humanistas, assume uma linguagem sempre mais radical e se erige em herói da revolta nacional alemã contra Roma. A linguagem religiosa mistura-se com o nacionalismo alemão e a atração sobre as massas torna-se quase irresistível. São do período os três escritos programáticos da Reforma: “À nobreza cristã da nação alemã”, “O cativeiro babilônico” e “A liberdade cristã”, nas quais expõe o novo ideal de vida de um cristão: livre de todas as coisas terrenas, mas servo de todos na caridade.
Ali iniciou a tradução da Bíblia para o alemão, partindo do texto original e cotejado com a Vulgata e a tradução de Erasmo. Uma grande obra, terminada em 1534 e que uniu mais ainda o povo alemão nos ideais da Reforma. Em 1522, organizou a “Missa alemã” e o novo culto da comunidade, com imenso sucesso popular: o culto é na língua alemã e os hinos seguem o espírito musical alemão. Lutero era também poeta e compositor e ele próprio compôs alguns hinos. Não havendo acordo, em 15 de junho de 1520 sai a bula papal “Exsurge Domine”, condenando como heréticas 41 Teses luteranas, que Lutero queima em praça pública. Em 3 de janeiro de 1521, é proclamada a excomunhão e, em 25 de maio, por ordem do imperador Carlos V, frei Martinho Lutero foi banido do Império. Para fugir do processo inquisitorial, nos anos 1521-1522 se refugiou no castelo de Wartburg, com o falso nome de Junker Jörg, onde procurou examinar sua consciência e sua vida, ver se não tinha ido longe demais. Sentiu-se em paz para continuar.
UM PONTO SEM RETORNO
No seu “exílio” em Wartburg, Lutero lançou um livro contra os votos religiosos, que conquistou para a causa luterana um grande número de monges e monjas. A Igreja parecia estar a caminho da autodestruição: muitos padres começaram a casar-se, os monges e monjas, primeiramente os agostinianos de Wittenberg (que depois dissolveram a Ordem), abandonaram os conventos. Em 1525, Martinho Lutero casou-se com a exmonja Catarina Bora. A debandada nos conventos foi o sinal mais claro e doloroso da decadência de mosteiros e conventos, onde muitos se encontravam constrangidos.
A Missa privada foi suprimida, a comunhão ministrada sob as duas espécies, as imagens afastadas do culto. No meio tempo surgiu um movimento radical, o dos anabatistas: julgando nulo o batismo das crianças, rebatizavam os adultos. A situação se agravava a cada dia. Cidades inteiras aderiram à Reforma e alguns príncipes o fizeram por interesse, pois os bens de mosteiros e conventos passariam para as suas mãos. A convulsão socialfez com que muitos intelectuais, príncipes e teólogos passassem a se opor a Lutero e, retornando à Igreja católica, lutar por sua reforma, mas permanecendo nela.
Os papas do período não parecem ter-se dado conta da gravidade da situação. Alguns viram a necessidade de uma reforma na “cabeça e nos membros”, da convocação de um Concílio Ecumênico, mas isso esbarrava no desejo de se conservarem todos os privilégios eclesiásticos. A Cúria romana queria uma reforma, mas sem nada perder.

Fonte Eletrônica;
https://igrejamilitante.wordpress.com/2016/05/08/lutero-e-a-fragilidade-humana/