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sábado, 19 de abril de 2014

Santo Sábado de Aleluia

 


NO SÁBADO Santo honra-se a sepultura de Jesus Cristo e sua descida à mansão dos mortos; depois do sinal do Glória, começa-se a honrar sua gloriosa Ressurreição.

A noite do Sábado Santo, denominada também Vigília Pascal, é especialíssima e solene. A Vigília Pascal era antigamente celebrada à meia-noite, depois mudada, infelizmente, por questões práticas(?). Ela não pode, entretanto,  começar antes do início da noite, e deve terminar antes da aurora do domingo. – É considerada "a mãe de todas as santas vigílias", pois nesta a Igreja mantém-se de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, a consumação de toda a nossa fé, e celebra-a com os Sacramentos da Iniciação cristã.

Esta noite é "uma vigília em honra do Senhor" (Ex 12,42). Assim ouvindo a advertência de Nosso Senhor no Evangelho (Lc 12, 35), aguardamos o retorno do Cristo, tendo nas mãos velas acesas, para que ao voltar nos encontre vigilantes e nos faça sentar à sua Mesa.

A vigília desta noite é dividida do seguinte modo:

1) A Celebração da Luz;

2) A meditação sobre as maravilhas que Deus realizou desde o início pelo seu povo, que confiou em sua Palavra e em sua Promessa;

3) O nascimento espiritual de novos filhos de Deus através do Sacramento do Batismo;

4) E por fim a tão esperada Comunhão Pascal, na qual rendemos ação de graças à Nosso Senhor por sua Gloriosa Ressurreição, na esperança de que possamos também nós ressurgir como Ele para a vida eterna.



Benção do Lume Novo

As luzes da igreja estão todas apagadas. Do lado de fora está um fogareiro preparado pelo sacristão antes do início das funções, com a faísca tirada de uma pedra. Então o celebrante abençoa o fogo e o turiferário recolhe algumas brasas bentas e as coloca no turíbulo. A pedra representa Cristo, "a pedra angular" que, sob os golpes da cruz, jorrou sobre nós o Espírito Santo.

O fogo novo, representativo da Ressurreição de Nosso Senhor, luz Divina apagada por três dias, que há de aparecer ao pé do túmulo de Cristo, que se imagina exterior ao recinto da igreja, e resplandecerá no Dia da Ressurreição. Deve ser novo este fogo, porque Nosso Senhor, simbolizado por ele, acaba de sair do túmulo.

Essa cerimônia era já conhecida nos primeiros séculos da cristandade. Tem sua origem no costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passam a ser símbolo do Senhor Ressuscitado, que surge de dentro da noite da morte.


A procissão com o Círio Pascal

Após a cerimônia de preparação do Círio Pascal, é ele solenemente introduzido no templo por um diácono que, por três vezes, ao longo do cortejo pela nave central, canta elevando sucessivamente o tom: "Eis a luz de Cristo" (Lumen Christi). O coro responde: "Graças a Deus" (Deo Gratias). Em cada parada vão se acendendo aos poucos as velas: na primeira vez é acesa a vela do celebrante; na segunda parada, feita no meio do corredor central, são acesas as velas dos clérigos; na terceira vez, por fim, se acendem as velas dos assistentes, que comunicam as chamas do Círio bento até toda a igreja estar iluminada.

As velas são acesas no Círio Pascal, pois nossa luz vem de Cristo. O diácono, que vem vindo, é, portanto, mensageiro e arauto da boa nova: anuncia ao povo a Ressurreição de Cristo, como outrora o Anjo às santas mulheres.

As palavras Lumen Christi significam que Jesus Cristo é a única Luz do mundo.

A procissão, que se forma atrás do Círio Pascal é repleta de símbolos. É alusão às palavras de Nosso Senhor: "Eu Sou a Luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a Luz da Vida" (Jo 8,12; Jo 9,5; 12,46). O Círio, conduzido à frente, recorda a coluna de fogo pela qual Deus precedia na escuridão da noite ao povo de Israel ao sair da escravidão do Egito e lhe mostrava o caminho (Ex 13, 21). – O cristão é aquele que, para iluminar, se deixa consumir na Luz maior, e que em sua luz acende outras, dando sua própria vida, como ensinou e fez Nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 15,13).



O Precônio Pascal

Ao término da procissão, na qual se introduz o Círio no Templo, é ele colocado em local apropriado. Com a vela acesa na mão, renovamos nossa fé, proclamando Jesus Cristo, Luz do mundo que ressurgiu das trevas para iluminar nosso caminho. E lembramos que por vocação todo cristão é chamado a ser também luz, como Ele mesmo nos diz: "Vós sois a luz do mundo. Que, portanto, brilhe vossa luz diante dos homens, para que as pessoas vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus!" (Mt 5,14.16).

O diácono, após incensar o Círio e o Livro, canta o Precônio Pascal, do latim Praeconium Pascale, que significa Anunciação da Páscoa (vídeo acima), em que se exaltam os benefícios da Redenção e que é um belo poema, a partir da vela, sobre o trabalho das abelhas e o material para a sua confecção, o significado da luz ao longo da história de Israel e, de modo especial, sobre Jesus, a Luz do mundo. As magníficas palavras deste hino são atribuídas a Santo Ambrósio e a Santo Agostinho. É esse canto o antigo Lucernário da Vigília Pascal. O nome Lucernário foi dado às orações que se diziam na reunião litúrgica ao acenderem-se as luzes ao anoitecer (veja letra e tradução aqui).

Arderá daí em diante o Círio Pascal, em todas as funções, durante quarenta dias, recordando a permanência na Terra de Cristo ressuscitado. Retirar-se-á no dia da Ascensão, isto é, no momento em que Jesus Cristo ressuscitado sobe ao Céu.


Leitura das Profecias

Nos primórdios da Igreja, nesta hora, aproximavam-se os catecúmenos para receberem o Batismo. A fim de ocupar a atenção dos fiéis e para a maior instrução dos catecúmenos, liam-se na tribuna passagens da Sagrada Escritura apropriados ao ato. Eram as Doze Profecias, como resumo histórico da Religião: criação, dilúvio, libertação dos israelitas, oráculos messiânicos.

Atualmente são feitas apenas nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo. Para cada leitura, há uma oração, com cântico ou salmo responsorial. Após a sétima leitura, são acessas as velas do Altar a partir do Círio Pascal e o sacerdote entoa o canto do Gloria in Excelsis, com acompanhamento de instrumentos musicais e de sinos, que ficaram calados durante todo o Tríduo sagrado. A Igreja, portanto, entra inteira na alegria pascal. Logo em seguida é feita a primeira leitura do Novo Testamento (Rm 6,3-11), que é sobre o Batismo.

Após o término das leituras, o sacerdote entoa o canto solene do "Aleluia", quebrando o clima de tristeza e contrição que acompanhava todo o tempo da Quaresma. Esse canto solene, repetido gradativamente três vezes em tom cada vez mais alto, representa a saída de Cristo da sepultura e expressa o crescente júbilo pela Vitória do Salvador. Por fim, proclama-se um trecho do Evangelho sobre a Ressurreição de Jesus, levando-se em consideração o ciclo anual A, B e C.


Benção da pia batismal

Terminada a leitura das Profecias, vai o Clero para a pia batismal. Na frente do cortejo, a Cruz e o Círio Pascal, símbolos de Cristo que deve alumiar a nossa peregrinação terrena, como em outras eras a nuvem luminosa norteava o rumo dos israelitas no deserto.

O celebrante abençoa a água num magnífico prefácio em que são lembradas as maravilhas que Deus quis operar por meio da água; depois, com a mão divide em quatro partes a água já purificada, e derrama algumas gotas nos quatro pontos cardeais. Enfim, nessa pia batismal, mergulha por três vezes o Círio Pascal, simbolizando o poder regenerador que Jesus Ressuscitado dá a essa água e, também, nossa participação em seu Mistério Pascal, no qual morremos ao pecado e ressuscitamos para a vida da Graça. E ainda deita nela um pouco do óleo dos catecúmenos e do santo Crisma. Essa água será usada nos batizados ao longo do ano e na aspersão do povo.

Quando não há Batismo-Confirmação, sempre se benze a água, que é levada solenemente até a pia batismal.

Antigamente, após os ritos preparatórias, era administrado o Batismo solene aos catecúmenos (os que se iniciavam na fé cristã) que, durante três anos, viviam um processo intenso de preparação para ingressar na Igreja, com um rigor maior na Quaresma e na Semana Santa. Findos os ritos preparatórios, os catecúmenos, jubilosos, eram levados ao lugar onde haveriam de receber o Batismo. A aspersão dos fiéis que hoje em dia o celebrante faz, avançando através da igreja, com a água acabada de benzer, recorda esta antiga cerimônia .

Depois da benção da pia batismal, volta o préstito ao coro, cantando a Ladainha de Todos os Santos, recordando os que viveram com fidelidade a Graça Batismal. Chegados ao pé do Altar, o celebrante e seus ministros prostram-se para meditar ainda na Morte e Sepultura de Nosso Senhor.

O final do Sábado Santo, com seus três aspectos do mesmo e único Mistério Pascal: Morte, Sepultamento e Ressurreição de Jesus, está no ápice do Tríduo Pascal. Primeiro está a Morte na Sexta-feira; depois Jesus no túmulo, no Sábado; e, em seguida, a Ressurreição, no Domingo, iniciada, porém, na noite de Sábado, por isso dito "Sábado de Aleluia", na Vigília Pascal.

A Missa do Sábado Santo é a primeira das duas cantadas na Páscoa. Esta Celebração ostenta o caráter de extremo júbilo e magnificência, em forte contraste com a mágoa intensa da Sexta-feira Santa. Vemos agora os Altares e os dignatários paramentados, em grande gala. Reboam as notas alegres do Gloria in Excelsis, unidas ao eco dos sinos festivos! O Aleluia, não mais ouvido desde o início da Quaresma, ressurge após a Epístola. – Essa é, na realidade a Missa da madrugada da Páscoa. É a celebração, por assim dizer, da Aurora da Ressurreição.




• Adaptado de artigo de Emílio Portugal Coutinho para a GaudiumPress.Org
 
Fonte Eletrônica;
 http://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/santo-sabado-de-aleluia.html
 

domingo, 13 de abril de 2014

A espiritualidade do Domingo de Ramos

 

Imagem de Destaque

 

O Domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja
 
A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, cuja liturgia celebra a entrada de Jesus Cristo, em Jerusalém, montado em um jumentinho (o símbolo da humildade), que é aclamado pelo povo simples. As pessoas O aplaudiam como “Aquele que vem em nome do Senhor”; esse mesmo povo que O viu ressuscitar Lázaro de Betânia, poucos dias antes, estava maravilhado e tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos profetas. Porém, pareciam ter se enganado no tipo de Messias que o Senhor era. Pensavam que fosse um Messias político, libertador social, que fosse arrancar Israel das garras de Roma e lhes devolver o apogeu dos tempos de Davi e Salomão.

Para deixar claro a esse povo que Ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande libertador do pecado, a raiz de todos os males, Cristo entrou na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena, pois Ele não é um rei deste mundo!

Dessa forma, o Domingo de Ramos é o início da Semana que mistura os gritos de “Hosana” com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras. Os ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Hosana quer dizer “salva-nos!”.

Os ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que ela é desvalorizada e espezinhada.

Os ramos sagrados que levamos para nossas casas, após a Santa Missa [do Domingo de Ramos], lembram-nos de que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rapidamente. Mostra-nos que a nossa pátria não é neste mundo, mas na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda pela casa do Pai.


A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada por Seus milagres, agora Lhe vira as costas e muitos pedem a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido. Quanta falsidade nas atitudes de certas pessoas! Quantas lições nos deixam esse dia [Domingo de Ramos]!

O Mestre nos ensina com fatos e exemplos que o Seu Reino, de fato, não é deste mundo. Que ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas para derrubar um inimigo muito pior e invisível, o pecado.

A muitos o Senhor decepcionou; pensavam que Ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas Ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre. “Que Messias é este? Que libertador é este? É um farsante! É um enganador e merece a cruz por nos ter iludido”, pensaram. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado.

O Domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja, e consequentemente a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei sagrada de Deus que, hoje, é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um Cristianismo “light”, adaptado aos seus gostos e interesses e segundo as suas conveniências. Impera, como disse Bento XVI, a ditadura do relativismo.
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Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br

quarta-feira, 9 de abril de 2014

"Por que sou católico" - G. K. Chesterton sobre a Igreja, as igrejas, o fundamentalismo religioso, as ciências...


Texto de G. K. CHESTERTON

A DIFICULDADE em explicar “Por que eu sou Católico” é que há dez mil razões para isso, todas se resumindo a uma única: o catolicismo é verdadeiro. Para falar da Igreja Católica eu poderia preencher todo o meu espaço com sentenças separadas, todas começando com as palavras “é a única que...”.
Como por exemplo, a Igreja Católica é a única que previne um pecado de se tornar um segredo; é a única que fala como um mensageiro que se recusa a alterar a verdadeira Mensagem; é a única que assume a grande tentativa de mudar o mundo desde dentro; usando a vontade e não as leis..
Ou posso tratar o assunto de forma pessoal e descrever minha própria conversão. Acontece que tenho uma forte impressão de que esse método faz a coisa parecer muito menor do que realmente é. Homens muito mais importantes, em muito maior número, se converteram a religiões muito piores. Preferiria tentar dizer, aqui, coisas a respeito da Igreja Católica que não se podem dizer o mesmo nem sobre suas mais respeitáveis rivais. Em resumo, diria apenas que a Igreja Católica é católica. Preferiria tentar sugerir que ela não é somente maior do que eu, mas maior que qualquer coisa no mundo; que ela é realmente maior que o mundo. Mas, como neste pequeno espaço disponho apenas de uma pequena seção, abordarei sua função como guardiã da Verdade.
Outro dia, um conhecido escritor, muito bem informado em outros assuntos, disse que a Igreja Católica é uma eterna inimiga das novas ideias. Provavelmente não ocorreu a ele que esta observação, que ele próprio fez, não é exatamente nova: é uma daquelas noções que os católicos têm que refutar continuamente, porque é uma ideia muito antiga.

Na realidade, aqueles que reclamam que o catolicismo não diz nada novo, raramente pensam que talvez seja necessário dizer alguma coisa nova sobre o catolicismo. De fato, o estudo real da História mostra que os católicos sempre sofreram, e continuam sofrendo continuamente por apoiarem ideias realmente novas; desde quando elas eram muito novas para encontrar alguém que as apoiasse. O católico foi não só o pioneiro na área, mas o único; até hoje não houve ninguém que compreendesse o que realmente se tinha descoberto lá, naquele tempo (na origem do cristianismo).
Mas não apenas aí. São muitos os exemplos que se poderiam citar. Assim, por exemplo, quase duzentos anos antes da Declaração de Independência e da Revolução Francesa, numa era devotada ao orgulho e ao louvor dos príncipes, o Cardeal Bellarmine, juntamente com Suarez, o Espanhol, formularam lucidamente toda a teoria da democracia real. Mas naquela era do Direito Divino, eles somente produziram a impressão de serem jesuítas sofisticados e sanguinários, insinuando-se com adagas para assassinarem os reis. Então, novamente, os casuístas das escolas católicas disseram tudo o que pode ser dito e que constam de nossas peças e romances atuais, duzentos anos antes de eles serem escritos. Eles disseram que há sim problemas de conduta moral, mas eles tiveram a infelicidade de dizê-lo muito cedo, cedo de dois séculos. Num tempo de extraordinário fanatismo e de uma vituperação livre e fácil, eles foram simplesmente chamados de mentirosos e trapaceiros por terem sido psicólogos antes da psicologia se tornar moda.

Seria fácil dar inúmeros outros exemplos, e citar o caso de ideias ainda muito novas para serem compreendidas. Há passagens da Encíclica do Papa Leão XIII sobre o trabalho (Rerum Novarum, 1891) que somente agora estão começando a ser usadas como sugestões para movimentos sociais muito mais novos do que o socialismo. E quando o Sr. Belloc escreveu a respeito do Estado Servil, ele estava apresentando uma teoria econômica tão original que quase ninguém ainda percebeu do que se trata. Então, quando os católicos apresentam objeções, seu protest
o será facilmente explicado pelo conhecido fato de que católicos nunca se preocupam com ideias novas...
Igreja de Santa Maria - Indianápolis, Indiana (EUA)

Contudo, o homem que fez essa observação sobre os católicos quis dizer algo; e é justo fazê-lo compreender muito mais claramente o que ele próprio disse. O que ele quis dizer é que, no mundo moderno, a Igreja Católica é, - isto sim, - uma inimiga de muitas modas influentes; muitas delas ainda se dizem novas, apesar de algumas delas começarem a se tornar um pouco decadentes. Em outras palavras, se alguém disser que a Igreja frequentemente ataca o que o mundo, em cada era, apóia, aí está perfeitamente certo. A Igreja sempre se coloca contra as modas passageiras do mundo, e ela tem experiência suficiente para saber quão rapidamente as modas passam. Mas para entender exatamente o que está envolvido, é necessário tomarmos um ponto de vista mais amplo e considerar a natureza última das ideias em questão; considerar, por assim dizer, a ideia da ideia.
Nove dentre dez do que chamamos novas ideias são simplesmente erros antigos. A Igreja Católica tem como uma de suas principais funções prevenir que os indivíduos cometam esses velhos erros; de cometê-los repetidamente, como eles fariam se deixados "livres". A verdade sobre a atitude católica frente à heresia, ou como alguns diriam, frente à "liberdade", pode ser mais bem expressa utilizando-se a metáfora de um mapa. A Igreja Católica possui uma espécie de mapa da mente que parece um labirinto, mas que é, de fato, um guia para o labirinto. Ele foi compilado a partir de um conhecimento que, mesmo se considerado humano, não tem nenhum paralelo humano.

Não há nenhum outro caso de uma instituição inteligente e contínua que tenha pensado sobre o pensamento por dois mil anos. Sua experiência cobre naturalmente quase todas as experiências; e especialmente quase todos os erros. O resultado é um mapa no qual todas as ruas sem saída e as estradas ruins estão claramente marcadas, bem como todos os caminhos que se mostraram sem valor, pela melhor de todas as evidências: a evidência daqueles que os percorreram.
Nesse mapa da mente, os erros são marcados como exceções. A maior parte dele consiste de playgrounds e alegres campos de caça, onde a mente pode ter tanta liberdade quanto queira; sem se esquecer de inúmeros campos de batalha intelectual em que a batalha está eternamente aberta e indefinida. Mas o mapa definitivamente se responsabiliza por fazer certas estradas se dirigirem ao nada ou à destruição, a um muro ou ao precipício. Assim, ele evita que os homens percam repetidamente seu tempo ou suas vidas em caminhos sabidamente fúteis ou desastrosos, e que podem atrair viajantes novamente no futuro. A Igreja se faz responsável por alertar seu povo contra eles; e disso a questão real depende. Ela dogmaticamente defende a humanidade de seus piores inimigos, daqueles grisalhos, horríveis e devoradores monstros dos velhos erros.

Agora, todas essas falsas questões têm uma maneira de parecer novas em folha, especialmente para uma geração nova em folha. Suas primeiras afirmações soam inofensivas e plausíveis. Darei apenas dois exemplos. Soa inofensivo dizer, como muitos dos modernos dizem: “As ações só são erradas se são más para a sociedade”. Siga essa sugestão e, cedo ou tarde, você terá a desumanidade de uma colmeia ou de uma cidade pagã, o estabelecimento da escravidão como o meio mais barato ou mais direto de produção e a tortura dos escravos pois, afinal, o indivíduo não é nada para o Estado: e assim surge a declaração de que um homem inocente deve morrer pelo povo, como fizeram os assassinos de Cristo.

Então, talvez, voltaremos às definições da Igreja Católica e descobriremos que a Igreja, ao mesmo tempo que diz que é nossa tarefa trabalhar para a sociedade, também diz outras coisas que proíbem a injustiça individual. Ou novamente, soa muito piedoso dizer: “Nosso conflito moral deve terminar com a vitória do espiritual sobre o material”. Siga essa sugestão e você terminará com a loucura dos maniqueus, dizendo que um suicídio é bom porque é um sacrifício, que a perversão sexual é boa porque não produz vida, que o demônio fez o sol e a lua porque eles são materiais. Então, você pode começar a adivinhar a razão de o cristianismo insistir que há espíritos maus e bons; que a matéria também pode ser sagrada, como na Encarnação ou na Missa, no Sacramento do matrimônio e na ressurreição da carne.

Pequena capela no município de Primavera - PE (Brasil)

Não há nenhuma outra mente institucional no mundo pronta a evitar que as mentes errem. O policial chega tarde, quando tentar evitar que os homens cometam erros. O médico chega tarde, pois ele apenas chega para examinar o louco, não para aconselhar o homem são a como não enlouquecer. E todas as outras seitas e escolas são inadequadas para esse propósito. E isso não é porque elas possam não conter uma verdade, mas precisamente porque cada uma delas contém uma verdade; e estão contentes por conter uma verdade. Nenhuma delas pretende conter a Verdade. A Igreja não está simplesmente armada contra as heresias do passado ou mesmo do presente, mas igualmente contra aquelas do futuro, que podem estar em exata oposição com as do presente. O catolicismo não é ritualismo; ele poderá estar lutando, no futuro, contra algum tipo de exagero ritualístico supersticioso e idólatra. O catolicismo não é ascetismo; repetidamente, no passado, reprimiu os exageros fanáticos e cruéis do ascetismo. O catolicismo não é mero misticismo; ele está agora mesmo defendendo a razão humana contra o mero misticismo dos pragmatistas.

Assim, quando o mundo era puritano, no século XVII, a Igreja era acusada de exagerar a caridade a ponto da sofisticação, por fazer tudo fácil pela negligência confessional. Agora que o mundo não é puritano, mas pagão, é a Igreja que está protestando contra a negligência da vestimenta e das maneiras pagãs. Ela está fazendo o que os puritanos desejariam fazer, quando isso fosse realmente desejável. Com toda a probabilidade, o melhor do protestantismo somente sobreviverá no catolicismo; e, nesse sentido, todos os católicos serão ainda puritanos quando todos os puritanos forem pagãos.
Assim, por exemplo, o catolicismo, num sentido pouco compreendido, fica fora de uma briga como aquela do darwinismo em Dayton. Ele fica fora porque permanece, em tudo, em torno dela, como uma casa que abarca duas peças de mobília que não combinam. Não é nada sectário dizer que ele está antes, depois e além de todas as coisas, em todas as direções. Ele é imparcial na briga entre os fundamentalistas e a teoria da origem das espécies, porque ele se funda numa Origem anterior àquela origem; porque ele é mais fundamental que o fundamentalismo. Ele sabe de onde veio a Bíblia. Ele também sabe aonde vão as teorias da evolução. Ele sabe que houve muitos outros evangelhos além dos Quatro Evangelhos, e que eles foram eliminados somente pela autoridade da Igreja Católica. Ele sabe que há muitas outras teorias da evolução além da de Darwin; e que a última será sempre eliminada pela novíssima teoria da ciência mais recente. Ele não aceita, convencionalmente, as conclusões da ciência, pela simples razão de que a ciência ainda não chegou a uma conclusão. Concluir é se calar; e o homem de ciência dificilmente se calará. Ele não acredita, convencionalmente, no que a Bíblia diz, pela simples razão de que a Bíblia não diz nada. Você não pode colocar um livro no banco das testemunhas e perguntar o que ele quer dizer.

A própria controvérsia fundamentalista se destrói a si mesma. A Bíblia por si mesma não pode ser a base do acordo quando ela é a causa do desacordo; não pode ser a base comum dos cristãos quando alguns a tomam alegoricamente e outros literalmente. O católico se refere a algo que pode dizer alguma coisa, para a mente viva, consistente e contínua da qual tenho falado; a mais alta consciência do homem guiado por Deus.
Cresce a cada momento, para nós, a necessidade moral por tal mente imortal. Devemos ter alguma coisa que suportará os quatro cantos do mundo, enquanto fazemos nossos experimentos sociais ou construímos nossas utopias. Por exemplo, devemos ter um acordo final, pelo menos em nome do truísmo da irmandade dos homens, que resista a alguma reação da brutalidade humana. Nada é mais provável, no momento presente, que a corrupção do governo representativo solte os ricos de todas as amarras e que eles pisoteiem todas as tradições com o mero orgulho pagão. Devemos ter todos os truísmos, em todos os lugares, reconhecidos como verdadeiros. Devemos evitar a mera reação e a temerosa repetição de velhos erros. Devemos fazer o mundo intelectual seguro para a democracia. Mas na condição da moderna anarquia mental, nem um nem outro ideal está seguro. Tal como os protestantes recorreram à Bíblia contra os padres, porque estes podem ser questionados, e não perceberam que a (sua interpretação particular da) Bíblia também poderia ser questionada, assim também os republicanos recorreram ao povo contra os reis e não perceberam que o povo também podia ser desafiado.

Não há fim para a dissolução das idéias, para a destruição de todos os testes da verdade, situação tornada possível desde que os homens abandonaram a tentativa de manter uma Verdade central e civilizada, de conter todas as verdades e identificar e refutar todos os erros. Desde então, cada grupo tem tomado uma verdade por vez e gastado tempo em torná-la uma mentira. Não temos tido nada, exceto movimentos; ou em outras palavras, monomanias. Mas a Igreja não é um movimento e sim um lugar de encontro, um lugar de encontro para todas as verdades do mundo.

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Fonte:
CHESTERTON, G. K. "Por que sou católico". Grupo Chesterton Brasil, traduzido por Antonio Emilia Angueth de Araujo. - d
o site
Chesterton Brasil
 

Diferença entre orar e rezar – as "vãs repetições"

ASSIM COMO atestam Michaellis, Aurélio e todos os dicionários da língua portuguesa, os termos orar e rezar são sinônimos. Aliás, é importante notar que essa duplicidade de termos que expressam uma mesma realidade é característica de nossa língua pátria. Em inglês, por exemplo, o verbo to pray significa exatamente o mesmo: orar ou rezar, tanto faz. Em italiano, usa-se a palavra pregare, que poderia ser traduzida como "suplicar" e que tem o mesmo sentido de orar ou rezar em nosso idioma.

No desenvolvimento do português, – esta língua tão complexa, – surgiram muitos termos sinônimos, como: andar e caminhar; experimentar e experienciar; trabalhar e laborar; alimentar e nutrir; orar e rezar, etc, etc... De fato, não há absolutamente nenhuma razão para se diferenciar radicalmente os termos orar e rezar. Na Santa Missa, por exemplo, o sacerdote tanto usa a expressão "oremos" quanto, – na oração dos fiéis ou na homilia, – pode dizer "rezemos". Infelizmente, porém, de algum tempo para cá, muitos "pastores" andam imaginando que têm autoridade para mudar a língua portuguesa, e por conta própria vem "ensinando" a pessoas simples e despreparadas que existe uma grande diferença entre orar e rezar.

E assim, sem pensar, grande parte dos nossos irmãozinhos afastados assume essa ideia equivocada. Pior: como de costume, considerando-se os únicos entendedores da Bíblia Sagrada, essas pessoas são rápidas em nos acusar por conta deste assunto: criou-se a esdrúxula ideia de que "rezar" seria repetir "vãs palavras", enquanto que "orar" seria, verdadeiramente, falar com Deus. Analisaremos bem a questão, a seguir. Antes, vejamos o que a própria Escritura tem a dizer sobre questões como esta:

“Esses tais demonstram um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca das palavras, que resulta em inveja, brigas e atritos constantes...” (1Tm 6, 4)

Como vemos, esse tipo de controvérsia sobre palavras não é nenhuma novidade. Voltando à questão, porque se apegam alguns a essa grande diferença inventada, entre palavras que são, na realidade, sinônimas? O que alegam, como já dissemos, é que rezar seria uma vã repetição de palavras decoradas, feita mecanicamente, enquanto que orar seria falar a Deus daquilo que vem do coração, com entrega, com fé e amor. – Para um fiel católico, entretanto, desmontar essa construção maldosa é muito fácil, simplesmente porque é desprovida de qualquer base sólida:

Em primeiro lugar, não é verdade que os católicos só podem se utilizar de orações prontas para falar a Deus. Todo católico pode e deve elevar suas próprias orações espontâneas ao Criador, usando as palavras que lhe vêm ao coração, para pedir, louvar, dar graças. O uso das fórmulas prontas sempre serviu (e serve) como uma espécie de guia, para orientar sobre a maneira correta de falar a Deus, conforme instruiu o próprio Senhor Jesus Cristo: quando um dos discípulos lhe perguntou como deveriam rezar ou orar (Lc 11,1-4. Mt 6,9-14), Ele não respondeu: "falem como quiserem, digam as palavras que lhes vierem ao coração". O que o Senhor fez foi ensinar a oração do Pai Nosso, dizendo: "Quando orardes, dizei assim...". –  O Senhor mesmo, pessoalmente, ensinou uma fórmula pronta, para que compreendêssemos o que era mais importante pedir a Deus, e em que ordem e de que maneira devemos fazê-lo.

Por meio desse modelo, Jesus nos ensinou como devem ser as nossas orações e como elas se tornam aceitáveis a Deus, nosso Pai do Céu. Vemos que pode ser muito útil usar fórmulas prontas como orientadoras para os nossos momentos de oração. Foi assim que o Cristo nos ensinou, e isso não quer dizer, de modo algum, que nossa oração será feita mecanicamente, sem entrega, sem devoção, sem amor.


O "X" da questão

Como sempre, quando discutimos com "evangélicos", não podemos encerrar a questão sem entrar no argumento bíblico. "Está na Bíblia", "não está na Bíblia", "onde é que está na Bíblia...", é o que invariavelmente ouviremos como resposta. E ao tentar esclarecer essa questão específica, há um argumento que virá inevitavelmente, em algum ponto da conversa: a citação do texto do Evangelho de Mateus:

“...Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt 6,7)

A tradução acima é a do protestante português J. F. de Almeida (das versões 'corrigida e revisada' ou 'revisada imprensa bíblica'), as mais usadas pelos "evangélicos". Já a versão da NVI (Nova Versão Internacional), que é um trabalho de tradução conjunto entre teólogos católicos e protestantes, traz uma diferença vital:

"...Quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mt 6,7)

Há uma diferença sutil, porém fundamental. Não fala em "vãs repetições". A NVI recebe críticas, tanto de católicos quanto de protestantes radicais, justamente pelos esforços conjuntos na tradução: ambos os lados consideram inadmissível a participação de apóstatas na tradução do texto sagrado. A lógica mais elementar, no entanto, grita o contrário: uma tradução conjunta, necessariamente descomprometida de interpretações teológicas particulares, terá que ser necessariamente próxima do que o texto original realmente diz, pois o único modo de não ferir posições contrárias é ater-se ao que está dito, sem pender nem para a direita e nem para a esquerda. Já a tradução da Sociedade Bíblica Britânica diz assim:

"Quando orardes, não useis de repetições desnecessárias como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos." (Mt 6,7)

Algumas palavrinhas (muitas vezes uma só palavrinha) fazem toda a diferença. E quando examinamos a mesma passagem numa Bíblia aprovada pela Igreja Católica (como a da Editora Ave Maria), notamos a divergência:

“Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras como fazem os pagãos, que julgam que serão ouvidos à força de palavras.” (Mt 6,7)

A tradução também católica da Editora Vozes é a seguinte:

"...Nas orações, não faleis muitas palavras, como os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa das muitas palavras." (Mt 6,7)

Observe que existe, no mínimo, uma controvérsia em se usar a expressão "vãs repetições", escolhido por Almeida e do qual os "evangélicos" tanto gostam, na tradução da passagem em questão. Finalizemos então esse assunto da melhor maneira possível, – analisando o texto bíblico original, em grego:

“Προσευχόμενοι δὲ μὴ βατταλογήσητε ὥσπερ οἱ ἐθνικοί, δοκοῦσιν γὰρ ὅτι ἐν τῇ πολυλογίᾳ αὐτῶν εἰσακουσθήσονται”. (Transliteração: 'Proseukomenoi de me battaloyesete osper oi etnikoi, dokusin gar oti en te polylogia auton eisakustesontai').

O vocábulo-chave aí é πολυλογίᾳ, que se pronuncia polylogia, e se traduz da seguinte maneira: poly quer dizer muito, bastante, em grande número; logia quer dizer palavra, discurso, descrição, linguagem, estudo, teoria. No contexto em questão, o termo está mais diretamente relacionado ao sentido de palavra. O termo polylogia, portanto, quer dizer algo como tagarelice, falatório, verborragia, prolixidade. Como vemos, na fiel tradução desta passagem dificilmente caberiam as palavras “vãs” e “repetições”, tão alardeadas.

Outro ponto importantíssimo é compreender que Jesus diz que não devemos falar muito, multiplicando as palavras (atenção) do mesmo modo como fazem os pagãos. É claro que os pagãos não recitavam os salmos, nem as orações que usavam os judeus e muito menos o Pai Nosso, que o Senhor ensinou aos seus discípulos. Se o fizessem, seriam recriminados? Certamente que não.

Agora, se "rezar" fosse o mesmo que usar de "vãs repetições", no sentido de repetir as mesmas palavras, então Jesus mesmo rezava, como vemos no Evangelho segundo S. Marcos, que mostra o Cristo falando a Deus Pai no jardim de Getsêmani, antes de Judas o trair:

"E, afastando-se de novo, orava dizendo novamente a mesma coisa..." (Mc 14, 39)

Se esta cena se passasse no Brasil, hoje, certos "pastores" diriam que Jesus estava cometendo um erro, "rezando" em vez de "orar", usando de "vãs repetições"...

Isso acontece porque muitos memorizam a Bíblia, mas poucos entendem o seu contexto e seus significados realmente profundos. Além disso, certas comunidades ditas "evangélicas" procuram valorizar sempre as diferenças, por menores que sejam, aumentando cada vez mais o fosso da separação entre cristãos. Ainda pior, querelas fúteis como esta servem de pretexto para alimentar a confusão entre os que buscam o verdadeiro cristianismo. Acentuando as diferenças, seja no culto ou nas palavras, imediatamente se identificam como “crentes” ou “evangélicos”, e se distanciam de católicos e ortodoxos. É uma tática inteligentemente adotada para crescer e prosperar: levar os ingênuos a acreditarem que somente eles são os detentores da salvação e da Verdade divina: somente eles é que conheceriam os sentidos das palavras, quando a realidade é o exato oposto.

E além de tudo, sejamos francos: quantos falsos profetas, – que já conhecemos tão bem, – são verdadeiros mestres da oratório, gênios dos belos discursos? Dizem que "oram", berram elaboradas palavras diante da assembleia deslumbrada, mas suas vidas estão repletas de podridão, luxúria, ostentação, idolatria ao dinheiro e às riquezas. Já uma certa Madre Teresa de Calcutá era tímida no falar, assim como Irmã Dulce dos Pobres e Frei Damião, apenas para citar alguns exemplos bem conhecidos: todos estes diziam "rezar", e suas vidas foram exemplos de caridade cristã. Quem se atreveria a dizer que essas pessoas não rezavam com o coração, com fé e grande amor a Deus?

Para finalizar, observemos o Salmo 135/6, que reproduzimo abaixo (na tradução protestante de J. F. de Almeida):

"Louvai ao SENHOR, porque ele é bom;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Louvai ao Deus dos deuses;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Louvai ao Senhor dos senhores;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que só faz maravilhas;
porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que por entendimento fez os céus;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que estendeu a terra sobre as águas;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que fez os grandes luminares;
Porque a sua benignidade dura para sempre..."

E assim prossegue a oração do salmista, até o final, repetindo sempre a mesma fórmula, de novo e de novo. Assim é que cai por terra, definitivamente, o argumento de que os católicos usem de vãs repetições em suas orações, e a suposta importante diferença existente entre os termos "orar" e "rezar".

Tanto "rezar" quanto "orar" englobam todos os gêneros de súplicas a Deus, desde aqueles de petição e agradecimento até as orações de louvor e glorificação ao Criador. Não se trata de nenhum segredo escondido: o leitor pode comprovar esta  simples realidade através de breve pesquisa. Tudo que precisamos fazer é deixar de dar ouvidos aqueles que se consideram donos da verdade, e buscar a Vontade de Deus com amor soberano, pureza de alma, fé desapegada e absoluta sinceridade.
 
Fonte Eletrônica;
 
http://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/diferenca-entre-orar-e-rezar-as-vas.html