top

create your own banner at mybannermaker.com!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

NÃO ME DEIXES BRINCAR DE PROFETA

Não permitas que eu brinque de ser teu porta-voz. Não me deixes brincar de profeta. Todo pregador, a seu modo é um profeta, mas nem todos são tão profetas quanto pensam ser. Muitos extrapolam das suas funções. Às vezes dizem que disseste o que nunca lhes foi dito. (Jr 14,14) Sonham e acham que o sonho deles é o teu. (Jr, 23,25-26)Inventam uma obra e gritam de cima dos telhados que tu a queres, quando são eles que a querem.
Não quero gritar ousadamente atrás de um microfone ou diante de uma câmera, que disseste o que não disseste, ou que pediste o que não pediste. Não usarei teu santo nome em vão. Quem fez isso acabou em crise. É terrível brincar de ser teu porta-voz quando não se é, ou inventar recados que certamente não lhe deste.
Quanto aos profetas que dizem falar em teu nome, espero que estejam dizendo a verdade. Deve ser terrível um impotente posar de porta-voz do Onipotente e, ainda por cima, garantir que não está mentindo. É melhor que não esteja!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Anuário Pontifício apresenta estatísticas da Igreja no mundo

Entre 2007 e 2008, o número de fiéis batizados no mundo aumentou consideravelmente, passando dos 1,147 bilhões para 1,166 bilhões, um aumento total de 19 milhões de fiéis e percentual de 1,7%. Comparando estes dados com a evolução da população mundial no mesmo período, que passou de 6,62 para 6,70 bilhões de pessoas, se observa que a incidência de católicos a nível mundial teve um ligeiro aumento, entre 17,33 e 17,40 por cento.Este é apenas um dos dados apresentados pelo Anuário Pontifício 2010. As estatísticas referentes ao ano de 2008 fornecem uma análise sintética das principais tendências relativas à Igreja Católica nas 2.945 circunscrições eclesiásticas do planeta.A partir de 2009, foram erigidas pelo Santo Padre oito novas sedes episcopais e uma Prelazia; uma Prelazia foi elevada a Diocese e três Prefeituras a Vicariatos Apóstolos. No total, foram nomeados 169 novos bispos.Entre 2007 e 2008, o número de bispos aumentou globalmente em 1,13%, passando dos 4.946 para 5.002. O aumento foi significativo na África (+ 1,83%) e nas Américas (1,57%), enquanto na Ásia (1,09%) e na Europa (0,70%) os valores estão bem abaixo da média global. A Oceania registrou, no mesmo período, uma taxa de variação de -3%. No entanto, tal diferença não causou alterações significativas na distribuição dos bispos por continente.A situação numérica dos sacerdotes, seja diocesanos ou religiosos, continua a mostrar, globalmente, uma evolução positiva, mas ainda moderada e em torno de 1% no período entre 2000 e 2008. Os sacerdotes, diocesanos e religiosos, de fato, aumentaram nos últimos nove anos, passando de 405.178 em 2000 para 408.024 em 2007 e 409.166 em 2008. A distribuição do clero entre os continentes, em 2008, é caracterizada por uma elevada prevalência de padres europeus (47,1%), enquanto os americanos são 30%; o clero asiático responde por 13,2%, o africano por 8,7% e o da Oceania por 1,2%.Entre 2000 e 2008, não se alterou a incidência relativa aos sacerdotes na Oceania; ao contrário, cresceu o número do clero africano, asiático e americano, enquanto o clero europeu visivelmente diminuiu de 51,5 para 47,1%.No rol dos trabalhadores religiosos que auxiliam a atividade pastoral dos bispos e padres, os religiosos professos constituem o grupo de maior peso numérico. Tais religiosos, que eram 801.185 no mundo todo em 2000, diminuíram gradualmente, de tal modo que, em 2008, havia 739.067 (com uma diminuição relativa no período de 7,8%). Destaca-se que o grupo mais numero de religiosos professos encontra-se na Europa (40,9%) e na América (27,5%), e que as diminuições mais significativas ocorreram igualmente na Europa (- 17,6%) e na América (-12,9%), assim como na Oceania (-14,9%), enquanto na África e na Ásia houve um aumento significativo (+21,2% e 16,4%, respectivamente), que contrabalançaram a redução antes apresentada, mas não ao ponto de anulá-la.Em nível global, o número de candidatos ao sacerdócio aumentou, passando de 115.919 em 2007 para 117.024 em 2008. No biênio, houve uma taxa de crescimento de cerca de 1%. Esta mudança foi positiva na África (3,6%), na Ásia (4,4%) e na Oceania (6,5%), enquanto a Europa registrou uma diminuição de 4,3%. A América apresenta uma situação de estabilidade.Apresentação ao PapaOs dados foram apresentados ao Santo Padre na manhã deste sábado, 20, pelo secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, e pelo substituto do secretário de Estado para Assuntos Gerais, Dom Fernando Filoni.A redação do novo anuário esteve aos cuidados do responsável do Escritório Central de Estatísticas da Igreja, monsenhor Vittorio Formenti, do professor Enrico Nenna e de outros colaboradores.O complexo trabalho de impressão esteve aos cuidados de Dom Pedro Migliasso, S.D.B., Antonio Maggiotto e Giuseppe Canesso, respectivamente Diretor Geral, Diretor Comercial e Diretor Técnico da Tipografia Vaticana.O Santo Padre expressou sua gratidão, mostrando grande interesse pelos dados apresentados e expressando sua grande gratidão a todos os que contribuíram para a nova edição do Anuário.Siga o Canção Nova Notícias no twitter.com/cnnoticias Conteúdo acessível também pelo iPhone - iphone.cancaonova.com

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Campanha da Fraternidade

A Igreja Católica do Brasil, todos os anos na Quaresma, propõe um tema para reflexão, instrução e vivência do povo cristão. Neste ano, o tema que a CNBB propõe é “Economia e Vida”. O lema é: “Vocês não podem servira Deus e ao dinheiro”. Como já aconteceu em outros anos, a Campanha da Fraternidade atual tem caráter ecumênico, isto é, foi aceita e assumida também por boa parte dos cristãos não católicos.
Todos dependemos do dinheiro para viver. Quando falta, a pessoa passa a sofrer até alimentar-se e ter uma vida digna. Quando o dinheiro é demais, pode gerar – e muitas vezes gera – individualismo e egoísmo. A Campanha quer despertar no cristão a consciência da necessidade de colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida.
É pois esta Campanha da Fraternidade um esforço de re-educação para volvermos o olhar para o ambiente ao nosso redor e corrigir o individualismo e o egoísmo que sorrateiramente contaminam nossos sentimentos e nosso agir. Precisamos soltar as amarras e alçar voo.
A propaganda nos rádios e na televisão é tão intensa e aliciadora que leva a um consumo desenfreado e a uma cultura do desperdício. Perde-se a sensatez de verificar se o que nos é oferecido com cores vivas e tentadoras é mesmo algo de que precisamos e também se nos é útil, pois vivemos a loucura do consumismo.
Por isto esta Campanha da Fraternidade pretende reeducar-nos para uma vida mais sóbria e mais responsável, sem a escravidão e a dependência dos que perderam o senso crítico e a objetividade. Por isto vivem com a obsessão de sempre ter mais.
Esta quaresma, conforme a proposta da CNBB, quer levar-nos a uma “economia de comunhão” em que o lucro seja fonte de generosidade e convite de abertura das mãos e do coração em favor de quem nada tem. Esta é uma lúcida, oportuna e generosa Campanha da Fraternidade à luz da ressurreição do Senhor. Necessário pois lembrar e entender: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”.
Dom Benedicto de Ulhôa Vieira

Celebração ecumênica abre a Campanha da Fraternidade em BH

Exemplo de preocupação com o próximo deixando as diferenças religiosas de lado as igrejas igrejas Anglicana, Luterana, Presbiteriana e Ortodoxa em ajuda a campanha da fraternidade deste ano:
Uma celebração Ecumênica conduzida pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, e por representantes das igrejas que compõem o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic) marcou a abertura da Campanha da Fraternidade em Belo Horizonte. Centenas de pessoas lotaram o teatro da PUC Minas, numa demonstração de fé e união.
Em entrevista coletiva à imprensa, o dom Walmor lembrou que, agora, é tempo de conversão. “A Quaresma nos chama à conversão, à consciência moral, à clareza de nossas ações. Economia tem tudo a ver com a vida, que é um dom de Deus. A Campanha da Fraternidade tem como moldura o tempo da Quaresma, um momento de mudança no coração e mente das pessoas para que sejamos solidários e para que o modo de vida não fique determinado pela questão do dinheiro”, disse. Dom Walmor frisou o caráter ecumênico da Campanha, o que significa a participação não só da Igreja Católica, mas também das igrejas Anglicana, Luterana, Presbiteriana e Ortodoxa.
Para Irmã Márcia Maria Lobo Leite, presidente do Conic em Minas Gerais, a Campanha da Fraternidade convoca os cristãos e pessoas de boa vontade para lutarem por uma transformação social, a fim de que o país livre-se da fome e da miséria. O vice-presidente do Conic no estado, pastor Márcio Moreira, ressaltou que o movimento ecumênico do Brasil “talvez seja o mais importante de toda a América Latina e Europa”, por reunir o maior número de igrejas cristãs. A coordenadora do Fórum Brasileiro de Economia Popular Solidária, Shirlei Aparecida Almeida, explicou que “todos têm direito ao bem-viver e a uma vida digna. A economia e natureza estão entrando em colapso. É possível fazer uma outra economia, baseada em outros valores, como os sustentáveis. Precisamos mudar o modelo, senão vamos ser expulsos do planeta”.
De acordo com os organizadores da CFE, em Minas, “a Celebração Ecumênica, com a presença de centenas de pessoas, que participaram ativamente em todos os momentos, demonstra a adesão verdadeira à Campanha da Fraternidade 2010, o compromisso com a sustentabilidade, com a Economia e Vida, a esperança de construir uma sociedade mais justa, com a união de todos pela paz”.

O que é a Quaresma?

Nós cristãos celebramos todo ano a festa da Páscoa: a morte e a ressurreição de Jesus e tamém a nossa. É a maior de todas as festas. A mais importante... Grande demais para ser preparada em apenas três dias ou uma semana. Por isso, estendemos a sua preparação para quarenta dias. Daí Quaresma, período de quarenta dias, que vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa pela manhã.
Os textos litúrgicos que rezamos durante o tempo da Quaresma são belíssimos e nos conduzem ao verdadeiro espírito deste “tempo favorável”. Poderia citar muitos mas o espaço do artigo não me permite. Cito portanto apenas o Prefácio da Quaresma V (Missal Romano, pág. 418) como síntese de toda esta riqueza:
“Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação louvar-vos, Pai santo, rico em misericórdia, e bendizer vosso nome, enquanto caminhamos para a Páscoa, seguindo as pegadas de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, mestre e modelo da humanidade, reconciliada e pacificada no amor.
Vós reabris para a Igreja, durante a Quaresma, a estrada do Êxodo, para que ela, aos pés da montanha sagrada, humildemente toma consciência de sua vocação de povo da aliança. E, celebrando vossos louvores, escute vossa Palavra e experimente os vossos prodígios.
Por isso, olhando com alegria esses sinais de salvação, unidos aos anjos e aos santos, entoamos o vosso louvor, cantando a uma só voz:”
Podemos encontrar neste Prefácio todos os elementos que caracterizam não só a liturgia deste Tempo, mas especialmente a sua teologia, a sua espiritualidade e a sua pastoral. Voltamo-nos para Deus, “Pai Santo, rico em misericórdia”; relembramos a grande experiência do Êxodo, da Aliança, da libertação e da nova terra; assumimos nossa atitude de povo peregrino, ouvintes da Palavra, povo amado e escolhido por Deus; nosso modelo é Cristo, cuja morte e ressurreição celebramos de forma mais intensa neste tempo. Enfim, a Quaresma é um “sinal de salvação” ou, numa expressão usada num artigo de Dom Manoel João Francisco, “sacramento anual de reconciliação”.
É indispensável que recuperamos também a Quaresma como o tempo ideal de fazer a preparação final dos catecúmenos que serão batizados, confirmados e receberão a Eucaristia na Vigília Pascal. O Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA) lembra que “o tempo da purificação e iluminação dos catecúmenos é normalmente a Quaresma. De fato, na liturgia e na catequese, pela comemoração ou preparação do Batismo e pela penitência, a Quaresma renova a comunidade dos fiéis juntamente com os catecúmenos e os dispõe para a celebração do mistério pascal, ao qual os sacramentos de iniciação associam cada um” (Introdução do RICA, n. 21).
2. Simbolos, ritos, gestos quaresmais
São vários os símbolos, as atitudes e iniciativas humanas e religiosas que acompanham e enriquecem o tempo da Quaresma, no qual, como em toda preparação, já saboreamos de certa maneira a festa da Páscoa que virá. Por exemplo:
A cor roxa, as cinzas e a cruz lembram o caráter de penitência e conversão próprio deste tempo. Isto se manifesta também no visual do espaço celebrativo, sóbrio, despojado.
O jejum nos orienta a dar mais atenção à Palavra de Deus. A fome que sentimos (quando fazemos jejum) pode simbolizar e evocar a fome que temos da Palavra de Deus. É tempo forte, portanto, de escuta da Palavra, pois através dela vamos conhecer os desejos de Deus e praticar a sua vontade.
Ajudados pela Campanha da Fraternidade, intensificamos a prática da caridade, procurando corrigir e aperfeiçoar, à luz da Palavra de Deus, nosso jeito como tratamos as pessoas e com elas nos relacionamos, sobretudo os mais pobres e sofredores, e como procuramos ajudá-los a viver com dignidade. Nesta ano de 2010, temos uma motivação ainda maior por ser uma Campanha da Fraternidade Ecumênica.
Nesse tempo forte da vida da Igreja intensificamos nossa vida de oração, na forma de súplicas, pedidos de perdão, intercessão, agradecimento, compromissos de fé, melhor participação na comunidade etc. É um tempo próprio para, nas comunidades, a gente participar de alguma celebração penitencial (individual ou comunitária). Sobre estas três atitudes – jejum, esmola e oração – os Santos Padres fazem muitas referências. Recordemos algumas: “O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente” (São Pedro Crisólogo). “Não tem mérito nenhum negar alimento ao corpo se no coração não se renuncia à injustiça e se a língua não se abstém da calúnia” (São Leão Magno). “A esmola só será autêntica se à ajuda material estiver unido o perdão das ofensas” (Santo Agostinho).
Podemos expressar nossa vontade de participar da caminhada sofrida de Jesus (vítima da violência, de ontem e de hoje), participando de procissões (de ramos, do encontro, do Senhor morto etc.), Via-Sacras, círculos bíblicos etc.
Expressamos o “clima” próprio deste tempo forte da vida da Igreja também através da música e do canto. Há uma música própria e cantos que caracterizam este tempo, além do hino da CF . O Hinário 2 da CNBB apresenta também um bom repertório de músicas litúrgicas quaresmais. Na introdução do Hinário 2 lemos: “Cantar a Quaresma é, antes de tudo, cantar a dor que se sente pelo pecado do mundo, que, em todos os tempos e de tantas maneiras, crucifica os filhos de Deus e prolonga, assim, a Paixão de Cristo. O canto da quaresma nos inspira e anima a assumir, com mais garra do que nunca, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. (...) Pela participação em seus sofrimentos, isto é, ‘obedientes ao Pai e comprometidos com os irmãos até o fim’ (cf. Jo 13,1), ‘cheguemos à glória da sua ressurreição’ (cf. Fl 3, 10-11)”. Para ajudar nesta vivência, é aconselhável também que se evite na Quaresma o toque de instrumentos musicais. Também não cantamos o “glória” e o “aleluia”.
3. Lembretes práticos para as equipes de liturgia e de celebração
O espaço litúrgico, despojado, sóbrio e “vazio” nos ajuda a esvaziar o coração para preenchê-lo com a Palavra, que é luz para nossos passos e que nos converte.
Momentos de silêncio, principalmente entre as leituras e após a homilia, são importantes.
Um sinal permanente no espaço litúrgico, como um tecido roxo em forma de faixa na mesa da Palavra ou como detalhe na mesa eucarística (sem “tampar” ou esconder o altar), ajudará na experiência quaresmal. Não colocar o cartaz da CF em frente ao altar ou ambão, mas num outro local, de preferência na entrada da igreja, bem visível para a comunidade.
A cruz, pela qual fomos marcados no Batismo, deve ser destacada. Ela lembra que somos discípulos e discípulas de Jesus, que superou o fracasso humano da cruz com um amor que vence a morte.
A comunidade pode fazer maior experiência da misericórdia de Deus através do sacramento da Reconciliação, de celebrações penitenciais e também de retiros.
4. Semana Santa e Tríduo Pascal: a conclusão da quaresma
Existe um jeito, um lugar, um momento muito especial no qual aprenderemos a “viver a semana santa”. É o que nos aponta o saudoso Papa Paulo VI: “Se há uma liturgia que deveria encontrar-nos todos juntos, atentos, solícitos e unidos para uma participação plena, digna, piedosa e amorosa, esta é a liturgia da grande semana. Por um motivo claro e profundo: o Mistério Pascal, que encontra na Semana Santa a sua mais alta e comovida celebração, não é simplesmente um momento do Ano Litúrgico: ele é a fonte de todas as outras celebrações do próprio Ano Litúrgico, porque todas se referem ao mistério da nossa redenção, isto é, ao Mistério Pascal”.
“Viver a semana santa” significa fazermos memória destas ações maravilhosas de Deus. Mais, saber que estamos “re-vivendo” todos estes fatos. “De geração em geração, cada um de nós é obrigado a ver-se a si próprio, com os olhos penetrantes da fé, como tendo ele mesmo estado lá no Calvário, na primeira sexta-feira santa, e diante do sepulcro vazio, na manhã da ressurreição. Hoje, todos nós, aqui reunidos para celebrar a eucaristia, estávamos lá, prontos a morrer na morte de Cristo e a ressuscitar em sua ressurreição. Será exatamente nossa comunhão com o corpo sacramental do verdadeiro Cordeiro que nos tornará realmente presentes àquele eterno presente.”
Pe. Carlos Gustavo Haas

PAPA NO BRASIL AFIRMOU: " IGREJA BUSCA NOVOS FIÉIS ALÉM DOS DESGARRADOS!"

O papa Bento 16 orientou hoje que a Igreja Católica no Brasil busque novos fiéis e recupere aqueles que foram perdidos para outras religiões. A orientação foi dada no encontro realizado com os bispos brasileiros, na Catedral da Sé, na região central de São Paulo.O papa também condenou as uniões livres e o divórcio. "Justificam-se alguns crimes contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual; atenta-se contra a dignidade do ser humano; alastra-se a ferida do divórcio e das uniões livres."Em seu discurso, ele admitiu que uma das aflições da igreja são os católicos que "abandonam a vida eclesial". Acompanhe ao vivo a visita do papa Bento 16 ao Brasil em tempo real na Folha Online.Para Bento 16, a solução para esse problema passa pela "evangelização em que Cristo e a sua Igreja estejam no centro de toda explanação". Ele disse ainda que os fiéis perdidos para outras igrejas não resistiram às investidas de outras religiões. "As pessoas mais vulneráveis ao proselitismo agressivo das seitas --que é motivo de justa preocupação-- e incapazes de resistir às investidas do agnosticismo, do relativismo e do laicismo são geralmente os batizados não suficientemente evangelizados, facilmente influenciáveis porque possuem uma fé fragilizada e, por vezes, confusa, vacilante e ingênua, embora conservem uma religiosidade inata."O papa recomendou aos bispos "encaminhar a atividade apostólica como uma verdadeira missão dentro do rebanho que constitui a Igreja Católica no Brasil, promovendo uma evangelização metódica e capilar em vista de uma adesão pessoal e comunitária a Cristo". Além de recuperar os fiéis desgarrados, o papa disse que os bispos não devem poupar esforços na busca de novos católicos. "Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo."PeriferiaO papa recomendou ainda a prática de ações solidárias para ajudar os mais pobres. "Se as pessoas encontradas estão numa situação de pobreza, é preciso ajudá-las, como faziam as primeiras comunidades cristãs, praticando a solidariedade, para que se sintam amadas de verdade."Bento 16 disse que a igreja tem que estar presente entre os pobres das periferias urbana e do campo. "O povo pobre das periferias urbanas ou do campo precisa sentir a proximidade da igreja, seja no socorro das suas necessidades mais urgentes."Ele reconheceu a o déficit social do Brasil. "Não é nenhuma novidade a constatação de que vosso país convive com um déficit histórico de desenvolvimento social, cujos traços extremos são o imenso contingente de brasileiros vivendo em situação de indigência e uma desigualdade na distribuição da renda que atinge patamares muito elevados."O sumo pontífice orientou os bispos a procurarem por "soluções novas e cheias de espírito cristão". Uma visão da economia e dos problemas sociais leva a considerar as coisas sempre do ponto de vista da dignidade do homem, que transcende o simples jogo dos fatores econômicos."Bento 16 também orientou a igreja a trabalhar pela formação dos políticos brasileiros. Deve-se, por isso, trabalhar incansavelmente para a formação dos políticos, dos brasileiros que têm algum poder decisório, grande ou pequeno e, em geral, de todos os membros da sociedade, de modo que assumam plenamente as próprias responsabilidades e saibam dar um rosto humano e solidário à economia.Mais uma vez ele condenou a ambição pessoal. "Quem assume uma liderança na sociedade deve procurar prever as conseqüências sociais das próprias decisões, agindo segundo critérios de maximização do bem comum, ao invés de procurar ganâncias pessoais."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A importância da família

O relato de São João sobre as Bodas de Caná (cf. cap. 2,1-11) mostra claramente como Jesus valoriza a família. Foi o primeiro milagre do Senhor, abençoando com Sua presença os noivos, que pretendiam iniciar uma nova família. Ele quis iniciar o anúncio do Reino em um casamento, mostrando que a família é importante para Ele.
A família é a base, o esteio, o sustento de uma sociedade mais justa. Ao longo da história da humanidade, assistimos à destruição de nações grandiosas por causa da dissolução dos costumes, motivada pela desvalorização da família.
No nosso mundo de hoje, depois que ficou liberado o divórcio indiscriminadamente, a família ficou ameaçada em sua estrutura e é por isto que vemos, através dos meios de comunicação e até na comunidade em que vivemos, cenas terríveis. Filhos drogados matam ou mandam matar os pais, pais matam filhos por motivos fúteis, mães se desfazem de seus bebês, quando não cometem o crime hediondo do aborto quando a criança não tem como se defender. Há problemas seríssimos. Quando os pais se separam, alguma coisa se parte no íntimo dos filhos. Eles não sabem se é melhor ficar com o pai ou com a mãe. No fundo, eles gostariam de ficar com os dois. Em paz e harmonia, é claro.
O amor está sendo retirado do coração dos homens e das mulheres. E, em consequência disso, a família está perdendo a sua unidade e a sua dignidade. Isso acarreta a dissolução dos costumes. A família decai e a sociedade decai. Precisamos compreender e nos lembrar sempre de que Deus nos deu uma família a fim de que, num âmbito menor, nós pudéssemos aprender a amar todos os nossos semelhantes.
O desenvolvimento tecnológico tem seus pontos benéficos. Facilitou a vida das pessoas. Mas facilitou de tal modo que a humanidade ficou mal-acostumada. Só quer o que é fácil. Não se interessa pelo que exige esforço, luta. No entanto, o que conquistamos com esforço tem um sabor muito melhor. Parece que nos esquecemos disso.
Na passagem das Bodas de Caná, Jesus transformou a água em vinho, em bom vinho. Ele poderia ter tirado o vinho do nada, mas Ele quis a participação humana. Por isso, mandou que enchessem as talhas de água. Hoje também, Ele quer que nós enchamos a talha de nossa vida, a nossa existência, de água que Ele transformará no melhor vinho.
Que é que isso quer dizer? Quer dizer que precisamos colocar amor em nossa vida, em nossa família, para que o Senhor transforme esse amor humano em amor divino, o mesmo amor que une as pessoas da Santíssima Trindade e que é tão grande e tão repleto de felicidade, que extravasa, explode e quer ser espalhado entre nós. E é por meio dele que encontraremos a plenitude da felicidade.
Não é fácil cultivar o amor, às vezes, é até difícil. Mas o difícil, quando conquistado, tem um valor inestimável. Temos prova disso. Em uma competição esportiva, por exemplo, o vencedor fica mais satisfeito quando enfrenta adversários mais difíceis.
Viver em família, viver em união dentro da família não é fácil. Mas fácil não é sinônimo de bom. Talvez seja até o contrário.
A família precisa de amor para ser bem estruturada. A sociedade precisa das famílias para realizar a justiça e a paz porque a sociedade é uma família amplificada.
Falta o vinho para as nossas famílias. Esse vinho é o amor. É preciso que cada membro da família se esforce. Que os pais assumam verdadeiramente o seu papel. Apesar de ser bem árdua a tarefa dos pais, no mundo de hoje, não se pode desanimar. É necessária e urgente a ação dos genitores. O jovem é, por natureza, rebelde, quer ser independente. Desperta para o mundo e seus problemas e questiona tudo. Mas os pais precisam participar de sua vida, de uma maneira ou de outra, porque, mesmo errando, algumas vezes, ainda assim, os pais têm capacidade de orientar e ajudar os filhos. Não podemos deixar tudo por conta dos companheiros, da escola, da sociedade ou de sua própria solidão.
Os pais devem fazer o acompanhamento dos filhos, procurar saber o que está acontecendo com eles, tentar ajudar de várias maneiras: com orientações, com atitudes exemplares, com o diálogo, com orações. Sempre. Tanto em casa, como na escola, na vida religiosa e social, nos namoros, etc.
Muitas vezes, os pais se sentem impotentes. Muitas vezes, achamos que já fizemos tudo e que nada conseguimos. Entretanto, esforçando-nos ao máximo, dando o melhor de nós por uma família mais feliz, estaremos enchendo de água a nossa talha.
E Maria já estará falando com o Filho: "Eles não têm vinho." E Jesus virá nos transformar, transformar a nossa água em bom vinho, transformar a nossa dificuldade em vitória.
Aliás nestes dias estou tendo a alegria de participar, no Rio de Janeiro, sob a orientação de nosso venerando amigo e dileto irmão Dom Orani João Tempesta, O. Cist, Arcebispo de São Sebastião, de mais um curso para bispos analisando o cambiamento de época. Nesse sentido a família não pode ser afetada pelos modismos, porque nela reside a grande esperança de um mundo melhor, de amor verdadeiro e de Igreja comprometida em valorizar a família humana, rosto da família divina.
Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O que falta para você dizer 'sim'?

É impressionante perceber como Deus quer se manifestar em nossa vida cada vez de forma mais surpreendente. Ele não mede limites para nos proclamar o Seu Amor "constrangedor" e vê nas nossas limitações e misérias uma oportunidade de nos surpreender a todos, demonstrando no instrumento incapaz a plenitude da Sua manifestação.
Deus tem uma fascinação especifica por aqueles que se demonstram mais limitados, mais pecadores e por isso os separa, os consagra e os lança para o Seu povo. É assim que um chamado, com um "sim" decisivo dado a cada dia, se torna vida e felicidade para quem segue a voz do Bom Pastor. Um "sim" dado para sempre, mas que se renova a cada momento, a cada passo que damos rumo à realização plena da vontade de Deus.
Há uma pedagogia própria do Senhor para atrair aqueles que foram escolhidos por Ele. Ele usa daquilo que faz parte da vida do homem e manifesta a Sua vontade. A alguns Ele chama em meio aos campos, nas "praias" da vida e a outros, em meio ao barulho das cidades de um mundo que grita, tentando impedir-nos de escutar a doce voz que nos elegeu. Basta estarmos atentos aos sinais e poderemos perceber há quanto tempo Ele vem esperando que lancemos um simples olhar em Sua direção, para que então possa nos revelar – pouco a pouco – a Sua vontade.
Deus Pai escolhe quem quer, por isso não adianta tentarmos demonstrar o quanto somos fracos para tão grande missão, escondendo e justificando os nossos medos atrás de nossas misérias, pois o Senhor nos conhece mais do que nós mesmos, por essa razão nos chamou. Assim a nossa vida passa a ser um reconhecimento de que nada somos, mas que n'Ele tudo é possível. Reconhecemos que não merecemos esse chamado, por isso mesmo transformamos a nossa vida em um ato de louvor ao Senhor, com uma gratidão eterna que precisa ser demonstrada em fidelidade concreta.
Se Deus não mede esforços para nos demonstrar isso, – e mais do que isso –, para nos convencer de que Ele nos escolheu, porque ainda estamos perdendo tempo? O que mais nos falta para dizermos "sim" e nos lançarmos na vontade do Senhor? Coragem? Decisão? Abandono? Confiança?
Não podemos negar que é muito difícil romper com toda a ideologia depositada em nossa consciência, a qual nos leva a querer seguranças e tranquilidade. Fomos formados em uma sociedade imediatista, que quer o agora e na qual tudo é para ontem. Por isso é tão difícil. Mas não é impossível!
A cada dia cresce o número de jovens, rapazes e moças, que abandonaram tudo e decidiram viver abandonados em um Amor muito maior do que eles mesmos. Mais do que seguranças é o olhar de plena felicidade e realização interior que testemunham como vale a pena seguir a voz do Amado. Jovens que tiveram a coragem de romper com tudo e se lançar na novidade que o Evangelho nos oferece a cada dia. Eles são, com suas vidas, a prova concreta de que vale a pena.
Por que você ainda continua perdendo tempo? Se for uma palavra direta ou um sinal concreto de que você precisava para dar o primeiro passo, ao ler esse texto você o encontrou. Deus, mais uma vez, está falando com você! Pode ser que o medo do "novo" seja grande, mas onde está a ousadia própria da juventude? Você já foi corajoso para fazer muita coisa que não prestava na sua vida, por que então não demonstrar toda essa coragem agora, entregando sua existência nas mãos d'Aquele que verdadeiramente o ama?
O que, uma vez, escrevi, eu reafirmo: ninguém erra por buscar a vontade de Deus! Nunca me arrependi de ter dado um passo na direção da vontade de Deus para a minha vida; pelo contrário, à medida que continuo dando passos mais realizado e mais feliz eu sou, porque mais perto do Senhor eu estou.
Antes de tudo é para isto que o Todo-poderoso nos chama: para sermos d'Ele. E nessa Divina Vontade está o segredo da felicidade de tantos homens e mulheres, sorridentes em meio a um mundo triste. Por essa razão, não tenha medo de entregar ao Senhor aquilo que Lhe é de direito: a sua vida. Experimente como é maravilhoso ser amado e ser instrumento desse Amor maior. Deus está gritando! O que falta para você dizer "sim"?
Seu irmão,

Renan Félix

Papa: vocacionados devem se concentrar em Deus, não em limitações

Todas as pessoas chamadas a uma vocação precisam fixar os olhos em Deus e na misericórdia, e não devem ficar concentradas nos próprios pecados e limitações. Foi este o centro da mensagem do Papa Bento XVI durante a tradicional oração do Angelus, neste domingo, no Vaticano.Com a Praça de São Pedro repleta de fiéis, o Papa fez um resumo das três leituras da Missa de hoje, citando o profeta Isaias do Antigo Testamento e os apóstolos São Pedro e São Paulo do Novo Testamento. No texto sobre Isaías Bento XVI destacou como o profeta sentia-se indigno de proclamar a Palavra de Deus, a ponto de um anjo precisar vir ao encontro dele com uma espécie de brasa que purificava os lábios. Sobre São Pedro, o Papa ressaltou a experiência da pesca superabundante, mesmo após uma noite inteira de fracasso em alto mar. O fator de mudança foi a obediência a uma ordem de Jesus.Quanto a São Paulo, o Pontífice destacou que o personagem bíblico se sentiu indigno de ser chamado de apóstolo, pelo fato de ter perseguido os cristãos. Mas, apesar disso, recebeu a tarefa de pregar o Evangelho.
"Nestas três experiências vemos como o encontro autêntico com Deus leva o homem a reconhecer a própria pobreza e inadequação, seu próprio limite e seu próprio pecado. Mas, apesar dessa fraqueza, o Senhor, cheio de misericórdia e perdão, transforma a vida do homem e chama a segui-lo", destacou."Na verdade, Ele não presta atenção ao que é importante para o ser humano: 'O homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração' (1 Sm 16,7), e torna homens pobres e fracos, mas que têm fé nele, em intrépidos apóstolos e pregadores da salvação", afirmou. Aos sacerdotesReferindo-se ao Ano Sacerdotal, instituído como um tempo especial de santificação dos sacerdotes, Bento XVI fez um apelo: "Em particular, exorto todo sacerdote para reavivar a sua generosa disponibilidade para responder todos os dias ao apelo do Senhor com a mesma humildade e fé de Isaías, Pedro e Paulo".Defesa da vidaBento XVI também falou em defesa da vida, condenando o aborto e a eutanásia. "Ninguém é dono de sua própria vida, mas todos são chamados a preservá-la e a respeitá-la, desde o momento da concepção até à sua extinção natural".

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Reminiscências pentecostais 2

Ricardo Gondim
Há uns quinze anos, fui procurado por um teólogo católico alemão que pesquisava o movimento pentecostal no Brasil. O jovem desejava conhecer melhor o que ele considerava como “o mais democrático fenômeno religioso” já visto. Extasiado com o que testemunhara na baixada fluminense, com novas igrejas brotando todos os dias, queria saber mais.
Realmente, o movimento pentecostal marcou o século 20. No Brasil, a Assembleia de Deus chegou a somar quase a metade de todos os protestantes. A capilaridade do movimento é fenomenal. Eu já preguei em catedrais e em garagens transformadas em templo. Entre 1976 e 1982, como evangelista associado de uma missão, visitei todo tipo de congregações pelo Brasil. Espantei-me com a autonomia dos pentecostais, que nunca esperavam por determinações dos líderes para se expandir.
De onde vem essa enormidade numérica? As respostas variam. Os próprios pentecostais são categóricos: o Espírito Santo age em suas igrejas. Outros atrelam o avanço do movimento ao êxodo do campo. O teólogo Harvey Cox percorreu o mundo em busca de respostas. Concluiu que o sucesso do pentecostalismo se deve à sua capacidade de preencher o vazio de uma geração e alcançar “além dos limites do credo e da cerimônia para chegar ao âmago da religiosidade humana”.¹
Acredito que o fenômeno das línguas estranhas explique alguma coisa. A princípio criticado por tirar as pessoas do pleno controle de suas faculdades, o falar em línguas estranhas (glossolalia) serviu para atrair milhões. A experiência de falar em uma língua desconhecida vem de John Wesley, que ensinou que a santificação dos crentes acontece em uma segunda experiência. Assim, quando os cultos da rua Azuza, em Los Angeles, se tornaram notórios, essa segunda experiência não se restringiu à santificação; o êxtase veio acompanhado de línguas para capacitar na tarefa de evangelizar o mundo. Os crentes poderiam evangelizar as nações, sem precisar aprender idiomas; Deus habilitaria o missionário para pregar e ser compreendido. Os dois capítulos iniciais de Atos foram invocados como base. Assim, os pentecostais, desavergonhados, assumiram o falar palavras ininteligíveis como marca distintiva do movimento.
O pentecostalismo nasceu, portanto, da euforia missionária do início do século 20, que esperava o arrebatamento da igreja. Era necessário “apressar” a volta de Cristo evangelizando os confins da terra. Assim, enquanto as escolas tradicionais gastavam anos no preparo de evangelistas, o forno aquecido da reunião de oração pentecostal despachava milhares de pregadores leigos. Voluntários certos da capacitação extraordinária que receberam estavam dispostos a se embrenharem nos lugares esquecidos do planeta.
Enquanto fundamentalistas ressaltavam a necessidade de conhecer os idiomas originais da Bíblia para uma interpretação acurada, homens e mulheres semi-analfabetos afirmavam ter adquirido capacitação espiritual de não apenas entender as Escrituras, como também de proclamá-la além-mar.
Depois, os próprios pentecostais perceberam que a glossolalia não ajudava na comunicação do evangelho. Porém, para não abandonar a ideia de que o falar em línguas era um dom de poder, passaram a ensinar que o dom sinalizava o poder que reveste os crentes para serem mais eficazes em suas ações. Mais tarde, com o movimento de renovação entre protestantes tradicionais e católicos, línguas estranhas ganharam outro significado: comunicação íntima com Deus para a edificação do crente.
À medida que a doutrina se sofisticou, passou-se a considerar dois tipos de língua estranha: como sinal inicial do batismo no Espírito Santo e como variedade de línguas, para enriquecer a vida devocional.
Fui batizado no Espírito Santo em uma reunião de oração na Assembleia de Deus de Fortaleza, em 1974. Falei em línguas em um êxtase que jamais esqueci. Dali, senti-me impulsionado a pregar. Como os primeiros negros americanos, parti para fazer missões, certo que Deus me revestira de seu poder.
Infelizmente, observo que o dom de línguas perdeu valor e sentido entre os pentecostais.
Vale a crítica de que no pentecostalismo alguns se consideram privilegiados e menosprezam os que não falam em línguas, considerando-os menos especiais. Também, o movimento exagerou na individualidade do dom de línguas, que já não mobiliza para missões como em tempos passados. Evangelistas gostam de entrecortar suas pregações com glossolalia para se exibirem como ungidos. Atualmente, neopentecostais dão curso para ensinar línguas estranhas, com técnica e tudo mais.
O pentecostalismo clássico no Brasil (Assembleia de Deus, Congregação Cristã, O Brasil para Cristo) perdeu embalo. Engessado pelo legalismo e desarticulado por politicagem interna, cedeu espaço a igrejas neopentecostais midiáticas que usam a teologia da prosperidade como carro-chefe.
Lamentável. No século 20, nenhuma expressão do cristianismo foi mais competente que o pentecostalismo em resgatar a doutrina da Imago Dei entre os pobres. E não há perspectiva de nada novo em médio prazo.
Soli Deo Gloria

Reminiscências pentecostais

Ricardo Gondim
Já se vão mais de trinta anos desde que entrei em uma igreja pentecostal pela primeira vez. Era quinta-feira. A igreja do Serviluz, na zona portuária de Fortaleza, estava lotada. O ambiente parecia eletrizado. Cantaram três corais. Quando chegou a vez das mulheres, o pastor me cochichou: “A maioria é ex-prostituta daqui do bairro”. Quando terminaram, quase todas choravam muito. Eu nunca presenciara tamanha emoção. Encantei-me com a gratidão das mulheres. Algumas senhoras, precocemente envelhecidas pela miséria, se desmanchavam em lágrimas. Nunca esquecerei o hino (nº 340 da Harpa Cristã):
Eis que surge um povo forte, Revestido de poder; E não teme nem a morte, Quem a ele pertencer; E terá sublime sorte, Pois com Cristo ao céu vai, Podes tu dizer também. “Sou um dos tais”?
Eu estava diante da força do movimento pentecostal, que me apaixonou por décadas. Testemunhava o que a experiência do batismo no Espírito Santo significava no resgate da dignidade de excluídos.
Os primeiros pentecostais vinham das camadas dos discriminados e alienados. Nas reuniões da rua Azuza, em Los Angeles, onde um punhado de negros buscava a presença de Deus, o movimento atraiu os pobres. O enchimento do Espírito, afirmavam, tornaria qualquer um especial. Assim, os primeiros pentecostais não legitimavam preconceitos, mas ofereciam abrigo aos excluídos. As igrejas eram um porto seguro para aqueles que a sociedade havia jogado na marginalidade econômica e social. No espaço religioso, viam-se protegidos de um mundo hostil. E mais, a comunidade lhes devolvia a dignidade que lhes fora roubada.
O pentecostalismo causou mal-estar. O rompimento dos lacres da hermenêutica fundamentalista despertou ferrenha oposição entre os conservadores. A maior antipatia vinha dos evangélicos, que consideravam os pentecostais uma seita herética. No princípio, em vários aspectos, o pentecostalismo parecia um segmento mais fervoroso do evangelicalismo estadunidense, já que o movimento partilhava do mesmo milenarismo escatológico -- via-se como a última chuva de Deus antes do arrebatamento --, como era rigoroso em defender a leitura literal da Bíblia.
A ênfase na cura divina não era novidade. Havia pregadores de cura anteriores ao movimento. E, logicamente, outros teísmos, com Deus intervindo e alterando o curso da história por meio de repetidos milagres. A novidade era uma certa anarquia interpretativa. Dizia-se guiado pelo Espírito Santo no entendimento e aplicação da Escritura, rompendo com as regras da hermenêutica e da exegese, tão caras aos fundamentalistas.
A teologia pentecostal foi formulada por pregadores sem sofisticação acadêmica, limitados na tradição e história do pensamento cristão. Pensadores modernos, preocupados com a racionalidade da fé, foram confrontados por pregadores que reivindicavam dons sobrenaturais que os tornavam habilitados a compreender a Bíblia. Revelações angelicais, profetas e videntes se tornaram comuns.
O pentecostalismo alastrou-se como uma das mais expressivas forças da cristandade no século 20, exatamente por não ser um movimento de teólogos. A experiência com Deus ganhou força conclusiva, obrigando a razão moderna a se dobrar diante da percepção intuitiva, muitas vezes sensorial, que aquecia o coração. Como o pentecostalismo transferiu a fé para a emoção, a vitalidade da igreja do Serviluz, composta em sua maioria por mulheres, é garantida na celebração da vida dignificada.
Os pentecostais afirmam que a experiência com Deus, o encontro místico, transforma. O êxtase pentecostal, tão malcompreendido pelos tradicionais, expressa significados que fogem à razão. A presença de Deus é fonte de vida e de sentido. Destes encontros, o servente da construção civil, a empregada doméstica, o subempregado, se descobrem eleitos de Deus. Cada pessoa capacitada pelo Espírito “sai pelo mundo como mensageira do Senhor”. Anuncia que todos podem ter seus nomes no livro da vida. O batismo no Espírito Santo desperta competência, agilidade e paixão.
Dessa forma, o pentecostalismo mostrou-se um dos segmentos mais ativos, desinstitucionalizados e eficazes do cristianismo nos últimos cem anos. A presença de Deus pode ser sentida, percebida, celebrada, mas sempre como poder para o serviço. A experiência que busca renovação consagra para a missão. Fazer a vontade de Deus autoriza o empreendedorismo. O Espírito Santo lidera, não uma organização, mas pessoas que se sentem revestidas de virtude.
Infelizmente, a teologia da prosperidade aburguesou o movimento. Desfigurado, estou certo que os pioneiros pentecostais nunca pactuariam com a mensagem que gere cobiça. Aliás, denunciariam que o mundo entrou na igreja e que os pentecostais precisam ser renovados.
Soli Deo Gloria

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

PAPA BENTO XVI DIZ AOS PADRES : "POR DEUS, TENHAM UM BLOG!"

Autor: Papa Bento XVIFonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/01/23/por+deus+tenham+um+blog+diz+papa+aos+padres+9374535.html- Por de Deus, tenham um blog!, disse o papa Bento XVI aos padres católicos neste sábado, afirmando que eles devem aprender a usar novas formas de comunicação para disseminar as mensagens do evangelho. Em sua mensagem para a Igreja Católica no Dia Mundial da Comunicação, o papa, de 82 anos e conhecido por não amar computadores ou a internet, reconheceu que os padres devem aproveitar ao máximo o "rico menu de opções" oferecido pelas novas tecnologias."Os padres são assim desafiados a proclamar o evangelho empregando as últimas gerações de recursos audiovisuais - imagens, vídeos, atributos animados, blogs, sites - que, juntamente com os meios tradicionais, podem abrir novas visões para o diálogo, evangelização e catequização", disse ele.Os padres, disse ele, precisam responder aos desafios das "mudanças culturais de hoje" se quiserem chegar aos mais jovens.Mas Bento XVI alertou os padres de que não tentem se tornar estrelas da nova mídia. "Os padres no mundo das comunicações digitais devem ser mais chamativos pelos seus corações religiosos do que por seus talentos comunicativos", disse ele.No ano passado, um novo site do Vaticano, www.pope2you.net, foi lançado, oferecendo um novo aplicativo chamado "O Papa se encontra com você no Facebook" e outro permitindo acesso aos discursos e mensagens do papa nos iPhones ou iPods dos fiéis.Bento XVI também escreve a maior parte de seus discursos à mão, em alemão, e seus ajudantes mais jovens ficam encarregados de colocá-los em conteúdo digital.

POVO TEIMOSO

Gente teimosa aquele teu povo, hein Pai? Sujeito teimoso, tinhoso aquele Moisés. Grande povo, grande profeta! Mas eles tinham lá os seus deslizes, Senhor. E como tinham! O Senhor veio daquele povo lindo, maravilhoso, apaixonado pela idéia do Deus único. Governado por uma fé forte, mas confusa fizeram muita coisa errada em teu nome, como hoje muitos pregadores o fazem, mentindo para fazer adeptos e prometendo o que não podem prometer. Sofriam a tentação de procurar outros deuses. Moisés tentava liderar, e o fazia com forca, a ponto de mandar matar num só dia três mil deles... Isso, depois que o Senhor os havia perdoado. Fé forte, mas confusa, a de Moisés! Assim mesmo, eu tento entendê-lo. Eram tempos violentos e a cabeça deles era a de guerreiros. E ele era um general. Até o nome dizia isso: Is-ra-el: o homem que brigou com Deus... Moisés errou feio, mas aceitava aprender e mudar! E mudou! Quando eu for par ao céu, e espero que por tua misericórdia eu me converta antes de ir, o primeiro abraço espiritual que eu vou dar claro que é no Senhor, mas depois um dos meus primeiros abraços espirituais vai ser para o Moisés, outro no Paulo, outro em Pedro, outro em Francisco! Que profetas! Que homens santos e que pecados arrependidos. É verdade que Moisés mandou matar, mas foi punido por isto e se arrependeu. Seu povo era violento como alguns povos de hoje, Senhor! Quero paz para mim! Quero aprender com os erros e acertos dos teus profetas! Mas, no fim, espero que eu seja mais um dos santos que preferiam dar a própria vida, do que tirar a dos outros. Evangeliza-me Senhor! Educa-me para a PAZ!

FÉ FÁCIL

Crer em Deus custou caro para Moisés, para Jacó, para Jeremias, para Paulo, para Pedro e os demais apóstolos, para Estevão, Agostinho, Gregório Magno, Maomé e para milhares de pregadores da sua existência. Todos eles sofreram profundamente enquanto buscavam um sentido para sua fé me Deus.
É do místico e papa Gregório Magno (540-604) a afirmação de que Deus é uma experiência angustiante e que é difícil alcançá-lo, porque ele permanece oculto numa escuridão impenetrável. Nada sabemos sobre Ele. Procurá-lo com sinceridade dói.
Moisés, Jeremias e Paulo tiveram vislumbres. Milhares morreram por afirmarem sua existência. A leitura da vida dos patriarcas e dos grandes santos e místicos mostra que ninguém chega a Deus sem atravessar a barreira do seu ego e a ciladas dos sentidos. Ambos nos puxam para trás. Libertar-se do egoísmo, do conforto e do orgulho dói. Sai-se esfolado da refrega, descrita simbolicamente na luta hercúlea de toda uma noite que Jacó travou com o anjo do Senhor. (Gn 32,35)
Fé fácil teve Salomão que mentiu para sua mãe e começou por matar seu irmão Adonias para não perder o trono. (1 Rs 2,24-28) Matou também quem servira seu pai. Construiu para Deus um templo majestoso e, logo depois, um ainda maior e mais rico palácio para si mesmo. Disse ter visto Deus duas vezes. Foi riquíssimo e teve tudo o que queria, começando pelas suas 300 mulheres e 700 concubinas que, segundo 1 Rs 11,3 lhe perverteram o coração. O rei que viu Deus duas vezes terminou por adorar Astarote deusa dos sidônios.
Com enorme aparato e com eficiente marketing Salomão se fez passar por vidente, todo poderoso, infalível, sábio e justo. A leitura de sua vida mostra um crente que foi deixando de ser bom. A fama, a riqueza e sua falsa noção de Deus o levaram a uma vida de luxo, de ira, de manipulação da fé e das pessoas ao seu redor. Morreu adorando Quemós, Moloque e outros deuses.
Ao que tudo indica não sofreu pela fé. Mudava de Deus a seu bel prazer. Este, o grande perigo da fé fácil e confortável que traz riquezas, fama e sucesso ao pregador. Ele nunca sabe se terminará seus dias no colo do verdadeiro Deus ou do Deus confortável e recompensador que ele criou.
Em tempos de igrejas de resultado e de pregadores que enriquecem a olhos vistos, convém lembrar homens como Gideão, Salomão, Jeremias, Paulo, e Simão o Mago. São histórias sobre quem serviu à verdade e quem a manipulou por riquezas e poderes.

Pastor detona a Assembléia de Deus !!

A prática de coalizão política do Estado Federal, invadiu a Eclésia Assembleiana como as demais denominações evangélicas. O mercado da fé(vendagens de votos evangélicos) á luz do dia, diante dos olhos de todos fiéis amantes da apostasia - uma das cenas que mais impressionantes do meio eclético-cristão evangélico: o senso do conformismo denominado. No meio de todas estas tramitações entre o Estado Federal lulista e o Conselho de Pastores do Brasil e demais oportunistas, o que fica claro: eles não tem vergonha de fazer corrupção espiritual e usar a Igreja para palco político.Não faz muito tempo, vimos a candidata petista, Dilma Rousseff( vestida com um lindo terno lilás) diante de um Congresso de chacais Assembleianos da Madureira - fazendo arremates de apoio político junto aos fiéis e ao ex-governador do Rio Anthony Garotinho - pré-candidato do PR ao governo fluminense. A ministra chamou os evangélicos de "trabalhadores honestos e dedicados". Disse que o governo Lula está empenhado em transformar a "bandeira da dignidade" em ações concretas. Afirmou, ainda, que "ser humano precisa de fé e transcendência" e o Brasil continua crescendo, "sobretudo espiritualmente, baseado em valores éticos".No fim de seu discurso, citou o Evangelho, segundo João. "Cristo disse: "Eu vim para que todos tenham vida em abundância. Este é o momento que nos une a todos." Ainda com cheiro de azeite madureira de consagração apostata e com discurso ecumênico-político, Dilma participou de um culto de “Ações e Desgraças”, em São Paulo, oferecido pelo chacal da CGADB(Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil), José Wellington de Bezerra da Costa - o Presidente - para fortalecer,ainda mais, o apoio político para corrida Presidencial de 2010. Não contente com o apoio do clã dos profetas e conselheiros de Baal-Belzebu, militante foi a Maceió participar de uma reunião com a UMADENE(Assembléia Geral da União de Ministros das Assembléias de Deus no Nordeste). Pelo jeito a ministra gosta de comer uma farofada e jabá apostata-nordestina - financiada pelas Assembléias de Deus.
Puxada pelo pai de santo Ivan dos Santos — ou pai de Oxum, como também se identifica —, Dilma tomou um banho de cheiro com folhas de aroeira. Foi rápido, menos de dois minutos. Apesar da falta de carisma, digamos, mais envolvente, pai de Oxum ficou satisfeito. “Ela é melhor pessoalmente do que na televisão”, constatou. Aos pés da igreja mais badalada de Salvador, encravada no alto de uma colina na Cidade Baixa, porção pobre da capital, Dilma subiu as escadas em clima de campanha, com palmas e gritos vindos da população e de funcionários do governo. Sexta-feira é naturalmente o dia mais cheio na basílica, onde havia aproximadamente 500 pessoas, de acordo com a administração do local.Ciceroneada pela primeira-dama da Bahia, Fátima Mendonça, a ministra assistiu ao culto em área reservada, à direita do altar, sempre ao lado do governador Jaques Wagner. Enquanto Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, cantava e batia palmas todo o tempo da cerimônia — que tinha a finalidade de agradecer pela saúde de Dilma, que se curou de um câncer linfático —, a ministra não conseguia acompanhar muito bem o script da missa. Não cantava os hinos nem repetia as frases programadas. Mais que a boca, foram os olhos de Dilma que se movimentavam, prestando atenção ao altar e teto da igreja, construída em 1772. Vez por outra, solicitava ao governador alguma informação arquitetônica ou histórica em relação ao santuário.O cenário da bagunça é real. O que a Ministra Dilma busca o inferno todo apóia. As mesmas intenções políticas e idealistas, do qual instituirão o poder da besta(anticristo) no Mundo, o qual o governo Lula vem representando muito bem: unificação dos poderes e dos Estados Federais e os editos globalizados da imoralidade. Aonde tiver um buraco ou uma brecha, estas ratazanas do iluminismo farão seus ninhos - deixemos que eles cumpram o está predito pelas escrituras apocalípticas.O que podemos fazer pelo povo evangélico? Até quanto esta mistura de fé e política será permitida pelos fiéis e seus votos elegerão presidentes, pastores, congressistas, levitas para a apostasia? Quanto tempo falta para Jesus voltar e livrar os fiéis do Cordeiro de toda esta decepção? A Igreja está tomada por bandidos vestidos de Pastores e todos enxergando esta vergonha como inertes? Um novo holocausto surgiu no meio cristão. Diferente de todos holocaustos e o mais triste. Vemos vidas sacrificadas sem sangue. Almas perdidas, sendo levadas para o profundo abismo do suplício da ilusão e do conformismo - sem nenhuma percepção deste falso messianismo. Precisamos fazer algo pela Igreja e pelos enganados...toquemos a trombeta!

Pecado Mortal

Bíblia:
“O Senhor disse-lhe: “Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra”.(Gn 4,10)
“O Senhor disse: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos”.(Ex 3,7).
Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe (Mc 10,9).
Catecismo:
“... ’É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente’
(Reconciliatio et Poenitencia).(§ 1857).
“O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, ‘o fogo eterno’(cf. DS 76; 409; 411; 801; 858; 1002; 1351; 1575; Credo:12)” (§ 1035).
“A matéria grave é precisada pelos
dez mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: ‘Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe’ (Mc 10,9 )...” (§ 1858).
“...A ignorância afetada e o endurecimento do coração(cf. Mc 3,5-6; Lc 16,19-31) não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado” (§ 1859).
“Escolher deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma coisa gravemente contrária à lei divina e ao fim último do homem é cometer pecado mortal. Este destrói em nós a caridade, sem a qual é impossível a bem-aventurança eterna. Caso não haja arrependimento, o pecado mortal acarreta a morte eterna”.(§ 1874).
“O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital, que é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza normalmente no sacramento da Reconciliação
(Confissão)” (§ 1856).
Veja:-
Excomunhão (Sete casos)

Pecado Original

Bíblia:
“Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.” A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente”.(Gn 3,4-6).
Eis que aqui nasci; em culpa e em pecado me concebeu minha mãe... (Sl 50,7).
Assim então, por um homem entrou o pecado no mundo... e assim a morte passou a todos os homens... pela obediência de um, muitos serão justiçados... (Rm 5,12-21).
todos pecaram, todos estão privados da glória de Deus(Rm 3,23).
Catecismo:
“O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador (cf. Gn 3,1-11
) e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem’ (cf. Rm 5,19 ) (§ 397). “De que maneira o pecado de Adão se tornou o pecado de todos os seus descendentes? O gênero humano inteiro é sem Adão ... ‘como um só corpo de um só homem’(Sto. Tomás de Aquino). Em virtude desta ‘unidade do gênero humano’, todos os homens estão implicados no pecado de Adão, como todos estão implicados na justiça de Cristo. Contudo, a transmissão do pecado é um mistério que não somos capazes de compreender plenamente ....(§ 404).
“(...) A Revelação dá-nos a certeza de fé de que toda a história humana está marcada pelo pecado original cometido livremente por nossos primeiros pais (cf. conc. Trento DS 1513) (§ 390).
“Mas por que Deus não impediu o primeiro homem de pecar? S. Leão Magno responde: ’A graça inefável de Cristo deu-nos bens melhores do que aqueles que a inveja do demônio nos havia subtraído’(Serm. 73,4 PL 54,396) E Sto. Tomás de Aquino: (...) Deus permite que os males aconteçam para tirar deles um bem maior(...)(S Th III, 1.3. ad.)” (§ 412).
Dogmas:
Se alguém disser que a prevaricação de Adão o prejudicou somente a ele e não à sua descendência... Se alguém disser que este pecado de Adão, que é por sua origem apenas um, e transmitido a todos por propagação, não por imitação, é próprio de cada um...(Conc. Trento -1545-63 -, em 17.06.1546: Dz. 789-90).
Tal pecado se apaga pelos méritos da Redenção de Cristo, os quais se aplicam ordinariamente tanto aos adultos como às crianças por meio do Sacramento do Batismo. Por isso, até as crianças recém-nascidas recebem o Batismo para remissão dos pecados. (Dz. 791).
[Que os homens caídos] eram de tal forma escravos do pecado que se achavam sob a servidão do demônio e da morte, que nem os gentios poderiam livrar-se nem levantar-se com a força da natureza, nem os judeus poderiam faze-lo com a força da lei mosaica... (Dz. 793).
Somente um ato livre por parte do amor divino poderia restaurar a ordem sobrenatural, destruída pelo pecado. Se opõe à doutrina católica o pelagianismo, segundo o qual, o homem tem em sua livre vontade o poder de redimir-se a si mesmo, e é contrário também ao dogma católico o moderno racionalismo com suas diversas teorias de 'auto-redenção'. (Conc. Vaticano II, decreto Ad Gentes nº 8).

Pecado Venial

Catecismo:
“Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento”.(§ 1862).
“O pecado venial constitui uma desordem moral reparável pela caridade, que ele deixa subsistir em nós”. (§ 1875)
“O pecado venial enfraquece a caridade, traduz uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais(...)” (§ 1863).
“A repetição dos pecados, mesmo veniais, produz os vícios, entre os quais avultam os
pecados capitais”. (§ 1876).
Outros:
O hábito dos pecados veniais tira dos nossos olhos a malícia do pecado grave, e em breve não receamos passar das faltas mais leves aos maiores pecados. (são Gregório)

Patrologia

Estudo da doutrina dos Santos Padres da Igreja
O conceito de Patrologia foi utilizado pela primeira vez pelo teólogo protestante João Gerhard (1637) como título de sua obra póstuma publicada com o título Patrologia sive de primitivae Ecclesiae Christianae Doctorum vita ac lucubrationibus (Patrologia ou vida e obras dos Doutores da Igreja cristã primitiva), no sentido de estudos dos Padres do ponto de vista histórico e literário.
Patrologia trata necessariamente de um ramo da teologia, cujo núcleo essencial são dos Padres da Igreja e seus escritos no sentido eclesial, assim é a ciência que trata a literatura cristã antiga em todos os seus aspectos e com todos os métodos apropriados.
Desta forma, esta seção visa promover o estudo da doutrina dos Pais da Igreja ou Santos Padres da Igreja. Não devemos confundir esta seção com a seção Patrística. O termo técnico Patrística aplica-se à era dos Padres da Igreja, sua época e suas obras. Na seção Patrística continuaremos promovendo a publicação das obras dos Santos Padres; em Patrologia estaremos fazendo um estudo destas obras, a fim de identificar e meditar sobre a doutrina pregada e cria na Igreja Primitiva.
O título cristão de "Pai/Padre" aplica-se aos homens que foram considerados Pais espirituais dos Cristãos. Foram homens que ouviram a pregação dos Apóstolos, foram seus discípulos, por eles instituídos Bispos da Igreja e guardavam de cabeça a doutrina apostólica. Após a morte dos Santos Apóstolos, eram considerados a única referência segura quanto à Sã Doutrina, tornando-se os novos Pais espirituais dos cristãos, não só pela pregação mas também porque através do batismo inseriam as pessoas na Igreja.
A Igreja Antiga apartir do séc. IV restringiu o título de "Pai" somente aos Bispos. No séc. V foi estendido também aos presbíteros (ex: São Jerônimo) e aos diáconos (ex: São Efrém, o Sírio). Até hoje em algumas línguas ainda se conserva o título de "pai/padre" para designar o sacerdote.
O Título de "Pai da Igreja" apresenta toda a rica figura paterna: o Bispo como autêntico transmissor da sã doutrina, aquele que vela pela sucessão ininterrupta da fé desde os apóstolos bem como pela continuidade e unidade da fé na comunhão da Santa Igreja. A autoridade do Pai da Igreja não torna individualmente inerrante em todos os pormenores - devendo ser fiel à Sagrada Escritura e à Regra da Fé de toda a Igreja (Sagrada Tradição e Sagrado Magistério) - mas, em sintonia com elas, ele é testemunha autêntica da fé e da doutrina universal da Igreja.
A partir do séc. IV, os Bispos que se destacaram particularmente na transmissão, na exposição e defesa da sã doutrina (ex.: os Padres do Concílio de Nicéia, 325 DC) receberam o título de "Padres da Igreja" ou "Santos Padres". A fé transmitida pelos Santos Padres gozava de imensa credibilidade e foi base para a teologia da Igreja.
Devido à importância que os Santos Padres tinham como testemunhas privilegiadas do Depositum Fidei (Depósito da Fé) da Santa Igreja, esta desenvolveu o conceito da "prova patrística". A prova patrística foi utilizada pela primeira vez por São Basílio Magno, que acrescentou em sua obra "O Espírito Santo" (374/75 DC) uma lista de Padres da Igreja para apoiar sua opinião doutrinária sobre o Espírito Santo. Esta obra de São Basílio serviu de base para o Concílio de Constantinopla declarar o dogma da Divindade do Espírito Santo. Vemos que foi a fé dos Santos Padres que foi usada para o fundamento da fé que hoje temos na Divindade do Espírito Santo, pilar fundamental da doutrina da Santíssima Trindade.
Santo Agostinho, serve-se também da prova patrística a partir de 412, especialmente na controvérsia contra o pelagianismo.
São Cirilo de Alexandria também se utilizou dela durante o Concílio de Éfeso, lendo as obras dos Santos Padres, fazendo com que o Sínodo aceitasse oficialmente o título Theotókos (Mãe de Deus) para Santa Maria.
A uso constante da prova patrística como verificação da autenticidade da fé, fez com que São Vicente de Lérins criasse o clássico conceito de "magistri probabiles" em seu Communitorium (434), desenvolvendo a teoria da prova Patrística.
O estudo da fé dos Santos Padres é de fundamental importância para todo cristão que deseja estar posse de fé comum da Igreja Primitiva. Nosso Senhor Jesus Cristo orou ao Pai pela união dos Cristãos (cf. Jô 17, 6-24 ). Assim, todo cristão tem a obrigação de buscar a unidade da fé; e o primeiro passo para isto é conhecendo a antiga fé dos cristãos, deixada pelos Santos Apóstolos e assegurada pelos Pais da Igreja. Passo seguro para a unidade dos cristãos é estar de posse do que nos era comum, ter conhecimento e professar a fé da Igreja indivisa.
Comete grave erro todo aquele que se nega a professar a antiga fé, depósito precioso deixado pelos Santos Apóstolos e tão bem defendido pelos Santos Padres.
Pretendemos então, que esta seção venha enriquecer ainda mais a nossa fé, e que nos ajude no caminho da unidade tão deseja por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Autor: Alessandro Ricardo Lima

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Dois Mil Anos de Igreja

- Maria nos Evangelhos
Poucas, mas suficientes e convincentes, são as passagens evangélicas que falam de Maria, a Mãe de Jesus. O culto mariano tem uma fundamentação bíblica. Nossa Senhora foi venerada e honrada pelos seus próprios contemporâneos. Até mesmo um mensageiro de Deus lhe fez uma saudação. Saudação que continua sendo repetida por milhões de vozes e corações a vinte séculos.Abramos o Evangelho e passemos em vista quatro passagens que nos interessam agora e estão relacionadas com o tema que desenvolvemos.
A) Narra-nos o evangelista São Lucas que o arcanjo Gabriel foi enviado por Deus a Nazaré, cidade da Galiléia, onde morava a Virgem Maria. Entrando o enviado de Deus até onde ela estava, disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres." (Lc. 1, 26-38). O anjo saúda a Maria. A Zacarias ele não saudou. Saudou a uma jovenzinha, muito embora, em Israel, homem algum saudasse a uma mulher.A saudação causou surpresa em Maria. Ela teve razão para se perturbar. Foi preciso ouvir do mensageiro celeste o "não temas", para que recuperasse a tranqüilidade de espírito. Observa Santo Tomás de Aquino que não era a primeira vez que um anjo era enviado a terra. Abraão e os Patriarcas receberam a visita desses mensageiros celestes. Mas, nunca os anjos se inclinaram diante deles, porque, por sua natureza, o anjo é superior ao homem. Quando vê diante de Maria, portador do grande segredo da Encarnação, ele descobre nela a rainha do céu e da terra, e se inclina ao dizer: Ave, gratia plena, Dominus tecun."São Lucas usa a palavra "Kekaritomêne" que tem o sentido de agraciada, cheia de graça, aquela que foi e permanece repleta do favor divino. Ao ser saudada como aquela que mereceu uma especial atenção de Deus e que está plena da sua graça, Maria ficou comovida. "De certo, diz um comentarista evangélico, na sua modéstia, não entendia porque um visitante celestial a saudasse em termos tão exaltados." (Leon Morris - "LUCAS", pág.70).Outra observação que fazem os intérpretes é quanto à atitude do mensageiro celeste. "Enquanto na narrativa do anúncio a Zacarias, como de resto noutras passagens bíblicas, diz-se que o anjo Gabriel "apareceu". Para o anúncio a Maria, o anjo "entra" onde ela está. Na linguagem bíblica, é o ministro (ou súdito) que entra até a presença do rei, vai ter com ele (2 Sam. 14, 33; Êx.9, 1), como também é o fiel que entra na casa de Deus (2 Sam.12, 20; Lc.1, 9). 0 anjo, portanto, dirige-se a Maria levando a mensagem divina, como um inferior a um superior." (L.Boccali - "COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DE LUCAS", pág,37).
B) No mesmo capítulo, São Lucas começa a narrar o início da veneração dos homens à Virgem Maria. Ao saber que sua prima Isabel estava para ser mãe, Maria apressou-se em ir visitá-la. Ao entrar na casa de Zacarias, Maria saudou Isabel. E apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, logo o seu filho estremeceu em seu seio. Cheia do Espírito Santo, Isabel disse em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. Donde a mim esta dita de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?" (Lc. 1, 39 e ss.).Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, testemunhou que Maria é a Mãe de Deus. A divina maternidade é a fonte de todos os privilégios concedidos a Maria. E é por isso também que ela merece ser glorificada por todas as gerações. Sendo a mais bendita das mulheres, a Virgem Santíssima tem sido sempre lembrada e amada por todos os discípulos do seu Filho.
C) 0 apóstolo e evangelista São João, testemunha ocular que foi do fato, nos relata o primeiro milagre realizado por Jesus. Com Ele estavam Maria e os Apóstolos, numa festa nupcial, em Caná da Galiléia. Aconteceu faltar vinho. Maria aproxima-se de Jesus e lhe diz: "Não têm mais vinho". Ao que Jesus respondeu: "Que nos importa isto a mim e a ti? Minha hora ainda não chegou." Maria previu que o Filho iria fazer. Manda que os servos fìzessem o que Ele ordenasse. E Jesus mudou a água em vinho. (Jo. 2, 1-11). "0 convite de Maria aos servos das bodas de Caná pode ser considerado o seu testamento espiritual. São estas ("fazei tudo o que Ele vos mandar") as últimas palavras que o Evangelho nos transmite dela. Maria não mais falará. Já disse o essencial." (Aristides Serra - MARIA EM CANÁ E JUNTO À CRUZ, pág.38). Um pedido de Maria, e Jesus realiza o seu primeiro milagre. Aos seus filhos e devotos Ela deixou uma recomendação: fazer o que Jesus mandou. Aí está a base da vida cristã. Não se pode ser um verdadeiro servo de Maria, sem a disposição sincera de ouvir e seguir os ensinamentos do seu Filho. Maria respeita a liberdade do Filho, mas sabe que Ele lhe é submisso (Lc. 2, 51). Ainda não havia chegado a hora fixada para manifestar o seu poder. Mas, Jesus a antecipa, para atender a sua Mãe. Com a narração do milagre, o Evangelho também manifesta o poder de intercessão da Santíssima Virgem.
D) Jesus estava pregado na cruz. Aproximava-se a hora da sua morte. Junto da cruz, entre outras pessoas, estava Maria e o apóstolo João. Dirigindo-se a Maria, Jesus diz: "Mulher, eis ai o teu filho". E dirigindo-se ao apóstolo: "Eis aí a tua mãe." (Jo.19,26-27). A partir de Orígenes, do 3° século, escritores eclesiásticos ensinam que todos os fiéis estavam representados por João. 0 teólogo evangélico Max Thurian assim comenta esta passagem bíblica: "0 discípulo amado, ao pé da cruz, simbolizando o fiel, recebeu do Crucificado, Maria, simbolizando a Igreja, como sua mãe: Mulher, eis o teu filho - Eis a tua Mãe. Maria, mãe espiritual da Igreja, nos convida a acolher, nas nossas vidas, a Igreja, como nossa própria mãe, a amá-la, a obedecer-lhe e velar por ela." (AMOUR ET VERITÉ SE RECONTRENT, pág.83).
Com estas quatro referências bíblicas, podemos tirar algumas conclusões:
1) Se Maria foi saudada por um enviado de Deus e por Isabel, sob a ação do Espírito Santo, também merece ser saudada por todos aqueles que a reconhecem Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Quando por exemplo a reverenciamos com a AVE MARIA, repetimos palavras bíblicas de louvor a Maria, e fazemos uma prece que se tornou comum na Igreja, desde os primeiros séculos. Rezando a AVE MARIA, proclamamos a sua santidade (cheia de graça), a sua singular condição no Cristianismo (bendita entre as mulheres), o seu especial título de glória (Mãe de Deus), ao mesmo tempo que reconhecemos a nossa condição de pecadores e nos confiamos à sua intercessão (rogai por nós, pecadores).
2) Se, em Caná da Galiléia, Maria pediu ao Filho em favor de uma família que estava em apuros, pela falta de vinho, hoje, junto de Deus e do seu Filho glorioso, ela continua a ser nossa advogada. " Poderá significar muita suficiência, por parte dos protestantes, diz o pastor Roger Schutz, estigmatizar a confiança que os católicos e ortodoxos depõem na intercessão da Virgem Maria. Se nos confiamos a todos que nos são caros, pedindo-lhes para nos terem presentes na sua oração, seria duvidar da vida eterna daqueles que já estão em Cristo, se renunciássemos a associar à nossa oração a um ser desaparecido. Podemos, por isso, compreender que os católicos tenham tão grande confiança na contínua intercessão da Mãe de Cristo - primeira testemunha da Igreja. Entre os santos que foram testemunhas de Cristo, que viveram com Ele e que 0 amaram, a Virgem Maria permanece sempre aquela que, pela simplicidade do seu coração, nos arrasta a viver o espírito das Bem-aventuranças." (Com outros autores - MARIA, p~.89).
3) Se Maria disse aos servos: "Vocês façam o que o meu Filho mandar", podemos compreender que a obediência à palavra de Cristo, na espiritualidade Mariana, é a norma fundamental . Maria viveu a Palavra do Senhor. Quis que ela se realizasse em sua vida. Para nós, seus filhos espirituais, ela continua a nos falar e a nos exortar a que sejamos fiéis aos ensinamentos do Senhor Jesus.
2 - A Mãe de Deus
Pela fé, Maria aderiu ao plano de Deus. Aceitou ser a Mãe do Verbo Encarnado. Tornou-se, na verdade, a Mãe de Deus. Por ocasião de sua visita a Isabel, esta, cheia do Espírito Santo, exclamou: "Donde me vem que a Mãe do meu Senhor me visite?" (Lc.1, 43).Desde os primeiros séculos da Igreja, esta verdade foi sempre aceita. Quando surgiram alguns contestadores, a reação veio imediatamente. Nestório, patriarca de Constantinopla, pretendia que Maria não era a Mãe de Deus. Dera à luz um homem, ao qual, em seguida, a divindade se unira como se une ao homem pela graça. 0 principal opositor de Nestório, foi Cirilo de Alexandria que defendeu a doutrina tradicional e que teve papel importante no Concílio de Éfeso, que condenou o erro de Nestório e proclamou solenemente a Maternidade divina de Maria. Outro contestador foi Eutíquio, arquimandrita de Constantinopla, que dizia que o Cristo não era verdadeiramente homem, que a divindade havia "absorvido" nele a humanidade. 0 papa S. Leão Magno convocou um Concílio Geral em Calcedônia (451 d.C.) que estabeleceu, com clareza, a doutrina sobre duas naturezas no Cristo e a sua única pessoa. Doutrina que foi reafirmada no Concílio de Constantinopla (553 d.C.).A Bíblia Sagrada afirma não só que a Santíssima Virgem é Mãe de Jesus, como ainda que o Filho concebido em suas entranhas é o mesmo Filho de Deus, o Verbo eternamente gerado pelo Pai, e Deus como Ele. "Eis que conceberás e darás a luz um filho e porás o nome de Jesus. Será grande e se chamará o Filho do Altíssimo. 0 Espírito Santo descerá sobre ti e te cobrirá com sua sombra. Por isso, o que nascerá de ti será chamado o Filho de Deus." (Lc. 1, 31-32). "No princípio, era o Verbo. 0 Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos sua glória, glória que recebe de seu Pai como Filho único, cheio de graça e verdade." (Jo. 1, 14).É interessante recordar como foi grande o regozijo da comunidade cristã, quando recebeu a notícia que o Concílio de Éfeso (431 d.C.) havia condenado Nestório. Testemunha autorizada, Cirilo de Alexandria, em carta ao clero e ao povo de sua cidade, faz referencia ao fato. Depois de dizer que o Concílio se reuniu em Éfeso, na Igreja consagrada a Maria, Mãe de Deus, escreveu ao bispo: "Depois de passar o dia inteiro neste santuário, condenamos a Nestório, a quem o temor afastou da reunião dos Padres e, por sentença solene, o dispusemos de sua sede e o privamos do episcopado. Reunimo-nos uns duzentos bispos, mais ou menos. Toda a cidade, desde a manhã até à tarde, esperou impaciente o juízo e a sentença do Santo Concílio. Quando, por fim, soube que o autor de tantas blasfêmias havia sido despojado de sua dignidade, com voz unânime começaram a bendizer o Concílio e a glorificar a Deus, pela queda do inimigo da fé. Quando saímos da Igreja, fomos conduzidos a nossas casas, ao resplendor de tochas e archotes, pois já era noite. Por toda parte havia um regozijo delirante. Por toda parte havia fogueiras. Diante de nós iam mulheres com braseiros em que queimavam incenso. Assim, demonstrou o Salvador sua onipotência aos que queriam arrebatar sua glória." (Epístola 24. Apud Terrien - "La Madre de Dios y Madre de los Hombres", vol. I, pág.33).A participação do povo cristão, com sua alegria e demonstrações públicas de júbilo, é uma manifestação clara de que os ensinamentos de Nestório contrariavam a fé recebida dos antepassados, e também que a veneração a Nossa Senhora era anterior ao Concílio de Éfeso.A maternidade divina de Maria é o fundamento de todos os seus privilégios. Uma mãe que o foi sem deixar de ser virgem. "Deus preparou Maria para esta livre aceitação do caráter virginal de sua maternidade, desde o começo de sua existência, não só por sua conceição imaculada que a punha fora da esfera de toda concupiscência, mas ainda e sobretudo, pela moção amorosamente insistente do Espírito Santo que, por atrativos eficazes, fazia cada dia prevalecer na sua alma um amor dominante e exclusivo de Deus. Ela era unicamente preocupada com Deus e consagrada a Ele. Essas larguezas divinas são capazes de torná-la, embora tenha sido mãe, o modelo perfeito de todas as virgens que deveriam florescer um dia, em grande número na Igreja." (J.A. de Aldama - em "MARIE", nouvelles études sur la Sainte Vierge, tomo VII, pág.l51).
3- Feliz a que acreditou
Se procurarmos um motivo que fez de Maria a Bem-aventurada, encontraremos um que é fundamental: a sua fé. "Sim, feliz a que acreditou." (Lc.1, 45). Maria foi uma mulher de fé profunda e adulta. Acreditou sempre na Palavra de Deus, a exemplo dos grandes patriarcas do Antigo Testamento. Aderiu a Deus não só pela sua inteligência, fazendo um ato de fé no que o Senhor lhe dizia, como também pela sua vontade, estando pronta para fazer tudo o que Deus lhe pedia. 0 seu "SIM" ao anjo Gabriel traduz a grandeza e a sinceridade de sua fé. Estudando e meditando a fé de Nossa Senhora, nossos teólogos escreveram páginas belíssimas. Não só os católicos, como também os ortodoxos e evangélicos. A titulo de exemplo, vamos transcrever alguns desses pronunciamentos sobre a fé de Maria. "A vida terrestre de Maria de desenvolve à sombra da fé que nada enxerga, que não compreende, mas confia nos desígnios impenetráveis de Deus... A verdadeira grandeza de Maria reside precisamente na vida de fé." (Schillebeeck - "Maria, Mãe da Redenção, pág. 13)". "Crer fortemente e esperar contra todas as aparências contrárias é o elemento verdadeiramente característico da psicologia religiosa de Maria." (Id. Ib.25). "0 maior louvor que podemos dar a Maria é elogiar sua fé, como fez Isabel. Maria é o modelo da Igreja, sobretudo pela sua fé. Nós vemos nela a fé como grata escolhida daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Pela fé, Maria se abre à atuação do Espírito Santo e concebe em seu seio o Verbo Encarnado do Pai, juntamente com a feliz notícia da vinda do Salvador e da missão a ela confiada." (Bernardo Haring- "Maria, modelo de fé", pág.35). Max Thurian, ainda teólogo evangélico, da Comunidade de Taizé, em seu livro "MARIE, Mère du Seigneur, Figure de 1'Eglise", tem todo um capítulo dedicado à fé de Nossa Senhora. Como o livro não é muito divulgado entre nós, vamos transcrever alguns trechos do ilustre teólogo: "Cheia de graça em sua pobreza, Maria quer ser a serva do Senhor. A graça de Deus que plenificou, suscita nela a fé na veracidade das promessas do anjo. Depois de uma excitação legítima diante do ministério da maternidade virginal que lhe foi anunciada, ela se entrega totalmente, num ato de fé puro, à Palavra do Senhor. A graça a predestinou, a predispôs e a preparou para esse ato de fé." (Pág.88). Em palavras claras e precisas, Thurien analiza a fé de Maria: "A fé de Maria é primeiramente um ato de oferta: "Eis-me aqui". Pois que ela é toda graça de Deus, é natural que ela entregue tudo a graça de Deus, na oferenda de todo o seu ser. Este movimento é de uma pureza maravilhosa. A sobriedade das palavras faz brilhar ainda mais o esplendor da graça nela. A fé de Maria é, em seguida, um ato de obediência: "Eu sou a serva do Senhor". Maria entra no plano de Deus; ela aceita a grandiosa vocação de Filha de Sião, a função transtornadora de Mãe do Messias. Ela não acolhe esta vocação como uma glória para si, mas como um serviço de Deus. Com Este serviço magnífico, ela aceita também a objeção de uma situação anormal: ser uma mãe virgem, a crítica possível do seu ambiente social, o desprezo certo de José, seu noivo. Tudo isto é meditado, é aceito e acolhido na obediência do serviço de Deus. A serva do Senhor não discute, ela se entrega a Ele." "A fé de Maria, continua o teólogo de Taizé, é enfim um ato de confiança: "que se faça segundo a tua palavra". Depois de um instante de confusão, a saudação do anjo, Maria consentiu a princípio na sua maternidade messiânica. Ela não duvidou das palavras do anjo, mas simplesmente pôs a questão do "cano" desta maternidade, pois que não conhecia homem. Depois, logo que o anjo de Deus lhe revela que será como a Arca sob a nuvem luminosa, que o poder do Altíssimo a tomará nos seus ombros, que Isabel, em sua maternidade, é um sinal de onipotência divina, ela aquiesce totalmente a estas palavras e se põe a serviço do Senhor. 0 movimento da fé de Maria é de uma grande simplicidade e pureza... Maria aparece como a primeira que, na ordem nova do Cristo, realiza o movimento autêntico da fé... A fé de Maria é o fruto da pura graça e da Palavra de Deus. Ela adere, com toda confiança, à verdade das promessas do Senhor." (Págs.88/90). Esta longa citação de um teólogo evangélico, depois convertido ao catolicismo, nos mostra como a Virgem Maria, olhada na sua fé, na sua adesão a Deus, na sua disposição de viver a Palavra do Senhor, com sinceridade e doação, é um modelo para todos os cristãos. Devemos agradecer a ela pelo exemplo de uma fé adulta, que nos deixou. Já que "sem fé é impossível agradecer a Deus" (Hb.11,6), devemos olhar para Maria, bendizê-la pela sua vida de perfeita cristã e procurar seguir-lhe os passos. Maria é feliz, é bem-aventurada porque acreditou em Deus.
4- Maria nas Liturgias Antigas
No cemitério de Priscila, em Roma, encontra-se uma sugestiva pintura em que esta representada uma cena litúrgica de tomada de hábito de uma virgem. Um bispo, sentado no trono, assistido de um diácono, impõe o véu a uma jovem colocada em pé diante dele, e lhe fala, indicando, com o dedo, Maria que se vê do outro lado da pintura, assentada e tendo nos braços o seu Filho. Trata-se, possivelmente, de propor como exemplo de virgindade a Mãe de Deus e, parece, o bispo pronuncia as palavras de Sto. Ambrósio: "Ó minha filha, tomai esta mesma como modelo" (Scaglia, op. cit. pág. 207). É uma simples cena litúrgica que nos diz ser bem antiga a cerimônia de tomada de hábito de uma religiosa, à qual Maria é apontada como um exemplo a seguir. Na história da liturgia cristã, encontramos indícios muito claros de que o culto a Nossa Senhora é muito antigo. Já foi observado que, nos primeiros séculos, os cristãos se cautelavam em mostrar publicamente as honras devidas a Maria, por causa dos pagãos que poderiam chamá-la de "deusa", por ser Mãe de Deus, como fizeram muitos dos antigos. (Cf. Lerosey - Histoire et Symbolisme de la Liturgie, IV, pág. 590. Também M. Righetti - História de la Liturgia, pág.883). Em 428 d.C., o papa Celestino, escrevendo as Igrejas da Gália, exortou: "Tenhamos atenção ao sentido das orações sacerdotais, recebidas por tradição apostólica, em todo o mundo. São de um uso uniforme em toda a Igreja Católica e, pela maneira com que devemos rezar, aprendei o que devemos crer." (A. Nicolas, op. cit. pág. 8). Havia, pois, orações, no século V, que eram atribuídas aos tempos apostólicos. Essas orações foram reunidas em grupos e deram origem às primeiras liturgias que tinham o nome dos Apóstolos. Nessas liturgias, encontramos muitas comemorações da Santíssima Virgem. Augusto Nicolas, em seu livro "Exposition Liturgique", reproduz algumas das expressões usadas, nas liturgias antigas: "De novo e mais uma vez ainda, façamos memória da verdadeiramente feliz e preconizada por todas as gerações da terra santa, abençoada, sempre Virgem Maria, Mãe de Deus... Abençoada seja Maria e bendito 0 fruto que dela saiu... Pelas orações da Mãe da Vida, Mãe de Deus, Maria, e de todos os santos:...." (Tomo I, pág. 661). Na própria liturgia dos nestorianos (que negavam a maternidade divina), Maria foi invocada: "Mãe de nosso Senhor , rogai por mim ao Filho único que nasceu de Vós, para que Ele perdoe minhas faltas e meus pecados, e que receba de minhas mãos fracas e pecadoras este sacrifício que minha fraqueza oferece sobre este altar, por vossa intercessão, Mãe santa." (A. Nicolas, ib. pág.71). As festas que, desde os primeiros séculos, se celebram em honra de Nossa Senhora, são testemunhos da veneração que os discípulos de Jesus tiveram para com a sua santa Mãe. "É preciso observar que o culto eclesiástico da Mãe de Deus se manifesta muito mais cedo que suas festas propriamente ditas. Constantino, por exemplo, lhe dedicou três Igrejas, na Capital do Império. Depois das recentes descobertas, antes da construção da Basílica Liberiana que era geralmente considerada como a mais antiga de Roma, existia uma outra Igreja dedicada à Virgem: Sancta Maria Antíqua." (J.C. Broussole De la Conception Inmaculée à 1' Anonciation Angélique, pág.36).
As festas mais antigas em honra de Maria. são: a Anunciação, a Purificação, a Natividade e a Assunção.
1) A Anunciação fundamenta-se no Evangelho (Lc. 1, 26-38). A festa da Anunciação também era chamada "Conceição de Jesus Cristo", "Princípio da Redenção", etc. Sem dúvida, ela é uma das mais célebres, em toda a Igreja dos primeiros séculos. Na celebração desta festa, fizeram sermões Santo Agostinho, Santo André de Jerusalém, S. Proclus de Constantinopla e muitos outros santos padres. (Cf. Lerosey, op. cit. pág.575). 2) A Purificação é outra festa fundamentada no Evangelho (Lc.2, 22 e ss.). No dia 2 de fevereiro, lê-se no antigo Martiriológico Romano, atribuído a S. Jerônimo: "Purificatio Sanctae Mariae Matris Domini Nostri Jesu Christi". Á festa da Purificação, celebrada também desde os primeiros séculos, é atestada por S. Gregório de Nissa, S. João Crisóstomo, S. Cirilo de Alexandria, S. Leão Magno e outros. (Barbier - La SaintVierge d'après les Péres, Tomo IV, pág. 391). 3) A Natividade e a Assunção são duas festas baseadas na Tradição da Igreja. Não se sabe com muita precisão onde e quando nasceu e morreu Nossa Senhora. Mas os cristãos quiseram prestar uma homenagem à Mãe de Jesus, celebrando o dia do seu nascimento e da sua glorificação, após a sua morte. A festa da Natividade é celebrada no dia 8 de setembro, e a da Assunção, no dia 15 de agosto. Segundo informa o historiador Mario Righetti, "a Assunção é a festa mais antiga e solene que a Igreja celebra em honra de Maria, destinada a comemorar a sua morte e sua assunção ao Céu, em corpo e alma. Não nos é conhecido quando a Virgem exalou o último suspiro... a memória Mariana fixada em 15 de agosto deveu de ser a mais popular e festiva, porque as Igrejas da Armênia, de Jerusalém e de Constantinopla a tiveram com preferência sobre as outras". (Op. cit. 895-904). No decorrer dos séculos, a Liturgia católica foi se enriquecendo sempre mais com festas e comemorações da Virgem Maria. Mesmo Lutero conservou algumas festas de Nossa Senhora: aquelas que tinham uma fundamentação bíblica: a anunciação, a visitação, a purificação. Foram solenidades litúrgicas conservadas e aproveitadas por Lutero e outros reformadores, para ser também uma iniciação sobre Maria e sua importância para os cristãos reformados. (Gottfried Maron - "Maria na Teologia Protestante", Rev. Concilium, n° 188, agost0 de 1983, pág. 67 e ss.).
5- Maria nas catacumbas
Ao lado da Patrística, as descobertas nas catacumbas demonstraram a antigüidade da veneração à Mãe do Salvador. 0 depoimento da arqueologia cristã é um capítulo bem interessante da história do culto a Nossa Senhora. No estudo sobre "LA VIERGE - histoire de la Mèr de Dieu et son culte", Ursini relata o seguinte: "Quanto ao culto de hiperdulia que, sem ser de adoração, é superior aos dos santos, começou, segundo toda a aparência, no seu túmulo mesmo. Os doutores judeus nos conservaram, no Talmud, um fato histórico, por muito tempo desconhecido, que constata a alta antigüidade deste culto piedoso. Uma tradição do templo, consignado nos Toldos (livro em que a Virgem é tão insolenimente tratada , e que eles espalharam na Pérsia, na Grécia e em todos os lugares onde ele podia ser nocivo ao Cristianismo nascente), refere que os Nazarenos que vinham rezar no túmulo da Mãe de Jesus, sofreram uma perseguição violenta da parte dos príncipes da Sinagoga, e que custou a vida a cem cristãos o terem levantado um oratório sobre sua sepultura." (2° volume, pág. 14-15). Arqueólogos célebres, após anos de escavações e pesquisas, encontraram nos monumentos da arte cristã primitiva, elementos que indicam a veneração dos cristãos dos primeiros séculos à Virgem Maria. Marohi descreve uma cripta do Menino Jesus e de Maria, encontrada na catacumba de Santa Inês e, segundo o arqueólogo, do começo do 3° século. "Em cima do pequeno altar desta cripta, diz ela, vê-se uma figura da Virgem, a meio corpo. Ela está assentada, tendo sobre os seus joelhos o Divino Infante. Para evitar todo equívoco, o pintor gravou, à direita e à esquerda, o duplo monograma de Cristo. A divina Mãe estende os braços para rezar. 0 Menino não faz este gesto, para marcar a distância infinitiva que separa o Filho da Mãe. A Mãe é uma criatura, a mais poderosa das criaturas, pelo seu poder de intercessão e de oração, enquanto que o Filho é todo poderoso por si mesmo" (Monumenti delle arti christiane primitive nella Metropoli del Christianesimo, pág. 152 e ss.).Depois de percorrer as catacumbas do cemitério Domitila, um companheiro de De Rossi, e arqueólogo também, Carlos Lenormant, escreveu: "Antes da minha última viagem a Roma, e unicamente sobre o exame dos desenhos de Saviniem Petit, estava convencido de que a pintura cristã remota às épocas florescentes da arte romana. Mas, nesse momento, era ousadia falar de produção do 3° século. Hoje, reforçado pela convicção perfeitamente raciocinada de De Rossi e, ousarei dizer, de nossas comuns observações, não temo afirmar que se possa refazer toda uma história de pintura do começo do 2° até ao 4° século... Depois de me fazer ver figuras de Cristo e dos Apóstolos, ele (De Rossi) me leva a um quarto onde a Virgem, tendo seu divino Filho sobre seus joelhos, se mostra recebendo os presentes dos Reis Magos... A fé do católico se exalta em reconhecer o culto da Mãe de Deus estabelecido até nas mais altas épocas da primitiva Igreja." (Apud. A. Nicolas - LA VIERGE MARIE E'P LE PLAN DMN, t. 4°, pág. 61). Outro arqueólogo, Wìlpert, resume o resultado final de seus trabalhos sobre as figuras de Maria, nas catacumbas romanas, com estas palavras: "Nós examinamos uma grande quantidade de pintura representando a Santa Virgem com seu divino Filho, e aí descobrimos que a figura principal é sempre Cristo... De outra parte, não se pode negar que Maria ocupa um lugar importante. Isto seja dito em relação às duas pinturas examinadas em primeiro lugar e às duas últimas. De um lado, é citada como a Virgem Mãe de Deus, e de outro, como tipo das virgens consagradas a Deus, e intercedendo pelos vivos. Em conseqüência, estas quatro figuras reúnem os grandes privilégios com que a Providência quis distinguir a Mãe de Deus. Melhor ainda nos monumentos do tempo das perseguições, as figuras mostram claramente, em poucos traços, mas bem nítidos, a situação de Maria, na Igreja dos primeiros séculos, e fazem ver que, desde esta época, ela era realmente o que foi depois." (Sixte Scaglia - MANUEL DE ARCHEOLOGIE CHRÉTIÉNNE, pág, 210). Os depoimentos sobre a presença de Maria nas artes plásticas são bem numerosos. As pinturas marianas são freqüentes, nas catacumbas e cemitérios antigos. Do século 4° em diante, a partir de Constantino, muitas Igrejas foram não só dedicadas à Mãe de Deus, como tiveram passagens de sua vida, de modo especial a Anunciação e a Visitação, apresentadas nas suas paredes. Com liberdade para professar a sua fé em Cristo Jesus e venerar a sua Mãe, os cristãos multiplicaram os modos de proclamar Bem- Aventurada a Mãe do Senhor.
6- Maria entre os Santos Padres
Designamos com o nome de "Santos Padres", Padres da Igreja" ou "Pais da Igreja", aqueles escritores cristãos dos primeiros séculos, que se distinguiram pela exposição da doutrina cristã. Eles defenderam as verdades do Cristianismo contra as heresias que surgiram e que procuravam se infiltrar no mundo cristão do seu tempo. Na Igreja Latina, como na Oriental, apareceram nomes preeminentes, em cujos escritos se encontram os fundamentos das pregação da Igreja Primitiva. Ambrósio, Agostinho, Jerônimo, Atanásio, João Crisóstomo, etc. - são alguns desses Santos Padres que nos transmitem a fé e a vivência das primeiras gerações cristãs. No Brasil, D. Antonio Figueiredo publicou um Curso de Teologia Patrística, em que focaliza a contribuição dos Padres da Igreja para a vida do Cristianismo primitivo. Das obras desses escritores, o autor faz emergir a Igreja, em suas estruturas e funções. A maior parte dos escritos patrísticos é formada de comentários à Sagrada Escritura. A veneração a Nossa Senhora foi se manifestando paulatinamente. Ela foi tomando formas diferentes e crescendo na vida dos cristãos, através dos séculos. Nós não a encontramos, por exemplo, nos escritores do 2° e 3° séculos, como apareceu no século 5°, no tempo de S. Bernardo (século XII), ou em nossos dias. Mas, desde as primeiras gerações cristãs, vão surgindo depoimentos, reflexões sobre o papel de Maria na Economia da Salvação, que levaram os cristãos a prestar uma homenagem especial Àquela que foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Verbo Encarnado. Em dois grossos volumes, J.B. Terrien agrupou dezenas e dezenas de textos dos Santos Padres sobre "A MÃE DE DEUS E A MÃE DOS HOMENS". Os primeiros escritores cristãos gostavam de focalizar, de modo especial, a fé e a obediência da Santíssima Virgem. Estes eram, certamente, os pontos da vida de Maria, que mais estimulavam os cristãos. Vejamos como a Virgem aparece nos escritos de alguns Padres, anteriores ao Concílio de Éfeso. Irineu, bispo de Lião na França, morreu por volta do ano 202. Foi discípulo de Policarpo que, por sua vez, o fora do apóstolo S. João. Irineu é um escritor muito importante. Nos seus escritos, são muitos os artigos do símbolo católico, cuja apostolicidade se encontra atestada. Contra alguns hereges de sua época, levanta-se o bispo de Lião, afirmando a maternidade divina de Maria e a sua virgindade, e mostrando o plano divino, por ele chamado de "recirculatio", em que a nova Eva, MARIA, se apresenta digna e merecedora da nossa veneração e amor. Diz Irineu: "Consequentemente a este plano, Maria Virgem nos aparece obediente, ao dizer: Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Eva, porém, foi desobediente, embora ainda fosse virgem. Do mesmo modo que Eva, tendo Adão por esposo, desobedeceu e tornou-se causa de morte para si e para todo o gênero humano, assim também Maria, tendo um varão predestinado e, contudo, permanecendo virgem, obedeceu e tornou-se para todo o mundo causa de salvação." (ENCHIRIDION PATRISTICUM, N° 224). São de Irineu também estas palavras: "Assim como Eva, seduzida pela palavra do maligno, para que se afastasse de Deus, pecou contra a palavra d'Este, assim Maria, evangelizada pela palavra, mereceu trazer a Deus. E se aquela desobedeceu a Deus, esta foi obediente a Ele, para que a Virgem Maria se tornasse advogada de Eva." (ADVERSUS HAERESES L. 5, cap. 19). Percebemos como Irineu gostava de comparar Eva com Maria, para salientar o papel de Mãe de Deus, no plano da salvação. Maria é a advogada de Eva e de todos os seus filhos. Há, nas palavras de Irineu, um certo reconhecimento a Maria, pela sua obediência, pela sua fé, pela sua fidelidade ao Senhor. Esse reconhecimento iria levar muitos a manifestá-lo em gestos e palavras de louvor e veneração. Com expressões semelhantes, Tertuliano, no século 3, também escreveu: "Deus recuperou, por um desejo de emulação, a sua imagem e semelhança, arrebatadas pelo demônio. Em Eva, virgem, insinuou-se a palavra que gerou a morte. É também numa virgem que devia nascer o Verbo que gerasse a vida, a fim de que a humanidade, perdida pelo sexo feminino, recebesse a salvação por esse mesmo sexo. Eva creu na serpente, Maria acreditou em Gabriel. A falta cometida pela credulidade de uma foi destruída pela fé da outra." (ENCHIRIDION, N° 358). A fé de Nossa Senhora é exaltada. Tertuliano, por assim dizer, repete o louvor que Isabel havia feito. Maria é a Mãe do Senhor da vida. Sua fé, sua plena adesão à vontade de Deus, fez dela um modelo perfeito para cristão. Justino, apologista do século 2, no seu "Dialogus cum Tryphone", faz este comentário: "A Virgem estremeceu de fé e de alegria, ao receber da boca do anjo a boa nova de que o Espírito de Deus desceria ao seu seio, de que a virtude do Altíssimo a cobriria com a sua sombra, e que, em conseqüência, o Santo que nasceria dela seria o Filho de Deus. Sua resposta foi: "Faça-se em mim segundo a tua palavra." Dela nasceu Aquele que foi predito pelas Escrituras, Aquele por meio do qual Deus esmagou a serpente com os anjos e os homens degradados, e livrou da morte os pecadores que, crendo n'Ele, fizeram penitência de seus crimes." (D. Ruiz Bueno - PADRES APOLOGISTAS GREGOS, séc. II, pág.479).. Como Mãe do Salvador do mundo é que Maria merece um destaque todo especial, na Igreja de Cristo. Sendo a Mãe de Jesus, ela se tornou a fonte de alegria para toda a humanidade. "Eis que vos anuncio uma grande alegria: nasceu-vos hoje um Salvador que ó Cristo Senhor." (Lc. 2, 10-11). Orígenes, outro escritor do século 3 da era cristã, considerado o "engenho mais universal e o varão mais douto da época ante-nicena", comentando o primeiro capítulo de Mateus, escreveu: "Esta virgem Maria é chamada mãe do Filho único de Deus. Digna mãe de um digno Filho; mãe imaculada de um Filho santo e imaculado; mãe única de um Filho único. Tomai a Maria como um trono celeste que se vos dá a guardar, diz o anjo a José, como todas as riquezas da divindade, como a plenitude da santidade, como uma justiça perfeita. Tomai-a e guardai-a, como residência do Filho único de Deus, como seu templo honorável, como o dom de Deus, como a morada imaculada do rea1 e celeste esposo." (Apud. A. Nicolas - LA VIERGE MARIE ET LE PLAN DIVIN, tomo 4° págs.l03-104). A partir do quarto século, os pronunciamentos e sermões dos Santos Padres sobre Nossa Senhora se multiplicam. Ela foi proclamada "BEM-AVENTURADA", em todos os recantos do mundo cristão. 0 entusiasmo por aquela que é o modelo fiel do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo cresceu de modo impressionante. Nas catacumbas, nas artes, nos templos, na liturgia, na pregação, foi sempre mencionada com muito amor e com muita gratidão, pois, afinal, ela é a Mãe de Nosso Senhor. (Lc. 1, 43). 0 culto Mariano foi tomando dimensões sempre maiores e bem expressivas. Se abusos houve ou aparecem ainda hoje, a Igreja procurou sempre corrigi-los. A atitude de alguns fiéis menos esclarecidos e afastados da orientação da Igreja não significa a ilegitimidade da devoção à Virgem Santíssima. A profecia bíblica "Todas as gerações me chamar-se-ão Bem-aventurada" vem se realizando através dos séculos. As coletâneas de Barbier (4 volumes), de Terrien (2 volumes) e outros estudos que reuniram tópicos dos Santos Padres sobre a Mãe de Jesus, são mananciais onde encontramos o pensamento e o afeto das primeiras gerações cristãs para com a Mãe do Senhor.
7- Maria e os Protestantes
Um dos pontos que afastam os protestantes dos ortodoxos e católicos é o que se refere a Nossa Senhora. Ainda há, nas camadas mais radicais do protestantismo, um verdadeiro preconceito contra Maria, a Mãe de Jesus. Muitos não querem reconhecê-la Mãe de Deus e não se preocupam em descobrir o papel real que ela desempenha na economia da salvação. Todos sabemos que foi por Maria que nos veio o Salvador Jesus Cristo. Sua grandeza e sua glória estão, precisamente, em ter sido escolhida por Deus, sem merecimento pessoal, para a missão única de Mãe do Verbo Encarnado. Hoje, graças a Deus, em certos meios evangélicos, começa a ser feita uma revisão da atitude diante de Maria. Já não se quer continuar na conspiração do silêncio em torno da Mãe do Salvador. Reconhece-se que tal conspiração não existia no princípio da Reforma. "Venerava-se Aquela que foi a primeira a crer em Cristo". Informa-nos o pastor Roger Shutz que "nas igrejas protestantes históricas, já não se encontra mais a brutal oposição à pessoa de Maria. Tal oposição está relegada a algum que outro círculo. Existe, no Protestantismo, uma veneração pela Mãe de Cristo." (Vários autores - MARIA, pág. 88). Os luteranos, parece, estão na linha de frente dessa nova atitude para com a Virgem Maria. A revista "JESUS VIVE E É 0 SENHOR", que se edita no Rio de Janeiro, transcreve um texto da fundadora da Irmandade Evangélica de Maria, como sede na cidade de Darmstadt, na Alemanha. Depois de citar uma passagem de Lutero, no comentário ao Magnificat, onde Maria é exaltada e colocada acima de reis e monarcas da terra, por ser Mãe de Deus e uma mulher sublime, a evangélica Basilea Schlink confessa: "0 Senhor concedeu-me a graça, nos últimos decênios, de amar e venerar Maria, tanto mais quanto mais profundamente tentava imitar sua conduta, submergindo-me na consideração daqueles duros caminhos pelos quais foi conduzida por especial providência divina, segundo nos revela a Sagrada Escritura. É, portanto, um profundo desejo do meu coração poder ajudar agora a que da nossa parte, como cristãos evangélicos, Maria seja novamente amada como Mãe de Nosso Senhor. E isso corresponde ao testemunho da Sagrada Escritura e também ao que o nosso reformador Lutero nos indicou." (N° 83 - maio de 1985). 0 teólogo Gottfried Maron que, por indicação da Igreja Evangélica da Alemanha, foi observador do Concílio Vaticano II, e é professor de História da Igreja e dos Dogmas, escreveu um esclarecedor artigo "MARIA NA TEOLOGIA PROTESTANTE" para a revista internacional de Teologia "CONCILIUM" (N° 188 - agosto de 1983). Neste artigo, nos dá uma valiosa informação sobre o pensamento de Lutero em relação ao culto de Maria, e o seu desejo de purificá-lo de certos "abusos". Diz ele: "0 interesse reformatório de Lutero consiste em purificar o culto divino e o ano litúrgico de festas e fornias abusivas, isto é, numa orientação cristológica. Assim é que continua havendo festas também de Maria (Anunciação, Visitação, Purificação), aquelas que têm fundamento na Escritura. Todavia, os reformadores achavam importante estabelecer a ligação dessas festas com Cristo, celebrá-las mesmo, diretamente, como festas de Cristo. Não obstante, esses dias eram aproveitados para dar uma iniciação também sobre Maria e sua importância para os cristãos reformados. Nestas festas Maria recebeu o seu lugar." No final do artigo, apresentando alguns critérios para uma doutrina marial evangélica, o teólogo luterano salienta três pontos: "Uma mariologia evangélica precisa de lastro e orientação cristológicos. Seu ponto de partida tem que ser a Escritura Sagrada, se quiser continuar como teologia evangélica. Maria pode e deve ter, do ponto de vista evangélico, um lugar na pregação e no anúncio." Há alguns anos, reuniram-se em Dresden, Alemanha Oriental, teólogos evangélicos de denominações diferentes. No final dos seus estudos, publicaram um manifesto em que foi localizado o problema de Maria. No manifesto, depois de se referirem aos fatos de Lourdes e Fátima, eles perguntam: "qual é o sentido profundo desses fatos milagrosos, no plano de Deus? Parece que, com eles, Deus quer responder, de maneira radical, à incredulidade moderna. Como pode um incrédulo, diante desses fatos, continuar de boa fé incrédulo? E nós, cristãos evangélicos, podemos porventura passar diante desses fatos sem nos deter para um exame sério? Um cristão evangélico teria o direito de ignorar esses fatos pela única razão que eles acontecem na Igreja Católica, e não na sua comunidade? Tais fatos não nos deveriam levar a honrar a Maria, na Igreja Evangélica?" (Citado por Euclides Carneiro da Silva - "MARIA, Mãe de Jesus", págs. 16-17). Mais recentemente, os fatos da Iugoslávia chamaram a atenção de vários teólogos e pastores. René Laurentin, perito em Mariologia, publicou um estudo "A Virgem aparece em Medjugorje", em que diz: "David Duplessis, pentecostal de grande projeção e profunda espiritualidade, que abriu o seu movimento ao ecumenismo, ficou positivamente impressionado, ao visitar Medjugorje e declarou: "Não obstantes meus numerosos contatos com a Igreja Católica, nunca encontrei um espírito de oração como em Medjugorje. A vossa tradição católica sobre Maria me causou medo por longo tempo, porque entre nós não goza de posição tão destacada. Foi junto a vós que constatei que Maria conduz a Cristo." (Pág. 196). Hoje, muitos cristãos procuram aprofundar a compreensão do lugar de Maria na comunidade dos batizados. Há comunidades que rezam a Maria pela união dos cristãos. Durante o Concílio Vaticano II, os irmãos de Taizé gostavam de convidar padres conciliares para fazerem refeições com eles. E após cada refeição, o pastor Roger Schutz convidava os visitantes para rezarem a seguinte oração por ele mesmo composta: "Pai santoe misericordioso, revelastes à Bem-aventurada Virgem Maria que, com a vinda do Teu Filho, os poderosos seriam humilhados e os humildes, exaltados. Pedimos-Te pelos humilhados que Te gritam com Ele. Ó Cristo, Tu que nascestes da Virgem Maria, obediente à Tua palavra, concede-nos também a nós um espírito pronto e obediente. Com Ela - a primeira de toda a multidão das testemunhas - queremos aprender a dizer-Te: Faça-se em mim segundo a Tua vontade. Ó Deus, quiseste fazer da Virgem Maria a figura da Igreja. Ela recebeu Cristo e 0 deu ao mundo. Envia sobre nós o Teu Espírito Santo para que estejamos, bem depressa, unidos visivelmente num só corpo, e para que irradiemos Cristo junto dos homens que não podem acreditar. Congrega-nos na unidade visível, a fim de que, com a Virgem Maria e todos os santos, testemunhas de Cristo, nos alegremos em Ti, nosso Salvador, agora e para sempre, pelos séculos dos séculos. Amém." Cada um rezava esta oração de joelhos e com uma vela na mão.
Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).
Para citar este artigo:
), Colaboração de Alessandro Manoel da Silva ( NINO. Apostolado Veritatis Splendor: DOIS MIL ANOS DE IGREJA - BREVES REFLEXÕES SOBRE MARIA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/2632. Desde 29/03/2004.